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DIREITO TRIBUTÁRIO

Docente : Eriberto Cordeiro


ITCMD
IMPOSTO ITCMD

Nomen juris Imposto sobre transmissão causa mortis e


doação de quaisquer bens ou direitos

Artigos Art. 155, I, da CF e art. 35 e seguintes do


CTN
O art. 155, I, da CF estabelece ser de competência dos Estados e do Distrito Federal a
instituição do ITCMD. Observe-o:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I – transmissão ‘causa mortis’ e doação, de quaisquer bens ou direitos. (...)
§ 1º. O imposto previsto no inciso I:
I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem,
ou ao Distrito Federal;
II – relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o
inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;
III – terá competência para sua instituição regulada por lei complementar: a) se o doador tiver
domicílio ou residência no exterior; b) se o ‘de cujus’ possuía bens, era residente ou
domiciliado ou teve seu inventário processado no exterior;
O ITCMD é um dos impostos mais antigos na história da tributação,
havendo relatos de sua exigência em Roma, sob a forma de vigésima
sobre heranças e doações. O imposto de transmissão causa mortis
(herança e legados, em virtude de falecimento de uma pessoa natural) e
o imposto de transmissão inter vivos (referente a atos, fatos ou negócios
jurídicos celebrados entre pessoas), até a Constituição de 1988, estavam
na competência dos Estados (art. 23, I, da CF/69 e art. 35 do CTN).
Desde a promulgação da Constituição vigente, em outubro de 1988, houve
uma bipartição da competência: A transmissão, quando decorrente de
evento causa mortis ou não oneroso entre pessoas, de bens móveis
ou imóveis, ficou na competência estadual; a transmissão inter vivos e
de caráter oneroso de bens imóveis, por sua vez, passou a ser
exclusividade da competência dos Municípios.
Com efeito, a Constituição Federal de 1988, ao biparti-lo, o que fez foi
desmembrá-lo, deixando com os Estados tão somente a parte relativa à
transmissão causa mortis e por doação (art. 155, I) e atribuindo o restante
aos Municípios (art. 156, II). Não houve, portanto, criação de imposto, mas
simples desdobramento de tributo já existente.
Sujeito passivo
São sujeitos passivos do ITCMD:
a) herdeiro ou o legatário (transmissões causa mortis);
b) qualquer das partes adstritas à doação (doador ou donatário), na forma da lei.

✔ Ao legislador estadual é concedida a faculdade de eleger o responsável tributário. Por


exemplo: Se, por ocasião da lavratura do instrumento público, o tabelião não exigiu a
prova de quitação do imposto de transmissão (e é obrigado por lei a fazê-lo), ele
ficará responsável pelo pagamento do tributo (art. 134, VI, CTN). No caso da doação,
o doador pode ser escolhido para ocupar a posição de responsável tributário, caso o
donatário não recolha o imposto.
Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela
FCC, para o cargo de Procurador do Estado de Mato Grosso
(PGE/MT), em 2016: “Considere o seguinte princípio
constitucional: ‘Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre
bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua
procedência ou destino’. Os Estados e o Distrito Federal estão
impedidos de instituir isenções ou alíquotas diferenciadas do
ITCMD tendo como fator de discriminação o domicílio do
respectivo donatário dos bens doados”.
Fato gerador
O fato gerador do ITCMD é:
a) transmissão de propriedade de quaisquer bens (por exemplo, bens imóveis ou
móveis, tais como: veículos, valores financeiros, títulos de crédito etc.);
b) transmissão (cessão) de direitos em decorrência de: – falecimento de seu titular;
– transmissão e cessão gratuitas. A transmissão é a passagem jurídica da propriedade
ou de bens e direitos de uma pessoa para outra. Ocorre em caráter não oneroso, seja
pela ocorrência da morte (transmissão causa mortis), ainda ou doação (ato de
liberalidade)..
IMPORTANTE
É imperioso destacar que, conforme o art. 35, parágrafo único, do CTN, nas
transmissões causa mortis ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam
os herdeiros ou legatários.
Note o item considerado CORRETO, em prova
realizada pela FCC, para o cargo de Titular de
Serviços de Notas e de Registros (TJ/PE), em
2013: “O Imposto de Transmissão ‘Causa
Mortis’ e Doação incidente sobre bens e
direitos – ITCMD, tem por fato gerador a
abertura da sucessão, que se dá com a morte”.
Elementos espacial e temporal do fato gerador
Elemento Especial do Fato Gerador
Bens imóveis e respectivos Bens móveis , títulos e créditos
direitos

Estado onde se processar o inventário


Estado da situação do bem ou Arrolamento ou tiver domicílio o
(art. 155,paragrafo 1º , II , da CF/88) doador, ou ao Distrito Federal (art.
155,paragrafo 1º , II , da CF/88)
Note o item considerado INCORRETO, em prova
realizada pela FCC, para o cargo de Procurador do
Estado de Mato Grosso (PGE/MT), em 2016: “O
ITCMD, de competência estadual, será devido
em favor do Estado do Mato Grosso, em relação
às doações de dinheiro, sempre que o donatário
estiver domiciliado nessa Unidade da
Federação, ou no Distrito Federal”.
Exemplo: José faleceu no Rio de Janeiro. Seu inventário foi feito em Minas Gerais.
Possui ele um apartamento em São Paulo e um automóvel no Rio Grande do Sul.
Pergunta-se: como ficarão os “ITCMDs” recolhidos, quanto ao carro e ao imóvel?
Recolher-se-á o ITCMD para São Paulo, quanto ao apartamento; e, quanto ao
automóvel, haverá o recolhimento para Minas Gerais. Observação: compete à lei
complementar disciplinar as situações abaixo delineadas:
a) se o doador tiver domicílio ou residência no exterior (art. 155, § 1º, III, “a”, CF);
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu
inventário processado no exterior (art. 155, § 1º, III, “b”, CF).
Note o item considerado CORRETO em prova realizada pela Vunesp, para o cargo de
Titular de Serviços de Notas e de Registros (TJ/SP), em 2016: “Em se tratando de
escritura de doação de bens móveis, o imposto de transmissão é devido ao
Estado do domicílio do doador”.
Elemento Temporal do Fato Gerador
Momento da transmissão (art. 35 do CTN) ou como estabelecer a lei
ordinária estadual competente.
Ressalte-se que o momento do fato gerador deve ser o do respectivo registro da
escritura de transmissão, no caso de bens imóveis, em face da condição de ser este o
momento em que a transmissão se opera em relação a terceiros, perante o Direito Civil.
Na mesma esteira, é sabido que o fato gerador do ITCMD segue o do ITBI, cujo fato
imponível também se perfaz na transmissão da propriedade, mediante a transcrição do
documento competente no Registro de Imóveis.
Há quem sustente, todavia, que não podemos nos ater à condição única de o momento
do fato gerador ser o do respectivo registro da escritura de transmissão, no caso de
bens imóveis. Isso porque, em tal situação, estaríamos reconhecendo que o fato
gerador atrelar-se-ia a uma atividade estatal, o que é absolutamente impossível na
seara do fato gerador de impostos. Assim, devemos entender o fato gerador deste
imposto, no caso de bens imóveis doados, como toda a formalidade tendente à
transmissão dos direitos da propriedade, desde a lavratura da escritura até o
registro na respectiva circunscrição imobiliária. Posto isso, o momento do fato
imponível não seria aquele pertinente ao “Registro”, pois ele seria o último de uma série
de atos, já existindo consenso pleno entre as partes, autorizando a recolha do tributo.
Para a doutrina majoritária, o fato gerador dar-se-á com o Registro Imobiliário.
Base de cálculo
Consoante a dicção do art. 38 do CTN, a base de
cálculo será o valor venal dos bens ou direitos
transmitidos e da doação. Em princípio,
representará o valor de mercado do bem objeto da
transmissão, não devendo superá-lo. O cálculo é
feito sobre o valor dos bens na data da avaliação,
observada a alíquota vigente na data da abertura
da sucessão. Ademais, sabe-se que o imposto não
é exigido antes da homologação do cálculo.
Alíquotas
Observemos o dispositivo constitucional que trata das alíquotas máximas no ITCMD:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
(...) § 1º. O imposto previsto no inciso I: (...)
Note o item considerado CORRETO, em
prova realizada pela FCC, para o cargo
de Auditor Fiscal da Fazenda Estadual
(Sefaz/PI), em 2015: “Cabe ao Senado
Federal, além de outras
competências, fixar as alíquotas
máximas de ITCMD”
IV – terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal; (Grifos nossos) As
alíquotas do ITCMD são fixadas livremente pelos Estados, respeitado o máximo fixado
pelo Senado Federal por meio da Resolução n. 9/92 em 8%.
As alíquotas do ITCMD são
fixadas livremente pelos Estados,
respeitado o máximo fixado pelo
Senado Federal por meio da
Resolução n. 9/92 em 8%.
Faz-se mister repisar o entendimento jurisprudencial que indica importantes
vetores na estipulação de tal grandeza dimensional do fato gerador em
estudo, por meio das seguintes súmulas do STF:

SÚMULA N. 112: O imposto de transmissão “causa mortis” é devido pela


alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.
SÚMULA N. 113 : O imposto de transmissão “causa mortis” é calculado
sobre o valor dos bens na data da avaliação.
SÚMULA N. 114: O imposto de transmissão “causa mortis” não é exigível
antes da homologação do cálculo.
SÚMULA N. 590: Calcula-se o imposto de transmissão ‘causa mortis’ sobre
o saldo credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da
abertura da sucessão do promitente vendedor.
Progressividade do ITCMD
O STF decidiu que todos os impostos,
independentemente de sua classificação como de
caráter real ou pessoal, podem e devem guardar
relação com a capacidade contributiva do sujeito
passivo (RE 562045/RS).
O ITCMD (que é um imposto real) pode ser
progressivo mesmo sem que esta progressividade
esteja expressamente prevista na CF/88.
Ao contrário do que ocorria com o IPTU (Súmula
668-STF), não é necessária a edição de uma EC
para que o ITCMD seja progressivo.
Notas gerais
a) Morte presumida: a referência doutrinária ao instituto da ausência torna
legítima a exigência do ITCMD. É o que preconiza a Súmula n. 331 do
STF (“É legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no
inventário por morte presumida”).
b) Súmula n. 435 do STF: dispõe que compete ao Estado da sede da
Companhia o ITCMD relativo à transferência de ações (“O imposto de
transmissão causa mortis pela transferência de ações é devido ao estado
em que tem sede a companhia”).
✔ Competência Tributária e Sujeito Ativo: Estados e do Distrito Federal.
Sujeito Passivo : Os herdeiros ou legatários;
Quaisquer das partes ligadas à doação (doador ou donatório), conforme
estabelecido em lei.
✔ Fato Gerador : Transmissão de propriedade de quaisquer bens móveis
ou imóveis;
Transmissão de direitos em decorrência de falecimento de seu titular ou
transmissão e cessão gratuitas.
✔ Elemento Espacial do Fato Gerador : Bens imóveis e respectivos direitos: o imposto
compete ao Estado da situação do bem;
Bens móveis, títulos e créditos: o imposto caberá ao Estado (ou ao DF) onde se
processar o inventário ou arrolamento, ou onde tiver domicílio o doador.

✔ Momento em que Ocorre o Fato Gerador : Imóveis, será o momento do registro da


escritura de transmissão, por ser esse o momento em que a transmissão surte efeito
a terceiros.
✔ Base de Cálculo :Valor venal dos bens ou direitos transmitidos e da
doação.
✔ Alíquotas: Estados e Distrito Federal fixam livremente as alíquotas,
respeitando-se o máximo de 8%, definido pelo Senado, na Resolução n.º
9/1992.
“A persistência é o caminho do êxito.”
Charles Chaplin

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