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PATOLOGIA GERAL

2º Período – Odontologia

REGENERAÇÃO E CICATRIZAÇÃO

Regeneração e Cicatrização → Ambos são consequências de um processo de reparo tecidual,


no entanto são coisas distintas e as vezes falamos sobre elas e não nos damos conta que existe
um processo que é diferente entre um e outro, estaremos explorando alguns processos
histológicos e olhando do ponto de vista celular e molecular.

Tecido cutâneo

Quando falamos do reparo de uma determinada lesão, pensamos logo em pele.


A pele é caracterizada como o órgão mais extenso do corpo humano, ficando sujeita a mais lesões
do que os demais tecidos do corpo humano.

Classificação da pele enquanto um elemento histológico → A pele é formada por uma porção
epitelial estratificada, que é a nossa epiderme e a porção conjuntiva, que é a derme.
Na disciplina de histologia se tem as classificações diferentes com relação a cada tecido: tecido
epitelial, tecido conjuntivo, conjuntivo denso e assim por diante.
Cada tipo de tecido têm uma especificidade metabólica diferente um do outro, principalmente com
relação as células que os compõem, que vão produzir os elementos que caracterizam cada tipo
daquele tecido (tecido ósseo, tecido cartilaginoso...), eles têm uma característica que são
inerentes a cada tecido, por ex. temos uma cartilagem e ela tem uma elasticidade, diferente tem
uma característica de compressão completamente diferente e isso tudo é produzido e é refletido
com o comportamento e a atividade que o grupo celular que compõe aquele tecido tá exercendo.
No caso da pele, isso não é diferente, temos também tem elementos celulares completamente
distintos que vão realizar funções metabólicas e bioquímicas que serão responsáveis por produzir
o tecido da forma que conhecemos.

Temos várias funções descritas que a pele acaba exercendo: Proteção contra agentes externos,
desidratação, impacto, regulação térmica, sensação, absorção e excreção.
Não é à toa que a pele é um dos órgãos mais visados e nos últimos 20 anos se tem pesquisado
intensamente sobre não só sobre as características bioquímicas e fisiológicas da pele, mas
observar a pele enquanto um elemento muito importante para a Entrega de determinados
fármacos, porque imagina se conseguíssemos vencer toda essa camada aqui para permitir o
acesso de determinado fármaco para a corrente sanguínea, a gente previne que esse fármaco,
por exemplo, sofra degradação pela atividade porta empática.
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O que é essa atividade de primeira passagem ou atividade pela porta hepática, enterohepática e
assim por diante?
Tudo o que ingerimos pela boca, passa pelo fígado, essencialmente, e quando isso passa pelo
fígado, ele é biotransformado à algum elemento que tende a perder as suas características
originais.
Se estivermos falando de um fármaco, por exemplo, a gente metaboliza esse fármaco até o ponto
aonde eles se tornem inativo, se a gente faz essa veiculação de fármacos através da pele, não
sofremos o esse risco de ter o fármaco degradado caso ele passe pelo fígado, é por isso que
visamos muito na pele. Enquanto um sistema é interessante para poder transmitir um determinado
fármaco, dependendo de suas características de absorção. De cara, devemos vencer esse
primeiro estrato da nossa epiderme aqui, que é o estrato córneo.

Conseguimos ter acesso visual no estrato córneo, ele tem características muito distintas dos
outros elementos, dos outros estratos da pele.

Conseguimos inclusive encontrar vasos sanguíneos com volume circulante de 1800ml, um litro e
800 de sangue circulando pela pele diariamente, é cerca de 30% sangue circulante, ou seja, isso
já indica que se quisermos, por exemplo, fazer com que atravesse essa barreira, histológica
altamente densa e complexa, até acessar a corrente sanguínea, precisamos de elementos
funcionais que consigam realizar esse tipo de atividade, até porque quando eu falamos que existe
um fluxo sanguíneo intenso que passa adjacente à pele, estamos falando de um fluxo sanguíneo
que passa em camadas muito mais profundas da pele.
Tem gente que acredita que exista vaso sanguíneo nessa região epidermal (na epiderme) e não
tem.
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Só encontramos vasos sanguíneos na derme, em alguns pontos da derme e em regiões até um


pouco mais profundas daquela derme, quase chegando, por exemplo, no tecido subcutâneo, na
hipoderme. Mas na epiderme a gente não tem esse vaso, essa passagem de vascularização.

O grupo celular de maior predominância que encontramos são chamados de queratinócitos.


O próprio nome já indica um elemento que eles produzem em excesso, que é a queratina.
E é sempre bom destacarmos um ponto importante, que é o seguinte:
Por mais que falemos que ele é o grupo de maior predominância, ele é o único grupo celular da
pele responsável por realizar a funcionalidade que o tecido demanda, de transformar o tecido no
que ele é. Por que que eu enfatizo muito isso? Porque temos outros grupamentos celulares na
pele, temos: melanocyte, macrófagos, células de merkel, células sensoriais (células sensoriais,
especificamente a frio, especificamente a quente, células sensoriais mecânicas), são grupos
celulares diferentes entre si, então quando eu dou ênfase em predominância de queratinócito,
queremos dizer que esse é o grupamento celular de distinção desse tipo tecidual. São esses
queratinócitos que vão dar as características bioquímicas, histológicas da pele.

Quando fazemos uma análise mais apurada desses estratos que observamos na epiderme, aqui
já conseguimos vê-los, quanto mais a gente olha uma lâmina histológica de pele, seja só de
epiderme, eu tenho todo o componente tergumentar envolvido, acabamos observando que
existem uma diferença característica entre os queratinócitos daqui, entre os queratinócitos daqui,
entre os queratinócitos daqui e entre os queratinócitos daqui.

Conseguimos definir em uma pele normal, de espessura normal 4 tipos de estratos:


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1º- Estrato Basal: Que é o da pele de forma geral, que é o que conseguimos identificar o primeiro
de baixo para cima → é a camada basal.

Ela é chamada de basal ou germinativa, Porque é exatamente daqui que vai surgir os novos,
queratinócitos que vão renovando a nossa pele. Existe uma taxa de metabolismo tão acelerada
que permite, por exemplo, que vejamos esse processo acontecendo.
Toda vez que acordamos de manhã e sacudimos o cobertor no facho de sol, vemos aquelas
partículas de pele em suspensão no ar, até quando nos coçamos e solta aquela poeirinha branca,
aquilo ali é pele morta, essa pele morta ela está exatamente no último estrato da nossa pele.
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Então, como é um tecido com o metabolismo muito acelerado e que demanda uma renovação
celular muito acentuada, a gente tem uma atividade mitótica dessa camada ou estrato germinativo,
ou basal muito acentuado.
Tanto é que a gente observa, por exemplo, disfunções nessa atividade mitótica, fazendo com que
a pele se renove por um processo muito mais acelerado, vemos isso, por exemplo, em psoríase.
A psoríase tem uma atividade mitótica desse estrato basal muito mais rápido do que uma pele de
alguém que não possui psoríase. Então você vê que a pessoa em casos muito mais agressivos,
está sempre em um estado de descamação contínua, não sei se vocês conhecem alguém que
tenha casos muito agressivos da psoríase, vocês vão ver se as pessoas com placas geralmente
avermelhadas e tem uma leve tonalidade de branco fosco, nessa placa que é exatamente esse
processo de descamação acentuado.
Porque? Qual que é a mentalidade muito entre aspas do tecido? Eu vou renovar mais rápido
possível, para poder combater aquele processo inflamatório que se instalou na superfície da pele.
Esse que é o processo específico, se vocês observarem inclusive algumas pomadas que
utilizamos para tratar o processo inflamatório, uma dermatite, vocês vão ver que além do elemento
anti-inflamatório, que geralmente é um esteroide, geralmente é um corticoide, betametasona,
dexametasona, hidrocortisona e assim por diante, vamos ver que elas geralmente estão atreladas
a um outro elemento chamado de ácido salicílico.
Ácido salicílico → É um queratolítico, como o próprio nome já diz, ele provoca lise de queratinócito
e aí ele faz com que a pele se descame mais rápido. Se eu descamo, forço o processo de
descamação da minha pele, eu removo essa camada de estrato córneo e permito que o grupo
celular que está atingindo aquela região se renove a partir dali, tem muito peeling químico que é
feito dessa forma, você remove completamente o extrato córneo da sua pele para permitir uma
renovação desse estrato córneo.
Só que presta muito atenção porque aqui estamos falando de um processo de peeling leve e
químico que atua especificamente na epiderme. Na epiderme, não encontramos, por exemplo,
colágeno. Quando vocês vêm esses peelings que são mais agressivos, que a pele chega a ficar
quase como se ela estivesse sangrando, você já rompeu, já removeu completamente a epiderme
e já chegou, por exemplo, em algumas regiões da derme, é perigoso porque você acabou de abrir
uma porta de entrada larga para qualquer microrganismo que se deposite, então não é bom fazer
esse tipo de coisa sem uma orientação e sem falar que ali você já começa a ter um processo de
renovação do zero da sua epiderme. Só que não é ali que fica o colagino, não é ali que vai ficar,
por exemplo, a elastina.
Elastina → Fica exatamente na derme, por isso que alguns processos eles visam você fazer uma
profundidade agressiva para que você consiga atingir a derme a partir daí.

2º- Estrato Espinhoso: Depois da camada basal, logo acima, temos o estrato espinhoso.
Ele é chamado dessa forma porque quando a gente observa esse microscópio, a gente vê essas
estruturas e as aqui:
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Que fazem conexões, pontes, conectivas e de ligação de um queratinócito com o outro, e aí,
parece que ele tem espinhos, se olharmos esse aqui como exemplo, conseguimos ver uma
ilustração apresentando muito mais desmossomos do que os outros.

Desmossomos → Nada mais são do que portas, estruturas como se fossem pequenos portais que
vão permitir que eu troque elementos com as minhas células vizinhas, não são todas as células
de todos os tecidos que apresentam desmossomos. Porque? Os desmossomos estarão muito
presentes em células que tem essa conexão muito justa, como é o caso dos queratinócitos que a
gente encontra na epiderme, como as células estão muito em contato umas com as outras para
você facilitar o tráfego de informação, de sinalização, de metabólitos entre umas células, as outras,
as células apresentam esses desmossomos para fazer com que aqueles elementos circulem entre
todas as células que estão ali paralelos e adjacentes naqueles vizinhos, não existe uma
comunicação intensa que é realizada através dessas estruturas.
E uma coisa que é muito importante de observarmos, é que a queratina produzida (a queratina é
um filamento intermediário), ela é Diferente em cada célula que compõe um estrato desse.
Isso é muito foda!
Porque a queratina que compõe, por exemplo, o queratinócitos estrato basal, estrato espinhoso,
estrato granuloso, estrato córneo, são completamente diferentes entre si.
E porque que isso vai acontecendo, porque que isso vai mudando à medida que o queratinócito
basal vai se dividindo e vai se proliferando até que ele morra e atinge essa camada córnea que é
o último extrato da nossa pele? Para ter propriedades mecânicas e morfológicas diferentes.
Lembram que já falou de citoesqueleto? Um dos citoesqueletos que a gente tem circundando a
célula é actina. Um outro citoesqueleto, que geralmente está muito distribuído entre os quatro
cantos de uma determinada célula são esses filamentos intermediários que, no caso dos
queratinócitos, é a queratina.
E em terceiro, não menos importante, estão os micro túbulos, que fazem entre outras coisas, a
transmissão, a liberação e a captação de elementos tanto do núcleo para o lado de fora, quanto
de fora para dentro do núcleo, como se fosse uma pequena estrada pavimentada de elementos
proteicos que vão chegar até o núcleo da nossa célula. Esses são os nossos três citoesqueletos
cada um com sua funcionalidade diferente, cada um com uma atividade metabólica
completamente distinta. Como eles precisam ter robustez diferentes, como eles precisam ter
características de estruturação e de resistência mecânica diferente, o tipo de queratina que é
produzido em cada célula desse, à medida que ela vai evoluindo, também é diferente.
Isso é muito interessante quando a gente faz, por exemplo, uma análise de metabólitos palazzi
proteicas, por exemplo, aproteômica, metabolômica, a gente consegue, isso é como se fosse uma
identidade, característica da célula. Eu sei que aquele queratinócito que está presente em
determinado estrato, cuidando dessa epiderme, porque ele está apresentando aquele tipo de
queratina diferente.
Então nesse estrato espinhoso até por ele estar logo acima do estrato basal, essa queratina, ela
tende a ser mais rígida. Ainda conseguimos observar o início da manifestação de alguns grânulos,
como por exemplo, esses filamentos aqui dispersos.
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Que conseguimos encontrar, são grânulos contendo, lipídio, ceramida, colesterol e ácido graxo.
Por que que a célula está sintetizando tanto isso? Porque ela precisa estruturar toda uma matriz
aonde ela vai ficar inserida. Repara que aqui a gente consegue observar a célula, mas a gente
também consegue observar regiões de matriz.

Essa matriz quem produz são exatamente esses queratinócitos, e cada um deles vai produzir uma
matriz mais apropriada e mais adequada para que ele fique ali como se fosse uma casa perfeita,
especificamente, para ele habitar até o momento em que ele precise morrer, ir embora.

3º- Estrato Granuloso: Aqui teremos a presença muito mais acentuada de grânulo do que, por
exemplo, no estrato espinhoso e esses grânulos, eles vão conter elementos de querato-hialina
(contendo profilagrina, loricrina, queratina e trico-hialina), que são todos componentes proteicos
de estruturação e manutenção da característica morfológica desse grupamento celular e
consequentemente, do tecido, proporciona resistência, estrutura e começa a preparar a célula
para esse processo de cornificação do queratinócito, que é quando o queratinócito deixa de
adquirir essa característica mais quadradinha, mais achatadinha para ficar completamente
achatada, como se ela fosse uma Lamelazinha, que é esse último estágio.
Aqui nesse último estágio a gente já não observa mais queratinócitos vivos, tanto é que nem
chamamos mais de queratinócito, passamos a chamá-los de neófito (exatamente por compor o
estrato córneo). Aqui a gente vai encontrar uma superposição de células, como se fosse folhetos,
camadas em cima de camadas, completamente queratinizada, sem núcleo, formando essas
lamelas alongadas que vão provocar descamação ao longo do tempo.
Inclusive sabemos que hoje temos em torno de 10 folhetos, desse de corneócitos em um estrato
córneo saudável, em estrato córneo variados, isso consegue produzir camadas cada vez mais
densas e mais espessas, e talvez isso já comece a soar um sininho na cabeça de vocês com
relação ao processo patológico que muita gente passa e que muitas das vezes nem nos damos
conta, que é o famoso cascão, que não deixa de ser, por exemplo, uma hiperqueratose, ele é
classificado tecnicamente com uma hiperqueratose e pode ser palmo e plantar ou só palmo ou só
plantar. Ele pode apresentar hiperqueratose na Palma das nossas mãos e a gente pode apresentar
a hiperqueratose na sola dos nossos pés.
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Porque que um determinado tecido, porque que a pele, por exemplo, tenderia a formar mais estrato
córneo do que ela naturalmente produz? Consegue imaginar o que que faz com que uma
determinada a pele produza mais estrato córneo do que uma pele normal? Acaba desenvolvendo
a calosidade, por conta do indivíduo, estar sobrecarregando o local, ou seja, pode estar ferindo,
então essa calosidade ela é criada para proteção.
Perfeito, exatamente isso! Proteção o tecido entende que ela está sofrendo um estresse, um
estímulo mecânico constante, e ela tende a proteger as estruturas já adjacentes a ela, fazendo
com que se torne mais grossa, se tornando mais espessa.
Isso que é uma coisa muito importante de se entender, porque os nossos tecidos, eles não são
estáticos, o nosso processo de formação de cascão é um processo por estímulo consecutivo
mecânico, fricção constante, e a partir daí, já começamos a imaginar o seguinte, se um dos fatores
que leva a formação do cascão é a fricção, estímulo constante, o que que você está dizendo para
aquele tecido quando você esfrega pedra pomes no seu pé? Caralho, o maluco é brabo mesmo,
ele está andando em lixa, então eu vou produzir mais ainda. Você é momentaneamente retira o
excesso de tecido produzido, mas não deixa de mandar uma mensagem para o seu tecido cutâneo
de que você está, o estimulando, em excesso. Tanto é que existem tipos de calçados que tendem
a aumentar esse efeito, por exemplo, salto alto, andar muito descalço, havaiana (principalmente
aquelas que ficam escorregando, sambando), sola de sapato social masculino.
A palmilha especificamente do sapato masculino, ela desliza, geralmente se coloca aquela meia
mais fina, o sapato fica deslizando, isso provoca uma fricção e provoca uma mensagem embutida
nesse processo de ficção de que o tecido ele está sofrendo estresse e um estímulo mecânico
variado e constante.
Tem uns vídeos em que aparecem uns caras tirando cascão, em um deles o cara tira com uma
faca, tem que se ter cuidado, porque se for com muita força, você vai atingir, por exemplo, a derme,
provocando ali um sangramento.
Portanto, qual seria então, a forma mais eficaz de você conseguir é contornar o problema de
cascão se mesmo, esfregando com Pedra pomis, a gente provoca esse efeito? Pomadas que é
especificamente queratolíticas, aonde iremos passar nos pés na hora de dormir, colocar a meia e
deixar quieto.
E é exatamente por conta dessa presença de elementos que vão estruturar todos esses extratos
da nossa pele, principalmente o extrato córneo, observa, por exemplo, essa região aqui, do nosso
estrato córneo.

Isso aqui nada mais é do que uma junção, uma conexão de elementos, por exemplo, de ceramidas,
não é à toa que tem muito produto que utilizamos, muitos cosméticos, e hidratantes, assim por
diante, que faz com que a gente coce a área onde aplicou esses produtos.
Porque? Porque esses produtos são feitos tenso ativo.
O que é um tenso ativo? É um produto químico que tira atenção, interfacial entre a água e o óleo,
porque loção, cremes são emulsões.
Emoção → É uma mistura de óleo em água, para misturarmos precisamos desse tenso ativo, e
tensos ativos nada mais são do que detergente, por exemplo, sulfato de sódio, lauril éter, são os
mesmos produtos que utilizamos em shampoo, detergente e assim por diante.
O que acontece com esse especificamente da classe de todos os lauril que acabamos de
comentar, eles têm uma capacidade diferente de todos os outros, que é quebrar especificamente
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regiões da proteína, que são regiões de ancoragem muito intensa, chamadas de ponte dissulfeto
que é um tipo de ligação que interconecta as tramas de queratina.
Então quando passamos esses produtos na pele, o que que acontece? Eles começam a interagir
com todos esses elementos de queratina, começa a degradar, por exemplo, as estruturas de
ceramida que permitem essas interconexões e mantém a pele selada fazendo com que a gente,
coce, parece que tem alguma coisa gerando um comichão, porque parece que tem alguma coisa
quebrando as ligações da nossa pele, então é por isso que nos coçamos, e aí muita gente às
vezes acha que o problema é da ureia. Você vai usar um creme, uma loção de uréia e pensa que
tem alergia a ela, mas na verdade não é, você tem alergia a um elemento constituinte da produção
dessa emoção.
Dúvida da colega: Minha sogra, ela sempre quando passa, creme nos pés, o pé dela começa a
suar, não absorve, fica por fora, assim, molhado ainda e não absorve, você sabe explicar o motivo?
Sim, o que acontece é que temos glândulas de suor espalhados pelo nosso corpo inteiro, vocês
devem ter reparado que existem produtos que a gente compra tanto de dermocosméticos quanto
cosméticos puramente estéticos, você deve observar que eles geralmente tem no rótulo, assim,
produto comedogênico, produto não comedogênico.
O que que é um produto comedogênico? Ele é um produto que forma comedões ele tampona
exatamente esses ductos da glândula sudoríparas (porque temos duas) e da glândula sebácea,
então, evita que a pele dê uma respirada.
O que que acontece? A pele começa a ficar, forçar o metabolismo daquele tecido, mais e mais e
mais.
E aí, vai fazer o quê? Como você acabou de tamponar, você fez um processo ali de tamponamento
do tecido inteiro, ele vai começar a exacerbar o processo e sudorese para tentar desintoxicar e
abrir aquela região que você acabou de selar.
Isso varia de pessoa para pessoa, da mesma forma, por exemplo, que tem pessoas que passam
um antitranspirante e fica cheio de nódulo, cheio de caroço nas axilas, tem gente que não fica.
Isso nada mais é do que uma reação a um produto que está sendo secretado pelas glândulas
sudoríparas e sebáceas.

Chegamos então na derme, que tende a ser um foco, é muito mais incisivo quando estamos
querendo falar de alguma modificação na característica de espessura da pele como um todo.
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Porque, ao contrário da epiderme, aqui a gente não encontra mais queratinócito, aqui o
grupamento celular mais predominante, é aquele que vai produzir os elementos que constituem
aquele tecido que são os chamados fibroblastos.

Fibroblastos são grupamentos celulares que tendem a ser bem lamelares, igual vimos lá, só que
eles têm uma atividade metabólica muito intensa e eles são chamados dessa forma porque eles
produzem produtos, elementos proteicos, que tem uma elasticidade, uma resistência muito
elevada, como é o caso, por exemplo, de colágeno e elastina.

Temos vários tipos de colágenos diferentes que compõem os colágenos da nossa derme, aonde
o de maior predominância é chamado de colágeno TIPO I: Compõem 80 a 85% da matriz
extracelular da nossa derme, inclusive isso aqui, tende a variar e a gente tende a perder
determinadas estruturas de colágeno ao longo do tempo, à medida que a gente vai envelhecendo
e, dependendo dos hábitos de vida que a gente acaba combinando, por exemplo, tabagismo,
excesso de bebida alcoólica, exposição intensa a fumaça, trânsito, radiação ultravioleta e assim
por diante, tudo isso, tende aí degradando essas estruturas de colágeno e de elastina que a gente
acaba observando. Então, por exemplo, essas estruturazinhas pretinhas que estamos
observando, são as nossas fibras elásticas.

Conseguimos encontrar ainda na histologia, dentro do processo histológico, corte histológico


conseguimos marcar essas fibras elásticas, que são mais jovens, e as fibras elásticas, que tendem
a ser mais novinhas. Como é o caso da fibra occitânica e a elauninica.
São fibras elásticas no estado de maturação, muito embrionário ainda, estão muito novinhas e
ainda não passaram pelo seu processo de envelhecimento, a união entre a elastina nessas fibras
elásticas e o colágeno é o que dá a característica de estruturação, resistência e espessura da
nossa pele, não é atoa, por exemplo, que um idoso ao longo do tempo, ele tende a ficar com a
pele mais fininha, tanto é que qualquer cortezinho, qualquer pancada, provoca um processo de
sangramento na pele de um idoso. Observa que geralmente tem aquelas mais enrugadinhas, não
tem tanta resistência e flexibilidade como tem a pele de um neném, por exemplo. Porque você
começa a ter um processo de degradação de todos esses elementos aqui que estamos vendo.

Além desses constituintes, é proteico encontramos, por exemplo: Glicosaminoglicanos, aonde o


mais famoso, o mais clássico deles é chamado de ácido hialurônico, e um deles é chamado de
sulfato de Dermatan.

Tem glicoproteína como fibronectina e tenascina.


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Essas glicoproteínas elas servem como processos de ancoragem entre os elementos. Porque se
observarmos aqui:

O que permite, por exemplo, que a epiderme não se descole da derme, são vários elementos,
entre eles a gente encontra fibronectina, tenascina, colágeno tipo 7, proteínas como quendilina e
assim por diante mantém a nossa pele colada uma na outra.Tanto é que tem uma patologia, assim
por diante. Mantendo nossa pele colada uma na outra, tanto é que tem uma patologia que afeta
essa afeta essa região da pele e qualquer impacto, seja um tapa, qualquer coisa, faz com que a
epiderme descole da nossa derme, chamada de síndrome de kindler, é raríssimo.
A forma mais expressiva dessa doença é chamada de epidermólise bolhosa, essa já um pouco
mais famosa, porque teve um caso alguns anos atrás, com o neto de uma pessoa famosa que
estava no avião as pessoas começaram a ficar preocupados, achando que estava com uma
doença infecciosa, só que ela estava levando esse netinho para o exterior, para fazer um
tratamento experimental para epidermólise bolhosa. A pele fica completamente destruída.
Relato pessoal do professor: Eu já fui em uma festinha de criança que só tinha essas crianças
com epidermólise bolhosa, tem uma ONG aqui no Rio de Janeiro, chamada é ONG das crianças
de borboleta que tratam especificamente de crianças que têm esse tipo de síndrome, porque, em
graus mais agressivos dessa patologia, a criança não consegue nem chegar à vida adulta.
Porque a pele não acompanha o crescimento do corpo da pessoa e ela não morre pela doença,
mas ela morre porque, como a pele começa a estourar e a fazer fissuras, abrir muitos locais da
pele, a pessoa acaba morrendo por sepse, a pessoa, acaba se contaminando com algum
microrganismo e acaba tendo um choque séptico por causa por causa disso. Então existem muitas
abordagens, muitos estudos tentando entender de fato como que esse processo, esse fenômeno
decorre e como que a gente consegue tratar e controlar um pouco mais esse processo.
Hoje em dia, as crianças usam uma redinha que afirme fica preso segurando a pelezinha, para
evitar que elas abram, porque criança quer brincar, quer correr.
E aí, qualquer queda pode significar, por exemplo, formação de uma lesão cutânea naquela
criança de escola completamente a pele dali.
Mas quando o grau da patologia é branda, tratando com vários cremes, hidratantes e processos
diferentes, a criança consegue ter uma vida bem longa.
E é exatamente aqui que encontramos uma quantidade de água altamente absurda, graças à
presença do ar, ácido hialurônico, do colágeno e de outros elementos, principalmente de fatores
de hidratação da pele que vão manter essa região hidratada. Entre esses fatores se encontra a
própria uréia.
A uréia é um metabólito de processos bioquímicos do nosso corpo que se a uréia tivesse ficado
localizada naquele processo metabólico, ela provocaria uma intoxicação tecidual.
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Mas lembra da lei de conservação das massas de lavoisier? Na natureza, nada se perde, nada se
cria, tudo se transforma.
A uréia, que é um produto metabólico de uma reação, como, por exemplo, uma respiração celular,
uréia, nem tanto, mas ácido cítrico, mas algum processo é metabólico de atividade celular. Se ela
ficasse restrita aquela região onde foi produzida, ela intoxicaria o tecido.
Mas o que que acontece? O corpo vai empurrando-a para cima, a gente tende a liberar uréia, por
exemplo, no suor, ácido lático, lactato, sim, é um produto, é do metabolismo da respiração celular,
mas o especificamente da respiração anaeróbia né, quando a gente já esgotou nosso estoque de
glicose, assim por diante.
Esse ácido lático, lactato é também um dos elementos que compõem o nosso fator de hidratação
natural da nossa pele, tanto é que, por exemplo, repara que quando a gente faz uma atividade
física e a gente sua em excesso, repara que a nossa pele ela fica mais amolecido, fica mais
hidratada, entre aspas, porque esses elementos são todos liberados pelo lado de fora e como eles
são elementos com uma capacidade de hidratação muito grande, a gente acaba mantendo, por
exemplo, nosso extrato córneo, que fica ressecado e descamando com o tempo, ele fica mais
hidratado.

O colágeno é a proteína natural do nosso corpo, ele provoca a durabilidade, elasticidade da nossa
pele e existem formas que a gente encontra de influenciar na viabilidade desse colágeno:

Ácido glicólico e ácido ascórbico: Tendem a aumentar a síntese desse colágeno.


Eu costumo dizer que nem aumenta no caso do ácido ascórbico sem ele não há síntese de
colágeno, tanto é que de tempos em tempos a gente precisa consumir vitamina C, que é o ácido
ascórbico, para que a gente mantenha estruturação eficiente dessas fibras.

Lazer de CO₂ e dermoabrasão: Tendem a afetar a estrutura desses colágenos, fazendo com que
eles se rompam, estourem.
E o que os fibroblastos entendem? Que bom, preciso produzir novas estruturas de colágeno.
É por isso que conseguimos formar o rejuvenescimento cutâneo através desse processo de
desestruturação do colágio.

Retinoides tópicos: Também reduz o dano ao colágeno, principalmente a influência excessiva da


radiação ultravioleta.

Sempre observamos quando olhamos no microscópio essas fibras de colágeno no seu estado
final amadurecido, porque o processo de formação do colágeno ele começa muito anterior e tem
vários estágios de formação desse colágeno, ele só vai se maturar de fato, do lado de fora da
nossa célula.
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Vimos anteriormente que o colágeno TIPO I é o mais predominante, mas a gente tem outros,
olha a quantidade de colágeno e tipos diferentes de colagem que a gente encontra na nossa
derme:

Colágeno TIPO III: de 10 a 15% da matriz.

Colágeno TIPO IV:

Colágeno TIPO V:

Colágeno TIPO VII: Que acabamos de comentar que é aquele que é afetado pelo transtorno de
kindler e também pela própria epidermólise bolhosa, porque ele acaba auxiliando nesse processo
de ancoragem na junção dermo-epidérmica.

Cada colágeno desse tem um papel elementar e fundamental na estruturação de cada tecido,
inclusive, tem determinados elementos que podem provocar e a desestruturação desses tipos
proteicos, inclusive levar uma determinada patologia é adquirida.
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A elastina além do colágeno, provoca o processo de elasticidade.


Se a gente também tem uma exposição solar muito intensa, não é só o colágeno que a gente
acaba afetando, a gente começa a degradar essas estruturas de elastina, ela não vai ficar mais
bonitinha, como estamos observando aqui:

Ela fica como se fosse uma estrutura completamente sem forma nenhuma, parece até uma
pasta, uma massa quando olhamos isso em uma lâmina histológica.
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As glicoproteínas, entre outras coisas, vão influenciar na migração e orientação dessas células.
Não somente na adesão delas e como que elas têm que se comportar espacialmente
(geograficamente) naquela região tecidual, onde está se observando a presença dessas micro
proteínas, as que acabam sendo mais que proeminentes, que encontramos bastante em
determinada análise metabólica tende a ser a fibronectina e a tenascina, elas desempenham uma
atividade altamente importante quando estamos falando no reparo de uma determinada lesão
cutânia, porque ela irá influenciar muito em uma dessas etapas que chamamos de remodelação
ou remodelamento tecidual, para que aquela pele consiga se recuperar, reestruturar
completamente, dependendo da extensão daquela lesão em que estamos observando.

Os glicosaminoglicanos, eles basicamente eu gosto de falar de muito, basicamente porque a


função deles é absolutamente essencial, mas o propósito é incide o glicosaminoglicano é garantir
que todas essas estruturas que a gente acabou de ver como a elastina, colágeno, estruturas
proteicas que mantém o arcabouço estrutural da nossa derme integro é fazer com que a água
fique aprisionada naquela determinada região.
Graças, por exemplo, à essas estruturas que a gente está observando, isso aqui tudo é ácido
hialurônico é toda uma estruturação de elementos o ácido hialurônico em si, ele é uma estrutura,
esse filetizinho aqui:
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Que acaba agregando, essas agrecanas, que são essas escovinhas que ficam na sua periferia.

Porque? Essas escovinhas elas contêm elementos sulfatados como, por exemplo, sulfato de
dermatan, sulfato de queratan, sulfato de condroitina, que a gente encontra, por exemplo, é no
ácido hialurônico da cápsula articular para manter a lubrificação e a hidratação daquela região.
Agora, porque que elas são tão importantes e porque o fato delas serem sulfatadas faz com que
explique a atividade elementar que elas exercem? Porque essa presença acentuada de enxofre
está quando eu falo de elementos sulfatados.
Quando falamos da presença de elementos sulfatados, estamos falando da presença de enxofre.
E o enxofre se olharmos na tabela periódica, ele é muito eletronegativo e isso faz com que a água
ao entrar em contato com essas regiões, ela não dissolva, não hidrolise essa estrutura, mas ela
realiza um fenômeno que a gente chama de solvatação, a água fica ao redor dessa estrutura sem
degradar essa estrutura por hidrólise, simplesmente, ele funciona como um íman de água para
manter a hidratação daquelas regiões.

E não se enganem, existem patologias que afetam, por exemplo, a síntese do ácido hialurônico.
Se eu não apresento ácido hialurônico de forma geral não só da pele mais, por exemplo, das
articulações, porque precisamos que elas fiquem lubrificadas para que não arranhemos cartilagem
com cartilagem e provoque, por exemplo, uma hostil artrose. Então se temos uma deficiência na
síntese do ácido hialurônico, a gente não mantém essas regiões tão hidratadas como elas
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deveriam estar. Isso faz com que os componentes daquela região tenham uma vida útil mais curta,
influenciando diretamente na estabilidade do tecido como um todo.

E por último temos o tecido subcutâneo, jogarei uma pequena polêmica para vocês, que é o
seguinte:
O tecido subcutâneo ser parte da pele não é um consenso acadêmico. Vocês vão encontrar em
determinadas literaturas a referência do tecido subcutâneo como sendo parte da pele e a não
identificação do tecido subcutâneo, como fazendo parte da pele.
Nas literaturas, por exemplo, de referência que a gente utiliza podemos observar que o tecido
subcutâneo sequer é referido como uma das um dos estratos que compõem a pele.
Porque? Porque o metabolismo e a, característica do tecido subcutâneo é completamente
diferente da derme e da epiderme que a gente acabou de ver. Basicamente, o tecido subcutâneo
é responsável por armazenar a gordura que a gente tem embaixo da nossa pele, que não deixa
de ser um estoque energético na ausência, por exemplo, do glicogênio, que é a nossa fonte
principal de energia. Se a gente esgota isso, a gente começa a recrutar esses adipócitos, quebrar
a gordura que estão presentes nesses adipócitos para transformá-las em corpos cetônicos. E é
daqui que a gente acaba extraindo esses elementos para ser uma fonte gerador de energia e não
é atoa que ele está distribuído ao longo do nosso corpo todo, porque a gente pode ter uma
demanda energética localizada em uma determinada região.
E aí, como ele está distribuído ao longo do nosso corpo inteiro, ele tem a capacidade, por exemplo,
de atuar mais diretamente a uma determinada região.
Sem falar que essa própria capa de gordura vai fazer com que, por exemplo, a gente tem um
processo de isolamento térmico.
Esse isolamento térmico vai fazer com que a gente mantenha o calor das estruturas que estão ali
adjacentes, aquela gordura, aí a gente já vai começar a entrar, por exemplo, na musculatura,
tendão, osso e assim por diante. Então mantém isolado aquela região é mais uma maneira de
garantir que qualquer impacto mecânico, por exemplo, tende a provocar o mínimo de lesão
possível nesses tecidos de estruturação corporal como um todo, os músculos, ossos e assim por
diante.
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Agora a gente entra em si no processo de reparo das lesões, Inicialmente dessas que vão
acometer o nosso tecido cutâneo, que são os nossos processos fisiológicos naturais para
recuperar uma determinada lesão, visando, reestruturar aquele processo de degradação que a
gente acabou de observar.
E esse processo de reparo ele pode acontecer por Regeneração ou por cicatrização.
A Regeneração é definida como a substituição do tecido lesionado por outro idêntico e idêntico
com relação à funcionalidade e morfologia, e isso só vai acontecer no caso, por exemplo, da pele,
se tivermos uma lesão superficial.
Você tem um processo de lesão que perfurou, por exemplo, o tecido subcutâneo, músculo, não
chegou no osso, mas chegou, por exemplo, no músculo, esse reparo de lesão vai gerar no final
das contas, uma cicatriz, porque foram tantos elementos e tantas células diferentes que foram
lesionadas que o processo de reintegração do tecido ele não vai acontecer de forma uniforme e
constante, ao ponto de você conseguir reinstituir completamente, aí é que vem o fenômeno da
cicatrização.
A Cicatrização é um tecido neoformado, ou seja, é um tecido novo, originados do estroma
conjuntivo ou da glia, dependendo de onde que estamos falando dessa cicatriz e que vai substituir
o tecido perdido.
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Então uma cicatriz é uma substituição, não é uma reformulação daquele tecido que foi que foi
lesionado de forma, por exemplo, superficial.
Se essa lesão é muito acentuada, iremos produzir um tecido completamente novo, com
características completamente variadas, e talvez para a pele, isso seja uma questão meramente
estética.
Eu vou me atrever a dizer meramente, porque dependendo da região e do grau de extensão, não
é só a estética da pele que acaba sendo influenciada, mas outras coisas, como por exemplo, a
formação de folículos pilosos, a formação de glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas,
elementos que são importantes para a secreção de metabólitos para o lado exterior, acabam
também sendo prejudicados por um processo de lesão. E Claro que a gente tem uma extensão
de pele muito grande, então esse processo vai ser compensado, mas não deixa de privar aquela
determinada região dessa atividade metabólica, desses, outros elementos que compõem o
sistema tegumentar.

Como que eu sei, se um tecido ele se regenera ou ele cicatriza? Dependendo das células que
constitui aquele tecido, dependendo da capacidade que essas células têm de realizar mitose, ou
seja, se multiplicar, é o que vai determinar se um tecido específico tende a cicatrizar ou tende a
se regenerar.
Como que identificamos quais tecidos tem a capacidade ou não de se regenerarem, ou apenas
provocarem algum tipo de cicatriz, isso está relacionado com a característica celular que
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compõem cada tecido, então a gente consegue separar as células em três grandes grupos com
capacidade mitótica:
Células Lábeis: Elas têm uma atividade mitótica muito acentuada, como as células epiteliais,
mucosas, ductos, pele, tecido hematopoiético.

Células Estáveis: Elas até se regeneram, mas depende muito do estímulo que incide sobre elas,
como é o caso do fígado, osso, pâncreas, rim e cartilagem, não é toda a cartilagem, por exemplo,
da cartilagem hialina, existem outras que conseguem cicatrizar, que conseguem se regenerar.

Células Permanentes: Existem células, tecidos que não se regeneram de jeito nenhum, eles
provocam eventos de cicatrização, quando não cicatriza, são substituídos por alguma outra célula
que vai assumir o papel que que aquela célula que foi lesionada, acabou perdendo, como é o caso
dos neurônios, músculo liso e músculo e estriado.
No caso dessas células, existem grupos de células satélites que orbitam próximos ali, de cada
tecido desse, que acaba assumindo o papel de uma célula desse tecido que acabou padecendo,
então, por exemplo, você quis e acabou tendo uma lesão em algum neurônio, a lesão, por
exemplo, em alguma região da musculatura lisa ou da musculatura estriada. Você não terá um
novo neurônio, você não terá novo miócito (que é cela da musculatura), você terá o recrutamento
de uma célula satélite que está literalmente ali na periferia do tecido, para ocupar aquele espaço
e mimetizar as fusões daquela célula que morreu.
Mimetizar as atividades, como se fosse uma carta coringa que esses tecidos apresentam para
poder não perder completamente a funcionalidade.

E tudo isso mesmo essas células que têm a capacidade de, se é regenerar, tudo isso mais uma
vez, vai depender da extensão daquela lesão e é por isso que conseguimos classificar as etapas
de um processo de cicatrização, principalmente cutânea com relação a algumas manifestações
diferentes:

1º PARTE DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO É A INFLAMAÇÃO.


Porque se têm a inflamação? Porque eu vou trazer junto com o processo inflamatório, vários
elementos que são importantes para a neoformação de algum elemento, liberação de mediadores
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provenientes do coágulo, das células aprisionadas, do tecido conjuntivo das bordas e das células
epiteliais das margens da lesão, liberação de IL-1, TNFa por macrófago.
Exposição de molécula de adesão, que vai ser estimulada, por conta desse processo de
inflamação.
É preciso sabermos que a inflamação tem papéis extremamente importantes na manutenção de
uma de uma determinada atividade metabólica tecidual.
Vasodilatação arteriolar, vimos que alguns elementos inflamatórios, algumas eicosanoides,
principalmente, atuam de forma muito direta nesse processo de vasodilatação por liberação de
taquicininas dos processos de terminação nervosa e histamina que vai ser liberada pelos
mastócitos para poder fazer todo aquele processo de aumento da permeabilidade vascular,
vasodilatação e assim por diante, para poder permitir que as células, que os leucócitos atingiram
aquela região.
A primeira fase, então, do processo de cicatrização é inflamação, isso também podemos
acompanhar a olho nu, a próxima vez que vocês se lesionarem, não precisa ser uma lesão tão
grande, mas uma lesão que já deixa sangrando, por exemplo, a região que foi lesionada, vamos
perceber o processo inflamatório com vermelhidão em volta da região, dor, inchaço, todos os sinais
cardinais da inflamação. Depois do processo inflamatório com o tempo, veremos a formação
tecidual (fase proliferativa).

2º PARTE DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO É A FORMAÇÃO TECIDUAL QUE É A FASE


PROLIFERATIVA.
Elas vão começar a se organizar de tal forma naquela região para poder produzir todos esses
elementos e fatores de crescimento que vão influenciar na neoformação daquele tecido, liberação
de fator de crescimento por macrófagos, formação de novos vasos, fatores de crescimento +
TFNa, células endoteliais formam broto em direção ao coágulo.
Para começar a fazer o quê? Degradar aquele coágulo e dar lugar a uma nova formação daquele
tecido que está se estruturando.

A ÚLTIMA FASE DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO É A REMOÇÃO TECIDUAL OU A FASE


DE REMODELAGEM.
Aqui tem o aumento da quantidade de colágeno, substituição do colágeno, TIPO I para o colágeno
TIPO III (que é mais grosso).
Redução da capilarização porque naquele momento não precisa mais de vaso ali nas
extremidades é mais periféricas da sua epiderme.
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Redução das células inflamatórias, todos voltando para casa e aí aquele processo de cicatrização
começa a ser contraído e a célula vai se formando novamente, deixando de dar lugar a uma cicatriz
para que ela, dependendo da extensão da lesão, se regenere por completo.
Quando tudo isso que acabamos de falar, teremos dois tipos de processo desregulado de
cicatrização: Hipertrófica e Quelóide.

Ambas as formas ações é dessa cicatrização acentuada é por uma expressiva concentração de
tecido conjuntivo denso nesse processo de cicatrização, o tecido conjuntivo denso, traz consigo a
síntese acentuada de colágeno, por isso que fica dessa forma e fica com uma caracterização
completamente diferente.

HIPERTRÓFICA: A lesão, a cicatrização hipertrófica ela É classificada como reversível, porque


nesse estágio que ela está, talvez, dependendo das condições estimulantes da pele, essa cicatriz
ela talvez suma um tempo.

QUELÓIDE: Ele não vai sumir com o tempo, para tirarmos o quelóide de uma determinada região,
precisamos fazer um processo cirúrgico para remoção daquele quelóide e aí isso por si só, já vai
fazer com que a gente produza um quelóide novo (então pensa nisso). Só que quando a gente
remove fisicamente, cirurgicamente aquele quelóide dali, precisamos junto desse processo vir com
outras terapias vinculadas.

Hoje temos 2 tipos de terapia que são muito utilizadas para poder reverter o processo de
quelóide:

1º Beta Terapia: Envolve a submeter aquela região à uma terapia radioativa.


O que que acontece? O médico, ele vai chegar e tem uma placa metálica, acho que de estrôncio
e ele simplesmente fica tocando com essa placa naquela região de cicatriz.
O que que isso vai fazer acontecer? Que se reduza atividade metabólica daquela região e que
volte, regrida um pouco aquele processo de recuperação.

2º Remoção Direta: Vai chegar no médio e ele vai pegar um bisturi, vai cortar aquele quelóide. E
aí junto disso, ele vai começar a aplicar uma infusão massiva de corticoide naquela região.
Porque corticoide? Porque o corticoide vai evitar a atividade inflamatória de forma altamente
acentuada, ele é muito mais potente do que outros antiinflamatórios, e ele ainda vai acabar
minimizando a atividade do sistema imunológico naquela região para poder diminuir um pouco
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esse processo de remodelação tecidual, para pelo menos conseguir chegar num estágio de lesão
hipertrófica, de cicatrização hipertrófica.

Olha um corte histológico, por exemplo, de uma cicatrização tanto hipertrófica quanto queloidal,
isso tudo rosa claro aqui é a derme. Olha como é que fica uma espessura altamente intensa dessa
derme, já vimos lâminas histológicas de tecido cutâneo íntegro, que não passou por um processo
patológico, a gente observa, por exemplo, que ela tem uma constituição de tecido conjuntivo
altamente intenso. E aqui esse roxo mais intenso é a nossa epiderme.

Olha a diferença de espessura de um para outro, e porque aqui não tem a característica dos
estratos epidérmicos, que serão influenciados por conta dessa atividade.
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O que isso tem a Regeneração hepática, né? Isso é uma coisa que todo mundo adora. Brincar.
Com relação à capacidade regenerativa do fígado, mas o fígado só consegue se regenerar até um
determinado grau de lesão então, por exemplo, se a gente tem a ressecção de 1/3 do fígado, o
que que acontece ele? Ele nem se regenera propriamente dito, os próprios hepatócitos que
compõem aquela região ali que foi adjacentes, aquela região que acabou sendo comprometida.
Eles aumentam de tamanho, passando por um processo de hipertrofia. Por que que uma célula
geralmente hipertrofia para atender a demanda metabólica que aquele tecido está exigindo, então
esses hepatócitos, se a gente consegue perder é 1/3 do fígado, ele nem se dá ao trabalho de
produzir mais tecido novo, ele simplesmente aumenta o seu tamanho para atender a atividade
metabólica tranquilamente que o tecido hepático demanda.

Agora se chegamos a comprometer 2/3 do fígado, a gente já começa a ter uma hiperplasia, que é
quando aumenta a capacidade de mitose desses hepatócitos agentes começam a produzir mais
e mais e mais para reestruturar o fígado como um todo.

Agora, se começamos a comprometer de 80 a 90% do tecido hepático, temos um processo


completamente diferente, temos um recrutamento de célula epitelial biliar, essa célula epitelial
biliar, ela vai dar um gatilho estimulante para uma célula tronco hepática produzir uma célula, um
hepatócito distinto e outra célula epitelial biliar distinta.
Essa célula tronco hepática vai acabar produzindo 2 células distintas,. E esse processo é um
pouco mais demorado. Sem que ao passo que a gente tá esperando o fígado se regenerar por
completo a gente tá precisando metabolizar.
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REGENERAÇÃO DO TECIDO OSTEOCARTILAGINOSO

No caso do osso a gente consegue separar a partir de uma estrutura que a gente chama de
periósteo.

PERIÓSTEO: Ele se localiza na periferia do tecido ósseo e ele é recrutado quando a gente acaba
tendo uma lesão muito mais intensa. Porque o periódico, ele vai acabar sendo o modulador, o
capataz de trabalho dessas células, então ele ficará “trabalha, trabalha, trabalha, recupera,
recupera, recupera”, ele é que vai acabar dando ritmo de regeneração daquele tecido.
Temos a partir de uma lesão cartilaginosa, esse mesmo processo que acabamos de ver do
periósteo, sendo realizada por uma estrutura chamada de pericôndrio.

Pericôndrio: Vamos encontrar também na periferia desses tecidos cartilaginosos, mas no caso da
presença em cartilagem e hialina, só existe um momento de vida dessa cartilagem ao ambiente
vai encontrar pericôndrio que é quando a gente está se formando, quando estamos ainda
bebezinho, os nossos ossos não passam de um molde cartilaginoso mais denso para começar a
ser ocupado pelas células do osso e começar a se mineralizar.
Só temos pericôndrio nesse momento, maturou a cartilagem Hialina na não vai apresentar mais
pericôndrio, a gente só encontra pericôndrio na cartilagem fibrosa, na cartilagem elástica e na
hialina não encontramos porque ela é completamente brindada por uma cápsula.
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