Direito
sentença falimentar
~
Empresarial
Denegação da falência
Nem toda sentença denegatória cabe
indenização por perdas e danos, apenas se
houver situação de deliberada má-fé por parte
do credor autor do pedido.
 O recurso contra a sentença
denegatória é a apelação (art. 100,
LRF).
Motivos que podem ocasionar a denegação da
falência:
 Improcedência do pedido – nessa
hipótese, o autor do pedido que arca
com o ônus sucumbencial (custas e
honorários advocatícios). Além disso,
o autor ainda pode ser condenado a
pagar indenização ao devedor, caso o
juiz entenda que a ação falimentar foi
requerida por aquele com a intenção
de causar constrangimento ao réu.
Nesse caso, dispõe o art. 101 da Lei
11.101/2005:
Art. 101. Quem por dolo requerer a falência
de outrem será condenado, na sentença que
julgar improcedente o pedido, a indenizar o
devedor, apurando-se as perdas e danos em
liquidação de sentença.
§1º Havendo mais de 1 (um) autor do pedido
de falência, serão solidariamente responsáveis
aqueles que se conduziram na forma prevista
no caput deste artigo.
§2º Por ação própria, o terceiro prejudicado
também pode reclamar indenização dos
responsáveis.
 Realização do depósito elisivo – nesse
caso, o pedido do autor foi julgado
procedente, e, por isso, é o devedor
quem deve arcar com os ônus
sucumbenciais e levantar a quantia
depositada, de acordo com o
determinado pelo juiz na sentença.
Contudo, não obstante a procedência
do pedido, a falência será denegada.
Feito o depósito, o devedor ainda tem
a possibilidade de contestar. Se o juiz
acolher seus argumentos, ele terá sua
falência denegada não em razão do
depósito elisivo, mas sim da
improcedência do pedido do autor.
OBS: A sentença denegatória encerra o
processo de falência.
Decretação da falência
Mediante essa decretação todos os efeitos da
falência serão observados.
Observação!
Há duas sentenças nesse processo: a que
decreta a falência e a que finaliza o processo
falimentar.
 O recurso contra a sentença
declaratória é o agravo de instrumento,
 pois esse processo não tem efeito de
sentença (art. 100, LRF).
 Os efeitos da sentença declaratória de
falência são constitutivos, visto que
não é a sentença que finaliza do
processo.
 Essa sentença tem efeitos não
retroativos, ou seja, “Ex Nunc”.
A fase preliminar encerra-se com uma
sentença que pode decretar ou denegar a
falência.
 Ao denegar a falência ocorre uma
decisão final (conteúdo e efeito de
sentença).
 Ao decretar a falência, tal ato inaugura
o processo de execução coletiva
(conteúdo de sentença e efeito de
decisão interlocutória).
 O recurso contra a sentença
declaratória de falência não tem efeito
suspensivo, ou seja, mesmo
recorrendo a sentença, os efeitos vão
continuar acontecendo.
Efeitos da declaração de
falência:
 A declaração de falência reflete em
todos os processos em que o devedor
empresário seja parte.
 Altera o Estado jurídico do falido,
deixando de ser empresa e passando a
ser empresa falida.
 O patrimônio passa a ter o nome de
“massa falida” (essa massa falida é
uma universidade de direito, conjunto
de bens representado por um
administrador judicial).
 Impõe uma investigação cível e
criminal dos atos praticados pelo
devedor.
 Substitui o falido pelo administrador
judicial.
OBS: A falência é um estado jurídico e não
econômico.
OBS: A falência é um estado de direito e não
de fato.
OBS: encerra a fase de conhecimento e inicia-
se a fase executória.
Sentença declaratória – Providências
processuais:
 Os efeitos da sentença declaratória de
falência não retroagem, porém, para
proteger o credor, o juiz pode fixar o
termo legal (período suspeito) da
falência, após a citação, pegando
algumas situações que geram prejuízos
aos credores, sem poder retroagi-lo
por mais de 90 dias.
 Ordenará o falido que apresente, no
prazo máximo de 5 (cinco) dias a
relação nominal dos credores.
 Explicitará o prazo para habilitações
de créditos.
 Ordenará a suspensão de todas as
ações ou execuções contra o falido.
 Determinará as diligencias necessárias
para salvaguardar os interesses das
partes envolvidas, podendo ordenar a
prisão preventiva.
 Falência do sócio de responsabilidade
ilimitada e sua citação.
 Apuração de eventual
responsabilidade dos sócios de
responsabilidade limitada.
 Inabilitação empresarial – o
empresário não poderá mais exercer o
regime empresarial por determinado
tempo.
 Perda do direito de administração dos
bens e disponibilidade sobre eles
(formação da massa falida).
 Não poder ausentar-se do lugar da
falência sem autorização judicial.
 Comparecimento a todos os atos de
falência.
 Suspensão do direito ao sigilo de
correspondência e ao livre exercício
da profissão.
 Dever de colaboração, não tornando o
processo uma lide.
Art. 81. A decisão que decreta a falência da
sociedade com sócios ilimitadamente
responsáveis também acarreta a falência
destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos
jurídicos produzidos em relação à sociedade
falida e, por isso, deverão ser citados para
apresentar contestação, se assim o desejarem.
Art. 82. A responsabilidade pessoal dos
sócios de responsabilidade limitada, dos
controladores e dos administradores da
sociedade falida, estabelecida nas respectivas
leis, será apurada no próprio juízo da falência,
independentemente da realização do ativo e
da prova da sua insuficiência para cobrir o
passivo, observado o procedimento ordinário
previsto no Código de Processo Civil.
§ 1 º Prescreverá em 2 (dois) anos, contados
do trânsito em julgado da sentença de
encerramento da falência, a ação de
responsabilização prevista no caput deste
artigo.
§ 2º O juiz poderá, de ofício ou mediante
requerimento das partes interessadas, ordenar
a indisponibilidade de bens particulares dos
réus, em quantidade compatível com o dano
provocado, até o julgamento da ação de
responsabilização.
Art. 82-A. É vedada a extensão da falência ou
de seus efeitos, no todo ou em parte, aos
sócios de responsabilidade limitada, aos
controladores e aos administradores da
sociedade falida, admitida, contudo, a
desconsideração da personalidade jurídica.  C. o nome do contador encarregado da
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer
qualquer atividade empresarial a partir da
decretação da falência e até a sentença que
extingue suas obrigações, respeitado o
disposto no § 1º do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de
inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz
da falência que proceda à respectiva anotação
em seu registro.
Art. 103. Desde a decretação da falência ou
do sequestro, o devedor perde o direito de
administrar os seus bens ou deles dispor.
Parágrafo único. O falido poderá, contudo,
fiscalizar a administração da falência,
requerer as providências necessárias para a
conservação de seus direitos ou dos bens
arrecadados e intervir nos processos em que a
massa falida seja parte ou interessada,
requerendo o que for de direito e interpondo
os recursos cabíveis.
Art. 104. A decretação da falência impõe aos
representantes legais do falido os seguintes
deveres:  
I – assinar nos autos, desde que intimado da
decisão, termo de comparecimento, com a
indicação do nome, da nacionalidade, do
estado civil e do endereço completo do
domicílio, e declarar, para constar do referido
termo, diretamente ao administrador judicial,
em dia, local e hora por ele designados, por
prazo não superior a 15 (quinze) dias após a
decretação da falência, o seguinte: 
A. as causas determinantes da sua
falência, quando requerida pelos
credores;
B. tratando-se de sociedade, os nomes e
endereços de todos os sócios,
acionistas controladores, diretores ou
administradores, apresentando o
contrato ou estatuto social e a prova
do respectivo registro, bem como suas
alterações;
escrituração dos livros obrigatórios;
D. os mandatos que porventura tenha
outorgado, indicando seu objeto, nome
e endereço do mandatário;
E. seus bens imóveis e os móveis que não
se encontram no estabelecimento;
F. se faz parte de outras sociedades,
exibindo respectivo contrato;
G. suas contas bancárias, aplicações,
títulos em cobrança e processos em
andamento em que for autor ou réu;
II – entregar ao administrador judicial os seus
livros obrigatórios e os demais instrumentos
de escrituração pertinentes, que os encerrará
por termo;
III – não se ausentar do lugar onde se
processa a falência sem motivo justo e
comunicação expressa ao juiz, e sem deixar
procurador bastante, sob as penas cominadas
na lei;
IV – comparecer a todos os atos da falência,
podendo ser representado por procurador,
quando não for indispensável sua presença;
V – entregar ao administrador judicial, para
arrecadação, todos os bens, papéis,
documentos e senhas de acesso a sistemas
contábeis, financeiros e bancários, bem como
indicar aqueles que porventura estejam em
poder de terceiros;
VI – prestar as informações reclamadas pelo
juiz, administrador judicial, credor ou
Ministério Público sobre circunstâncias e
fatos que interessem à falência;
VII – auxiliar o administrador judicial com
zelo e presteza;
VIII – examinar as habilitações de crédito
apresentadas;
IX – assistir ao levantamento, à verificação do
balanço e ao exame dos livros;
X – manifestar-se sempre que for determinado
pelo juiz;
XI – apresentar ao administrador judicial a
relação de seus credores, em arquivo
eletrônico, no dia em que prestar as
declarações referidas no inciso I que tenham sido retirados do patrimônio do
do caput deste artigo;
XII – examinar e dar parecer sobre as contas
do administrador judicial.
Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de
quaisquer dos deveres que esta Lei lhe impõe,
após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá
o falido por crime de desobediência.
Sentença declaratória – Providências da
publicização:
 Proibirá a prática de atos de
disposição ou oneração de bens do
falido.
 Nomeará o administrador judicial.
 Pronunciar-se-á respeito da
continuação provisória das atividades
do falido com o administrador judicial
ou da lacração do estabelecimento.
 Conterá a síntese do pedido, a
identificação do falido e o nome dos
seus administradores.
 Ordenará o registro público de
empresas que proceda a anotação da
falência no registro do devedor, para
que conste a expressão “falido”, a data
da decretação da falência e a
inabilitação do falido.
 Determinará a expedição de ofícios
aos órgãos e repartições públicas e
outras entidades para que informem a
existência de bens e direitos do falido.
 Ordenará a intimação do Ministério
Público e a comunicação por carta às
Fazendas Públicas Federais e de todos
os Estados e Municípios.
OBS: As partes interessadas do processo não
serão intimadas com o aviso da ocorrência da
falência, apenas as Fazendas Públicas, sendo
assim estas deverão apresentar-se como
interessadas.
Termo legal;
Os credores poderão perseguir bens e valores
falido antes da decretação:
1) Ação revocatória – com a devida
comprovação de fraude praticada pelo
devedor empresário (atos revogáveis –
trata da ineficácia
2) A declaração de ineficácia dos atos
praticados pelo falido, em que a fraude
é presumida pela lei, atos ineficazes
(ineficácia objetiva – art. 129).
Art. 99. A sentença que decretar a falência do
devedor, dentre outras determinações:
II – fixará o termo legal da falência, sem
poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa)
dias contados do pedido de falência, do
pedido de recuperação judicial ou do 1º
(primeiro) protesto por falta de pagamento,
excluindo-se, para esta finalidade, os
protestos que tenham sido cancelados;
Art. 129 São ineficazes em relação à massa
falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-
financeira do devedor, seja ou não intenção
deste fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas
realizado pelo devedor dentro do termo legal,
por qualquer meio extintivo do direito de
crédito, ainda que pelo desconto do próprio
título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e
exigíveis realizado dentro do termo legal, por
qualquer forma que não seja a prevista pelo
contrato;
III – a constituição de direito real de garantia,
inclusive a retenção, dentro do termo legal,
tratando-se de dívida contraída anteriormente;
se os bens dados em hipoteca forem objeto de
outras posteriores, a massa falida receberá a
parte que devia caber ao credor da hipoteca
revogada;
Art. 129 – São ineficazes em relação à massa
falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-
financeira do devedor, seja ou não intenção
deste fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas
realizado pelo devedor dentro do termo legal,
por qualquer meio extintivo do direito de
crédito, ainda que pelo desconto do próprio
título;
 Exemplo – O banco tem uma dívida
com a empresa que ainda vai vencer
em 2022, e oferece um desconto de
40% se o devedor fizer o pagamento
antecipado.
II – o pagamento de dívidas vencidas e
exigíveis realizado dentro do termo legal, por
qualquer forma que não seja a prevista pelo
contrato;
 Exemplo – O contrato exige que a
forma de pagamento seja em dinheiro,
e o devedor resolve realiza-lo com
maquinários pertencentes a empresa.
III – a constituição de direito real de garantia,
inclusive a retenção, dentro do termo legal,
tratando-se de dívida contraída anteriormente;
se os bens dados em hipoteca forem objeto de
outras posteriores, a massa falida receberá a
parte que devia caber ao credor da hipoteca
revogada;
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2
(dois) anos antes da decretação da falência;
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2
(dois) anos antes da decretação da falência;
VI – a venda ou transferência de
estabelecimento feita sem o consentimento
expresso ou o pagamento de todos os
credores, a esse tempo existentes, não tendo
restado ao devedor bens suficientes para
solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30
(trinta) dias, não houver oposição dos
credores, após serem devidamente
notificados, judicialmente ou pelo oficial do
registro de títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de
transferência de propriedade entre vivos, por
título oneroso ou gratuito, ou a averbação
relativa a imóveis realizados após a
decretação da falência, salvo se tiver havido
prenotação anterior.
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser
declarada de ofício pelo juiz, alegada em
defesa ou pleiteada mediante ação própria ou
incidentalmente no curso do processo.
Obrigações do falido:
As obrigações passam a submeter-se a um
novo regime legal – art. 115, LRF.
Art. 115 – A decretação da falência sujeita  Suspensão do direito de retirada – o
todos os credores, que somente poderão sócio não poderá se retirar após a
exercer os seus direitos sobre os bens do decretação da falência, esse direito é
falido e do sócio ilimitadamente responsável temporariamente suspenso, visto que
na forma que esta Lei prescrever. ao se retirar o sócio leva uma certa
quantidade de capital (art. 116, II,
 Vencimento antecipado das dívidas –
LRF);
Para dar liquidez e executividade das
 Suspensão da cobrança de juros – após
dívidas, o vencimento será no dia da
a decretação da falência a cobrança de
decretação da falência; tratando-se de
juros é suspensa, só poderão ser pagos
uma execução coletiva os créditos
depois que todos os credores tiverem
habilitados devem ter liquidez, certeza
suas dívidas quitadas (art. 124, LRF);
e exigibilidade imediata de todas as
 Suspensão da prescrição até o
dívidas do falido (art. 77, LRF);
encerramento da falência – ficará
 Conversão da dívida em moeda
suspensa desde a sentença que decreta
estrangeira para moeda nacional – art.
até o trânsito em julgado da sentença
77, LRF;
de encerramento falimentar (art. 6º,
 Sujeição de todos os credores ao juízo
LRF).
falimentar – art. 115, LRF;
Observação – Dívidas que não vencem
OBS – Há dois tipos de sujeição:
antecipadamente:
Sujeição material (universalização absoluta) –
 Obrigações condicionais – situações
formação de um caixa único no juízo
que podem acontece, mas não podem
falimentar; arrecadam-se todos os bens;
ser antecipadas. Essa dívida é
atraem-se todos os credores; desconstituem-se
“jogada” em suspenso e só vai ser
arrestos, sequestros, apreensões e penhoras;
inserida na falência se ocorrer a
qualquer pagamento em outro lugar é nulo,
condição imposta.
não tem exceções.
 Obrigações com devedores solidários
Sujeição processual (relativa) – ações e – não pode ser cobrada
execuções contra o falido. antecipadamente, então será “jogada”
em suspenso para respeitar a
Há exceções: execução fiscal, ações de
solidariedade e não prejudicar o
conteúdo não patrimonial, ações em que o
devedor solidário.
falido seja autor, ações que demandam
 Obrigações bilaterais – ambos os lados
quantia líquida, e ações trabalhistas em
tem ações a serem exigidas, não
curso (art. 76, LRF).
podem ser vencidas antecipadamente
 Suspenção das ações de execução pois os contratos precisam passar por
contra o falido – “Par Conditio uma regulação do Administrador
Creditorum”, não pode haver Judicial, e ele decidirá se são
diferentes execuções com relação a extinguidas ou não tais obrigações.
falência;
OBS: Havendo saldo em favor da massa, após
 Compensação das obrigações do
quitados todos os credores, é possível
falido vencidos antes da decretação –
pagamento da diferença.
existe um planejamento específico,
autorizado por lei, para esse tipo de
compensação (art. 368 CC + art. 122,
Contratos do falido:
LRF). Contratos unilaterais:
Quando o falido é credor da obrigação – o
contrato será cumprido, pois a massa falida
terá o benefício, substituindo a empresa ré
pelo Administrador Judicial.
Quando o falido é devedor da obrigação – o
contrato não será cumprido.
OBS – Exceção (com autorização do comitê
de credores):
 Se o contrato – reduzir o passivo;
 Se o contrato – evitar o aumento do
passivo;
 Se o contrato – for necessário para a
operação das máquinas ou insumos da
empresa.
Contratos bilaterais:
Nesse contrato o falido é credor e devedor,
não podendo o interromper unilateralmente
sem arcar com as consequências.
 O administrador judicial, com
autorização do comitê de credores,
decidirá se a empresa irá cumprir ou
não com o contrato.
 Esses contratos poderão ser
rescindidos unilateralmente pelo
falido, desde que haja passagem pelo
administrador judicial e pelo comitê
de credores para análise.
Se o administrador judicial decidir pelo
cumprimento do contrato – as partes se
mantém submetidas aos termos do contrato e
as obrigações não terão seu vencimento
antecipado.
Se o administrador judicial decidir pelo não
cumprimento do contrato – o contrato será
rescindido e créditos poderão ser habilitados
na falência.
OBS: Os credores podem interpelar o
administrador judicial, provocando sua
manifestação quanto a continuação ou não do
contrato, o prazo para essa interpelação é de
90 (noventa) dias desde a nomeação do AJ.
Logo, o prazo para resposta deste é de 10
(dez) dias.
 Art. 117, § 2º A declaração negativa
ou o silêncio do administrador judicial
confere ao contraente o direito à
indenização, cujo valor, apurado em
processo ordinário, constituirá crédito
quirografário.
Art. 75. A falência, ao promover o
afastamento do devedor de suas atividades,
visa a:
I – preservar e a otimizar a utilização
produtiva dos bens, dos ativos e dos recursos
produtivos, inclusive os intangíveis, da
empresa;
II – permitir a liquidação célere das empresas
inviáveis, com vistas à realocação eficiente de
recursos na economia; e
III – fomentar o empreendedorismo, inclusive
por meio da viabilização do retorno célere do
empreendedor falido à atividade econômica.
§ 1º O processo de falência atenderá aos
princípios da celeridade e da economia
processual, sem prejuízo do contraditório, da
ampla defesa e dos demais princípios
previstos na Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil).
§ 2º A falência é mecanismo de preservação
de benefícios econômicos e sociais
decorrentes da atividade empresarial, por
meio da liquidação imediata do devedor e da
rápida realocação útil de ativos na economia.
Ordem de pagamento das
dívidas:
Pagamentos prioritários – art. 150 e art. 151,
LRF.
 Art. 150. As despesas cujo pagamento
antecipado seja indispensável à
administração da falência, inclusive na
hipótese de continuação provisória das
atividades previstas no inciso XI do
caput do art. 99 desta Lei, serão pagas
pelo administrador judicial com os
recursos disponíveis em caixa.
 Art. 151. Os créditos trabalhistas de
natureza estritamente salarial vencidos
 nos 3 (três) meses anteriores à
decretação da falência, até o limite de
5 (cinco) salários-mínimos por
trabalhador, serão pagos tão logo haja
disponibilidade em caixa.
OBS: Ainda há uma discussão doutrinária e
jurisprudencial sobre a ordem desses
pagamentos prioritários, mas pelo principio
constitucional da dignidade da pessoa
humana, os créditos trabalhistas (art. 151)
devem vir primeiro na ordem.
Fila prioritária – crédito extraconcursal (art.
84)
Art. 84. Serão considerados créditos
extraconcursais e serão pagos com
precedência sobre os mencionados no art. 83
desta Lei, na ordem a seguir, aqueles
relativos:
I - A – às quantias referidas nos arts. 150 e
151 desta Lei;
I - B – ao valor efetivamente entregue ao
devedor em recuperação judicial pelo
financiador, em conformidade com o disposto
na Seção IV- A do Capítulo III desta Lei;
 “Dip financing” – financiamento a
empresas em recuperação judicial, a
ideia é que os bancos emprestem
dinheiro para essas empresas e terem
preferência na ordem de pagamento.
I - C – aos créditos em dinheiro objeto de
restituição, conforme previsto no art. 86 desta
Lei;
 Restituir é devolver algo não
pertencente, desse modo haverá a
restituição de valores em dinheiro de:
I) bens, propriedade de terceiro,
arrecadado durante o processo de
falência; bem, II) vendido a crédito, e
entregue ao devedor nos 15 dias
anteriores a decretação da falência;
III) importância entregue ao devedor
em moeda corrente nacional,
decorrente de adiantamento a contrato
de câmbio para exportação; IV)
quando o juiz declara a ineficácia de
ato praticado pelo falido antes da
decretação, caso em que as partes
retornarão ao estado anterior, e o
contratante de boa-fé terá direito à
restituição dos bens ou valores
entregues ao devedor. V)
contribuições sociais devidas pelos
empregados, que o devedor falido
devia ter descontado dos seus salários
e recolhido.
I - D – às remunerações devidas ao
administrador judicial e aos seus auxiliares,
aos reembolsos devidos a membros do
Comitê de Credores, e aos créditos derivados
da legislação trabalhista ou decorrentes de
acidentes de trabalho relativos a serviços
prestados após a decretação da falência;
 Remuneração do AJ, auxiliares,
membros do comitê de credores e
serviços prestados após a falência.
I - E – às obrigações resultantes de atos
jurídicos válidos praticados durante a
recuperação judicial, nos termos do art. 67
desta Lei, ou após a decretação da falência;
 Privilégios para pessoas que
acreditaram na empresa mesmo após a
decretação da recuperação judicial ou
decretação falimentar.
II – às quantias fornecidas à massa falida
pelos credores;
 A massa falida pode, com anuência do
AJ e o comitê de credores, fechar
contrato com os credores
quirografários já habilitados.
III – às despesas com arrecadação,
administração, realização do ativo,
distribuição do seu produto e custas do
processo de falência;
 Relativo a administração falimentar, a
continuidade da atividade econômica
no regime falimentar e as custas
processuais.
IV – às custas judiciais relativas às ações e às
execuções em que a massa falida tenha sido
vencida;

 Verbas sucumbenciais, processuais e
dinheiro de execução.
V – aos tributos relativos a fatos geradores
ocorridos após a decretação da falência,
respeitada a ordem estabelecida no art. 83
desta Lei.
 Se a massa falida continua com
contratos, continua gerando tributos a
pagar.
§ 1 º – As despesas referidas no inciso I - A
do caput deste artigo serão pagas pelo
administrador judicial com os recursos
disponíveis em caixa.
§ 2º – O disposto neste artigo não afasta a
hipótese prevista no art. 122 desta Lei.
Fila principal – créditos concursais + credores
quirografários (art. 83)
Art. 83 – A classificação dos créditos na
falência obedece à seguinte ordem:
I – os créditos derivados da legislação
trabalhista, limitados a 150 (cento e
cinquenta) salários-mínimos por credor, e
aqueles decorrentes de acidentes de trabalho;
 I – créditos do art. 151; 2 – créditos
decorrentes após a formação da massa
falida; 3 – crédito trabalhista formado
antes da falência (limitado a 150
salários mínimos) + verbas
decorrentes de acidente de trabalho
(art. 19, lei 8.213/91).
OBS¹: O salário mínimo será aquele do dia do
efetivo pagamento.
OBS²: O que ultrapassar 150 salários mínimos
entra como crédito quirografário.
OBS³: Equiparação a verbas trabalhistas –
créditos da CEF relativos ao FGTS devidos
pelo empregador, remuneração dos
representantes comerciais, dada sua
semelhança com as verbas trabalhistas,
pensões alimentícias decorrentes de vínculos
familiares e de atos ilícitos, honorários
advocatícios (tem natureza alimentar).
II – os créditos gravados com direito real de
garantia até o limite do valor do bem gravado;
 Garantia real ou de coisa – penhor
(coisa móvel) e hipoteca (coisa
imóvel). – será considerado como
valor do bem objeto de garantia real a
quantia arrecadada com sua venda.
III – os créditos tributários,
independentemente da sua natureza e do
tempo de constituição, exceto os créditos
extraconcursais e as multas tributárias;
 OBS¹: Multas tributárias não estão
nessa classificação.
 OBS²: Nem toda arrecadação devida à
fazenda Pública é crédito tributário.
 OBS³: Caso haja concorrência entre os
tributos, deve-se dar preferencia à
União Federal e suas autarquias.
VI – os créditos quirografários, a saber:
A. aqueles não previstos nos demais
incisos deste artigo;
B. os saldos dos créditos não cobertos
pelo produto da alienação dos bens
vinculados ao seu pagamento; e
C. os saldos dos créditos derivados da
legislação trabalhista que excederem o
limite estabelecido no inciso I do
caput deste artigo;
VII – as multas contratuais e as penas
pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas, incluídas as multas
tributárias;
VIII – os créditos subordinados, a saber:
A. os previstos em lei ou em contrato; e
B. os créditos dos sócios e dos
administradores sem vínculo
empregatício cuja contratação não
tenha observado as condições
estritamente comutativas e as práticas
de mercado; e
IX – os juros vencidos após a decretação da
falência, conforme previsto no art. 124 desta
Lei.
§ 1º Para os fins do inciso II do caput deste
artigo, será considerado como valor do bem a) aprovação, rejeição ou modificação do
objeto de garantia real a importância plano de recuperação judicial
efetivamente arrecadada com sua venda, ou, apresentado pelo devedor;
no caso de alienação em bloco, o valor de b) a constituição do Comitê de Credores,
avaliação do bem individualmente a escolha de seus membros e sua
substituição;
considerado.
c)
§ 2º Não são oponíveis à massa os valores d) o pedido de desistência do devedor,
decorrentes de direito de sócio ao recebimento nos termos do § 4º do art. 52 desta
de sua parcela do capital social na liquidação Lei;
da sociedade. e) o nome do gestor judicial, quando do
§ 3º As cláusulas penais dos contratos afastamento do devedor;
unilaterais não serão atendidas se as f) qualquer outra matéria que possa
obrigações neles estipuladas se vencerem em afetar os interesses dos credores;
virtude da falência. g) alienação de bens ou direitos do ativo
§ 5º Para os fins do disposto nesta Lei, os não circulante do devedor, não
créditos cedidos a qualquer título manterão prevista no plano de recuperação
sua natureza e classificação.  judicial.
§ 6º Para os fins do disposto nesta Lei, os
II – na falência:
créditos que disponham de privilégio especial
ou geral em outras normas integrarão a classe a)
dos créditos quirografários. b) a constituição do Comitê de Credores,
Administrador judicial – órgão que ajuda a a escolha de seus membros e sua
executar a falência ou recuperação judicial, substituição;
c) a adoção de outras modalidades de
pode ser pessoa física ou jurídica
realização do ativo, na forma do art.
especializada. 145 desta Lei;
 Quem define? O juiz na sentença d) qualquer outra matéria que possa
declaratória de falência, ou no caso de afetar os interesses dos credores.
recuperação judicial no despacho que
determina o processo. OBS: O administrador judicial é obrigatório,
 Por lei, preferencialmente deve ser já o comitê de credores são facultativos.
advogado, administrador ou contador
(não há obrigatoriedade e sim
preferência).
 Remuneração – o AJ recebe nos
créditos extraconcursais, o valor é de
até 5% (cinco por cento) do valor
devido aos credores submetidos à
recuperação judicial ou do valor de
venda dos bens na falência.
Assembléia dos credores – representatividade
direta dos credores (art. 35, LRF)
Art. 35. A Assembléia-geral de credores terá
por atribuições deliberar sobre:

I – na recuperação judicial:

 ~
~

Direito
recuperação judicial

Empresarial
falência, dentro do prazo de
contestação (art. 95, LRF).
Art. 47. A recuperação judicial tem por
objetivo viabilizar a superação da situação de OBS¹: só pode ser requerida a RJ nos casos de
crise econômico-financeira do devedor, a fim impontualidade injustificada e execução
de permitir a manutenção da fonte produtora, frustrada.
do emprego dos trabalhadores e dos interesses
dos credores, promovendo, assim, a OBS²: Tanto o crédito vencido, como o
preservação da empresa, sua função social e o vincendo vai para a Recuperação Judicial:
estímulo à atividade econômica.
 Objetivo geral – superar a crise
econômico financeira
 Objetivo específico – Manter a fonte
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial
produtora, mantar os empregos dos
todos os créditos existentes na data do pedido,
trabalhadores e manter os interesses ainda que não vencidos.
dos credores.
Legitimidade ativa – o empresário individual,  Exceção – créditos bancários em geral
a EIRELI e a sociedade empresária (§ 3º)

 Requisitos (art. 48, LRF) – é Suspensão de cobranças – Se o juiz aceita o

necessário ter no mínimo 2 (dois) anos
de atividades regulares, não haver
obtido recuperação judicial há menos
de 5 (cinco) anos, e não ser falido.
 Documentos – art. 51
Pedido – Feito pela própria empresa à Justiça,
explicando motivos da crise.
pedido, os processos e protestos ficam
suspensos por 180 dias.
Administrador judicial – Nomeado pelo juiz,
fiscaliza o processo e faz comunicação com
os credores.
Despacho do processamento – art. 52:

 Momento para o pedido – momento Plano de recuperação – Em até 60 dias, a

em que se abate sobre a empresa a empresa apresenta proposta para negociar
crime econômico financeira, e poderá dívidas e manter-se ativa (art. 53, LRF).
ser requerida em sede de defesa,
contra o pedido de decretação da
Assembleia-geral – Credores se reúnem para
votar a proposta.

Se plano for aprovado:

 Fim do processo
 Após 2 anos, o processo judicial é
arquivado

O que acontece em caso de descumprimento

do acordo?
Se empresa não cumprir o plano aprovado, os
credores podem pedir a falência.
Se plano for rejeitado

 Falência
 A empresa encerra as atividades e os
bens são leiloados
 Pagamento dos credores (por ordem
de preferência).

Sentença que extingue a Recuperação Judicial

– pode ser dada em até 2 anos após a
aprovação do pedido.

OBS – Disposições comuns entre a falência e

a recuperação judicial - Cap. II
 Inexigibilidade da lei – art. 2º;
 Competência – art. 3º;
 Obrigações inexigíveis – art. 5º
 Suspensão da prescrição, suspensão
das execuções, etc – art. 6º.