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Ruído na avaliação da fertilidade do solo e desafios à sua caracterização

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Margarete Nicolodi Clesio Gianello


FertissOl Consultoria Agronômica Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Solos

Ruído na avaliação da fertilidade do


solo e desafios a sua caracterização1
Margarete Nicolodi2 & Clesio Gianello3

Introdução nha contribuído para a insuficiência


da teoria mineralista em expressar a
A interpretação de níveis ade- fertilidade percebida pelas plantas ve-
quados ou altos na avaliação da fer- rificada em solos cultivados no SPD
tilidade do solo tem correspondido à (Nicolodi et al., 2008). Certamente,
baixa produtividade das culturas em a mudança do sistema de preparo e
lavouras cultivadas há anos em siste- cultivo do solo do PC para o SPD pro-
mas conservacionistas e também alta moveu também a melhoria das con-
produtividade tem sido obtida em dições físicas e biológicas, além das
solos com fertilidade avaliada como químicas, e isso proporciona melhor
baixa. Uma pequena margem de erro desenvolvimento e maior produtivi-
ou ruído na avaliação da fertilidade dade das plantas. Todavia, espera-se
sempre existiu, é aceita e considera- que a avaliação da fertilidade seja
da também na definição das quanti- capaz de expressar com alta confia-
dades recomendadas de corretivos e bilidade pelo menos a disponibilida-
adubos. O ruído pode ser verificado de de nutrientes e o grau de acidez
em diversas etapas da avaliação. A ou neutralidade, no caso dos solos
surpresa está na constatação de que brasileiros, e a relação desses com a
a magnitude do ruído é maior na ava- produtividade das espécies cultiva-
liação de solos cultivados no sistema das. É importante a noção exata do
plantio direto (SPD) do que no pre- grau da interferência do aumento
paro convencional (PC) a ponto de do ruído na avaliação, para saber se
comprometer a confiabilidade nas é suficiente adaptá-la ou se é neces-
1Reflexões dos autores durante a recomendações. Esse fato torna-se re- sário desenvolver uma nova metodo-
elaboração das palestras apresentadas levante por serem essas práticas fun- logia de avaliação, a partir de outro
pela primeira autora na damentais tanto para a conservação conceito de fertilidade, para o cultivo
VI Reunião Sul-Brasileira de Ciência do dos solos como para o agronegócio, do solo no SPD. A adequação (ou os
Solo (2006), no XXXI CBCS (2007), assim como, para a credibilidade nos ajustes finos) das práticas agrícolas
na Fertbio (2016) e parte da tese de diferentes sistemas de avaliação e de recomendadas também depende da
doutorado da primeira autora. recomendação oficiais (de corretivos identificação das causas dos ruídos
e de adubos) elaborados e adotados em cada etapa da avaliação e das
2Eng. Agrônoma da Fertilità
nas distintas regiões do Brasil. soluções possíveis reduzindo-o nova-
del Sistema Suolo Consultoria A avaliação da fertilidade é base- mente à margem aceitável, para que
Agronômica, Porto Alegre (RS). ada na teoria mineralista, que restrin- a fertilidade avaliada seja mais próxi-
Autor correspondente: ge a fertilidade às condições químicas ma daquela fertilidade que é percebi-
marganicolodi@hotmail.com e tem como centro lógico não mais da pelas plantas.
3Universidade Federal do Rio Grande
a fertilidade do solo, mas a nutrição Os objetivos desse artigo, base-
balanceada das plantas. É provável ado em resultados obtidos por diver-
do Sul, Porto Alegre (RS).
que esse desvio de foco também te- sos pesquisadores, são: a) identificar

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as principais fontes de ruído da apli- ção da fertilidade em solos cultivados calagem e de adubação, dificultar a
cação da teoria mineralista em solos no SPD é feita com base no sistema interpretação do potencial produtivo
cultivados por longo período no SPD; construído para o PC. O aumento da da área e diminuir a confiabilidade na
b) avaliar a eficácia de algumas ten- magnitude do ruído na avaliação de avaliação da fertilidade. A dificuldade
tativas para diminuir o ruído na ava- um mesmo solo cultivado por mais na interpretação também é verifica-
liação da fertilidade; c) individuar os de 15 anos no PC, quando cultivado da quando são avaliados resultados
principais desafios à caracterização no SPD se deve ao sistema de prepa- obtidos em mesma área ou parcelas
da fertilidade percebida pelas plan- ro e cultivo e ao tempo de SPD, que (no caso de experimentos) por vários
tas principalmente quando cultivadas influenciam as características e pro- anos; muitas vezes a variação no ren-
em solos conduzidos por mais de 15 priedades do solo, assim como as re- dimento obtido de grãos parece não
anos em sistemas conservacionistas, lações entre estas e a produtividade ter relação direta ou dependência dos
como o SPD. O artigo foi estruturado das plantas (Nicolodi, 2007a). Entre teores ou valores dos indicadores de
em três partes, a primeira e a segun- os principais fatores, talvez o mais fertilidade (Figura 1). Todavia, atual-
da centradas nas causas do ruído e importante por desencadear uma sé- mente a análise química de amostras
tentativas para diminuir a magnitude rie de eventos, é o não revolvimento de solo é uma ferramenta fundamen-
dele mantendo a atual metodologia do solo, ou melhor, o revolvimento tal para o diagnóstico da fertilidade e,
de avaliação, ilustrando a problemáti- apenas na linha de semeadura. Com segundo a teoria mineralista, existe
ca com resultados de campo obtidos essa prática, a palha é mantida na uma relação direta entre a disponibi-
por diversos pesquisadores, e a outra superfície, a aplicação de fertilizan- lidade de nutrientes no solo e a pro-
abordando os desafios à caracteriza- tes é feita na linha de semeadura e o dutividade das culturas. Os resultados
ção daquela percebida pelas plantas. calcário é aplicado na superfície não obtidos nas avaliações feitas no solo
é incorporado ao solo. Assim, o não cultivado no PC e no SPD, durante
Ruído na avaliação revolvimento propicia alteração signi- mais de 20 anos num experimento
da fertilidade em solos ficativa na estrutura e nos gradientes conduzido na Embrapa Trigo, em Pas-
dos indicadores químicos e biológicos so Fundo-RS mostram esse comporta-
cultivados no SPD
do solo. Também contribuem signifi- mento nas relações entre indicadores
cativamente, a diversificação das es- de fertilidade e rendimento de grãos
A existência de ruído pode ser
pécies cultivadas na rotação e a maior (Figuras 1). A evolução dos principais
verificada nas diferentes etapas da
quantidade de palha produzida anu- indicadores da fertilidade (P, K, pH
avaliação da fertilidade: na amos-
almente, que permanece no solo. Isso e MO), determinados nas amostras
tragem de solo e nas determinações
altera o tipo de relação e o seu efeito coletadas na camada de 0-20 cm de
químicas, na calibração e na interpre-
sobre o desenvolvimento e a produti- profundidade, e do rendimento de
tação dos resultados das análises. No
vidade das plantas. Ao comparar es- grãos de soja (Figuras 1a e 1b) ex-
PC de cultivo, é muito raro se obser-
ses dois sistemas, se observa que no pressa a baixa capacidade dos indi-
var altos rendimentos quando os in-
caso do PC, o solo retorna ao mesmo cadores em avaliar a fertilidade que é
dicadores tradicionais de fertilidade
estado a cada seis meses (se forem fei- percebida pelas plantas, inclusive no
(pH, P, K e MO) são baixos ou quando
tos dois cultivos por ano). No tempo, PC. Isso também foi verificado nos ex-
o teor de Al trocável é alto. No entan-
as condições físicas e biológicas per- perimentos de longa duração avalia-
to, nos últimos anos, inúmeros resul-
manecem muito semelhantes, sendo dos em Santo Ângelo e em Eldorado
tados de experimentos e de lavoura
alteradas somente as químicas pela do Sul (Nicolodi, 2007a). Em Passo
têm mostrado isso em sistemas con-
adubação e pela calagem (Nicolodi, Fundo, a precipitação pluviométrica
servacionistas como o SPD. Embora
2007a). No SPD, as mudanças nas foi a principal determinante do ren-
muitos pesquisadores em fertilidade
condições físicas, biológicas e quími- dimento da soja (Figura 1 c) e, como
do solo atribuam essa incoerência en-
cas, pela ausência de perturbações já dizia o Dr. Sírio Wiethölter, da Em-
tre o nível de fertilidade avaliado e a
significativas, evoluem melhorando brapa Trigo, Passo Fundo: a água é o
produtividade obtida a casualidades,
com os anos de cultivo do solo nesse principal nutriente das plantas! Então,
os autores atribuem ao efeito do tem-
sistema. É bem possível que os bene- sendo essa afirmativa verdadeira, de-
po de cultivo do solo sob SPD.
fícios desse sistema conservacionista, veria ser natural preconizar a adoção
O ruído na avaliação da fertilida-
tanto para o solo como para o desen- das práticas que melhoram a infiltra-
de sempre existiu, porém, a sua mag-
volvimento das plantas, não sejam ção e a disponibilidade de água no
nitude aumentou no SPD devido a
contemplados pela avaliação isolada solo – decisivas na expressão do má-
inúmeros fatores isolados ou por efei-
das condições químicas do solo e ximo potencial produtivo das plantas
to em cascata em que a alteração de
sejam percebidos na avaliação tradi- – assim como se faz com calagem e
um fator influencia uma série deles,
cional como ruído. Esse ruído pode adubação. Entretanto, nesse artigo,
geralmente não considerados na sua
induzir a erros nas recomendações de vamos nos concentrar em reconhecer
avaliação (Nicolodi, 2006). A avalia-

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Figura 1. Evolução dos principais indicadores da fertilidade (P, K, pH e MO), determinados nas amostras coletadas na camada
de 0-20 cm de profundidade, e do rendimento de grãos de soja cultivada no PC e no SPD avaliados por mais de 20
anos num experimento conduzido na Embrapa Trigo, e da precipitação pluviométrica em Passo Fundo-RS (Nicolodi
et al., 2008, dados não publicados).

as fontes de ruído e minimizar as suas gera um ruído muito maior que a co-
consequências na avaliação e nas re- leta com pá-de-corte. Outro aspecto
comendações. que demanda atenção é a camada
O ruído na amostragem sempre amostrada, os resultados serão inter-
existiu e já foram desenvolvidos pro- pretados corretamente somente se
cedimentos que podem solucionar, as subamostras forem coletadas na
em parte, o problema, porém são camada usada ou ajustada no pro-
muito laboriosos. A novidade é que a cesso de calibração. Por exemplo, no
magnitude desse aumentou devido à RS existem tabelas para interpretar os
formação de gradientes verticais e ho- resultados de análise feita em amostra
rizontais de concentração de nutrien- de solo composta por subamostras
tes e de pH. Nesta etapa, ele pode ser coletadas nas camadas de 0-10 cm ou
corrigido ou diminuído. Para isso, no de 0-20 cm, porém não foram esta-
SPD recomenda-se maior atenção ao belecidos limites de referência (isto é:
sítio de coleta (representar o volume não foi feita calibração) para interpre-
de solo que será explorado pelas raí- tar resultados de amostras coletadas
zes, considerando a concentração de de 0-15 cm de profundidade. Logo,
nutrientes nas linhas e a diluição nas a magnitude do ruído aumenta prin-
entrelinhas) que no PC. O número cipalmente se a amostragem não for
mínimo de subamostras indicado nas adequada à condição da lavoura, su-
recomendações deve ser observado o perando as margens de erro em torno
uso de equipamentos que perdem a da média aceitas, geralmente de 20%
camada superficial e coletam peque- (erro máximo admitido na definição
no volume de solo deve ser evitado. do número mínimo de subamostras),
A coleta de solo com trado de rosca tornando a recomendação ainda me-
(Schlindwein & Anghinoni, 2002), nos confiável. Se as subamostras fo-
trado calador (Nicolodi et al., 2002) rem coletadas de 0-15, 0-12, 0-7 cm,
ou trado holandês (Salet et al., 2005) etc. e/ou coletada de modo diferente

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do que recomendado, o resultado ção melhore o ambiente para a vida interpretação dos resultados, diminui
tem pouca utilidade para fins de reco- das plantas (disponibilidade e acesso a confiabilidade nas recomendações,
mendação (definição de quantidades aos nutrientes e água, etc.), aumenta na dependência do fornecimento de
que deveriam ser aplicadas de corre- a magnitude do ruído, porque o siste- uma determinada quantidade do nu-
tivo de acidez e de adubo) e, talvez, ma de avaliação da fertilidade foi de- triente ‘x’ via adubação, por exem-
nem compense investir na análise da- senvolvido para avaliar o solo revolvi- plo, e também a credibilidade dos
quela amostra de solo. do, totalmente desagregado. sistemas de recomendação oficiais.
Logicamente, os métodos não A primeira etapa da metodolo- Interpretando o resultado de análises
“imitam” exatamente a capacidade gia para as determinações químicas de duas amostras de um mesmo solo
da planta de absorver os nutrientes no laboratório é a destruição total da cultivado há 15 anos no SPD na re-
do solo durante a extração das solu- estrutura da amostra por moagem gião oeste do RS, uma coletada em
ções e as determinações laboratoriais, mecânica do solo. A análise se pro- área com rotação de culturas e adição
mas são selecionados/desenvolvidos cessa sempre em amostras moídas e anual de palha de 12 toneladas por
para fazer isso do melhor modo pos- tamisadas em peneiras com malha hectare (A) e outra numa área de cul-
sível. A maioria dos métodos usados de 2 mm de diâmetro. Por isso, num tivo de soja no verão e pastoreio no
em análises de solo atualmente tem solo com maior porosidade e melhor inverno com adição anual de quatro
mais de trinta anos e, nesse período, estruturado, há menos massa sólida toneladas de palha por hectare (B),
também evoluíram muito a tecnolo- num mesmo volume no campo do recomendar-se-ia a mesma quantida-
gia e a sensibilidade dos equipamen- que depois de moído e tamisado no de de adubação, de correção mais a
tos. Ao ruído gerado pela metodo- laboratório. Por consequência, nessa de manutenção, para aplicar nas duas
logia se soma aquele causado pela condição, o resultado da análise da áreas, pois são consideradas somen-
agregação do solo, que era muito amostra será um valor maior de nu- te as condições químicas do solo na
baixo nas amostras coletadas em áre- triente, o que não corresponde à re- noção mineralista da fertilidade. En-
as cultivadas no PC. Essa é uma das alidade no campo. Essa diferença é tretanto, apesar de elas apresentarem
vantagens do SPD bem conduzido, considerada um ruído na avaliação. teor do nutriente ‘x’ igual a 5 (Figura
mas é ignorada na avaliação. Um Para a planta, o maior espaço poroso 2), é provável que as plantas tenham
solo em repouso ou cultivado no PC no solo é vantajoso para o seu desen- um melhor desenvolvimento, absor-
tem menor proporção de agregados volvimento e absorção dos nutrientes. vam mais nutrientes e produzam mais
nas classes de diâmetro maior (2,00- Assim, um mesmo valor de um indi- na área onde foi coletada a amostra A
4,76 e >4,76 mm) do que um no cador, determinado quimicamente do que na área B. Não existe, ainda,
SPD, com mata ou com pastagem. num solo melhor estruturado e com uma solução para o problema, nem
Quanto maior o número de espécies maior atividade biológica, tem efeito tampouco estão sendo conduzidos
utilizadas na rotação de culturas e a diferente sobre as plantas do que num estudos relacionados a esse tópico.
quantidade e a qualidade do material solo compactado, cuja atividade bio- Isso também implicará em mudanças
orgânico adicionado ao solo melhor lógica provavelmente é baixa (Figura na metodologia de amostragem e de
será a sua agregação para um mesmo 2). O aumento do ruído nessa etapa manuseio do solo e nova calibração.
sistema de cultivo. Embora a agrega- da avaliação prejudica diretamente a

Figura 2. Teor de nutriente ‘x’ determinado em amostras de solo, com diferentes composições mineralógicas e condições
biológicas e físicas, com estrutura indeformada e totalmente destruída (Nicolodi, 2006).

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Na etapa da calibração, são de- cultivo, que interferem nas relações
finidos os teores críticos e os limites entre o rendimento relativo e o teor
das faixas de interpretação dos indica- dos nutrientes determinados quimi-
dores de fertilidade com base na dis- camente nas amostras de solo. Con-
persão natural dos pontos que repre- tudo, esses fatores não foram consi-
sentam os locais avaliados. No caso derados no estabelecimento do teor
da calibração de P, o ruído verificado crítico e na distribuição das faixas de
há mais de 40 anos, nas curvas de res- interpretação adotadas pela Comis-
posta obtidas entre 1966 e 1969 no são de Química e Fertilidade do Solo
Rio Grande do Sul, com trigo e soja para as recomendações de adubação
(Figura 3a) cultivados no PC, mesmo (CQFS RS/SC, 2004 e 2016), uma vez
após a separação dos pontos em gru- que no RS continua sendo utilizada a
pos conforme as classes texturais, já calibração feita no PC. A dispersão dos
era alto. Observa-se, pela dispersão pontos na calibração de P em solos
dos pontos, que para um teor de 5 cultivados no SPD continua mostran-
mg dm-3 de P nos solos argilosos, por do o quanto a resposta das plantas é
exemplo, foram obtidos rendimentos variável em função de um nutriente,
relativos muito diferentes, próximos independente do método de deter-
a 40%, a 65% e a 80% do máximo minação utilizado, Mehlich 1 (Figura
(Figura 3a). Esse tipo de também é 4), Mehlich 3 ou Resina Trocadora de
verificado nos estudos conduzidos no Íons ou separação por classe textural
estado de São Paulo (Raij, 1974), cul- (Schlindwein, 2003). Comportamen-
tivando soja, milho e algodão no PC to semelhante pode ser observado
(Figura 3b); com aproximadamente nos estudos recentes conduzidos em
1 mmolc dm-3 de K foi obtido rendi- diferentes culturas em SPD no Paraná,
mento relativo de aproximadamente com disponibilidade de P e K dispo-
55, 75 e 100 % de cana-de-açúcar. níveis avaliados em duas camadas de
A esse ruído da calibração — solo (Figura 5; Vieira et al., 2013).
características específicas de cada A distribuição desses conjun-
solo, entre elas MO, das condições tos de pontos (Figuras 4 e 5) indica
ambientais e das variedades utilizadas que o rendimento relativo máximo
nas safras avaliadas — somam-se nos está relacionado a um determinado
solos cultivados no SPD, principal- teor de nutriente no solo, porém, a
mente, as influências das diferentes magnitude do ruído está muito alta
espécies cultivadas nas rotações e das e gera incertezas na definição do teor
relações construídas com o tempo de crítico, no estabelecimento das faixas

Figura 3. Resultados obtidos em estudos calibração conduzidos em solos cultivados no PC para fósforo extraível, pelo método
Carolina do Norte, no RS (Mielniczuk et al., 1969), e na para potássio disponível em SP (Raij, 1974).

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percebida pelas plantas ou, admitir
que o ruído na avaliação da fertilida-
de é de tal magnitude que diminui a
confiabilidade na avaliação a ponto
de ser indiferente interpretar a fertili-
dade como alta ou como baixa. Con-
tudo, essa ferramenta (a avaliação da
fertilidade) é essencial para definir a
quantidade e os elementos que de-
vem ser adicionados/restituídos ao
solo e, principalmente, para melho-
rar e conservar o solo possibilitando
a produção sustentável de alimentos,
fibras e energia.
Os resultados obtidos em dois
experimentos, conduzidos por mais
de 20 anos em Eldorado do Sul indi-
caram claramente que é ‘não’ a res-
posta para a questão fundamental,
tanto na situação a como na situação
b (Nicolodi, 2006; Nicolodi, 2007b).
Figura 4. Primeira curva de calibração para interpretação dos resultados de P dis-
A alta magnitude do ruído na ava-
ponível, determinado pelo método Mehlich 1, em solos do RS cultiva-
liação ficou evidente comparando a
dos no SPD e as faixas de interpretação e teores críticos adotadas no
interpretação da fertilidade avaliada
RS [Adaptado de Schlindwein (2003), com sobreposição das faixas de
e a percebida pelas plantas, ou seja,
interpretação da CQFS RS/SC (2004 e 2016)].
o rendimento de grãos obtido em
inúmeras combinações de sistemas e
rotações (Nicolodi et al., 2008). A ina-
de interpretação dos resultados para maior ou menor. Na prática, com a dequação de alguns indicadores, con-
as análises de solo e, consequente- mudança do sistema de cultivo do siderados imprescindíveis no PC, para
mente, na avaliação da fertilidade dos PC para o SPD tem se verificado ru- avaliar a fertilidade do solo no SPD
solos cultivados no SPD. Nas curvas ído de maior magnitude na avaliação pode ser observada nas relações entre
de respostas obtidas nos solos do PR da fertilidade (Nicolodi, 2006; Nico- os indicadores tradicionais da fertili-
(Vieira et al., 2013), observa-se ainda, lodi, 2007a, b). Por isso, são muito dade e o rendimento de grãos avalia-
com preocupação, o fato de terem importantes as respostas para a ques- dos em lavouras (Figura 6) e em expe-
sido avaliados poucos “pontos” com tão fundamental em duas situações: rimentos (Nicolodi, 2006; Nicolodi,
teores de P e K menores que os teores a magnitude da fertilidade do solo 2007a). Iguais valores de um indica-
críticos nas culturas de milho e de soja percebida pelas plantas é igual quan- dor apresentaram efeitos diferentes
(Figuras 5c, 5d, 5g e 5h). Essa pode do a avaliação é feita ... (situação a) sobre a planta conforme o tempo e o
ser mais uma fonte de ruído na defini- na mesma espécie, num mesmo solo sistema de preparo e cultivo, inclusive
ção dos teores críticos e das faixas de com valores iguais dos indicadores de sob irrigação. Isso pode ser verificado,
interpretação, diminuindo a confiabi- fertilidade, numa área cultivada no por exemplo, nos resultados obtidos
lidade nos valores e limites estabeleci- PC e noutra num sistema conserva- nas parcelas cultivadas com ervilhaca
dos a partir deles. cionista como o SPD? ... (situação b) e milho adubadas 180 kg de N por
A magnitude dos ruídos nas na mesma espécie, num mesmo solo ha, em que a fertilidade do solo é ava-
etapas da amostragem, da determi- cultivado no SPD com valores iguais liada como baixa devido a alta acidez
nação no laboratório e da calibração dos indicadores de fertilidade, numa (4,8 de pH e > 1,0 cmolc dm-3 de Al
se soma na etapa de interpretação área com a combinação ‘y’ de espé- trocável), gerando produtividade mé-
dos resultados e pode afetar decisiva- cies e noutra com a combinação ‘z’ dia no PC (6,9 t ha-1) e alta no SPD
mente as recomendações. Todavia, é de espécies na rotação de culturas? (9,4 t ha-1). Segundo a noção minera-
importante quantificar a magnitude As respostas possíveis são: ‘sim’ (se lista o que ocorreu, produzir tanto em
daquela fertilidade percebida pelas a magnitude for igual) e ‘não’ (se a condições inadequadas, é impossível.
plantas; ou seja, aproximar ao má- magnitude for diferente). Todavia, é Noutros exemplos, a fertilidade foi
ximo a nossa avaliação da fertilida- importante refletir com atenção, pois avaliada como alta e a produtividade
de daquela que a planta percebe, a responder ‘não’ significa fazer uma obtida no SPD 65% maior que no PC,
qual ela responde em produtividade interpretação errada da fertilidade 9,4 t ha-1 e 5,7 t ha-1 respectivamen-

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Figura 5. Primeira curva de calibração para interpretação dos resultados de P (a, b, c e d) e K (e, f, g e h) disponíveis, determi-
nado pelo método Mehlich 1, avaliados nas camadas de 0-10 e 0-20 cm de profundidade em solos do PR, cultivados
com aveia branca, trigo, cevada, milho e soja no SPD consolidado (Vieira et al., 2013).

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te. Teoricamente não poderíamos do em 1997, em área cultivada há 11 fertilidade é a mesma sobrepondo
obter esta diferença na produtivida- anos no SPD (após 25 anos de cultivo aos resultados apresentados nesse ar-
de, pois os valores dos indicadores no PC, com sucessão trigo/soja) em tigo (Figura 5 e 7) as faixas de inter-
da fertilidade são muito semelhantes Cruz Alta-RS. Aos resultados de cam- pretação adotadas pela CQFS RS/SC
nos dois casos. Noutros exemplos de po obtidos nas avaliações feitas no 1º, na edição publicada em 2004 e em
parcelas cultivadas com consórcio de 6º e 10º ano de condução do expe- 2016. Provavelmente, também seria
aveia e ervilhaca seguido pelo de mi- rimento (que correspondem ao 1º, com as sugeridas para outras regiões
lho e caupi e com o cultivo de guan- 3º e 5º ciclo de rotação de culturas, do Brasil, pois o problema é que as
du e seguido por milho no SPD, com respectivamente; somente a vica foi faixas de interpretação assim estabe-
fertilidade avaliada como baixa a pro- adubada até o 4º ciclo em duas rota- lecidas não estão contemplando a
dutividade obtida foi alta, ou seja, a ções) foram sobrepostas, na Figura 7, mudança no nível da fertilidade que
fertilidade percebida pelas plantas foi as faixas de interpretação da disponi- é percebida pelas plantas.
alta (Nicolodi et al., 2008). A principal bilidade de P e K disponíveis adotadas O ruído no processo de avalia-
diferença entre estes pontos é o histó- no Manual de Adubação e Calagem ção da fertilidade, evidente principal-
rico de cultivo, pouco considerado na (CQFS RS/SC, 2004). A distribuição mente nos solos cultivados por mais
avaliação da fertilidade. Os resultados dos resultados obtidos na primeira de 15 anos no SPD, induz a reflexão
indicam que a magnitude da fertilida- avaliação indica que o ruído (mesmos sobre mais uma questão: até que
de do solo percebida pelas plantas é teores de P e K se obtém entre 40 e ponto um conjunto de valores ou fai-
diferente conforme o sistema de cul- 100% do rendimento relativo) pare- xas de interpretação de indicadores
tivo e a rotação de culturas e que a ce ser devido às diferenças entre as químicos pode representar, com boa
avaliação química desenvolvida em rotações de culturas, isso passa a ser ou alta confiabilidade, a fertilidade de
solos cultivados no PC, derivada da mais evidente nos seguintes ciclos de um solo e garantir a expressão máxi-
teoria mineralista, é insuficiente para cultivo, confirmando esse comporta- ma do potencial produtivo de uma
expressar as diferenças na magnitude mento ser consequência das especi- cultura num determinado ambiente?
da fertilidade percebida pelas plantas ficidades de cada espécie incluída na Talvez com uma interpretação dife-
em solo cultivado por longo período rotação acumuladas no tempo. Em rente dos resultados dos indicadores
no SPD (Nicolodi, 2007a; Nicolodi et diferentes faixas de fertilidade tem- o ruído poderia ser diminuído, sem
al., 2008). O fato de o nível de fertili- se rendimento (fertilidade percebida haver necessidade de mudanças nas
dade determinado não corresponder pelas plantas) entre 60 e 80% (Figura outras etapas do processo, como
a produtividade esperada, quando o 7). Verifica-se também que enquanto amostragem e determinações quími-
desenvolvimento das plantas não é os teores de nutrientes no solo dimi- cas, e no conceito de fertilidade. Em
limitado por deficiência hídrica, tem nuíram com algumas rotações, com 2004, a CQFS RS/SC adotou estraté-
sido ignorado ou atribuído ao aumen- outras eles aumentaram, demons- gias para diminuir a magnitude do
to da magnitude do ruído nas etapas trando claramente a habilidade das ruído na avaliação feita com base na
da avaliação da fertilidade. espécies cultivadas em ciclar mais ou noção mineralista, que foram manti-
A magnitude do ruído na fase menos nutrientes e a importância de das na edição publicada em 2016. Na
de interpretação associada ao histó- considerar esse fato na avaliação da etapa da amostragem recomenda-se
rico de cultivo também pode ser vi- fertilidade. atenção a camada avaliada, aos equi-
sualizada nos resultados obtidos por A percepção da existência e da pamentos de coleta (preferencial-
Fiorin (2008) em experimento instala- magnitude do ruído na avaliação da mente com pá-de-corte) e ao número

Figura 6. Ruído na avaliação da fertilidade, avaliada nas camadas de 0-10 e 0-20 cm de profundidade, e do rendimento relativo
de grãos de soja e de trigo cultivado em seis lavouras na região do Planalto Médio do RS (Nicolodi, 2006).

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de subamostras para compor cada Tentativas para diminuir produtividade, para identificar gru-
amostra (no mínimo 15). Na etapa o ruído na avaliação pos de pontos que pudessem carac-
da interpretação dos resultados foi terizar diferentes níveis de fertilidade.
adotada estratégia do uso combina- A seguir são apresentados resultados
As tentativas para melhorar a
do de indicadores para recomendar obtidos em tentativas para diminuir a
avaliação da fertilidade, sem alte-
calagem (pH, saturação por bases e magnitude do ruído na avaliação de-
rar significativamente o processo de
por alumínio e P disponível) e para rivada da noção mineralista.
avaliação, são muito importantes,
adubação fosfatada (argila e P dispo- É conhecida a importância do C
principalmente se isso for possível
nível), potássica (CTC e K disponível) e do N para o desenvolvimento das
em curto prazo e com pouco recurso
e nitrogenada (espécie antecessora, plantas, por isso esses nutrientes fo-
financeiro. Talvez isso possa ser feito
sua produção de massa seca e teor ram determinados com métodos de
na etapa da interpretação dos resul-
de MO no solo). Além disso, as reco- combustão úmida (Walkley & Black)
tados ou pela seleção dos indicadores
mendações são aplicar corretivo para e de combustão seca (analisador Shi-
mais sensíveis, entre os tradicionais,
eliminar acidez do solo e adubo para madzu), em amostras de solo coleta-
para expressar a fertilidade percebida
manter os nutrientes na faixa Alto, das nos experimentos em Eldorado
pelas plantas. Poder-se-ia, também,
em vez de mantê-los na faixa Médio do Sul (Figura 8; Nicolodi, 2007a).
relacionar os teores ou os valores nor-
(CQFS RS/SC, 2004). Apesar da expectativa, os resultados
malizados desses indicadores com a

Figura 7. Efeitos do tempo e das rotações de culturas no rendimento relativo de grãos de trigo, de soja e de milho e nos te-
ores de P e K disponíveis, avaliados na camada de 0-10 cm de profundidade no 1º, 6º e 10º ano de condução do
experimento em solo cultivado no SPD, em Cruz Alta-RS e as faixas de interpretação adotadas no RS [Adaptado de
Fiorin (2008), com sobreposição das faixas de interpretação da CQFS RS/SC (2004 e 2016)].

18 - Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola - Edição 158


obtidos não indicam que essas deter- dos indicadores do solo e do rendi- irrigação não evitou a influência da
minações possam aumentar a confia- mento dos outros tratamentos foram umidade do solo na definição do ren-
bilidade na avaliação, pois entre 1,0 transformados em percentagem em dimento (Figura 10).
e 2,0 % de C (Figura 6a) foi obtido relação à referência. Assim, é possível Esses resultados, obtidos por di-
rendimento de 2 a 11 t ha-1 de milho observar o comportamento de vários versos pesquisadores, sugerem que
(desde muito baixo até muito alto) e indicadores em relação ao rendimen- é o momento de considerar que in-
com teores entre 1,5 e 3,0 % foi ob- to em uma mesma figura. Analisando dicadores das condições biológicas e
tido rendimento superior a 9 t ha-1. os resultados obtidos nos tratamentos físicas do solo também poderiam sem
Nem mesmo as determinações de N sem (Figuras 9a e 9b: 0 kg ha-1) e com capazes de expressar a fertilidade,
total (Figura 8b) e de mineral (Figura adubação nitrogenada (Figura 9c e principalmente àqueles relacionados
8c) conferiram maior confiabilidade à 9d: 180 kg ha-1), tem-se a impressão com decomposição da MO (Figura
avaliação, pois apresentam o mesmo de que os mais sensíveis em expressar 11a) e atividade enzimática (Figura
padrão de resposta das análises de C. a fertilidade percebida pelas plantas 11b). O comportamento dos resul-
Logo, a inclusão de nenhuma dessas foram P disponível e MO, principal- tados obtidos nas avaliações feitas
análises de macronutrientes essenciais mente nos tratamentos que recebe- nesses experimentos conduzidos em
melhorou a avaliação da fertilidade. ram adubação nitrogenada. Todavia, Eldorado do Sul pode ou não se re-
Outra possibilidade seria sele- visualizando tratamentos com e sem petir em outros experimentos. Entre-
cionar dentre os indicadores tradicio- adubação nitrogenada juntos, consi- tanto, a representação integrada do
nais da fertilidade os mais sensíveis em derando como referência PC cultiva- rendimento com os indicadores tra-
expressar às mudanças que as plantas do com aveia e milho sem adubação, dicionais avaliados num experimen-
cultivadas percebem. Um indicador é na Figura 10 é possível concluir que to conduzido em Marau, também
sensível para expressar as alterações nenhum desses indicadores tradicio- mostra o grau de dificuldade para
promovidas pela mudança do siste- nais foi capaz de expressar a fertilida- expressar a fertilidade percebida pe-
ma de cultivo e/ou da rotação de cul- de percebida pelas plantas. Ou seja, las plantas cultivadas no SPD (Figura
turas na fertilidade do solo percebida não representa as condições dadas 12); nenhum dos indicadores quími-
pelas plantas, quando sua variação é pelo solo para que a planta produza cos determinados na camada de 0-10
proporcional à variação no rendimen- abundantemente. Novamente, nem nem na de 0-20 cm expressou a mu-
to das culturas. Para os indicadores a MO, nem o P disponível e nem o dança obtida no rendimento de grãos
tradicionais de fertilidade, essa sensi- N total foram sensíveis o suficiente da soja após 15 anos de experimento.
bilidade foi avaliada pelo rendimento para afirmarmos que o uso preferen- Outra possibilidade foi testada
de grãos de milho em experimentos cial destes melhora a avaliação da fer- com uma técnica utilizada em outras
conduzidos por mais de 20 anos em tilidade (Figuras 9 e 10). Além disso, áreas da Ciência, a normalização. A
Eldorado do Sul (Nicolodi, 2007a). na Figura 9 também verifica-se que relação entre indicadores normaliza-
As alterações nesses atributos e no os indicadores considerados mais im- dos permite visualizar agrupamentos
rendimento foram avaliadas compa- portantes no PC, os da acidez, foram ou famílias de pontos de um indica-
rativamente ao tratamento PC, culti- os que menos se relacionaram com o dor principal em relação à outros indi-
vado com aveia e milho, considerado rendimento e, ainda, que o fato de o cadores que determinam a mudança
como referência (= 100%); os valores experimento ter sido conduzido sob no seu comportamento. Então, com
objetivo de identificar níveis de ferti-
lidade que correspondessem a níveis
de rendimento das culturas foram
normalizados os resultados das ava-
liações feitas em quatro experimentos
conduzidos por mais de 20 anos no
RS (dois em Eldorado do Sul, um em
Santo Ângelo e outro em Passo Fun-
do). A técnica consiste em distribuir
os valores dos indicadores entre 0 e
100 e relacioná-los num gráfico com
o rendimento de grãos. Vários ensaios
foram feitos, para cada local separado,
Figura 8. Relações entre C (a) e N mineral (b) e total (c), determinados em amostras com todos locais juntos, com valores
de solo coletadas na camada de 0-10 cm, e o rendimento de grãos de reais observados normalizados, com
milho avaliados em parcelas em diferentes históricos de cultivo em expe- os normalmente encontrados nos so-
rimentos conduzidos mais de há 20 anos em Eldorado do Sul (Nicolodi, los como 0 e 100, com rendimento
2007a). normalizado e com rendimento rela-

Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola - Edição 158 - 19


da execução de uma nova calibração
para os diferentes sistemas de cultivo
e para cada (ou grupo de) cultura no
RS, a fim de definir os teores críticos e
as faixas de interpretação consideran-
do o histórico de cultivo do solo (efei-
tos do grau de mobilização do solo,
da diversidade de espécies cultivadas
e do tempo). Porém, esse ajuste no
processo de avaliação demanda altos
investimentos de recurso financeiro,
de mão-de-obra qualificada, de tem-
po e de trabalho de campo amplo
e longo. Organizar, conduzir e con-
cluir com sucesso a nova calibração é
muito difícil, à semelhança do desen-
volvimento de nova metodologia de
manuseio de amostras indeformadas
de solo (coleta, armazenamento e de-
terminações laboratoriais). Esta é uma
possibilidade muito interessante, que
permitiria determinar numa mesma
amostra condições físicas, químicas e
biológicas de solo, inclusive analisar
outros indicadores como, por exem-
plo, fluxo ascendente de água no
solo. Contudo, os resultados apresen-
tados nesse artigo e inúmeros outros
publicados na literatura expõe a alta
magnitude do ruído na avaliação da
fertilidade, principalmente com ado-
ção de sistemas de cultivo conserva-
Figura 9. Representação integrada (%) do rendimento de grãos de milho com cionistas, e indicam que o enfoque e a
indicadores tradicionais da fertilidade de solo avaliados em experimentos avaliação química não são suficientes
com diferentes históricos de cultivo [0 (a e b) e 180 kg ha-1 de N (c e d)], para entender e expressar a fertilida-
conduzidos por mais de 20 anos em Eldorado do Sul (PVd: 0-10 cm; re- de percebida pelas plantas quando o
ferência: 100% = PC A/M; *m/5 e Al/25; **m/4 e Al/4) (Nicolodi, 2007). solo não é desagregado, isto é, quan-
do são preservadas as relações cons-
tivo de grãos (Nicolodi, 2007a). No que o rendimento das culturas obtido truídas com o tempo de cultivo. Me-
exemplo hipotético apresentado na não foi dependente dos valores des- lhorar a aplicação do conhecimento e
Figura 13a pode-se observar o com- ses indicadores químicos. O uso desta recomendar práticas adequadas para
portamento ou distribuição dos pon- técnica não diminuiu a magnitude do cada situação e potencial produtivo
tos esperada em grupos ou famílias, ruído e nem melhorou a avaliação da significa diminuir o ruído nas diver-
ou seja, identificar famílias de pontos fertilidade do solo. sas etapas da avaliação. Isso conduz,
ou maior concentração de pontos A mudança do sistema de culti- necessariamente, também a reflexão
em três locais. Um significando baixa vo, do PC para o SPD, e os benefícios profunda sobre a noção da fertilidade
fertilidade e baixo rendimento, outro do tempo de cultivo nesse sistema, do solo. Com intuito de compartilhar
média e outro alta fertilidade e alto proporcionados ao solo e ao desenvol- informações e promover uma ampla
rendimento. O ensaio que melhor ex- vimento das plantas, diminuem a im- reflexão foram publicados dois artigos
pressou diferentes níveis de fertilida- portância do uso isolado de atributos na Revista Plantio Direto – “Repensan-
de é apresentado na Figura 13b. Nes- químicos avaliados em amostras de do ao conceito da fertilidade do solo
te identifica-se uma família de pontos solo (Nicolodi, 2006). A possibilidade no SPD” (Nicolodi, 2007c) e “Poderia
no alto, em que alta fertilidade corres- de aumento da confiabilidade na ava- ser a fertilidade entendida como uma
ponde a alto rendimento, mas tam- liação da fertilidade feita a partir des- propriedade emergente do sistema
bém outras duas famílias que indicam ses indicadores tradicionais depende solo?” (Nicolodi et al., 2007) – e um

20 - Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola - Edição 158


breve histórico no Boletim Informati- máximo a avaliação da fertilidade fei- ser superados (Nicolodi, 2006; Nico-
vo da Sociedade Brasileira de Ciência ta numa amostra de solo totalmente lodi, 2007b).
do Solo – Reflexão sobre a fertilidade desagregada daquela percebida pela O primeiro desafio é admitir a
além das condições químicas do solo planta que em função dessa produz insuficiência do conceito mineralista
(Nicolodi & Gianello, 2016) –. mais ou menos. Dito de outro modo: para expressar a fertilidade percebida
diminuir a magnitude do ruído na pelas plantas em solos cultivados em
Desafios à caracterização avaliação da fertilidade. Nesse con- sistemas diferentes do convencional.
texto, após ter sido evidenciada a alta Nos resultados dos experimentos foi
da fertilidade percebida pelas
magnitude do ruído e verificado que possível observar o grau de dificulda-
plantas nenhuma das tentativas foi capaz de de que existe na avaliação da fertilida-
diminuí-lo, surge a questão: aumen- de devido às inúmeras combinações
Essa reflexão sobre a noção da tando os valores dos indicadores para possíveis de sistemas de cultivo e de
fertilidade, que evoluiu de uma noção interpretação da fertilidade no solo rotações (Nicolodi, 2007a; Nicolo-
ampla para uma restrita às condições cultivado no SPD como preconiza- di et al., 2008; Fiorin, 2008). Além
químicas do solo, e a identificação das do no PC, poderia a produtividade disso, a importância dos indicadores
principais fontes de ruído no modo de das plantas aumentar? Se a resposta clássicos da fertilidade é menor em
avaliação adotado atualmente pode for ‘sim’ então o desafio é ajustar os solos cultivados no SPD do que no
conduzir à superação dos desafios valores dos mesmos indicadores ao PC. Num sistema simples, como no
à caracterização daquela fertilidade novo sistema de preparo e cultivo do PC, poucos fatores são responsáveis
percebida pelas plantas e contribuir solo, fazer uma ampla calibração em pela produtividade, e a alteração de
para a sua melhoria. Tem-se a impres- sistemas conservacionistas. Todavia, qualquer um deles gera mudanças
são de que quanto mais a fertilidade provavelmente, readequar os valores significativas nos resultados. Em siste-
é detalhada e quanto maior a tecno- não irá melhorar significativamente a mas mais complexos, como no SPD,
logia aplicada para avaliá-la, mais se avaliação, pois nesses sistemas pode em que há um grande número de
afasta da essência e perde-se a noção ser obtida produtividade alta com fer- fatores influenciando a produtivida-
do todo; por isso, maior é a discre- tilidade avaliada como baixa e como de, a alteração de um ou alguns deles
pância entre a noção da fertilidade alta. Se a resposta for ‘não’, então ou- têm pouca ou nenhuma influência
dos humanus, o nível de fertilidade tro grande desafio é descobrir os ou- (D’Agostini, 2006). A caminhada para
do solo interpretado através da avalia- tros fatores que estão determinando a superar este desafio poderia partir do
ção e a fertilidade do solo percebida produtividade e não sendo suficiente (re)pensar como os humanus enten-
pelas plantas (Nicolodi, 2007a). Um somente readequar os valores limi- dem o solo e a sua fertilidade, usando
dos grandes desafios para o cientis- tes das faixas de interpretação para um modelo sistêmico e priorizando o
ta do solo é quantificar a magnitude os mesmos indicadores. ‘Não’ é a estudo das interações em detrimento
da fertilidade percebida pelas plantas resposta mais frequente. Neste caso, dos fatores ou efeitos isolados na pro-
em solos cultivados em sistemas con- pelo menos cinco desafios deveriam dutividade das plantas.
servacionistas, ou seja: aproximar ao O segundo desafio é entender
a fertilidade percebida pelas plantas
como propriedade gerada pelo fun-
cionamento do solo como um todo,
ou seja, do sistema solo. Para supe-
rar este desafio precisamos aprimorar
o nosso entendimento do solo, dos
principais processos que determinam
o seu funcionamento, ou seja, o cum-
primento das suas funções e de como
é gerada a fertilidade e determinada
a sua magnitude. As principais intera-
ções que determinam o funcionamen-
to do solo ocorrem entre este e os sis-
tema clima e vida — composto pelos
subsistemas planta, animal e homem
Figura 10. Representação integrada (%) do rendimento de grãos de milho com in- —, se mantêm através de “trocas” ou
dicadores sensíveis em expressar a mudança da fertilidade do solo nos cumprimento de “funções” (Nico-
experimentos com diferentes históricos de cultivo [0 (a) e 180 kg ha-1 lodi, 2006; Nicolodi, 2007a; Nicolo-
de N (b)], conduzidos por mais de 20 anos em Eldorado do Sul (PVd: di, 2007c). Os efeitos do tempo são
0-10 cm; referência: 100% = PC A/M) (Nicolodi, 2007).

Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola - Edição 158 - 21


essenciais na evolução dos sistemas
abertos, que possuem capacidade de
auto-organização, pois alguns acon-
tecimentos ou eventos podem mudar
a trajetória evolutiva do sistema e ge-
rar novas coerências ou possibilidades
de história (Prigogine & Stengers,
1992). O solo é um sistema aber-
to que funciona longe do equilíbrio
e que se auto-organiza no tempo;
dependendo das condições iniciais,
das interações com outros sistemas
e dos fluxos e retenção de matéria e
de energia, é gerada turbulência e o
sistema se auto-organiza (Addiscott,
1995; Vezzani, 2001). Nestes mo-
mentos de turbulência (pontos de
bifurcação) são geradas propriedades
Figura 11. Representação integrada (%) do rendimento de grãos de milho com in- emergentes e definidos os novos esta-
dicadores da atividade biológica no solo em experimentos com diferen- dos de ordem atingidos pelo sistema
tes históricos de cultivo, conduzidos em Eldorado do Sul [(a) adaptado (Prigogine, 1996). Quando ocorre a
de Conceição (2002) – umidade, COT e CO: 0-10 cm; CO2 e EA: 0-7,5 dominância dos processos de orde-
cm; C microbiano e C-CO2: 0-5 cm; referência: 100% = PC A/M sem nação sobre os de dissipação, o solo
N – e (b) de Schmitz (2003) – avaliados de 0-10 cm nas parcelas com se organiza em níveis de ordem mais
180 kg ha-1 de N; referência: repouso = 100%]. alto, com predomínio dos efeitos das
interações como no solo cultivado no
SPD, e quando ocorre dominância
dos processos de dissipação sobre os
de ordenação, o solo se auto-organiza
em níveis de ordem mais baixo, com
predomínio dos efeitos simples, como
ocorre no solo no PC (Vezzani, 2001).
Em consequência do funcionamento
e da trajetória evolutiva do solo, cons-
tantemente em formação pela ação
da vida sobre o regolito ou sobre a
rocha matriz, emerge uma fertilidade,
de magnitude maior ou menor (Nico-
lodi, 2007a; Nicolodi, 2007c). Inter-
pretando o cenário de outro ponto
de vista, o subsistema planta precisa
essencialmente que o sistema solo
(1ª função) dê suporte físico para o
seu desenvolvimento e para as trocas
e que (2ª função) armazene e dispo-
nibilize nutrientes, água e oxigênio.
Logo, tudo o que é essencialmente
ligado ao cumprimento da primei-
Figura 12. Representação integrada (%) do rendimento de grãos de soja com ra função do sistema solo pode ser
indicadores tradicionais da fertilidade avaliados nas camadas de 0-10 chamada de subsistema estrutural e
(a) e 0-20 cm (b) de profundidade do solo após 15 anos de condução o que é ligado à segunda, chamada
de experimento no SPD em Marau (100% = pH: 5,5; P: 95 mg dm-3;
de subsistema renovável. Conforme é
K: 560 mg dm-3; MO: 5,0%; Al: 5,0 cmolc dm-3; Ca: 4,0 cmolc dm-3;
a interação entre as condições físicas,
Mg: 2,5 cmolc dm-3; CTC: 23,0 cmolc dm-3; CTCe: 9,0 cmolc dm-3;
V: 60%; m: 90%; rendimento: 1,9 t ha-1; Nicolodi et al., 2008 – dados
químicas e biológicas nos processos
não publicados).
que determinam o cumprimento des-
sas funções, ou seja, a interação entre

22 - Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola - Edição 158


os subsistemas estrutural e renovável, relações construídas) e de modo se- novável. A primeira diferença que se
emerge uma fertilidade de magnitu- melhante a magnitude da fertilidade, sobressai entre esta concepção e a
de diferente — são as condições da- tanto que os seus indicadores têm mineralista é a contribuição direta do
das pelo sistema solo para sustentar a valores fixos. Entretanto, o funcio- subsistema estrutural e a segunda é
vida das plantas; é o desenvolvimen- namento do solo, a intensidade das do componente água do subsistema
to e a produtividade. A propriedade interações e dos processos que ocor- renovável. Estas duas diferenças são
emergente fertilidade é que torna o rem no solo mudam com o tempo de mais importantes nos sistemas de cul-
sistema solo um meio para produzir cultivo e com a rotação de culturas tivo com menor revolvimento e com
alimentos (Nicolodi et al., 2004; Ni- adotada. Por exemplo, as interações maior adição de palha; num solo cul-
colodi, 2006; Nicolodi, 2007a; Nico- entre estrutura, água, nutrientes, MO tivado por muitos anos no SPD, esses
lodi, 2007c). e desenvolvimento radicular das plan- interferem muito mais. A magnitude
O terceiro desafio é identificar tas são diferentes conforme o tempo da fertilidade do sistema solo é de-
indicadores químicos, físicos e bioló- de sistema e as espécies cultivadas. terminante no desenvolvimento e na
gicos dos principais processos que de- Dependendo da intensidade das in- produtividade das plantas, mas não
terminam o funcionamento do siste- terações, emerge uma fertilidade de somente ela (Nicolodi, 2006; Nicolo-
ma solo, que expressem a magnitude magnitude diferente, beneficiando di, 2007a). Da interação dos subsiste-
da fertilidade percebida pelas plantas menos ou mais o desenvolvimento mas estrutural e renovável do sistema
em sistemas conservacionistas com das plantas (Nicolodi et al., 2004; Ni- solo emerge a fertilidade, que tem
diferentes rotações de culturas. O fun- colodi, 2007a). Não é possível medir sua magnitude determinada pelo de-
cionamento do solo cultivado no PC essa diferença com a avaliação atual, sempenho desses subsistemas. Esta e
é muito semelhante no tempo (cons- pois estão sendo avaliados somente o topoclima compõem um ambiente
tantemente revolvido e destruídas as alguns indicadores do subsistema re- específico que interage com o sistema

Figura 13. Distribuição de famílias de pontos esperada (a) e a melhor verificada (b) para identificar níveis de fertilidade através
do uso da técnica da normalização, aplicada aos resultados obtidos em quatro experimentos de longa duração
conduzidos no RS (valor mínimo do indicador em cada local considerado 0 e máximo igual a 100; Al e m inverti-
dos; locais 1 e 2 na camada de 0-10 e 3 de 0-20 cm; Nicolodi, 2007a).

Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola - Edição 158 - 23


vida. Conforme essa interação e as O quinto desafio é adequar as da fertilidade da terra. É importante
particularidades do subsistema plan- práticas recomendadas para melho- fazer a rotação de culturas. (III) A terra
ta ou das espécies cultivadas através rar e/ou manter a fertilidade, o bom não empobrece se é adubada. (IV) A
da agricultura são gerados produto funcionamento do sistema solo e terra deve ser adubada principalmen-
primário, a produtividade, e produto alta produtividade das plantas. Agre- te quando forem cultivadas espécies
secundário, o resíduo. É fundamental gar outras práticas conhecidas que exploradoras da sua fertilidade. Além
ter consciência dessas interações para melhorem o funcionamento do solo disso, há quase dois mil anos já se
decidir as práticas que serão adotadas como um todo, ou seja, do sistema enfatizava que (V) para se dedicar à
para interferir na fertilidade e na pro- solo e que estimulem a emergência agricultura são igualmente necessá-
dutividade, ou seja, estimular emer- de fertilidade de magnitude maior rias três coisas: o conhecimento da
gência de propriedade com maior à aplicação de corretivos e adubos matéria, a disponibilidade de capital
magnitude. como: a) estimular a diversidade de para investir e a vontade de executar
O quarto desafio é adequar ou vida: rotação de culturas e manuten- (Columella, 42 d.C.).
desenvolver metodologia de amostra- ção da palha na superfície do solo
gem e de determinação, quantitativa sem queimá-la; b) estimular o bom Considerações
e/ou qualitativa, práticas e de custo funcionamento dos subsistemas es-
acessível, e estabelecer os critérios trutural e renovável; c) repor os nu- 1. A noção mineralista da ferti-
para interpretação dos indicadores trientes exportados pelas culturas; d) lidade do solo foi fundamental para
da fertilidade do sistema solo para manter sempre o solo cultivado com o progresso da agricultura, princi-
os principais grupos de espécies cul- menor revolvimento possível (para a palmente no século passado. A mu-
tivadas em sistemas conservacionis- produção de grãos processo colher- dança do sistema de preparo do solo
tas. Isso, de preferência, com base no semear). aumentou a magnitude do ruído na
cumprimento das funções dos subsis- Apesar do enorme avanço em avaliação e tornou evidente as limi-
temas estrutural e renovável do siste- termos de avaliação da fertilidade e tações dessa noção para expressar a
ma solo, lembrando que propriedade da disponibilidade de adubos desde fertilidade.
emergente não é previsível como cer- os tempos de Columella (42 d.C.) e 2. A reflexão sobre a magnitu-
teza de valor, somente como tendên- da identificação desses desafios, vale de do ruído nos diversos resultados
cia de comportamento. A viabilização lembrar que alguns “ditos” da Anti- de pesquisas publicados deveria des-
de procedimentos de coleta, armaze- guidade continuam atuais. (I) O em- pertar nos humanus a consciência de
namento e determinações laborato- pobrecimento ou “cansaço” da terra que o momento atual possui elemen-
riais de condições físicas, químicas e é causado pelo cultivo continuado de tos teóricos e práticos suficientes para
biológicas em amostras indeformadas uma mesma cultura (monocultura). promover a mudança da noção da
de solo representaria um progresso (II) Existem plantas que são explora- fertilidade. É importante repensar a
enorme. doras e outras que são melhoradoras noção, os conceitos, a avaliação e as
práticas recomendadas para mantê-la
e/ou aumentá-la a fim de contribuir
para o aumento da produtividade das
plantas e da lucratividade na agricul-
tura, melhorando e preservando o
ambiente. Uma abordagem sistêmi-
ca do solo pode ser muito útil para
avaliar a fertilidade percebida pelas
plantas cultivadas em sistemas dife-
rentes do PC. É necessário adequar
ou construir metodologia para avaliar
a fertilidade do sistema solo cultivado
em sistemas conservacionistas com
diferentes rotações, entendendo a
fertilidade como propriedade gerada
pelo funcionamento do solo como
um todo, identificar os indicadores
mais sensíveis em expressar a mudan-
ça da magnitude da fertilidade e esta-
belecer os critérios para interpretação
deles.

24 - Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola - Edição 158


3. Esses e outros desafios serão MIELNICZUK J.; LUDWICK, A.E. & CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA
superados com maior rapidez usan- VOLKWEISS, S.J. Estudos iniciais de DO SOLO, 31., 2007, Gramado.
do também os recursos tecnológicos calibração de análises para fósforo Palestras. Gramado, UFRGS e SBCS,
disponíveis. Certamente não será fá- e potássio do solo com a cultura 2007b. CD-ROM
cil, porém é essencial e possível. Em- do trigo. Porto Alegre, UFRGS, 1969.
NICOLODI, M. Poderia ser a
bora fora de “moda”, a fertilidade 10p.
fertilidade entendida como uma
continua sendo um problema atual. NICOLODI, M.; ANGHINONI, I. & propriedade emergente do sistema
Tem-se a expectativa de, com esse SALET, R.L. Alternativa à coleta de solo? Rev. Plantio Direto, 102:8-15.
relato, registro ideias e divulgação de uma secção transversal, com pá de 2007c.
resultados, contribuir para melhorar o corte, na largura da entrelinha, na
entendimento dos humanus sobre a amostragem do solo em lavouras PRIGOGINE, I. O fim das certezas.
fertilidade do sistema solo percebida com adubação em linha no sistema São Paulo, Editora Estadual Paulista,
pelas plantas. plantio direto. Rev. Plantio Direto, 1996. 199p.
69:22-28. 2002. PRIGOGINE, I. & STRENGERS I. Entre
Literatura citada o tempo e a eternidade. São Paulo,
NICOLODI, M. Desafios à
caracterização de solo fértil em Cia das Letras, 1992. 225p.
ADDISCOTT, T.M. Entropy and
sustainability. Eur. J. Soil Sci., 46:161- química do solo. REUNIÃO SUL- RAIJ, B.van Calibração de potássio
168, 1995. BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO, trocável em solos para feijão, algodão
6., 2006. Palestras. Passo Fundo, e cana-de-açúcar. Ciência e Cultura,
COLUMELLA, L.G.M. L’arte Embrapa Trigo e NRS/SBCS, 2006. São Paulo, 26:575-579, 1974.
della’agricoltura e libro sugli alberi. CD-ROM
42 d.C. Reimpresso. Treviso, Einaudi, SALET, R.L.; NICOLODI, M. & BISSO,
2003. 1060p. NICOLODI, M. Evolução da noção da F.B. Eficácia do trado holandês na
fertilidade e sua percepção como uma amostragem de solo em lavouras
COMISSÃO DE QUÍMICA E propriedade emergente do sistema
FERTILIDADE DO SOLO RS/SC (CQFS no sistema plantio direto. Rev.
solo. Porto Alegre, UFRGS, 2007a. Agrociência, 11:487-491, 2005.
RS/SC). Manual de adubação e 140p. (Tese de Doutorado)
de calagem para o estado do Rio SCHLINDWEIN, J.A.; ANGHINONI,
Grande do Sul e de Santa Catarina. NICOLODI, M.; GIANELLO, C. &
I. Tamanho da subamostra e
10ª.ed., NRS/SBCS, 2004. 400p. ANGHINONI, I. Repensando o
representatividade da fertilidade do
conceito da fertilidade do solo no
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FERTILIDADE DO SOLO RS/SC (CQFS Rural, 32: 963-968, 2002.
Direto, 101:24-32. 2007.
RS/SC). Manual de adubação e de SCHLINDWEIN, J.A. Calibração
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Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola - Edição 158 - 25

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