Carlos Augusto Mantovani da Silva, ETEC Albert Einsten, São Paulo, SP, 2021
Casa Grande & senzala
O livro "Casa Grande e Senzala" por brasileiro Gilberto Freyre, sociólogo, escritor e o intelectual mais premiado do Brasil, foi lançado em 1933 e é considerado um livro fundamental para compreender a história do Brasil. Na época, muitos defendiam ideias racistas que diziam que existiam raças superiores e inferiores e que seu cruzamento resultaria em um povo degenerado e incapaz, Gilberto Freyre rebate essas ideias no livro. O livro analisa os três povos que constituíram o Brasil, os indígenas, os portugueses e os africanos e exalta a importância da miscigenação e da mistura das raças que formaram nosso povo, ressaltando os defeitos e qualidades da formação do povo brasileiro e as peculiaridades de sua origem. Os três pilares da colonização portuguesa para Freyre são a miscigenação, o latifúndio e a escravidão. Casa-grande & senzala aborda especialmente aspectos relacionados a miscigenação, ocorrida com tanta intensidade porque havia poucas mulheres brancas disponíveis na colônia. A igreja Católica, diante desse cenário de escassez, incentivou o casamento de portugueses com indígenas, mas jamais com negras. Freyre, porém, não comenta que estas relações colocavam a mulher numa posição de mais inferioridade, pois os filhos gerados desta união não eram considerados legítimos. Gilberto Freyre diz que a escravidão no Brasil foi mais suave do que em outras partes do mundo e teve alguns resultados benignos para o empreendimento colonial. A escravidão fortaleceu a sociedade patriarcal onde o dono da Casa-Grande era o proprietário de terras, escravos, e até mesmo de seus parentes, no sentido que ele governava suas vidas. Assim, criou-se uma sociedade sempre dependente de um senhor poderoso e incapaz de governar a si mesma. Freyre investiga também a origem do mito da promiscuidade brasileira, da exacerbada sexualidade atribuída de modo equivocado aos indígenas e escravos. O intelectual disserta igualmente acerca da origem da opressão contra a mulher, como os homens cultivavam um sentimento de posse em relação as suas senhoras. Sua obra foi bastante criticada por usar uma linguagem mais próxima à literatura do que a acadêmica, faltando um rigor científico e por não distinguir as tribos indígenas da maneira correta, tratando-as de uma forma generalizada, sendo que elas reagiram diferentemente à colonização. Além de sua polêmica opinião sobre a escravidão no Brasil.