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CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTRATO DE

COMPRA E VENDA - IMÓVEIS CONSTRUÍDOS SOB


A PROMOÇÃO DE CONSTRUTORA E
INCORPORADORA PELO PLANO EMPRESÁRIO
AUTOR(ES), CONHECIA(M) E APROVOU(ARAM) OS
ELEMENTOS TÉCNICOS, ECONÔMICOS E
FINANCEIROS DA OBRA - A CEF É MERA
MUTUANTE- INCOMUNICABILIDADE DO PREÇO
DO IMÓVEL NO MERCADO IMOBILIÁRIO COM O
SALDO DEVEDOR DO MÚTUO - OCORRÊNCIA DE
PRESCRIÇÃO PARA RECLAMAR DO PREÇO DO
IMÓVEL

O imóvel onde o(s) Postulante(s) reside(m) fora construído


sob a determinação da construtora, que o vendeu ao(s) Autor(es) mediante preço aceito
como justo e correto. Para viabilizar a compra, o(s) Requerente(s) recorreu(ram) ao
Agente Financeiro/CEF, que lhe(s) concedeu um empréstimo em dinheiro (o mútuo) com o
qual pagou(ram) o vendedor, tornando o contrato de compra e venda perfeito e acabado.

Esse fato é de importância capital para o deslinde da questão,


porque o(s) Autor(es), tendo aprovado o preço do empreendimento, não pode(m) agora
reclamar(em) ao fim de locupletar(em)-se de um ato a que propriamente deu(ram) causa.
Se aprovou(aram) os preços por equívoco, então induziu(ram) a CEF a erro no momento
do financiamento, e calando sobre o seu próprio erro não pode(m) vir agora requerer
direitos. É que segundo um consagrado princípio de direito "ninguém pode usar em seu
benefício a própria torpeza".

Contudo, após obter(em) o financiamento, o(s) Autor(es)


tornou(aram)-se legítimo(s) proprietário(s), e também mutuário(s)/devedor(es) e
hipotecário(s) do Agente Financeiro, surgindo o dever de devolver ao mutuante tudo o que
tomou(aram) emprestado no mesmo gênero, qualidade e quantidade, "ex vi" do Artigo
1.256 do Código Civil.

Se hoje, entretanto, o preço de mercado do imóvel não


acompanhou a dívida mutuada, há de se ver que tal fato não pode ser imputado ao Agente
Financeiro que, agindo no exercício regular de um direito, corrigiu a dívida
monetariamente, como reza o contrato. A atual situação é algo que se credita à conta e ao
risco do(s) comprador(es), que vivendo num país de alta inflação, poderia(m) ter previsto,
assim como o próprio contrato previu, que haveria(m) de pagar sobre a dívida, correção
monetária, a qual, diga-se, não é um plus que se acresce, mas um minus que se evita, não
havendo que se falar em enriquecimento ilícito do Agente Financeiro.
Por corolário lógico, o valor das prestações do mútuo não
se confunde com o valor da compra e venda . Note-se: os valores das prestações
decorrem do valor mutuado e não do valor do imóvel. O saldo devedor do mútuo, como é
lógico, é acrescido mensalmente de correção monetária mais juros, como previsto
contratualmente, enquanto o valor do imóvel acresce ou diminui de acordo com as
variações do mercado imobiliário. Não podem ambos, jamais, serem comparados
simploriamente, sob pena de se chegar às estultas conclusões a que chegou a inicial.

Ademais, vale acrescer que a presente ação, visando ao


abatimento do preço do bem imóvel, está prescrita por força do Artigo 178, § 5º, inc. IV,
do Código Civil, eis que já se passaram seis meses entre a data da compra e venda (vide o
contrato em anexo) e a data da propositura da ação.

Logo, estando desfeitos os fundamentos que encorajaram a


propositura da ação, há de se convir que a mesma é improcedente e seus pedidos devem
ser indeferidos. É o que a CEF ora requer.

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