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Colegiado de Curso: Papéis e

Funções Reais*
:ctica
Sldad
Maria Esmênia Ribeiro Gonçalves * *
:: del
: pro-
:ioen
X"ldo RESUMO
dela
Esta pesquisa visa estudar o íuncionamento dos colegiados
1:050S
de curso de graduação da Universidade Federal de Santa
~.t~do Catarina no CO:1texto da universidade brasileira A Questão
básica da pesquisa é a responsabilidade destes órgãos cole-
giados pela coordenação didática dos cursos Uma revisão de
literatura onde se analisam diferentes teorias da educação a
i.ares evoiução das teorias da burocraCIa e a reforma u:1iversitária
de (/f\ll 6.'li fundamenta teoricamente a pesquisa feita com
co .egiados das diferentes áreas do conhecimento. As conclusões
estos apontam para o envolvimento quase total destes órgãos com
atividades meio esquecendo-se das suas atividades fim A
proposlcáo da extincão dos colegiados de curso. tal qual vêm
fur.cionando amesenta-se nesta pesquisa acompanhada de
uma proposta alternativa para que a universidade brasileira
n"ro continue relegando a planos secundários o que ali deve
ser tundamental ou seja a questão da qualidade do ensmo
que oferece

I- INTRODUÇÃO

A coordenação didática dos cursos passou a constituir


preocupação nossa já a partir da prática docente, porém, 10i a
nossa experiência como coordenadora de curso e mais tarde
somente como membro de colegiado de curso, que motivou a
realização desta pesquisa, A participação, corno membro, no
Conselho de Ensino e Pesquisa (CEPE), no decorrer da realização
da pesquisa, contribuiu substancialmente para uma leitura mais

Resumo da dissertacão de Mestrado apresentada pela autora no curso de Pós-


Graduação em Administração, da Universidade Federal de Santa Catarina,
em maio de 19B4
Professora do Centro de Ciências da Educação (Departamento de Estudos
Especializados em Educação) da Universidade Federal de Santa Catarina

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real ainda do funcionamento destes órgãos colegiados dentro da Nesse sentide 6:1
Universidade. desde a visão de e::'
Como pretendíamos ter uma noção da situação nas diferentes construção e manUi6:-1l
áreas, sorteamos dois cursos de cada área de conhecimento O de educação co:!:c j
relações de proàt::;::::;)
curso de Agronomia por ser único na área foi automaticamente
selecionado. visão de educação ::C1
ordem social Isto se :e
Inicialmente foram entrevistados semidiretivamente pessoas permeiam o discurse :
que participaram do planejamento e implantação do órgão
tanto a nível de reitoria quanto a nível do próprio órgão. Por outro lado :::::'
exigiu ainda um b!e"i
Com as pessoas que integravam os colegiados, como membros,
sócio-econõmico-po:.:tj
aplicamos um questionário de opinião, previamente testado em
reforma universitána
sujeitos com as mesmas características daqueles que constituíram
a amostra definitiva Assim sendo pm1
brasileiro implantaàc.
Esta amostra constituída de 20% dos professores que integraram
constituíram o pane ~
os colegiados de curso, no período agosto de 1981 a agosto de
o movimento estuda::-Jj
1983, envolveu obrigatoriamente representantes de todos os
o Relatório Meira U:JI
cursos de graduação da UFSC
pela análise da filosc:.
Por fim. uma etapa decisiva na pesquisa foi a leitura das atas seus implantadores 6 •
das reuniões destes colegiados realizadas no período já mencio- demais etapas tu::d~
nado. Tal leitura foi feita a partir de critérios montados sobre os colegiados de curse ~
dados coletados nas etapas anteriores e usando a técnica de
análise de conteúdo temático-categorial.
Com base em todos os dados obtidos pode-se fazer uma série III - COLEGIADO Cf (
de considerações e uma proposição acompanhada de uma
proposta alternativa de solução; proposta esta submetida à
apreciação da comunidade universitária, como fonte geradora 1- A PROPOSTA NC ::
de debates sobre o assunto.
Romanelli( 1), sob=-
II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA de 1964 no Brasil, C01l
citando Celso Furtado.!
A revisão da literatura existente foi feita com o objetivo de
de renda já que segue I
analisar as diferentes teorias da educação, bem como a evolução industrializam a partrr di
das diferentes teorias da burocracia Esta revisão nós a fizemos pela modificação I:OI
para deixar bem claro o momento do debate, no qual iríamos restrita da população I
inserir nossa reflexão bem como deixar explícitos os pressupostos que se faz intensiva àe
teóricos que nortearam nossa análise da universidade, enquanto de obra". E JaguarJ:J
organização burocrática. desmobilizante, despol

80

E
-
:OS dentro da Nesse sentido. enfocamos o entendimento de educação
desde a visão de educação como mecamsmo básico para a
construção e manutenção do sistemo sociol. passando pelo visão
lOS diferentes
de educação como fator imprescindível na manutenção das
lecimento. O
reloções de produção capitolista, portanto de dominação, até a
moticomente
visão de educação como mecanismo de construção de uma nova
ordem social Isto se fez necessário à medida em que estas teorios
lente pessoas permeiam o discurso do reformo e a oção d.o universidode.
io do órgão.
Irgão Por outro lado, a análise da ação dos colegiados de curso
exigiu ainda um breve retrospecto sobre aspectos do contexto
mo membros,
sócio-econõmico-político viaente no momento da concepção da
e testado em reforma universitária,
~ constituíram
Assim sendo, partindo de umo cCIrocterização do modelo
brasileiro implontado em 1964 no BrasiL obordomos ospectos que
16 integraram
constituírom o pono de fundo do reforma universitário, tais como:
: a agosto de
o movimento estudontiL os ocordos MES-USAID, o Plano ATCOM e
de todos os o Relatório Meira Matos A leitura de aspectos legois passondo
pela análise do filosofio que norteou a suo implantação, segundo
~ituradas atos seus implantadores e, finalmente, os diferentes dodos obtidos nas
do já mencio- demais etapas fundamentarom o onálise da realidade dos
ados sobre os colegiados de curso, no UFSC
a técnica de

lZer uma série III - COLEGIADO DE CURSO: A PROPOSTA


ada de uma
submetida à
mte geradora 1- A PROPOSTA NO CONTEXTO DA REFORMA UNlVERSITÁRrA

Romanelli( I ), sobre o modelo brasileiro implantado a partir


de 1964 no BrasiL contexto portanto do reforma universitária,
citando Celso Furtado, assim o define: "O modelo é concentrador
o objetivo de de renda já que segue o caminho das sociedades periféncas que se
no a evolução industrializam a partir de um processo de modernização introduzido
nós o fizemos pela modificação nos padrões de consumo de uma cama<~a
) qual iríamos restrita da população. Esse processo condiciona a industnalizaçao
lS pressupostos que se faz intensiva de capital em meio a um excedente de mão
Ide, enquanto de obra", E Jaguaribe(2) acrescenta: "Ele é despopularizante,
I desmobilizante, despolitizante e, otravés da difusão e da repressão

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enseja a possibilidade de uma administração tecnocrática da pesquisa de S:cI
respaldada pelo poder militar e corresponde às demandas, no para afirmar que 1
fundamental da classe média e da burguesia," nem sequer cor.st=rl
Sob a égide deste modelo, impulsionada por acontecimentos investigadas"
como as propostas dos movimentos estudantis debatidas nos
Mesmo oEde g
seminários e encontros da UNE (União Nacional de Estudantes); a
dimensôes para::Ii
participação Internacional promovida pela USAlD (United States
de Carreira, CO::-...:.:iII
Agency of International Development) e do relatório apresentado
Curso, Coordena:;~
pela Comissão Especial para Assuntos Estudantis (o Relatório
Meira Matos), foi que nasceu a Reforma Universitária, A constitUlç::::o
O Relatório Meira Matos propôs uma reforma com objetivos possível Em a1g--':"J1
práticos e pragmáticos que fossem "instrumento de aceleração coordenador, rec~
do desenvolvimento, instrumento do progresso social e da expansão do corpo disce:cJl
de oportunidades, vinculando a educação aos imperativos do coordenad$x ape~
progresso técnico, econômico e social do País"(3), '
N a grande ma:.~
A racionalização da organização administrativa acadêmica nomeia o coorde:,,_c
a otimização dos recursos e democratização do ensino para pelos membros ::i::ll
atender a demanda educacional e conseqüentemente concentrar
este aumento de vagas em profissôes benéficas e prioritárias ao Em relaçãc ti
desenvolvimento do país, foram as linhas determinantes do próprias a uma COOI
projeto do grupo de trabalho encarregado de promover a determinação de d
reforma universitária, constituído pelo Decreto 62937 de 2 julho integração de P::Dl
de 1968, com base nos diferentes estudos promovidos até então de docentes de :-_:)1
pelo governo, cias, reopção 0-';' S\I
A política de concentração de esforços visando a não
duplicação de meios para fins identicos foi o fio condutor da A autora fir'.d
reforma universitária que prevê como menor fração, dentro da nível dos diplor:-.::::s
estrutura universitária, o Departamento de Ensino e prevendo no do nível de atuc:ç:i
âmbito das unidades um Colegiado de Coordenação Didática atuais universldc:c
Este órgão de coordenação didática ficou previsto no § 2° do efetividade"
art, 13 da Lei 5,540/68, que diz na íntegra: "A coordenação Sobre esta q.J
didática de cada curso ficará a cargo de um colegiado, Assuntos Univers::::í
constituído de representantes das unidades que participem do
mediante convê:li
respectivo ensino',( 4 )
recrlizou entre ,::]
análise do oroc~
2 - A PROPOSTA NO CONTEXTO DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS Reformd 6 \

Sobre o funcionamento dos colegiados de curso no contexto Após a aná:..:sE


das universidades brasileiras nos valemos inicialmente dos dados órgão, o docur::el

82

- • --CF
nocrática. da pesquisa de Graciani(5), feita em 29 universidades brasileiras
landas, no para afirmar que "c..) as coordenações didáticas de cada curso
nem sequer constam dos diplomas legais de algumas universidades
tecimentos investigadas"
atidas nos
Idantes), a Mesmo onde se fizeram presentes nos dispositivos legais, as
lited States dimensões para tais órgãos são as mais diferentes: Congregação
)resentado de Carreira, Comissão de Curso, Câmara Curricular, Conselho de
) Relatório Curso, Coordenaçâo de Curso, além de Colegiado de Curso,

A constituição dos colegiados também é a mais diversa


n objetivos possível Em algumas universidades fazem parte do colegiado: um
Iceleração coordenador. representantes dos departamentos e representantes
::zexpansão
do corpo discente; em outras a função é entregue a um
~rativos do
coordenadpr apenas ou delegada aos Conselhos Departamentais,
Na grande maioria das universidades pesquisadas, o Reitor
Icadêmica
nomeia o coordenador. nas demais, os coordenadores são eleitos
nsino para
,concentrar • pelos membros dos Departamentos envolvidos,
Jritárias ao Em relação às atribuições, além daquelas que seriam
inantes do própIias a uma coordenação didática, como: elaboração curricular,
romover a determinação de disciplinas, seus conteúdos, número de créditos,
de 2 julho integração de planos, etc" acrescentam-se, também a fiscalização
:; até então
de docentes. de horários e decisão sobre matrícula portransferên-
.' cias, reopção ou suficiência,
do a não
);"dutor da A autora finaliza afirmando: "Estes dados que dispomos são a
dentro da nível dos diplomas legais: seria interessante encaminhar análises
'evendo no do nível de atuação efetiva dessas coordenações didáticas nas
Didática, atuais universidades brasileiras para captar o nível de sua
Ino§ 2°do efetividade"
)rdenação
Sobre esta questão existe um estudo do Departamento de
::::olegiado,
Assuntos Universitários do Ministério de Educação e Cultura que,
icipem do
mediante convênio com a Universidade Federal da Bahia,
recxlizou. entre julho de 1973 e janeiro de 1974, uma primeira
análise do processo de mudança do ensino superior após a
<ASILElRAS Reformei:')

o contexto Após a análise de diferentes aspectos do funcionamento do


dos dados órgão, o documento afirma: "Finalmente considerou-se que a

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análise de todos estes dados vem corroborar a hipótese de que a As dUVld~ SI
coordenação didática de cursos de graduação ainda não é co'egiados :'.::: •
realidade na imensa maioria das Universidades Federais Brasi- Dara outras t:e--:s
leiras"(7) , desse órgão ~::11
Uma pesquisa sobre "Reprovação e Evasão Escolar, na ~uncioname!'.~c :iil
Universidade Estadual de Maringá(8), teve como objeto de seu Da anállSe ::X
quarto subprojeto o colegiado do curso entrevistas de-::i·...õ3
As conclusões sobre o resultado foram: curso a umvers:::i:JI
a) Os assuntos Administrativos Organizacionais são considerados posição "mcê~oC
prioritários na função dos Colegiados A preocupação com a outra foi sem d~'li
qualidade parece sintetizar-se na ordenação, no formalismo precípua" me2"_ClI
nos meios burocráticos para consecução dos fins O processo órgão que tOIT:::3
de administrar/organizar deixa de ser meio para constituir-se a integração ve~
em fim; duplicação dos :l
b) Os assuntos Gerais/Informais se somados aos assuntbs adminis- ocorre
trativos/organizacionais consomem 85% das preocupações Os resulte::i::::s
dos grupos de professores; enfocam as Oé..::-_e
c) Preocupações com alternativas novas para o ensino não são curso( lO) nos d:::c c
objeto de trabalho de docentes resoondeu ao q":'el
Estes foram os estudos que conseguimos localizar sobre o como titulaçãc :-:-.~
assunto e que conseguem nos dar uma dimensão do funcionamento r:'embro do cc:e:;J
dos colegiados no contexto das universidades brasileiras ~,- 010 dos resoc:'".::ie

C' leSO onde ct..:.:u


3- A PROPOSTA NO CONTEXTO DA UFSC
Denodicidade ::i::ll
O primeiro Estatuto e Regimento da UFSC baixado após a COlegiados faze::l
reforma, que prevê Colegiado de Curso foi aprovado pelo outros 1Oo~ faze:J
Parecer nO 32/76 do Conselho Federal de Educação (CFE) e restantes realiza::-.;
homologado pelo Ministro da Educação e Cultura em 02/0276 comparecem e::l
Em maio de 1976 pela Portaria 168 foi constituído o Grupo de
A entrevista :l
Trabalho encarregado de elaborar uma proposta de Regimento
de questões que
dos Colegiados de Curso O Grupo de Trabalho entregou a
estas questões desl
referida proposta em 1°/1 0/1976, sendo a mesma, após grande
e constituição de:
discussão com a comunidade acadêmica aprovada em 11 de
matrícula Neste :l
janeiro de 1979 pelo Conselho de Ensino e Pesquisa. O Regulamento
a atividade citcdc
dos Colegiados dos Cursos de Graduação foi aprovado somente
quando solicitada
em 4 de maio de 1979.
desenvolvidas Del
Entrevistas feitas com o então Sub-Reitor de Ensino de
Graduação e Coordenadora do Grupo de Trabalho foram Quanto a ~
I significativas na realização da pesquisa. neste período heu

l
84

--. --
de que a As dúvidas sobre a organização e o funcionamento dos
la não é co;egiados não foram poucas tanto para tais dirigentes como
ais Brasi- t'ara outras pessoas envolvidas no processo de implantação
àesse órgão Estas dúvidas iam desde a constituição até o
;olar, na :uncionamento do colegiado
'O de seu Da análise dos documentos legais e dos dados obtidos em
entrevistas deduzimos que com a criação dos colegiados de
, curso a universidade teve duas intenções: uma a de ver-se livre da
iderados posição "incõmoda" de não o haver implantado até então A
iocom a outra foi sem dúvida criar um órgão dando-lhe como atribuição
malismo precípua" melhorar o ensino especificamente o currículo; um
processo órgão que tornasse o currículo orgãnico, harmonioso: que fizesse
nstituir-se a integração vertical e horizontal das disciplinas, que evitasse a
duplicação dos conteúdos" o que ocorria muito e, ainda hoje
adminis- ocorre
:upações Os resultados obtidos nesta etapa do trabalho(9) e que
enfocam as primeiras experiências da UFSC com colegiados de
I não são curso( 10) nos dão o seguinte perfil: a maioria dos professores que
respondeu ao questionário está na faixa dos 26 aos 30 anos; possui
, sobre o como titulação mmima o curso de Mestrado; não foi votado para
namento r:'embro do colegiado mas sim convidado ou indicado Mas de
:s )- o;" dos respondentes têm como formação básica a mesma do
C'1rso onde atuou como integrante do colegiado Quanto à
oeriodicidade das reuniões os dados demonstram que 40 0k dos
) após a colegiados fazem reuniões mensais, 10% fazem bimestralmente,
[do pelo outros 10% fazem normalmente reuniões quinzenais, os 40%
(CFE) e restantes realizam reuniões quando necessário e 70% dos membros
02'02176 comparecem, em média, às reuniões,
;rupo de
A entrevista com 20% dos Coordenadores aponta uma série
~imento
de questões que, segundo eles, merecem uma revisão. Dentre
regou a
estas questões destacamos três, ou sejam: a revisão das atribuições
; grande
e constituição dos colegiados e a revisão do processo de
m 11 de
matrícula Nesta mesma entrevista, a reformulação curricular foi
llamento
a atividade citada com maior freqüência pelos Coordenadores,
somente
quando solicitados a nomearem as atividades mais significativas
desenvolvidas pelo colegiado.
\Sino de
o foram Quanto a este último resultado, temos que esclarecer que
neste período houve uma solicitação da Reitoria feita através do

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ofício 009/8l!GR que, em última análise, tratava de uma maior peios discentes ~
adequação dos currículos vigentes às diretrizes emanadas pelo são as mesmGS i
CFE, pricipalmente no que concerne à carga horária. uma outra dl..'Vi
Desta constatação ficou uma pergunta: estas reformulações problemas do C1.I
curriculares atenderam uma necessidade dos cursos ou visaram - Hádeleg:J
um atendimento de determinações emanadas do poder central? tomarem decisõel
Mais tarde a análise das atas demonstrou que as discussões a - Os órgãos
estabelecido I..:-~
respeito destas reformulações curriculares na sua maioria se
suas decisões ~
resumiram na elaboração das grades curriculares. Somente um
as referidas d6CSI
colegiado definiu um perfil do profissional da área, capaz de
Buscando :'€I
responder às exigências do contexto sociaL para então montar a
questão de se: cr
grade curricular, Este trabalho aliás foi feito exclusivamente pelos
função maior dOI
coordenadores, na grande maioria, como comprovam os dados
na busca da e!4:i
sobre freqüência dos membros às reuniões que tratariam de
etapa da pesq..tii
reformulação curricular. Um número significativo destas reuniões
reuniões, sendc q
esteve sem quórum,
O conteúdo
Esta entrevista com os coordenadores demonstrou ainda que
analisado tendo
são muitas as alterações curriculares que ocorrem nos cursos, o
colegiados e :::q
que nos fez indagar: será que estas alterações tão freqüentes nos
Regulamento d~
currículos não são conseqüências justamente da superficialidade integrante da ?c
e irrealidade com que as mesmas vêm sendo feitas? para o contro::!(l
A carência do poder decisório foi levantada pelos coordena- específicas à Q'ie
dores quando foram indagados sobre as principais decisões Ei-las:
tomadas pelo atual colegiado e imediatamente executadas. l~) Compa!j
Conforme afirmação dos coordenadores, o colegiado não toma Departamentos n
decisões e sim faz proposições. Uma solicitação também feita em vista os objetil
pelos Coordenadores é a da representatividade do Colegiado no 2~) SupeI"VlSJ(
CEPE, órgão este que julgam ter poder de decisão. Tal sugestão é critérios preestab
justificada como sendo a única maneira de "defendermos os ação.
interesses do curso". 3~) Exercer a
Esta etapa da pesquisa, ou seja, a da entrevista com os liar os interesses I
coordenadores, nos trouxe "n" respo$tas para questões específicas dos responsáveIS
do colegiado, mas por outro lado nos deixou "n dúvidas. 4~) Elaborar
Eis algumas delas: requisitos e requil
- Os colegiados parecem ser órgãos exclusivamente execu- 5~) Promove!
tores de diretrizes emanadas de outras instâncias. zante com os do I
- Será que os docentes que compõem os colegiados buscam, 6~) Fixar a se
ali e em outras instâncias, soluções para os problemas apontados o aconselhame",J4

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le uma maior pelos discentes dos curs:)s: Se buscam estas soluções. de que tipo
nanadas pelo são as mesmas: inovadoras ou continuístas? Aliás, dentro desta,
ria. uma outra dúvida surgiu: os docentes têm consciência dos
-efonnulações problemas do curso que representam?
os ou visaram - Há delegação de competência de fato, para os professores
X>der central? tomarem decisões em nome dos Departamentos qué representam?
IS discussões a
- Os órgãos superiores, mais especificamente o CEPE. têm
estabelecido um fluxo para acompanhar as conseqüências das
la maioria se
suas decisões, além de ouvir os colegiados antes, para tomarem
Somente um
as referidas decisões? Como se dá o relacionamento com o CEPE?
eu. capaz de
Buscando respostas para estas e principalmente para a
ltão montar a
questão de ser a melhoria constante da qualidade do ensino a
rarnente pelos
função maior dos colegiados, que ações estes têm desenvolvido
varn os dados
na busca da efetivação da referida função. realizamos outra
tratariam de
etapa da pesquisa que foi a análise das atas de 90 (noventa)
estas reuniões
reuniões, sendo que destas, 11 (onze) não tiveram quorum.

:ou ainda que .. O conteúdo das atas, após ser totalmente arrolado, foi
analisado tendo como critério o confronto entre a prática dos
l nos cursos. o
colegiados e aquelas atribuições previstas no artigo 3~ do
reqüentes nos
Regulamento dos Colegiados dos Cursos de Graduação. parte
:>erficialidade integrante da Portaria 150/7<1 11) As atribuições selecionadas
(')
para o confronto foram as consideradas "peculiares" ou seja
,los coordena- específicas à questão de coordenação didáticO< 12)
pais decisões Ei-Ias:
~ executadas.
l~) Compatibilizar os planos de ensino elaborados pelos
Ido não toma Departamentos responsáveis pela ministração do Curso, tendo
também feita em vista os objetivos do mesmo.
Colegiado no 2°) Supervisionar a execução dos planos de ensino, segundo
rol sugestão é critérios preestabelecidos pela Pró-Reitoria de Ensino de Gradu-
fendermos os ação.
3°) Exercer a coordenação interdisciplinar, visando a conci-
~vista com os liar os interesses de ordem didática dos Departamentos com os
laS específicas dos responsáveis pelo curso.
.ívidas. 4~) Elaborar e atualizar o currículo do curso, fixar pr-é-
requisitos e requisitos paralelos.
mente execu- 5~) Promover a articulação dos estudos do Ciclo Profissionali-
zante com os do Primeiro Ciclo.
ados buscam, . 6~) Fixar a seqüência recomendável de estudos e coordenar
lOS apontados o aconselhamento aos estudantes na matrícula e durante o curso.
i
87
7a ) Opinar sobre propostas de aumento ou redução do disciplina é comu.". :.J
numero de créditos de disciplinas. Enfim, diante ::iesl
Desta análise-confronto destacamos considerações como: sões que constarr: ::i:: I
- A compatibilização dos planos de ensino está sendo feita a) a questão ::i:I
por 20% dos colegiados e de maneira esporádica. não se aoresenta paradox:J!
constituindo. portanto, atividade rotineira dos colegiados Uma sejam: de um lade lC
das maiores dificuldades detectadas no cumprimento desta colegiados, prinClp::::l
atribuição é o relacionamento departamentos X colegiados de Deoartamento de A::::lI
curso Aqueles em alguns casos, se consideram donos das deoartamentos que 'J
dIsciplinas zação a ponto de seCYI
- A supervisão da execução dos planos de ensino não é aos quais oferecerr: :ii
feita com rar~ssimas excecões Os fatores que dificultam a sua As duas disfunçõesl
execução vão desde a "autonomia" dos docentes e o excesso de b) a proliferação cI
"zelo" por parte de algumas chefias no que concerne à "racionali-
agravado na UFSC peI
dade na organização universitária" até a articulação com os
dos Cursos de Gradt:.~
órgãos de nível central que devem exercer a função de integra-
decisão sobre as aÇÕ81
dores dos órgãos setoriais
refere às reestruturaçã
- A questão da elaboração e atualização do currículo do
curso tem sido desenvolvida pelos colegiados em duas situações: da descentralização I
ou pelo coordenador que apenas comunica os resultados obtidos, decisões de relevo ~
submetendo-os à aprovação ou por um pequeno grupo de órgãos superiores;
membros que também submetem os resultados ao colegiado. Nas c) não há envc~vi
duas situações não há envolvimento significativo de todo o soluções para as que:s
colegiado; afinal todos os membros estão reoresentando algum cursos continuam te::-..
deoartamento e, como taL deveriam ser portadores dos anseios pessoa do seu Cooràe:l
daqueles, bem como do corpo discente d) as coordenado:i
- À promoção da articulação dos estudos do Ciclo Básico mos de "administrativJs:l
com os do Ciclo Profissionalizante só é feita alusão em uma das de zelo pela causa :::J
noventa atas analisadas. Outros cursos podem ter tido esta inversão dos fins e dos I
preocupação no contexto das suas reestruturações curriculares e) paralelo à àes;
porém não apareceu explicitamente nas atas analisadas para o bom andamer-Jc
- Identificamos em três dos nove colegiados pesquisados criatividade, conseqUê
esquemas montados com o auxílio de alguns membros e que burocratização Qa \1:"_,
funcionam no momento das matrículas para orientação dos autonomia a nível de Õ
estudantes, Em dois dos colegiados pesquisados se discutia um rouba esta autonorruc: !
projeto visando à implantação da figura do Professor Orientador
1) há uma crise dE
- A expressão "opinar" tem sido realmente aplicada na
realidade, quando se trata de redução ou aumento do número de gerada possivelmente
créditos de disciplinas Têm prevalecido os interesses dos departa- ainda hoje não foi ClSS
mentos, sendo que a questão se torna ainda mais difícil quando a Nesta reforma, a pseu<

l-.;: .-~, ~ 8~
....8__ ___,
nto ou redução do disciplina é comum a um número muito grande de cursos.
Enfim, diante desta análise destacamos algumas das conclu-
siderações como: sões que constam do relatório da pesquisa
sino está sendo feita a) a questão da pregada racionalização da universidade
~orádica, não se aoresenta paradoxalmente, a nosso ver, duas disfunções ou
os colegiados. Uma sejam: de um lado identificamos a duplicidade de funções dos
cumprimento desta colegiados, principalmente com os Departamentos e com o
tos X colegiados de Departamento de Administração Escolar: no outro extremo estão
.:de!"am donos das deoartamentos que "zelam" excessivamente por esta racionali-
zação a ponto de servi-la em detrimento da qualidade dos cursos
05 de ensino não é aos quais oferecem disciplinas.
n16 dificultam a sua As duas disfunções são geradoras de conflitos de competência;
8!":.tes e o excesso de b) a proliferação de órgãos com um pseudo-caráter decisório,
mcer:J.e à "racionali-
agravado na UFSC pela existência de uma Coordenadoria Geral
articulação com os
dos Cursos de Graduação, esta na verdade a instãncia maior de
I !u:,.cão de integra-
decisão sobre as ações das Coordenadorias de Curso, no que se
:;::10 do currículo do
refere às reestruturações curriculares, explica-se pelo princípio
s em duas situações: da descentralização, mas não se justifica pela natureza das
l5 resultadosobtidos, decisões de relevo que são necessariamente ratificadas em
pequeno grupo de órgãos superiores:
)S ao colegiado Nas c) não há envolvimento docente e discente na busca de
lÍlcativo de todo o soluções para as questões do curso; com isto na realidade os
presentando algum cursos continuam tendo uma coordenação monocrática na
tadores dos anseios pessoa do seu Coordenador;
d) as coordenadorias absorveram o que comumente chama-
jos do Ciclo Básico mos de "administrativismo acadêmico", demonstrando um excesso
Ilusão em uma das de zelo pela causa administrativa gerando uma verdadeira
Kiem ter tido esta inversão dos fins e dos meios:
roç6es curriculares e) paralelo à despreocupação com problemas relevantes
5 a:1alisadas para o bom andamento dos cursos, há também uma total falta de
;J1ados pesquisados criatividade, conseqüência, entre outras coisas, da crescente
ns membros e que burocratização da universidade que lhe outorga uma relativa
lJU orientação dos autonomia a nível de documentos legais, mas que na prática lhe
Idos se discutia um rouba esta autonomia relativa:
rotessor Orientador
f) há uma crise de responsabilidade no meio acadêmico,
o.ente aplicada na
gerada possivelmente pela imposição de uma reforma que
lento do número de
ainda hoje não foi assimilada pela comunidade universitária.
!resses dos departa-
IQÍS difícil quando a
Nesta reforma, a pseudo-pulverização do poder. por um sem-

89

.....
--------------~-------" -
numero de órgãos colegiados acabou por pulverizar também a justificar tal situc::-:
responsabilidade; do órgão
g) os temas básicos dos colegiados de curso são comumente A opinião dos 1
relegados a um segundo plano, atropelados pela urgência de dos resultados de: :
soluções às questões administrativas. Aonde estão sendo discutidas âmbito do próç~:)
as questões de ensino, de pesquisa, de extensão? Quanto à u~t..:l
tomada de dec-~
'='e oosse de todos estes dados coletados até esta etapa fomos confirmar as af1r::'.c
buscar 'respostas para dúvidas que ainda persistiam com os ausência de po:i
membros dos coleaiados O instrumento utilizado foi um questio- opiniâo dos me:::-J:
!J.ário de opinião CÍplicado em 20% dos docentes membros dos
r:oleqiados de curso As questões pesquisadas em resumo, foram: ação dos seus r::e
a questão da inovacão educacional: a questão do fluxo de resistência dos ç~
comunicacão a questão das atribuicões do colegiado: a questão há uma assimilaç:J
da motivacão: a questão do auto-controle da acão do colegiado se acredita que :E<J
e a questão da tomada de decisão do curso. Para S!I
Sobre a questão da inovação educacional com base nos representatividadiE
dados do questionário de opinião, podemos afirmar que os
membros dos colegiados têm consciência de que o colegiado não
IV - CONSIDERJ..~
oropicia a realizacão de atividades inovadoras e que a acão
destes colegiados se restrmge à execução de atividades pre-
A proposta :is E
estabelecidas Concluímos também que a busca de soluções da maneira co:':'_o
inovadoras é preocupação dos professores que, entretanto, não
com base nos dc:~
ooeracionalizam tais preocupações.
As considerc:~
Quanto ao fluxo de comunicação entre os órgãos no sentido
aspectos, ou se::::
de fornecerem e/ou possuírem as informações necessárias à burocrática da -:...:
tomada de decisão. podemos afirmar que tais informações ou como integrantes c
não são fornecidas ou ocorrem de maneira incompleta; por sua Quanto ac éJ
vez os órgãos ratificadores de decisões nem sempre solicitam as controle didáticc c
informações necessárias à tal ratificação. que detêm o cO'.t'c
Os dados recolhidos sobre a questão das atribuições demons- por meio deles do
tram que os professores têm algumas dúvidas sobre as atribuições Os colegiados
de colegiado e têm consciência das limitações da ação do estrutura admír..!.stll
colegiado, consciência esta que deixa marcas na prática destes para a fragme:-JI
membros como podemos observar quando questionamos sobre a teoricamente têm
motivação. finalidades dos C'~
As conclusões sobre a questão da motivação apontam para de produção e SlSiI
uma situação de não confiança no êxito da ação do órgão e uma dade dos depan(]
não satisfação em integrá-lo Um dos fatores mais citados para do ensino e da pel

90
~rizar também a justificar tal situação foi a total inexistência do poder de decisão
do órgão.
A opinião dos professores é de que não está havendo controle
são comumente
dos resultados da ação do colegiado porém deveria existir e no
~la urgência de
âmbito do próprio órgão.
sendo discutidas
Quanto à última questão pesquisada. ou seja. a questão da
tomada de decisão, os dados dos questionários nos autorizam a
~a etapa fomos confirmar as afirmações já feitas em outras etapas do trabalho: há
rsistiam com os ausência de poder de decisão nos colegiados também na
:o foi um questio- opinião dos membros do órgão Esta ausência está influindo na
es membros dos ação dos seus membros, sendo responsável por certo grau de
~ resumo. foram:
tão do fluxo de resistência dos professores em integrar tais colegiados No entanto
aiado; a questão há uma assimilação da filosofia de ação d8ste órgão. sendo que
:00 do colegiado se acredita que realmente os mesmos deveriam tomar as decisões
do curso. Para isso, pedem mais poder de decisão e maior
representatividade no contexto da universidade.
!l com base nos
atirmar que os
o colegiado não IV - CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÕES
IS e que a ação
atividades pre- A proposta de extinção dos colegiados de cursos de graduação
sca de soluções da maneira como se apresentam neste momento, nós a fazemos
entretanto, não com base nos dados coletados no decorrer da pesquisa.
As considerações que faremos a seguir versarão sobre dois
rgãos no sentido aspectos, ou seja: sobre o órgão como parte da organização
=s necessárias à burocrática da universidade e sobre seus membros. também
informações ou como integrantes desta organização burocrática
>mpleta; por sua Quanto ao órgão, podemos afirmar que não detém o
1pre solicitam as controle didático dos cursos; este controle é dos departamentos
que detêm o controle em termos dos professores e dos conteúdos e
buições demons- por meio deles, das disciplinas.
>re as atribuições Os colegiados contribuem para tornar mais pesada ainda a
)es da ação do estrutura administrativa burocr6tica da universidade; contribuem
la prática destes para a fragmentação do trabalho educativo, uma vez que
bonamos sobre a teoricamente têm sob sua responsabilidade os objetivos e as
finalidades dos cursos, enquanto os meios, os conteúdos, as formas
:> apontam para de produção e sistematização do saber ficam sob a responsabili-
do órgão e uma dade dos departamentos; enfim, contribuem para a separação
ais citados para do ensino e da pesquisa.

91

--------------------'-- -,
."

Um perfil do colegiado nos mostra um órgão a serviço do O momel


modelo da universidade burocratizada, desempenhando papéis umatomada:
de instrumento deste modelo, longe ainda de ser espaço fecundo dos aspectos :
na busca de alternativas para a construção de um novo projeto pelos educaÓl
social. no nível áe
A não preocupação com as finalidades sociais do conheci- participaçãc I
mento, pudemos sentir materializada na "não apropriação" de Esta ação
responsabilidade; na ausência da análise e da discussão de participaçãc
problemas relevantes para o curso e para a sociedade; na busca meio univeI'5l1
de manutenção da ordem através de um "fazer neutro", isto é, alienada, exi
apolítico ou de interesse à política do poder; numa alienação universidade :
educacional que se configura na ausência da capacidade de desenvolvirr.e
criar, de propor soluções autenticamente fundamentadas na sua As linhas c
realidade, da comur'.lác
O empenho do professor universitário na manutenção da implantadas
ordem manifesta-se no seu "fazer pseudamente neutro", "apolítico";
na verdade um fazer mantenedor das ideologias dominantes,
A alienação do professor universitário, deduzida da leitura v- PROPOS"I
das atas por exemplo, se concretiza na medida em que, enquanto
membros dos colegiados, não criam material e culturalmente, Como
parecem alheios à realidade que os cerca, enquanto adotam alternativa.
atitudes e valores ditados e importados de outras realidades Antes de
sociais e culturais, Pensando como Pintc:P 3 ) diríamos que "não necessários
possuem óptica própria, vendo-se a si mesmos e a toda a 1) A P
realidade com os olhos alheios", departamerlt
Analisando este quadro, inserido no contexto político-econô- porém o faze
mico-social vigente na sociedade brasileira, sabemos que ele foi não constir..'::
gerado nos anos 60, à luz de um modelo que optou pelo 2) Estam
desenvolvimento econõmico, às custas da manutenção do nosso intuito de
subdesenvolvimento cultural. Um modelo que não hesitou em proporcon .
lançar mão de um AI-5 ou um Decreto 477, ou ainda outras leis que estes \7'....
de exceção, sob a égide dos quais muitos dos nossos professores realidade
foram selecionados, Seleções estcIs que privilegiaram os favoráveis Concord
ao sistema em detrimento de uma geração de cérebros, conside- "Natureza do
rados pessoas não gratas, Científico é
só tempo d
Hoje o resultado é este: uma universidade mutilada em atividades
termos de recursos humanos; e sem identificação com as reais excelência
necessidades da maioria da população em termos de ação, funções da

92
ão a serviço do o momento para superação deste estado de coisas exige
enhando papéis uma tomada de posição crítica, não mais ao nível de constatações
espaço fecundo dos aspectos negativos do papel desempenhado pela escola e
um novo projeto pelos educadores ou ao nível das denúncias puras e simples, mas
no nível de uma ação que implica neces~ariamente numa
jais do conheci- participação ativa e dotada de consciência crítica.
:xpropriação" de Esta ação enquanto participava exige a criação de canais de
ja discussão de participação real dos professores, estudantes e funcionários no
ed.ade: na busca meio universitário, enquanto dotada de consciência crítica, não
~r neutro", isto é, alienada, exige que os objetivos a serem perseguidos pela
rluma alienação universidade sejam os objetivos da sociedade em luta pelo seu
capacidade de desenvolvimento e pela transformação da vida do homem.
nentadas na sua As linhas desta participação ativa e consciente devr- ..••1.ascer
da comunidade universitária e por ela serem discutidas e
manutenção da implantadas.
ffitro". "apolítico";
IS dominantes.
luzida da leitura v- PROPOSTA ALTERNATIVA
m que, enquanto
e culturalmente, Como contribuição à busca de soluções fazemos uma proposta
lqUanto adotam alternativa para a questão da coordenação didática dos cursos.
utras realidades Antes de enunciá-la, porém, dois esclarecimentos se fazem
"Íamos que "não necessários:
lOS e a toda a 1) A proposta é feita a partir e dentro do processo de
departamentalização que rege a universidade brasileira, isto
o político-econô- porém o fazemos sem entrar no mérito deste sistema, uma vez que
lemos que ele foi não constituía objeto do nosso estudo.
que optou pelo 2) Estamos propondo a busca de novas alternativas com o
rtenção do nosso intuito de contribuir para a mudança propriamente dita, sem
não hesitou em propor contudo a criação de novos dispositivos legais, Entendemos
ainda outras leis que estes virão mais tarde como conseqüência de uma nova
ossos professores realidade.
ram os favoráveis Concordamos com RibeirÓ 14) que, ao escrever sobre a
érebros, conside- "Natureza do Departamento", assim se maniíesta: "O Departamento
Científico é, dessa forma, um ente complexo, que congrega, a um
só tempo, docentes e matérias: que executa, simultaneamente,
je mutilada em atividades de ensino, pesquisa e extensão e que, portanto, é por
;ão com as reais excelência, a organização responsável pelo cumprimento das
nos de ação. funções da universidade no seu ãmbito de atuação. A rigor, é o

93

--~---~--- --
,-,,:::.. ,'.

tli~~:f

departamento o órgão de produção da universidade; produção entre os dois cntér::::s,


de conhecimentos, produção de serviços: o seu produto é o saber favorecendo o ctL"SC c
transmitido ao estudante e por ele auferido e o conhecimento Com estes e c;-..:::n
pesquisado e descoberto pelos docentes. É assim uma instituição relatório final da pesql
singular, a única que tem uma existência essencial na universidade, um debate qUe aux:3:!
na medida em que se responsabiliza pela execução dos objetivos que, por sua vez ar:..::::ic:l
do estabelecimento. Por certo, mais j~-:::
Além disso, essa complexidade torna-se ainda maior, quando
o Departamento assume suas funções puramente administrativas;
quando elabora seu orçamento: administra suas finanças; exerce
o controle do desempenho funcional de seu pessoal docente e
técnico-administrativo Assim entendido, o Departamento é a
manifestação sintética do todo universitário; torna-se uma micro
universidade" .
Diante desta citação questionamos:
a) se há um órgão com tais características dentro da
universidade. por que não é este o órgão responsável pela
coordenação didática dos cursos?
b) se há departamentos que congregam a maioria das
disciplinas de um curso, oferecendo as condições ideais para o
ensino, pesquisa e extensão, voltados para o aprimoramento da
qualidade do ensino oferecido nestes cursos, por que não são estes
departamentos os responsáveis por tais cursos?
c) se o modelo burocrático se fundamenta num sistema de
hierarquia de funções e órgãos, por que mantermos um órgão
como o colegiado hierarquicamente inferior aos Departamentos,
para lá "pseudamente" discutir as questões dos cursos? Por que
esssas discussões não acontecem nos Departamentos e entre
Departamentos?
d) se o ponto ótimo do "continuum" do processo de departa-
m!3ntalização, ou seja, o ponto ótimo entre a departamentalização
matério-cêntrico, onde o critério básico é a matéria e da
Departamentalização carreiro-cêntrico onde o critério é o curso,
deve ser buscado pelos Departamentos, por que este ponto ótimo
para alguns departamentos não poderia pender para a departa-
mentalização carreiro-cêntrico onde o cntério básico seria o
curso?
Este nosso entendimento criaria na universidade dois tipos de
departamentos, ou seja, uns que apresentariam o ponto ótimo

94
ótimo
dade; produ ção entre os dois critério s e outros que aprese ntariam o ponto
,reduto é o saber favore cendo o curso como critério básico .
do
o conhe cimen to Com estes e outros tantos questio namen tos. constantes
debate propíc io;
1 uma institui ção relató rio final da pesqui sa. espera mos gerar um
sidade
na univers idade. um debat e que auxilie na constr ução de uma nova univer
ade
:;ão dos objetiv os que. por sua vez. ajuda rá na constr ução de uma nova socied
Por certo. mais justa
la maior. quand o
~ admini strativ as;
.tmanç as; exerce
essoal docen te e
partam ento é a
na-se uma micro

ficas dentro da
:espon sável pela

r. a maiori a das
:>es ideais para o
pnrnor ament o da
que não são estes

( !',um sistema de
lermos um órgão
6 Depart ament os.
s cursos? Por que
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::esso de depart a-
xtame ntaliza ção
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cntério é o curso.
1 este ponto ótimo
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o básico seria o

lade dois tipos de


m o ponto ótimo

95
· ;".
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",!-,t·

NOTAS ( 12) Para a anCÍllS


çãode~
análise d::I
( 1) ROMANELLL Otaíza. História da educação no Brasil. 2. ed. são atribuições
Paulo, Vozes, 1980, p, 194. doscoleg!o

°
(2) JAGUARIBE, Hélio, modelo político e a estrutura econômico-
social brasileira, Encontro com a Civilização Brasileira, Rio
leituraded
no tundo~c
de Janeiro, (4): 129, ouí 1978, (13) PINTO, Álvm
São Paulc J
(3) CHAUÍ, Marilena de Souza, Ventos do progresso: a universidade
administrada. Cadernos de Debate, São Paulo, (8):35, 1980 (14) RIBEIRO, Ne
universitaril
(4) BRASIL. Leis, decretos, etc. Lei nO 5.540 de 28111168. LEX;
1977. p84
coletânea de legislação, São Paulo, 32: 1433-40, out.lnov.
1968.

(5) GRACIANL Maria Stela Santos, O ensino superior no Brasil. Rio


I de Janeiro, Vozes, 1982. p.30.

I
( 6) UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Reforma universitária:
avaliação da implantação nas universidades federais. Salvador,
1975, v, 1.
I
(7) Ibid" p, 122

1 (8) NAGEL, L.H. et alii, Reprovação e evasão na Universidade


Estadual de Maringá, S.L.. 5ed, np. Mimeografado.

(9) Os dados que fundamentam esta etapa do trabalho foram


obtidos nas entrevistas com 20% dos Coordenadores de
Curso: nas atas de 20% dos colegiados: nos relatórios de 20%
das Coordenadorias; em questionários de opinião aplica-
I
dos em 20% dos membros dos colegiados: e em entrevistas
com pessoas que ocupam hoje posiçôes-chave, dentro da

I, administração da universidade

( 10) A primeira experiência ocorreu no período agosto179 a


agosto/8l, Tanto a primeira como a segunda experiência
podem apresentar uma variabilidade de I a 2 meses em
relação às datas de início e término de atuação, A
experiência selecionada para objeto de nosso estudo foi a
realizada no período agosto/81 a agosto/83.

96

,,: .'
( 12) Para a análise destas atribuições, recorremos a um triãngula-
ção de estratégias. Assim sendo os dados trabalhados para
análise da ação dos colegiados de curso, em relação às
il. 2. ed. são atribuições citadas, foram retirados das atas das reuniões
dos colegiados, das entrevistas com os coordenadores e da
leitura de documentos e entrevistas com pessoas envolvidas
econômico- no funcionamento do órgão, a nível de Reitoria.
asileira, Rio
( 13) PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos.
São Paulo, Autores AssociadoslCortez, 1982. p.53.
lIÚVersidade
8):35, 1980. (14) RIBEIRO, Nelson de Figueiredo. Administração acadêmica
universitária. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos,
11168. LEX; 1977. p.84.
!ia. out/nov.

'o Brasil. Rio

uiversitária:
is. Salvador.

niversidade
fado
)(]lho foram
nadores de
:,riosde20%
lião aplica-
1 entrevistas
dentroda

agosto179 a
experiência
: 2 meses em
atuação. A
) estudo foi a
..
97
RESUMEN o Ensin(
Esta investigación tiene cemo objeto estudiar el funciona-
mento de los colegiados deI curso de licenciatura en la
Universidade Federal de Santa Catarina en el contexto de la
universidad brasilena. La cuestión básica de la investigación es Do Sig
la responsabilidad de estos órganos colegiados en la coordina-
ción dicáctica de los cursos. Una revisfón de la literatura. donde
se analizan distintas teorias de la educación.la evolución de las
teorias de la burocracia y la reforma universilaria deI 28/ lli68.
1undamenta teóricamente la investigación realizada con cole-
giados de las diferentes áreas deI conocimiento. Las condiciones
apuntan hacia la parlicipación de estas órganos con actiVida- A Teoria L.:M
des-medio. olvidándose de sus actividades-fin. La propuesta de
extinción de los colegiados de curso. tal como han estado
funcionado se presenta en esta inveslJgación acompanada Uma das.
de una alternativa para que la universidad brasilena no siga recentes teF-l
abandonando a planos secundarios lo que debe ser funda-
mental o sea la cuestión de la cualidad de la ensenanza que incerteza de 1
otrece ' Como resultad
um texto" tor-w
é o signiíicadl
marxistas d.:..."':JI
posição nurr_ a
freudiano à:Il
personalidadt
da teoria ps::<
textual refle:e
respeito da!:::l
signiíicado di:
Ninguém, ja:!
\
textos signitic::l
lhes atribue~
t
I Ums~
texto é deter:

I,
I
próprio texto
do autor. E as

Professor àe
Literatura !:S::::
Professora :je
Ensino. de =e

98

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