Você está na página 1de 6

IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – IPVA

1 – COMPETÊNCIA E SUJEITO ATIVO

O art. 155, III, da CF, estabelece ser de competência dos Estados e do Distrito
Federal a instituição do IPVA.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:

(...)

III – propriedade de veículos automotores.

O IPVA é imposto estadual, com disciplinamento na CF, no comando inserto


no inciso III do art. 155. Por outro lado, não há menção do tributo no CTN, uma vez
que seu nascimento data de 1985 (antes era a taxa rodoviária única).

O imposto poderá ser exigido em 1º de janeiro de cada exercício, sendo


devido no local em que o veículo deva ser registrado e licenciado, inscrito ou
matriculado, perante as autoridades de trânsito (automóveis), independentemente
do local do domicílio do proprietário ou possuidor.

Para instituição desse imposto, as normas gerais atinentes ao fato gerador,


base de cálculo e contribuintes hão de ser definidos por Lei Complementar (art. 146,
III, a, da CF). Todavia, não existem normas gerais relativas ao IPVA, podendo os
Estados e o Distrito Federal exercerem a competência legislativa plena (art. 24, § 3º,
da CF).

2 – SUJEITO PASSIVO

É o proprietário de veículo automotor – pessoa física ou pessoa jurídica,


presumindo-se como tal aquele em cujo nome o veículo esteja licenciado.

3 – FATO GERADOR

É a propriedade (e não o “uso”) de veículo automotor.

Com efeito, apenas a propriedade gera a incidência de IPVA, e não a mera


detenção do veículo, o próprio uso ou mesmo a posse.

A propriedade prova-se pelo CRV – Certificado de Registro de Veículo -, sendo


também aceito, como prova de propriedade, o documento do licenciamento do ano
anterior.

3.1 – VEÍCULO AUTOMOTOR


Segundo o anexo I do Código Brasileiro de Trânsito, o veículo automotor “é
todo veículo a motor de propulsão que circula por seus próprios meios, e que serve
normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de
veículos utilizados para transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os
veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus
elétrico)”.

Não é possível vislumbrar a possibilidade de adoção de alíquotas diferenciadas


com base no tipo do veículo, como uma autorização para tributar diferentemente
veículos terrestres, aquáticos ou aéreos, porque o STF entende que o IPVA
somente pode incidir sobre os veículos terrestres (RE 134.509/AM; RE
255.111/SP).

4 – ELEMENTO TEMPORAL DO FATO GERADOR

É anual, por ficção jurídica (1º de janeiro de cada ano) ou data estabelecida
em lei estadual. Ressalte-se que o momento do fato gerador poderá ser a data da
aquisição, para veículo novo, e a data do desembaraço aduaneiro, para o veículo
importado.

5 – BASE DE CÁLCULO

É o valor venal do veículo ou o preço comercial de tabela (= valor de


mercado). Utilizam-se tabelas anuais elaboradas e publicadas pelo poder tributante,
que se baseia em publicações especializadas. O preço poderá estar discriminado na
Nota Fiscal ou em documentos relativos ao desembaraço aduaneiro, quando se tratar
de produto importado.

A EC n. 42/2003 dispôs, na parte final do art. 150, § 1º, CF, que é exceção à
anterioridade nonagesimal a alteração na base de cálculo do IPVA. Portanto, é
possível que se proceda à fixação legal do valor venal de um veículo automotor, no
fim de ano, e que tal modificação possa ser aplicada no 1º dia do exercício financeiro
seguinte.

6 – ALÍQUOTAS

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:

(...)

III – propriedade de veículos automotores.

(...)

§ 6º. O imposto previsto no inciso III:

I – terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;


II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e
utilização.

A alíquota será estabelecida em lei ordinária estadual. Deverá ser


proporcional, não existindo limite máximo a ser fixado. No entanto, a EC n. 42/2003
incumbiu ao Senado Federal a estipulação de suas alíquotas mínimas, ademais,
poderá o IPVA ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização do veículo,
do que se depreende uma latente progressividade ao imposto em comento (art. 155,
§ 6º, I e II, CF). Frise-se que tal progressividade não é explícita no texto
constitucional, como o é para o IPTU, IR e o ITR, parecendo-nos mais o IPVA um
imposto que se sujeita a extrafiscalidade, assumindo função regulatória, do que,
propriamente, um gravame progressivo.

7 – NOTAS GERAIS

a) Inexistência de lei complementar: o IPVA é constitucional, pois foi


recepcionado pela CF/88 (art. 34, § 3º, ADCT). Deixando a norma federal de
existir, exercem os Estados a competência plena.
b) Lançamento: o lançamento é direto ou “de ofício”.
c) Repartição de receitas: a repartição das receitas tributárias do IPVA será
feita por meio do rateio de 50% para o Estado e 50% para o Município, onde
for efetuado o licenciamento do veículo (art. 158, III, CF).
d) Isenção: para veículos utilizados em atividade de interesse socioeconômico
específico (agroindústria, transporte público de passageiros, terraplenagem),
haverá isenção.
e) Imunidade: quanto aos veículos das pessoas jurídicas de direito público, dos
templos e das instituições de educação e assistência social, não há que se
falar em “isenção”, mas em imunidade, por ser uma não incidência
constitucionalmente qualificada, constante do art. 150, VI, alíneas “a”, “b”,
“c”, da CF.
f) Taxa de licenciamento de veículos: é vedada a cobrança de impostos ou
taxas incidentes sobre a utilização de veículos. Essa taxa é inconstitucional e
continua sendo praticada, em alguns casos, ninguém se opõe, em virtude do
ínfimo valor cobrado de cada particular.

IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE


QUAIQUER BENS OU DIREITOS – ITCMD

1 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E SUJEITO ATIVO


O art. 155, I, da CF estabelece ser de competência dos Estados e do Distrito
Federal a instituição do ITCMD:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:

I – transmissão “causa mortis” e doação, de quaisquer bens ou


direitos.

(...)

§ 1º. O imposto previsto no inciso I:

I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos,


compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal;

II – relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete


ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou
tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;

III – terá competência para sua instituição regulada por lei


complementar:

a) se o doador tiver domicílio ou residência no exterior;


b) se o “de cujus” possuía bens, era residente ou
domiciliado ou teve seu inventário processado no
exterior.

Desde a promulgação da CF vigente, houve uma bipartição da competência: a


transmissão, quando decorrente de evento “causa mortis” ou “não oneroso” entre
pessoas, de bens móveis ou imóveis, ficou na competência estadual; a transmissão
“inter vivos” e de caráter “oneroso” de bens imóveis, por sua vez, passou a ser
exclusividade da competência dos municípios.

Com efeito, a CF/88, ao biparti-lo, o que fez foi desmembrá-lo, deixando com
os Estados tão somente a parte relativa à transmissão “causa mortis” e por doação
(art. 155, I) e atribuindo o restante aos Municípios (art. 156, II).

2 – SUJEITO PASSIVO

São sujeitos passivos do ITCMD:

a) herdeiro ou o legatário (transmissões causa mortis);


b) qualquer das partes adstritas à doação (doador ou donatário), na forma da lei.

Ao legislador estadual é concedida a faculdade de eleger o responsável


tributário. Por exemplo: se, por ocasião da lavratura do instrumento público, o
tabelião não exigiu a prova de quitação do imposto de transmissão (e é obrigado por
lei a fazê-lo), ele ficará responsável pelo pagamento do tributo (art. 134, VI, do
CTN). No caso da doação, o doador pode ser escolhido para ocupar a posição de
responsável tributário, caso o donatário não recolha o imposto.

3 – FATO GERADOR

O fato gerador do ITCMD é:

a) transmissão de propriedade de quaisquer bens (ex: bens imóveis ou móveis,


tais como veículos, valores financeiros, títulos de crédito etc);
b) transmissão (cessão) de direitos em decorrência de:
- falecimento de seu titular;
- transmissão e cessão gratuitas.

A transmissão é a passagem jurídica da propriedade ou de bens e direitos de


uma pessoa para outra. Ocorre em caráter não oneroso, seja pela ocorrência da
morte (transmissão causa mortis), ou doação (ato de liberalidade).

É imperioso destacar que, conforme o art. 35, parágrafo único, do CTN, nas
transmissões causa mortis ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam
os herdeiros ou legatários.

4 – ELEMENTOS ESPACIAL E TEMPORAL DO FATO GERADOR

4.1 – ESPACIAL

- bens imóveis e respectivos direitos: Estado da situação do bem (art. 155, § 1º, I,
da CF);

- bens móveis, títulos e créditos: Estado onde se processar o inventário ou


arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal (art. 155, § 1º, II, da
CF).

Compete à lei complementar disciplinar as seguintes situações:

a) se o doador tiver domicílio ou residência no exterior (art. 155, § 1º, III, a, da


CF);
b) se o “de cujus” possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu
inventário processado no exterior (art. 155, § 1º, III, b, da CF).

4.2 – TEMPORAL

Momento da transmissão (art. 35 do CTN) ou como estabelecer a lei ordinária


estadual competente.

Ressalte-se que o momento do fato gerador deve ser o do respectivo registro


da escritura de transmissão, no caso de bens imóveis, em face da condição de ser
este o momento em que a transmissão se opera em relação a terceiros, perante o
Direito Civil.
Na mesma esteira, é sabido que o fato gerador do ITCMD segue o do ITBI,
cujo fato imponível também se perfaz na transmissão da propriedade, mediante a
transcrição do documento competente no Registro de Imóveis.

5 – BASE DE CÁLCULO

Consoante a dicção do art. 38 do CTN, a base de cálculo será o valor venal


dos bens ou direitos transmitidos e da doação. Em princípio, representará o valor de
mercado do bem objeto da transmissão, não devendo superá-lo. O cálculo é feito
sobre o valor dos bens na data da avaliação, observada a alíquota vigente na data da
abertura da sucessão. Ademais, sabe-se que o imposto não é exigido antes da
homologação do cálculo.

6 – ALÍQUOTAS

As alíquotas do ITCMD são fixadas livremente pelos Estados, respeitado o


máximo fixado pelo Senado Federal por meio da Resolução n. 9/92 em 8%.

7 – NOTAS GERAIS

a) morte presumida: a referência doutrinária ao instituto da ausência torna


legítima a exigência do ITCMD. É o que preconiza a Súmula n. 331 do STF (“É
legitima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário
por morte presumida”).
b) Súmula n. 435 do STF: dispõe que compete ao Estado da sede da
Companhia o ITCMD relativo à transferência de ações (“O imposto de
transmissão causa mortis pela transferência de ações é devido ao estado em
que tem sede a companhia”).

Você também pode gostar