Você está na página 1de 13

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7

Cadernos PDE

II
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Título: RACISMO NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Autor: MARIA NEUDA DINIZ AIRES

Disciplina/Área: HISTÓRIA
(ingresso no PDE)

Escola de Implementação do COLÉGIO ESTADUAL RUI BARBOSA


Projeto e sua localização:

Município da escola: MARINGÁ

Núcleo Regional de Educação: MARINGÁ

Professor Orientador: JOSÉ HENRIQUE ROLLO

Instituição de Ensino Superior: UEM

Relação Interdisciplinar: TODAS


(indicar, caso haja, as diferentes
disciplinas compreendidas no
trabalho)

Resumo: Diante da problemática do racismo nos anos


(descrever a justificativa, objetivos finais do ensino fundamental e a influência na
aprendizagem dos alunos, foi desenvolvido
e metodologia utilizada. A
esta produção didática que tem como
informação deverá conter no
máximo 1300 caracteres, ou 200 objetivos o combate ao racismo entre os
palavras, fonte Arial ou Times New alunos e um maior conhecimento da ideologia
racista, não só no Brasil. Será utilizado como
Roman, tamanho 12 e
principal metodologia os filmes : “12 anos de
espaçamento simples)
escravidão” e “Sarafina – o som da liberdade”
e “Besouro”.

Palavras-chave: Racismo; escola; autoestima; aprendizagem;


filmes
(3 a 5 palavras)

Formato do Material Didático: Unidade didática


Público: Alunos
(indicar o grupo para o qual o
material didático foi desenvolvido:
professores, alunos,
comunidade...)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Maria Neuda Diniz Aires

RACISMO NOS ANOS FINAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL

MARINGÁ-PR.
2014
Maria Neuda Diniz Aires

RACISMO NOS ANOS FINAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL

Trabalho desenvolvido sob orientação


de José Henrique Rollo como atividade
do PDE.

MARINGÁ-PR.
2014
Título: Racismo nos anos finais do ensino fundamental

1. APRESENTAÇÃO:

A presente produção didático-pedagógica foi elaborada a partir do


projeto de intervenção pedagógica, organizado pelo Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), turma 2014.
Esta unidade didática se destina aos professores da Rede Pública de
Ensino do Paraná, que trabalham com 9º ano do Ensino Fundamental. No
ensino fundamental nos deparamos com crianças e adolescentes que se
encontram na faixa etária entre os 11 aos 14 anos, podendo se estender até
aos 17 anos, diante da conjuntura atual da educação brasileira.
O que se propõe é a efetiva implantação, no cotidiano escolar, de uma
pedagogia da diversidade e do respeito às diferenças e uma compreensão
mais ampla da história do racismo em países diferentes não só no Brasil,
usando a metodologia do cinema em sala de aula.
Crianças e adolescentes, negros e negras, têm se deparado com um
ambiente escolar inibidor e desfavorável ao seu sucesso e ao pleno
desenvolvimento de suas potencialidades. Deve-se buscar instalar, no
ambiente escolar, posicionamentos mais democráticos, plurais e garantidores
do respeito às diferenças, que são condições básicas para construção do
sucesso escolar para os educandos.
A educação antirracista é um desafio necessário e que deve direcionar a
prática escolar diária. Tal prática deve-se pautar no estudo da cultura afro-
brasileira (visualizando-a com consciência e dignidade), abandono dos padrões
tradicionais e etnocêntricos, desmitificando o “mito da democracia racial” e
estímulo a posturas e reflexões críticas da realidade.
A escola deve ser lugar de experiências e trocas, de valorização da
diversidade e da igualdade, mudando o rumo de uma história de exclusão e
discriminações que exclui os afrodescendentes de direitos básicos para
construção da sua personalidade. Deve o educador estar atento às inter-
relações na sala de aula e na escola, percebendo mensagens discriminatórias,
ainda que subliminares, e compreendendo e auxiliando aquele é alvo de
discriminação.
O professor não deve ser neutro, deve se posicionar e desconstruir o
mito da democracia racial. Para desenvolver a atividade proposta, é necessário
compreender que a construção de uma democracia étnico-racial de fato é um
processo, também, sócio-histórico e cultural. Para promover uma equidade nas
relações raciais é imprescindível compreender “o porquê” e “como” ao longo do
processo histórico, as diferenças étnicas foram utilizadas como critério de
seleção, discriminação e exclusão.

2. OBJETIVOS:

Pretende-se através de uso de filmes com temas sobre racismo


estimular mudanças de posturas na direção de uma política antirracista,
analisar e criticar paradigmas ,em especial eurocêntricos e verificar o valor das
abordagens didáticas pedagógicas que o uso de filmes nos trás e avaliar a
compreensão do cinema pelos alunos.
A grande maioria dos alunos dos anos finais do ensino fundamental
apresenta uma compreensão distorcida e limitada da escravidão e da ideologia
racista como fatos histórico-sociais que nasceram e ocorreram apenas no
Brasil. O cinema será o meio pelo qual demonstraremos que a ideologia da
superioridade de raças esteve presente em vários países e épocas, todavia
com formas de exteriorização diversificadas. Além de discussões,
apresentações e exposições sobre o tema, serão expostos em sala de aula os
filmes: “Sarafina: O Som da Liberdade”; “Besouro” e “ Doze Anos de
Escravidão”, que corroboram para compreensão global sobre a origem e
diversidade das ideologias segregacionistas, tendo em vista que retratam
discriminações ocorridas na África do Sul, Estados Unidos e Brasil,
respectivamente.
Propomos a reflexão sobre a seguinte questão: de que maneira o
cinema, ao mostrar os conflitos sociais gerados pelas leis raciais impostas,
pode contribuir para que os alunos do 9 ano do ensino fundamental do colégio
Rui Barbosa de Maringá reflitam e analisem a ideologia do racismo criado e
sedimentado na historia da humanidade. Como também, possibilita fazer um
paralelo entre a criação do racismo no Brasil colonial e a manutenção do
mesmo (Besouro), com o apartheid da África do Sul (Sarafina O Som da
Liberdade) e segregacionismo nos EUA (Doze anos de Escravidão).
Pretende-se que com o trabalho desenvolvido com os alunos e pelos os
alunos, desmitificar do mito da democracia racial no Brasil, como também,
desenvolver percepção global da história do racismo e segregacionismo no
mundo e suas diferentes formas de exteriorização. É através do conhecimento
e reflexão é que se pode mudar a realidade da escola e da sociedade, pois o
educando poderá se perceber protagonista na luta contra o preconceito e
discriminação.
Com a análise dos filmes os alunos poderão repensar as atitudes em
relação aos estigmas e aos preconceitos sofridos por grupos de adolescentes
em sala de aula.

3. PRODUÇÃO DIDÁTICO- PEDAGÓGICA:

Os filmes fazem parte importante no cotidiano dos brasileiros, mas,


muitas vezes, são preteridos ou mal utilizados em sala de aula. Todavia, trata-
se de um grande equívoco, tendo em vista que, desde que bem utilizado, pode
ser uma ferramenta didática preciosa no aprendizado de conteúdo, formação
de cidadãos e enriquecimento cultural.
Há inúmeros filmes, documentários ou ficção, curta ou longa metragem,
que podem ser utilizados em sala de aula como ferramenta de trabalho para
aulas mais produtivas e dinâmicas.
Ocorre que se mal utilizados, sem objetivos pré-definidos, delimitação do
tema e auxílio de outras ferramentas didáticas, podem levar ao esvaziamento
didático e enrolação de aula.
O cinema deve e pode ser utilizado como auxiliar na compreensão de
conteúdos curriculares em diversas disciplinas dentro de sequências e projetos
didáticos, como será proposto no presente trabalho. A utilização dessa mídia
amplia as oportunidades educacionais, em especial para a presente e futuras
gerações, que possuem afinidade e interesse pelos mais diversos meios de
comunicação e tecnológicos.
O processo educacional atual de ensino requer dos educadores uma
reconstrução no processo de ensino e aprendizagem em que o questionamento
sobre o melhor método a ser utilizado e a forma de abordar o conteúdo deve
ser constante no cotidiano escolar. A educação necessita ultrapassar as
barreiras de aulas exclusivamente expositivas em que os alunos são meros
expectadores e atender necessidades imediatas da sociedade e dos próprios
alunos. O uso de mídias, em especial o cinema, possibilita que o telespectador
se identifique com os personagens, pois as imagens, sons, movimentam
simulam o cotidiano. Proporciona tempo de lazer e, ainda, modela opiniões
políticas e comportamentos sociais.
A educação pode contar com os meios de comunicações, em especial
com o cinema para poderoso instrumento de conscientização, instrução,
aprendizagem e cultura.
Atualmente, o aluno tem acesso a diversos meios de comunicação e
informação. Neste contexto, a escola não pode mais se comportar como a
detentora do conhecimento. Cabe aos pesquisadores da educação desenvolver
uma metodologia de ensino com os recursos midiáticos em uma perspectiva
crítica, a fim de atender a essa nova lógica da construção do conhecimento e
contribuir com a formação de professores.
A escola deve ser um ambiente de diversidade cultural, visando
contemplar e valorizar diversos sujeitos históricos, culturas, religiões, entre
outros, a fim de preparar a sociedade para respeitar as diferenças sejam elas
etnicorraciais, religiosas, sociais, sexuais, físicas ou capacidade cognitiva.
Não se pode estabelecer hierarquia entre seres humanos, culturas e
sociedades. O uso de filmes em sala de aula é tratado como uma forma de
repensar a relação professor-conteúdo-aluno. A assimilação do conteúdo
dominante não deve ser mais exclusivamente por meio de aula expositiva, em
que o aluno é considerado mero expectador.
Não caberá ao aluno assimilar o conteúdo do discurso dominante, mas
com a mediação do professor, constituir a sua própria visão sobre a sociedade.
para que professor e aluno desenvolvam as ferramentas necessárias para
desconstrução e reconstrução da linguagem filmica, a fim de possibilitar a
construção democrática do saber sistematizado.
A inclusão de mídias na aprendizagem é uma medida necessária para
uma formação integral e adequada às características culturais do cidadão da
atual sociedade. O cinema torna-se uma proposta educativa evidente, quando
representa um instrumento de modificação social e consolidação cultural.
Considerado como uma ferramenta educacional e de conscientização, tem a
oportunidade de inserir na sala de aula como possibilidade do processo
educacional e percorre etapas: impressão da realidade, identificação e
interpretação.
Segundo Marcos Napolitano (2003), existem 3 formas possíveis de
assistência de filmes dentro das atividades escolares. Ele pode ser
exibido/assistido na sala de aula ou de vídeo em horário escolar, pode ser
assistido em casa, por grupos de alunos formados pelo professor e pode ter
partes ou sequências selecionadas pelo professor exibidos em sala de aula.
Qualquer que seja o tipo de exibição escolhida pelo professor, é
importante que este elabore um roteiro de análise no intuito de estabelecer
diretrizes que servirão como base para atingir os objetivos traçados para a
atividade.

4. METODOLOGIA:

O presente projeto será aplicado aos alunos do 9º ano do ensino


fundamental. Será dividido em várias etapas. Pretende-se em um primeiro
momento estimular a pesquisa sobre o tema entre os alunos, que será
realizada com a supervisão e orientação do professor. Ainda, nessa etapa, o
professor explicará o projeto e fará reflexões críticas em conjunto com os
educandos. Haverá exposição do tema para os alunos, com a devida reflexão
histórica. Apresentação do desafio do projeto e sensibilização dos estudantes
para o problema apresentado e seu papel como protagonista social, a fim de
viabilizar a formação de combatentes do racismo no cotidiano escolar e
consequentemente da sociedade.
Após um detalhado estudo sobre o tema, pesquisa e análise dos
materiais e informações trazidas pelos alunos e educador, haverá um momento
para assistir o filme “Sarafina O Som da Liberdade”, debate coletivo e interação
dos educandos. Pretende-se estimular a participação e interação dos alunos
com o educador e entre eles, fixação do que foi estudado e,
consequentemente, a avaliação individual dos educandos.
Espera-se que; com o conhecimento sedimentado e reflexão crítica
realizada, os alunos terão capacidade e conteúdo para elaborar junto com seus
colegas e, sob orientação e auxílio do professor, seminários com o uso de
slides, vídeos, músicas, notícias, filmes, entre outros.
Preparado os seminários e avaliado pelo professor, os estudantes terão
a tarefa de apresenta-lo aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental no
espaço destinado à sala de multiuso.
A proposta desse projeto é interferir na situação posta, “cristalizada” na
escola, ou seja, paradigmas etnocêntricos e preconceituosos. Busca-se uma
mudança de postura e assimilação de uma escola democrática e plural que
garanta de forma igualitária o sucesso e desenvolvimento pessoal e
profissional de todos os alunos.
Parte-se do pressuposto que durante a implementação pedagógica toda
a escola (coletividade) estará envolvida com o objetivo proposto: combate ao
racismo e construção do autoestima dos estudantes negros. Para atingir tal
objetivo o Professor PDE irá investir, não apenas nas relações com seus
alunos e entre alunos, mas com todos seus colegas de trabalho, buscando uma
aproximação teórica e o comprometimento dos demais sujeitos envolvidos no
processo educativo.
Contudo, a método principal de aprendizagem e formação dos
educandos será o uso do cinema em sala de aula. Ao utilizar filmes como
ferramenta didática, foi necessário definir objetivo a ser alcançado, pertinência
e conexão com a exposição, tema a ser debatido e seminário a ser realizado
pelos estudantes. Propõe-se demonstrar a ideologia racista em diferentes
espaços geográficos e épocas para tanto foram escolhidos três filmes:
“Sarafina: O Som da Liberdade”; “Besouro” e “ Doze Anos de Escravidão”. Será
estabelecido o seguinte roteiro para análise, discussão dos filmes:
1 – Qual o tema do filme? O que os realizadores do filme tentaram nos
contar? Eles conseguiram passar sua mensagem? Justifique sua resposta.
2 – Você assimilou/aprendeu alguma coisa com este filme? O que?
3 – Algum elemento do filme não foi compreendido?
4 – Do que você mais gostou neste filme? Por quê?
5 – Selecione uma sequência protagonizada por um dos personagens do
filme, analise e explique qual a sua motivação dramática. O que sua motivação
tem a ver com o tema do filme?
6 – Qual o seu personagem favorito no filme? Por quê?
7 – Qual é o personagem de que você menos gostou? Por quê?
8 – Descreva o uso da cor no filme. Ela enfatiza as emoções que os
realizadores tentaram evocar? Como você usaria a cor no filme em questão?
9 – Analise o uso da música no filme. Ela conseguiu criar um clima
correto para a história? Como você usaria a música neste filme?
10 – Todos os eventos retratados no filme são verdadeiros? Descreva as
cenas que você achou especialmente bem coerentes e fiéis à realidade. Quais
sequências que parecem menos realistas? Por quê
11 – Qual a síntese da história contada pelo filme?
12 – Como a montagem do filme interfere na história contada pelo filme?
Para escolher os filmes que serão assistidos foram levados em
consideração os seguintes critérios: capacidade cognitiva dos alunos, faixa
etária e conteúdo apresentado em sala de aula. Foi estabelecido diálogo entre
diferentes materiais didáticos e métodos de aprendizagem: filme, exposição em
sala de aula, seminários e materiais de apoio. A etapa de preparação
antecipada foi determinada pela escolha do filme, definição do objetivo,
conexão com tema a ser estudado, paralelo entre diferentes materiais
didáticos, elaboração de roteiro para análise do filme, atividade a ser
desenvolvida pelos educandos e, por fim, metodologia de avaliação dos
mesmos.

CRONOGRAMA BÁSICO DE IMPLEMENTAÇÃO ( síntese das atividades a serem


desenvolvidas no período de 32 aulas)
Assinalar da quantidade de aulas em que a
DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES
atividade será executada

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Aulas expositivas x
Análise dos materiais selecionados (textos, x
vídeos e músicas)
Filme (“Besouro”) x
Análise do filme “Besouro” X
Pesquisa na internet (racismo, eurocentrismo x
e etnocentrismo)
Elaboração de Slides x
Elaboração de seminário x
Leitura crítica do filme “Doze Anos de x
Escravidão”
Debate sobre o filme “Doze Anos de X
Escravidão”
Filme “Sarafina- O Som da Liberdade” x
Análise crítica do filme X
Apresentação do seminário x
Auto-avaliação X

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Sueli Amorim de Araújo. Possibilidades pedagógicas do cinema na


sala de aula. Revista Espaço Acadêmico. N. 79. Mensal, dezembro de 2007.
http://www.espacoacademico.com.br/079/79araujo.htm Acesso em: 14 de
novembro de 2014.
GOMES, Nilma Lino. Juventude e identidade negra: os grupos culturais
juvenis como espaços educativos. In: 1º Congresso Latino-americano de
Antropologia. Anais Argentina: Universidade Nacional de Rosario, Rosário.
2005. P.1-11.

GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Preconceito e Discriminação. 2ª ed.


São Paulo: Editora 34, 2004.

GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo; HUNTLEY, Lynn. TIRANDO A


MÁSCARA Ensaios sobre o racismo na Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

MOÇO, Anderson. Cinema na escola. Nova Escola. Ed. 232. São Paulo: Ed.
Abril. http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/cinema-
escola-filmes-tecnologia-audiovisual-556044.shtml Acesso em: 14 de novembro
de 2014.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo:
Contexto, 2003.

Você também pode gostar