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O “filme quanto vale ou é por quilo? “dirigido pelo cineasta Sérgio Bianchi e com adaptação do conto "Pai contra mãe” de Machado de
Assis, apresenta uma relação do contexto histórico e social do século XVIII com a realidade atual do Brasil, sintetizando a exploração
da miséria para a obtenção de lucros. O filme apresenta a realidade dos escravos perante aos seus senhores, o seu modo de
sobrevivência e o seu tratamento, como uma mercadoria que podia ser negociado a qualquer momento, valorizando ou sendo
desvalorizado. Contudo, não obstante, ao passado do século XVIII, o autor faz uma analogia dos “negros” dos dias atuais com a
realidade dos escravos na época da escravidão, comparando e comprovando a desigualdade social e econômica da sociedade
brasileira no tocante a essa classe, que afinal de contas, são a maioria no País. Nesse sentido, a miséria e a pobreza dão conta de se
fazer presente no dia a dia dessas pessoas desmoralizadas e abandonadas pelas políticas públicas do governo. As cenas e os
acontecimentos no filme vão se passando e vimos o quanto a injustiça humana controlada e organizada por uma diferença de cor,
ditas superiores e egoístas ao longo do tempo, ainda perduram na realidade de milhões de pessoas negras que por sua cor são,
diariamente, vítimas da omissão e descaso da consciência humana, da cidadania e da história do Brasil. Assim, diante de pessoas
com más intenções e calculistas, a raça negra é vista como uma fonte de renda modernizada, caracterizada por uma organização
social especializada em captar recursos do governo, na retórica de dar dignidade a essas pessoas mais pobres e sedentas. O filme
denuncia o sistema de organizações sociais como uma farsa, trazendo ao público como é feita a manutenção e a exploração da
miséria para o rendimento de empresas e consequentemente, de empresários que financiam o esquema. O superfaturamento, caixa
dois, corrupção e extorsão são características presentes nas implementações de projetos sociais nas comunidades, planejadas diante
de um grupo de pessoas que usam o marketing como uma ferramenta essencial para esconder as sujeiras e os rombos deixados nas
atividades e em sua execução. O esquema não abre brechas para o diálogo na tentativa de resolver o problema com honestidade,
mas aumenta o seu faturamento negociando a liberdade das comunidades pobres. Portanto, a esperança depositada para essas
organizações, que na sua essência, o objetivo é prestar serviços às comunidades com projetos e benfeitorias, vai se perdendo ao
longo do tempo e a pobreza de mãos dadas com a miséria soam ardentemente na vida da população negra e vulneráveis no Brasil. O
filme é muito rico em repassar a existência da condição da miséria, abrindo as portas para organizações sociais lucrarem, usa uma
linguagem simples e acessível, mas ao mesmo tempo, exige um conhecimento histórico do período da escravidão associado a