CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
NOME: MATHEUS BOTTOCIM DE SOUZA
PERÍODO 2022/2
ENTREVISTA CHEIK ANTA DIOP: ORIGEM DA ESPÉCIE HUMANA E
CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA
ENSAIO: ÁFRICA, O BERÇO DA CIVILIZAÇÃO E DA CIVILIDADE
Um assunto muito debatido atualmente nos principais assuntos que
movimentam uma sociedade republicana é sobre a diversidade cultural. Julgo importante citar o conceito de república nas relações sociais pois o bem comum a todos, conforme a teoria, deveria ser elevado e pensado primariamente antes de qualquer interesse particular. A cultura em si, ao meu ver, não pertence a nenhum grupo específico no sentido mais amplo de posse, afinal, quando se analisa o ser humano como um todo, há de se levar em consideração que todos tivemos uma mesma origem em comum. Logo, não há necessidade em disputar reconhecimento ou até mesmo “nichar” um tipo de comportamento, gosto, manifestação ou ritos oriundos de qualquer foco ancestral do que no passado já foi reconhecido como realidade e hoje entendemos como história da humanidade. Senti a necessidade de comentar isso antes de expor o que foi observado pelo documentário em questão, pois, seguindo a mesma linha de raciocínio de Anda Diop, é importante dizer que nenhuma “raça”, como é reconhecida do ponto de vista étnico que por sua vez carrega conceitos de cultura ou até mesmo do ponto de vista biológico, é superior a outra em nenhum quesito. Sendo assim, as variações recorrentes no fenótipo do ser humano demonstram sua passagem pelo tempo, isto é, adaptação. Entretanto, é comum observar episódios de preconceito com a etnia negra, que é citada como a originária de todos os povos conseguintes. Esse fato colabora para a ideia de que, se o preconceito fundamentado na ideia errônea de que o grupo de indivíduos pertencentes à cultura negra, ou do tronco afro negroide sendo o mais cultural possível, é inferior como poderia ser justificável que assim fosse, uma vez que esta foi responsável por resistir às cobranças da evolução e permitiu a disseminação de nosso povo ao redor do mundo? Apesar disso, acho válido comentar que é incomum ver algum indivíduo que se reconheça pertencente a esta cultura ter o mesmo comportamento discriminatório. Talvez seja sim um indício de evolução moral, fator esse importantíssimo em uma sociedade republicana uma vez que pressupõe agir de forma a pensar no próximo. Eu mantenho essa reflexão em um nível filosófico, mas é interessante mesmo pensar que o povo que mais contribuiu para o surgimento e desenvolvimento do mundo como os negros sejam vítimas de preconceitos. O maior absurdo criado pelo ser humano, mais especificamente o europeu e o norte-americano branco, citado pelo senhor Anta Diop, é a crença de uma teoria “pré sapiens” que acredita que o ser humano tivesse sua origem na Inglaterra e não na África, embora todas as provas científicas apontem e provem o contrário. É uma atitude suspeitíssima desenvolver uma teoria baseada em um falso fóssil que afasta o “crédito” (embora já tenha dito que se trata de algo científico e abstraído por traços culturais) do povo negro por ser o precursor da história da civilização com suas estruturas ricas e tentar aproximar isso do fenótipo do homem branco. O fato de não ser comum ver um indivíduo negro com tal atitude demonstra, ao meu ver, que esta cultura está sim um passo a frente nas questões de civilidade. E um belo exemplo do espetáculo de desenvolvimento humano por contribuição negra é toda a história das conquistas egípcias, que contradizendo a visão fantasiosa do povo europeu, eram negros e dominavam técnicas de ensino que foram base para as futuras noções de educação para os gregos e romanos. Matemática, ciência, arquitetura, técnicas de agricultura e até medicina já estava na pauta dos egípcios bem antes dos gregos serem reconhecidos por explorar tais áreas. É interessante perceber que um povo tão inteligente e bem desenvolvido não tinha problemas como os que temos hoje, onde o comportamento era sim imperialista e estabelecia relações de dominância, pois a guerra era atividade comum na Ásia ocidental e nas regiões do crescente fértil, mas que apesar disso não se desconcentrava da rotina progressista de melhorias que acarretariam no bem comum (mesmo que conceitos como cidadania ou política não tenham sido explorados com afinco neste período da história). Além disso, o povo egípcio foi o primeiro a explorar por natural escolha a ideia da existência de um deus único, isto é, o conceito monoteísta dentro da religião. Mesmo tendo um histórico da ausência da religião propriamente dita, mas sim de ritos de cunho religioso, o que demonstrava seu apego aos costumes e práticas religiosos, mas sem assumir um propósito preestabelecido como hoje vemos nos dogmas. Pode-se dizer que a África também é o berço da ideia monoteísta. Finalmente, termino dizendo que concordo com o ponto de vista do senhor Anta Diop sobre a importância de se estudar a história de outros povos que não o seu próprio, embora o último seja fundamental e importante se conhecer bem e cedo na vida, pois acompanha conceitos ligados à própria cultura e como ela se relaciona com as demais. Espero então que com o tempo as pessoas parem de competir os feitos de cada grupo cultural ou sequer faça comparações de mérito entre eles, mas sim que compreendamos que tudo isso faz parte da história de todos e quem sabe assim não alcancemos de forma mais satisfatória a aplicação do que sugere a sociedade republicana onde ela é conveniente.