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All content following this page was uploaded by Rogério Arcuri Filho on 15 October 2014.
RESUMO
Em qualquer setor industrial, a obtenção de produção sustentável com qualidade assegurada baseia-
se fundamentalmente na formação e capacitação da mão-de-obra utilizada. Neste contexto, a
excelência do desempenho do Profissional de Manutenção tem como chave principal as técnicas e
habilidades adquiridas através do Treinamento planejado e constante, de forma a se alcançar níveis
de conscientização e competência que garantam a qualidade, produtividade e confiabilidade dos
serviços executados, influindo, por conseguinte, na sustentabilidade da própria organização. Assim,
é apresentado neste Trabalho um modelo alternativo de um Sistema de Treinamento para
Manutenção (“performance-based training”), em contraste com as filosofias usualmente adotadas,
sendo propostos os critérios gerais para seleção de pessoal próprio e contratado, diretrizes para
treinamento interno e parâmetros para avaliação e otimização das sistemáticas empregadas, além do
escopo-padrão de um curso de formação de mão-de-obra de alto nível.
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1. INTRODUÇÃO
Como sabemos, diversos fatores influenciam o produto final de uma atividade, mas, sem
mão-de-obra treinada e motivada para a Qualidade, é impossível obtermos bons resultados, ou seja,
serviços com boa Produtividade, Confiabilidade e pautados nos requisitos fundamentais da
Sustentabilidade, uma vez que, em última análise, quem faz a Qualidade é o executante. Assim,
investir na formação e capacitação de pessoal parece ser a chave para o alcance do objetivo
principal de qualquer Organização de Manutenção: a operação segura, confiável e lucrativa dos
ativos físicos a ela atribuídos, com um mínimo de perda de tempo de produção, sem causar
impactos danosos ao Meio Ambiente e atendendo às necessidades e expectativas de todos os
"stakeholders". Para atendermos a tais premissas, devemos considerar a ambiência reinante (ou
seja, o tipo de planta e a complexidade/importância dos equipamentos) e o universo dos recursos
humanos disponíveis ou a contratar (identificando e analisando os conjuntos de tarefas exigidas em
cada função), de forma a definir “onde estamos” e “onde queremos chegar”. O meio para
passarmos de um estágio ao outro é o desenvolvimento e implantação de um adequado Sistema de
Treinamento, que deve ser constantemente avaliado e revisado, para corrigir desvios de curso e
atender a variações dos componentes ambientais, externos e internos.
Também é importante estabelecer a estratégia de atuação da Manutenção, com a opção,
muitas vezes difícil e nem sempre satisfatória, entre "especialização" e “clínica geral”. Neste
particular, pode se tornar interessante a adoção de soluções intermediárias ou híbridas, como um
sistema do tipo multidisciplinaridade / área preferencial.
2. DEFINIÇÕES
• Análise de Tarefas por Função (Job & Task Analysis): Método utilizado para obter uma lista
detalhada das tarefas relacionadas a uma determinada função e identificar as condições, padrões,
conhecimentos e habilidades necessários para a execução segura, correta e competente de cada uma
delas.
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• Qualificação: Combinação dos atributos físicos, escolaridade, conhecimentos, habilidades e
experiência de um indivíduo, desenvolvidos através de treinamento e necessários para permitir a
responsabilidade independente por uma tarefa ou função, através da demonstração de seu
desempenho seguro, correto e competente.
• Pouca disseminação dos conhecimentos adquiridos, uma vez que o treinamento não atinge a
totalidade do público alvo;
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• Solução apenas temporária dos problemas surgidos, que poderão voltar a ocorrer em outras
atividades e/ou com os mesmos indivíduos;
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elaborados para os grupos de conhecimentos e habilidades relacionados a cada uma delas,
permitindo definir exatamente o que, quando e como o treinando deverá realizar durante o
treinamento. Finalmente, são estabelecidos os instrumentos para avaliação, os ambientes de
treinamento (sala-de-aula, laboratório, simulador etc.), o nível mínimo dos objetivos, concluindo-se
a etapa com a obtenção do Plano Geral de Treinamento.
Durante o DESENVOLVIMENTO, são efetuadas a descrição das atividades dos instrutores
e treinandos de maneira a atingir os objetivos do aprendizado, a seleção e obtenção dos materiais e
recursos de treinamento já existentes ou necessários, a escolha dos métodos de instrução e a
preparação de aula, sendo recomendada a maximização do emprego das facilidades já disponíveis.
A exatidão dos recursos e procedimentos estabelecidos ao longo desta fase é verificada na aplicação
de um programa experimental para um grupo reduzido de treinandos, onde as possíveis deficiências
são identificadas, revistas e corrigidas.
A IMPLEMENTAÇÃO é a etapa na qual ocorre a operacionalização do Sistema, através
da ativação do Plano de Treinamento. Os instrutores são selecionados e orientados e a efetiva
disponibilidade dos treinandos, facilidades e recursos são confirmados. Ao longo da aplicação do
programa, é efetuada a avaliação constante dos treinandos e instrutores, com duas finalidade:
verificar se os treinandos estão atingindo os objetivos do aprendizado e se as possíveis deficiências
dos instrutores estão sendo detectadas e corrigidas. Os registros aplicáveis devem ser efetuados e
arquivados para fornecer as informações gerenciais necessárias e documentar o desempenho tanto
dos treinandos, como dos instrutores.
A fase de AVALIAÇÃO garante ao sistema a capacidade permanente de produzir
indivíduos qualificados. Através do acompanhamento contínuo de indicadores como desempenho
do indivíduo no exercício de sua função, mudanças de projeto ou de procedimentos e experiências
operacionais, a Avaliação cumpre um papel fundamental para aquilatar os desempenhos, identificar
as deficiências e iniciar as ações corretivas, fornecendo ao sistema como um todo o feedback vital
para a promoção das necessárias adaptações aos problemas não revistos e às alterações de condições
até então vigentes.
Vale lembrar que as etapas e atividades acima descritas, além de fornecer uma seqüência
apropriada para a organização inicial do Sistema, podem também ser executadas levando em
consideração programas específicos já existentes e outras restrições de ordem prática. Neste caso,
elas podem ser adotadas para complementar os esforços já implantados e melhorar a estrutura
utilizada.
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3.3. Questionário para execução de “job & task analysis” do pessoal próprio
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comuns e específicos de sua área de atuação e que aparecem listados por grupos de afinidade no
questionário. A escala de pontuação para avaliar a freqüência de utilização poderá ser a seguinte:
0: Nunca
1: Raramente (cerca de uma vez por ano)
2: Esporadicamente (cerca de 3 ou 4 vezes por ano)
3: Ocasionalmente (cerca de uma vez por mês)
4: Freqüentemente (cerca de uma vez por semana)
5: Sempre (diariamente ou quase)
Os grupos de ferramentas e equipamentos afins deverão ser listados por área e de forma
bastante abrangente, lembrando que muitos deles terão aplicação nas 3 áreas, devendo ser repetidos
para cada uma. O Quadro 1 apresenta uma sugestão de agrupamento e alguns exemplos
específicos.
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QUADRO 1
Equipamentos e Luvas/Capacetes/
Vestimentas de Aventais/
Segurança e Extintores/
Proteção Detetores Gás
Outras Escadas/
Facilidades Andaimes/
Lanternas/
Computadores
Parte 3 – Referências
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points / ordens de serviço / licenças de trabalho / requisições de almoxarifado / livros e
revistas técnicas / históricos de equipamentos.
Parte 4 - Tarefas
Nesta seção do questionário, o indivíduo deverá encontrar uma extensa lista de tarefas em
geral executadas em cada área, devendo avaliar cada uma delas no tocante a 3 aspectos
fundamentais: Freqüência, Criticalidade e Dificuldade. Ao estimar a Freqüência de execução de
cada tarefa, o participante deverá utilizar a mesma escala de pontuação adotada para as Partes 2 e 3
do questionário. Para aquilatar a Criticalidade de uma tarefa, o funcionário deverá levar em
consideração as possíveis conseqüências caso a tarefa seja efetuada de maneira incorreta ou
imprópria, utilizando a seguinte escala de pontuação:
1: Desprezível (a execução imprópria da tarefa quase não causa alterações à operação da
instalação)
2: Indesejável (a execução imprópria acarreta conseqüências indesejáveis mas não sérias)
3: Séria (a execução imprópria provoca conseqüências sérias que requerem consideráveis
ações corretivas)
4: Grave (a execução imprópria leva a conseqüências graves que requerem extensas ações
corretivas)
5: Extremamente grave (a execução imprópria provoca profundos danos ou conseqüências
extremamente graves que necessitem de grandes tempos ou recursos para serem corrigidas).
Já para avaliar a Dificuldade de uma tarefa, o indivíduo deverá considerar seus próprios
esforços físicos/mentais, conhecimentos e habilidades necessários para executá-la adequadamente,
classificando-a de acordo com a seguinte escala:
1: Muito fácil (a tarefa se inclui entre os 10% mais fáceis do seu escopo de atividades)
2: Fácil (mais fácil que a média, mas não incluída entre as muito fáceis)
3: Média
4: Difícil (mais difícil que a média, mas não incluída entre as muito difíceis)
5: Muito difícil (incluída entre os 10% mais difíceis do seu escopo individual).
É importante frisar que, caso o participante se depare com uma tarefa que não desempenha,
deverá conferir grau 0 (Nunca) para sua Freqüência, nada assinalado em Criticalidade e
Dificuldade.
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As tarefas constantes da listagem deverão ser descritas utilizando as ações normalmente
executadas em Manutenção (montar, preparar, instalar, remover, desconectar, lubrificar, trocar,
alinhar, regular, balancear, calibrar, medir ajustar, apertar etc.), devendo ainda ser agrupadas em
módulos pertinentes à realização das ações aplicáveis em equipamentos, componentes ou sistemas
específicos de cada área, havendo ainda tarefas comuns que deverão constar de cada um dos 3
questionários. O Quadro 2 apresenta uma idéia de grupos de alvos das ações descritas nas tarefas,
enquanto que a Ilustração 3 mostra um exemplo de folha do questionário de tarefas estabelecido
para um dos grupos de equipamentos mecânicos.
QUADRO 2
ILUSTRAÇÃO 3
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Observações:
1 – Para cada uma das tarefas, assinale com um “X” o grau que você julga correto em Freqüência, Criticalidade e
Dificuldade. Assinale apenas um grau para cada um dos três aspectos.
2 – Caso você não execute alguma(s) das tarefas listadas, assinale “0” em Freqüência e não assinale nada em
Criticalidade e Dificuldade.
3 – Caso você execute mais alguma(s) tarefa(s) que não está(ão) listada(s), aproveite os itens em branco para descrevê-
la(s) e pontuá-la(s).
Por último, cumpre ressaltar que os exemplos e sugestões aqui apresentados são bastante
genéricos, servindo apenas como diretrizes para que cada empresa, instalação ou planta industrial
desenvolva seus próprios questionários de modo a atender suas necessidades, características e
aspectos específicos. Por outro lado, como regra geral para responder ao questionário, os indivíduos
devem ter sempre em mente um período de até 2 anos anteriores no cumprimento de suas tarefas.
• fornecer instruções estabelecendo que qualquer serviço deverá ser executado dentro dos limites
físicos estipulados pelo pessoal autorizado;
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• fornecer condições para a condução de um treinamento abrangente a respeito dos procedimentos
e controles administrativos aplicáveis ao trabalho contratado, incluindo Segurança e Saúde
Ocupacional, sistemática de isolamento e identificação de equipamentos, Sistemas de Gestão da
Qualidade e do Meio Ambiente, bem como outros aspectos específicos de cada organização;
• instruir os contratados de que, a qualquer momento que estejam em dúvida quanto ao escopo,
natureza ou risco para a planta de seus serviços, devem procurar orientação de seus supervisores
e/ou do pessoal interno apropriado, antes de prosseguir com os mesmos, agindo, assim, conforme os
preceitos recomendados pela Cultura da Segurança local.
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O candidato deverá ser aprovado por uma banca examinadora que, em princípio, terá a seguinte
composição: 1 representante da área de treinamento e seleção; 3 representantes da Manutenção
(Mecânica, Elétrica e I&C); 1 psicólogo; 1 assistente social. Na parte técnica da entrevista,
deverá ser avaliada a experiência profissional anterior do indivíduo, de modo a compará-lo com
os demais concorrentes e classificá-lo na área apropriada (M, E ou I&C). Na parte psico-social,
serão aquilitados os aspectos de suas rotinas pessoais e respectivos reflexos no seu
comportamento e atitude.
Vale ressaltar que os tópicos a seguir apresentados devem ser encarados como uma sugestão
de ordem geral, podendo ser adotados na íntegra ou adaptados às necessidades e características
individuais de cada empresa, planta ou instalação. Assim, o conteúdo programático do curso e seus
respectivos níveis de aprendizado recomendados para cada área deverão ser:
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a) Apresentação Inicial
d) Conhecimentos Básicos
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e) Ferramentas, Máquinas e Instrumentos
d) Conhecimentos Especiais
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4.3. “On-the-job training”
Além disso, cumpre ser ressaltado que a organização de um programa de OJT terá que
considerar sempre 3 elementos básicos:
• os objetivos do treinamento devem ser claros para o instrutor / avaliador e para o treinamento;
• os padrões de avaliação estabelecidos devem ser conhecidos pelo instrutor / avaliador e pelo
treinando;
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4.4. Avaliação do Treinando
Dentre os diversos métodos existentes para a condução de tais avaliações, podem ser
sugeridos testes e provas escritas, exames orais e observações de execução ou simulação de
serviços. Os dois primeiros têm por finalidade verificar o nível de entendimento e a capacidade do
treinando em aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos, enquanto que o último aquilata a forma
de emprego de uma série de fatores fundamentais (tais como utilização de procedimentos técnicos e
administrativos, seleção e manuseio de ferramentas e equipamentos, adoção de práticas de
Segurança e Saúde etc.) para o perfeito exercício de suas funções e tarefas. Todos eles devem
considerar padrões de medição e critérios de aprovação previamente determinados. As avaliações e
seus resultados devem ser corretamente documentadas e arquivadas, de modo a permitir, sempre
que necessário, a comprovação das qualificações alcançadas.
4.5. Reciclagem
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6.1 INPO. Guidelines for General Employee Training. Atlanta, 87-004, 38p., 1987
6.2 INPO. Guidelines for Training and Qualification of Maintenance Personnel. Atlanta, 86-018,
74p., 1986.
6.3 INPO. Development and Implementation of On-the-job Training Programs. Atlanta, 86-029,
8p., 1986.
6.4 INPO. Training System Development – Model Overview. Atlanta, 84-032, 7p., 1984.
6.5 INPO. Job Task Questionnaire for Maintenance Mechanics, Eletricians and Instrument and
Control Technicians. Atlanta, 184p., 1981.
6.7 LEITE, Adriano Duque Monteiro. Manutenção Industrial e Novas Tecnologias. In; 4º
Congresso Íbero-Americano de Manutenção. Rio de Janeiro, 1987. Anais, ABRAMAN/IBP, p. 656-
672.
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RAF - Mai/04
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