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Paixão por Aprender. Prazer em Ensinar. Outono A1 / Filosofia e Sociologia

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FILOSOFIA NA IDADE MEDIEVAL a grande influência da figura histórica de

Jesus de Nazaré.
Historicamente, o cristianismo
origina de Jesus de Nazaré pela Judéia,
então anexada ao Império Romano. Sua
mensagem é simples: amar ao próximo,
praticar a bondade e desprezar os valores
deste mundo, pois a verdadeira morada do
homem é o reino dos céus. Jesus se
declarava filho de Deus, enviado ao mundo
para redimir o homem dos pecados. Sua
crucificação seria, nessa medida, o sacrifício
do próprio Deus encarnado para salvar os
homens.
Contexto histórico:
A IDADE MÉDIA INICIOU-SE NA,
Europa com as invasões germânicas ou
A Filosofia Medieval inclui bárbaras no sec. V a. C.
pensadores europeus, árabes e judeus. Território Europeu:
Vamos pensar na Europa Medieval, cenário
em que se destacou a grande expansão e
predomínio do cristianismo. É o período de
cerca de mil anos em que predomina a
Igreja Católica Romana, e se criam, ao lado
das catedrais, as primeiras Universidades,
cujo curso principal era a Teologia, sendo a
Filosofia uma “serva da Teologia”. Portanto,
investigaremos como a consciência religiosa
cristã associou-se à consciência racional
filosófica para construir a chamada Filosofia
cristã. Assim, é importante que no
lembremos que o Cristianismo nasceu no
Oriente, e depois começa a difundir-se pelo
Ocidente tornado em poucos séculos uma
poderosa instituição que até nos dias atuais
influencia os nossos comportamentos e
modo de ver o mundo (COTRIM, Gilberto e Abaixo, a imagem de um castelo medieval
FERNANDES, Mirna 2011, p. 218). que representavam o poder e segurança:
Questões Filosóficas:

▪ É possível conciliar Fé e Razão?

▪ Por que o ser humano erra?
▪ Qual o valor das boas ações?
▪ A alma é superior ao corpo?
▪ A vida surgiu ao acaso ou faz parte de um plano
maior?
▪ Deus existe?

Conceitos Chaves:
Fé, razão, cristianismo, verdades reveladas, salvação,
patrística, escolástica, maniqueísmo, boas obras, graça,
liberdade, pecado, ser, essência, Deus. É importante que você tente
imaginar o ambiente em que se
desenvolveram os debates filosóficos e
A IDADE MÉDIA E SUAS RELAÇÕES COM A teológicos. A sua imaginação e seu
FILOSOFIA conhecimento vai ajudar muito na
O primeiro passo para que possamos compreensão do que abordaremos a seguir.
compreender o contexto do pensamento Na Idade Média, a Igreja e sua visão
filosófico desenvolvido durante o período de mundo dominavam as formas de
conhecido como Idade Média, é pensarmos pensamentos. Da arte à educação
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estiveram sobre grande influência da visão
de mundo do catolicismo.
Para ficar mais claro a sua
compreensão, leremos a seguir um trecho
da Bíblia (Atos dos Apóstolos) para
verificarmos como iniciou o processo de
expansão da influência do cristianismo
diante da já consolidada visão filosófica dos
gregos e dos romanos:
“Enquanto Paulo os esperava em
Atenas, o seu espírito se revoltava, em face
da idolatria dominante na cidade.... Alguns
dos filósofos epicureus e estoicos discutiam
com ele, havendo quem perguntasse: Que
quer dizer esse tagarela? E outros: Parece
pregador de estranhos deuses, pois pregava
a Jesus e a ressurreição. Então, tomando-o
consigo, o levaram ao Areópago, dizendo:
Poderemos saber que nova doutrina é essa
que ensinas?
Posto que nos trazes aos ouvidos coisas
estranhas, queremos saber que vem a ser
isso. Pois todos os de Atenas, e os
estrangeiros residentes, de outra coisa não
cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas
novidades. Então Paulo, levantando-se no
meio do Areópago, disse:
Senhores atenienses! Em tudo vos
acentuadamente religiosos; porque passando e
observando os objetos do vosso culto, encontrei
também um altar no qual está escrito: AO DEUS
DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer, é
precisamente aquele que eu vos anuncio (At. 17, 16-
23)”
Veja que os atenienses, segundo Paulo,
demonstravam uma religiosidade, mas sem
conhecer um Deus, que justamente será
defendido e apresentado por Paulo. Sendo
assim, é importante notar que o apóstolo,
para difundir a nova doutrina religiosa,
discute com os filósofos (epicureus e
estoicos), e se esforça para apresentar o
Cristianismo não como ruptura, mas como
um complemento e um acabamento da
teologia e da filosofia grega. Por mais que
possamos assinalar que a atitude de Paulo
seja retórica, não podemos deixar de
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reconhecer que foi esta aproximação com
a filosofia antiga que possibilitou a
implantação gradativa do Cristianismo.
Sem tal aproximação não seria possível
entender a expansão da doutrina cristã no
mundo grego e depois no mundo romano, a
partir do qual depois se espalha pela
Europa, tornando-se base da cultura
ocidental.
OBSERVAÇÃO
Fiquem atentos as palavras
grifadas e aos trechos para que
possamos ter uma aproximação
importante com o conteúdo.
→ É importante que você
entenda como o texto aborda o início
do fortalecimento da doutrina cristã.
→ O diálogo do apostolo Paulo
como os filósofos estoicos e epicureus é
importante para entender o debate a
nível filosófico na defesa da doutrina de
Cristo.
O Cristianismo, por mais que levasse
séculos para se instaurar mais amplamente,
lutando contra as outras religiões
tradicionais, só passou a ser predominante
vejo a partir do século IV, com o imperador
Constantino, o primeiro governante
católico, e que vinculou o Cristianismo ao
poder constituído no império. Mais
precisamente, é sob o governo de
Teodósio, em 380, que se define a doutrina
ortodoxa cristã como religião de Estado.
Foi nos primeiros séculos que o
Cristianismo obteve apoio, sobretudo nas
classes mais baixas da sociedade, se
espalhando posteriormente pelos grupos
dirigentes da vida urbana imperial. No início
foram suportados ou admitidos dentro da
comunidade cristã modos de viver e de
pensar bastantes diversos, mas depois a
Igreja precisou definir melhor seu núcleo
doutrinário, sua ortodoxia, seus dogmas,
as verdades que todos devem aceitar, ao
mesmo tempo em que estabeleceu a
estrutura hierárquica a que todos devem
obedecer.
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ATENÇÃO Isso significa que toda investigação

O conceito de Idade Média gerou filosófica ou cientifica não poderia, de
controvérsias há longos períodos. Durante modo algum, contrariar as verdades
bom tempo, por influência do pensamento estabelecidas pela fé católica.
renascentista e moderno, este período foi Os filósofos não precisavam mais se
entendido como um intervalo cronológico dedicar à busca da verdade, pois ela já teria
entre duas culturas (a antiguidade clássica e sido revelada por Deus aos homens.
a renascença), como idade das trevas ou Sendo assim, a filosofia durante a
das sombras, em que nada de importante Idade Média sobre a influência da
aconteceu no campo da arte, da ciência e autoridade Igreja, remia-se no exercício de
da filosofia. No entanto, por causa dos demonstrar racionalmente as verdades da
estudos cada vez maiores sobre a história fé.
da época e também pela crítica que se Importante: É neste contexto que nasce a ideia de
passou a fazer ao pensamento moderno, heresia, que significa qualquer doutrina contrária
que deixou de ser visto apenas como aos que foram estabelecidos pela Igreja. Sobre o
solução de todos os problemas individuais e conceito de heresia veja o vídeo abaixo:
sociais, a Idade Média passou, sobretudo https://www.youtube.com/watch?v=lfpuGmpbls8
nos últimos decênios, a significar um
período decisivo para se entender a história
do Ocidente, e não só pela grande RESUMINDO
arquitetura (catedrais românicas e góticas), Acima, pontuamos as principais ideias
ou pela construção das primeiras discutidas ao logo do desenvolvimento e
universidades, como Bolonha, Pádua, Paris institucionalização do cristianismo, bem como o
e Oxford, mas também pela formação desenvolvimento de uma filosofia cristã que era bem
gradual das línguas latinas (italiano, francês, distante da filosofia dos antigos gregos e romanos, mas
espanhol e português) com seus grandes ainda bem dependente em termos dos temas
literatos. Por tudo isso, e também pelo discutidos na antiguidade. É importante ressaltar a
debate teórico havido, não teve mais tentativa filosófica de conciliar fé e razão cujo principal
sentido falar de “idade das trevas”. objetivo é a compreensão das verdades reveladas ao
Podemos dizer, portanto, que as homem por meio das Sagradas escrituras, ou seja a
características principais da Filosofia Bíblia.
Medieval são as que seguem: ROMPIMENTO COM A CULTURA PAGÃ.
A estreita relação entre filosofia e Com o Cristianismo houve
religião, ou melhor, entre filosofia e continuidade e ruptura com a Idade Antiga,
teologia. assim como a Idade Moderna é
A forte presença de Aristóteles em continuidade e ruptura com a Idade Média,
todos os campos do pensamento teórico e não apenas ruptura. E nestas
(lógica, ética, metafísica), o que ocorreu continuidades nem sempre se conserva o
depois da influência inicial da obra de pensamento anterior na sua forma correta,
Platão. A influência de Aristóteles foi mas se introduzem adaptações e até
consagrada pela presença do grande deformações. Ao mesmo tempo, há
pensador cristão, que é Santo Tomás de rupturas mais evidentes. Neste sentido, na
Aquino (1225-1274), cujo tema maior foi Idade Média, rompeu-se com a cultura e a
defender uma conciliação entre razão e fé, filosofia antiga ao se introduzir a ideia de
entre Cristo e Aristóteles, o que marcou o que o mundo não é eterno, mas tem um
período medieval mais do que qualquer início, com a criação por parte de um Deus.
outra coisa. Assim, os seres humanos passaram a ser
O cristianismo, como a maioria das vistos como criaturas, como filhos de Deus,
religiões baseia-se na Fé, na crença e que só podem alcançar a felicidade se
irrestrita ou adesão incondicional às cumprirem a vontade divina. Além disso, a
verdades reveladas por Deus as seres verdade é revelada por Deus, e não
humanos. simplesmente descoberta pelo ser humano.
Verdades expressas nas Sagras A principal comunidade passou a ser a da
escrituras (Bíblia) e interpretada segundo a Igreja, e não a comunidade política. O
autoridade da Igreja. mote consagrado foi o seguinte: “Extra
De acordo com a doutrina católica, a Ecclesiam nulla salus”, isto é, fora da Igreja
fé em si mesma seria a fonte mais elevada não há salvação! Santo Agostinho (354-430)
das verdades reveladas porque diz respeito dirá com todo vigor que os reinos, ou seja,
a salvação. as instituições políticas e seus governantes
“Toda verdade dita por quem quer sempre farão o mal, sempre efetuarão
que seja, é do Espírito Santo” (Santo grandes latrocínios, e que, no fundo, não há
Ambrósio).
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nenhuma diferença moral entre os piratas universitários a exigir salário para trabalhar,
que assaltam navios e os governantes que não sendo ele um teólogo sustentado pela
assaltam povos inteiros. Igreja.
Como se está longe do pensamento
de Platão e de Aristóteles, para os quais só
na política é possível fazer o bem! Agora, na
Idade Média, se sustenta que só na
comunidade cristã poderá ser feito o bem.
De toda forma, não houve só ruptura, como
já dissemos: de tantas maneiras o
pensamento filosófico greco-romano serviu
para tornar mais racional a doutrina
religiosa cristã, e até mesmo contribui para
estabelecer, sobretudo nos primeiros
séculos de nossa era, a doutrina cristã, c) Duns Scoto (1265-1308), que
constituída principalmente de dogmas. insiste em defender a liberdade humana
Podemos repetir que a história do mesmo no contexto teológico.
Ocidente, a nossa história, foi marcada d) Guilherme de Ockham (1280-
indelevelmente por um casamento entre a 1349), acusado de heresia*, ele inaugura
racionalidade grega e o Cristianismo, (ver um novo modo de fazer teologia,
vídeo) mas também por um casamento enfatizando a conveniência de provas
entre o modo de viver instaurado pela empíricas para as afirmações e não
filosofia antiga e a moral cristã. Exemplo temendo confrontar-se com os teólogos
disso é a ênfase que se dá nos primeiros anteriores.
séculos ao cuidado de si, à primazia da
alma, o que no modo cristão leva ao exame
de consciência e a uma separação cada vez
maior entre corpo e alma.
Para finalizar, não podemos esquecer
a importância adquirida pela Escolástica,
criada a partir do séc. XII, e que
predominou até o séc. XIV: a filosofia
ensinada nas escolas. Nela, a filosofia fica
marcada ou até presa ao princípio da
autoridade, que pertence à Igreja, a qual FÉ E RAZÃO
determina a investigação intelectual e
protege o pensamento contra eventuais
erros. Isso de certa maneira empobreceu a
reflexão filosófica. No entanto, nem todos
os pensadores aceitavam esse controle ou
censura eclesiástica. Basta citarmos outros
importantes nomes da Filosofia Medieval
para se perceber a vitalidade do
pensamento da época:
a) Santo Anselmo (1050-1117), um
dos mais consistentes formuladores de uma
prova da existência de Deus.
De modo geral, o confronto entre fé
e razão, ou sua conciliação, corresponde a
períodos em que os cristãos sofreram
violenta perseguição, conciliação
representa os momentos em que o
cristianismo é tolerado. É o que fazem os
padres apologistas, que, no final do século
II, enviam inúmeras apologias (defesa e
justificação) do cristianismo ao imperador.
Argumentam com valores greco-romanos,
afirmando, por exemplo, que Heráclito e
Sócrates eram cristãos antes mesmo de
b) Pedro Abelardo, importante lógico Cristo.
e um dos primeiros professores
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Então, a questão aqui é pensarmos se Aurélio Agostinho, bispo de Hipona,

é possível conciliar fé e razão. Nesse nasceu em Tagaste, hoje Souk-Ahras, na
contexto, a filosofia medieval pode ser Argélia, e é um dos mais importantes
dívida em quatro momentos principais: iniciadores da tradição platônica no
▪ O dos padres apostólicos: marca o surgimento da filosofia cristã, sendo um
início do cristianismo (séculos I e II), entre dos principais responsáveis pela síntese
os quais se incluem os apóstolos que entre o pensamento filosófico clássico e o
disseminavam a palavra de Cristo, cristianismo. Estudou em Cartago, e depois
sobretudo em relação a temas morais em Roma e Milão, tendo sido professor de
(como Paulo que citamos acima). retórica. Reconverteu cristianismo, que fora
▪ O dos padres apologistas (séculos a religião de sua infância, em 386, após ter
III e IV), que faziam a apologia do passado pelo maniqueísmo e pelo
cristianismo contra a Filosofia pagã. Entre ceticismo. Regressou então à África (388),
os apologistas destacam-se Orígenes, religiosa. Suas obras mais conhecidas são
Justino e Tertuliano, este o mais (400), de caráter autobiográfico, e
intransigente na defesa da fé contra a composta entre 412 e 427. Santo Agostinho
filosofia grega. sofreu grande influência do pensamento
▪ O da patrística (de meados do grego, sobretudo da tradição platônica,
século IV ao século VIII), que pretendia um através da escola de Alexandria e do
conciliação entre a razão e a fé. Destaca-se neoplatonismo, com sua interpretação
aqui a figura de Santo Agostinho e a espiritualista de Platão. Sua filosofia tem
influência da filosofia platônica. como preocupação central a relação entre a
▪ O da escolástica (do século IX a XVI), fé e a razão, mostrando que sem a fé a
em que se buscou uma sistematização da razão é incapaz de promover a salvação do
filosofia cristã, sobretudo a partir da homem e de trazer felicidade. A razão
interpretação da Filosofia de Aristóteles, funciona assim como auxiliar da fé,
com destaque a figura de Santo Tomás de permitindo esclarecer, tornar inteligível,
Aquino. aquilo que a fé revela de forma intuitiva.
Vamos estudar dois deste momento: Este o sentido da célebre fórmula
a patrística e a escolástica: agostiniana Credo ut intelligam (Creio para
que possa entender). Na Cidade de Deus,
A PATRÍSTICA Santo Agostinho interpreta a história da
Patrística é o nome dado humanidade como conflito entre a Cidade
à filosofia cristã dos três primeiros séculos, de Deus, inspirada no amor a Deus e nos
elaborada pelos Padres ou Pais da Igreja, os valores cristãos, e a Cidade Humana,
primeiros teóricos —- daí "Patrística" — e baseada exclusivamente nos fins e
consiste na elaboração doutrinal das interesses mundanos e imediatistas. Ao
verdades de fé do cristianismo e na sua final do processo histórico, a Cidade de
defesa contra os ataques dos pagãos e Deus deveria triunfar. Devido a esse tipo de
contra as heresias. Foram os pais da Igreja análise, Santo Agostinho é considerado um
responsáveis por confirmar e defender a fé, dos primeiros filósofos da história, um
a liturgia, a disciplina, criar os costumes e precursor da formulação dos conceitos de
decidir os rumos da Igreja, ao longo dos historicidade e de tempo histórico. A
sete primeiros séculos do cristianismo. É a influência do pensamento agostiniano foi
patrística que, basicamente, decisiva na formação e no desenvolvimento
a filosofia responsável pela elucidação da filosofia cristã no período medieval,
progressiva dos dogmas cristãos e pelo que sobretudo na linha do platonismo. Tanto as
se chama hoje de Tradição Católica. Confissões quanto as Retratações (escritas
Vejamos um de seus representantes: no final de sua vida) fazem dele um
precursor de Descartes, de Rousseau e do
SANTO AGOSTINHO (354-430). existencialismo: "Se eu me engano, eu
existo".
A ESCOLÁSTICA
Foi o método de pensamento
crítico dominante no ensino
nas universidades medievais europeias de
cerca de 1100 a 1500. Mais um método
de aprendizagem do que
uma filosofia ou teologia, a escolástica
nasceu nas escolas monásticas cristãs, de
modo a conciliar a fé cristã com um
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sistema de pensamento racional, o primeiro motor imóvel, é a primeira causa

especialmente o da filosofia grega. eficiente, é o único Ser necessário, é o Ser
Colocava uma forte ênfase na dialética para absoluto, o Ser cuja Providência governa o
ampliar o conhecimento por inferência e mundo. Santo Tomás mostra que há, em
resolver contradições. A obra-prima Aristóteles, uma filosofia verdadeiramente
de Tomás de Aquino, Summa Theologica, é, autônoma e independente do dogma, mas
frequentemente, vista como exemplo em harmonia com ele. Assim, Santo Tomás
maior da escolástica. Vejamos um de seus introduz no teísmo cristão o rigor do
representantes. naturalismo peripatético. Porém, distingue
o Estado e a Igreja, o direito e a moral, a
SANTO TOMÁS DE AQUINO (1227-1274) filosofia e a teologia, a natureza e o
sobrenatural. "A última felicidade do
homem não se encontra nos bens
exteriores. Nem nos bens do corpo, nem
nos da alma: só pode encontrar-se na
contemplação da verdade."
REVISANDO CONCEITOS ESSENCIAIS
Durante a Idade Média a Igreja,
grande detentora do poder ideológico,
explicava através da fé todos os fenômenos
e acontecimentos. Na grande maioria das
vezes estes eram castigos divinos ou
milagres, verdades inquestionáveis escritas
Nasceu na Itália, de família nobre, e na Bíblia. O bom homem na Idade Média
entrou cedo na Ordem dos Dominicanos. era aquele que não questionava submisso a
Percorreu toda a Europa medieval. Depois Deus, aceitava todas essas verdades e por
dos estudos em Nápoles, Paris e Colônia elas, se preciso fosse, lutaria e morreria
(onde teve por mestre Alberto Magno), bravamente.
ensina em Paris e nos Estados do papa. Ao retomar o platonismo, o
Morreu quando se dirigia ao Concílio de teólogo romano Santo Agostinho identifica
Lyon. Sua imensa obra compreende duas o mundo das ideias com o mundo das ideias
Sumas: contra os gentios e Suma teológica, divinas. Pela iluminação, o homem recebe
vários tratados e comentários sobre de Deus o conhecimento das verdades
Aristóteles, a Bíblia, Bo pensamento de eternas. Essa corrente é conhecida como
Santo Tomás está profundamente ligado ao patrística por ser elaborada pelos padres da
de Aristóteles, que ele, por assim dizer, Igreja Católica.
"cristianiza". Seu papel principal foi o de Entre os séculos V e XIII predomina
organizar as verdades da religião e de a escolástica, conjunto das doutrinas
harmonizá-las com a síntese filosófica de oficiais da Igreja, influenciadas pelos
Aristóteles, demonstrando que não há pensamentos de Platão e Aristóteles. Os
ponto de conflito entre fé e razão'. Sua representantes da escolástica estão
teoria do conhecimento pretende ser, ao preocupados em conciliar razão e fé e
mesmo tempo, universal (estende-se a desenvolver a discussão, a argumentação e
todos os conhecimentos) e crítica o pensamento discursivo.
(determina os limites e as condições do Uma das principais correntes
conhecimento humano). O conhecimento filosóficas da época é o tomismo, doutrina
verdadeiro é uma "adequação da escolástica do teólogo italiano Santo Tomás
inteligência a coisa". Retomando a física e a de Aquino.
metafísica de Aristóteles, estabelece as
cinco "vias" que nos conduzem a afirmar ATENÇÃO AS PALAVRAS E IDEIAS ABAIXO,
racionalmente a existência de Deus: a partir ELAS PODEM COMPLETAR O SEU
dos "efeitos", afirmamos a causa. ENTENDIMENTO
Estabelece sua concepção de natureza a) O PENSAMENTO CRISTÃO.
como ordem do mundo. Ordem decifrável b) A PATRÍSTICA E A ESCOLÁSTICA
nas coisas e que permite fixar fins c) Igreja Católica: domínio do pensamento
particulares a cada uma delas. Deus é a d) Conflitos: Fé X Razão Religião X Ciência
causa de tudo mas não age diretamente e) A PATRÍSTICA (SÉC. VIX)
nos fatos da criação: Ele instaurou um f) Santo Agostinho (354-430);
sistema de leis, causas segundas, g)"Compreender para crer, crer p/
ordenando cada um dos domínios naturais compreender";
segundo sua especificidade própria. Deus é
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h)A Alma/ Espírito é superior ao
corpo/matéria;
i) TEORIA DA GRAÇA DIVINA: combinação
entre o esforço pessoal e a concessão da
graça de Deus;
j) Fé x Razão (teologia x filosofia) –
(teocentrismo)
l) Duas correntes: patrísitica
escolásticam) Patrística (padres da Igreja):
maior representante é Sto. Agostinho.
n) Escolástica (escola): maior
representante São Tomás de Aquino.
EXERCÍCIOS
01. Entre os séculos V e XIII predomina a
escolástica, conjunto das doutrinas oficiais
da Igreja, influenciadas pelos pensamentos
de:
a) Platão e Aristóteles.
b) Augusto e Alexandre.
c) Plutão e Inocêncio.
d) Hipona e Augusto.
e) Kant e Muriel.
02. A patrística é representada por qual
dos filósofos abaixo:
a) Pedro Abelardo.
b) Guilherme de Ockan.
c) Santo Agostinho.
d) Augusto de Hipona.
e) Aristóteles.
03. Para Santo Tomás, filosofia e teologia
são ciências distintas porque:
a) A filosofia se funda no exercício da razão
humana e a teologia na revelação divina.
b) A filosofia é uma ciência complementar
à teologia.
c) A filosofia nos traz a compreensão da
verdade que será comprovada pela
teologia.
d) A revelação é critério de verdade, por
isso não se pode filosofar.
e) A teologia é a mãe de todas as ciências e
a filosofia serve apenas para explicar
pontos de menor importância.
04. Pedro Abelardo foi um filosofo
medieval que participou de uma acirrada
disputa filosófica no século XII. Essa
disputa centrava-se sobre:
a) a existência de Deus pela lógica.
b) o predomínio da fé sobre a razão.
c) a questão da existência dos universais
d) a presença do mal no mundo.
e) a morte da alma.
05. O filosofo grego que maior influência
exerceu sobre Santo Tomás de Aquino foi:
a) Platão.
b) Aristóteles.
c) Sócrates.
d) Heráclito.
e) Parmênides
06. A Patrística é o primeiro momento da
filosofia cristã. Sobre esta tendência
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filosófica, leia as seguintes afirmativas
marque a alternativa correta.
a) A Patrística é um movimento de
pensadores cristãos que procura justificar
teórica e filosoficamente a concepção de
vida e de mundo depreendida da Bíblia.
b) Agostinho não é considerado um
e pensador da Patrística.
c) Jesus Cristo não é um pensador
considerado como participante do
cristianismo.
d) A Patrística sempre rejeitou a filosofia
Greco-romana em seu todo.
e) Santo Agostinho não cristão, portanto
não pode participar da patrística.
07. Podemos repetir que a história do
Ocidente, a nossa história, foi marcada
indelevelmente por um casamento entre:
a) A racionalidade grega e o Cristianismo.
b) A mitologia grega e o budismo.
c) Portugal e os indígenas.
d) Guerras dos 30 anos e a 2° guerra
mundial.
e) A cristandade e a mitologia grega.
08. Com o Cristianismo houve
continuidade e ruptura com
a) O mundo tecnológico.
b) A Idade Antiga.
c) O mundo europeu.
d) O mundo egípcio.
e) O mundo árabe.
09. No contexto do cristianismo na idade
média os filósofos não precisavam mais se
dedicar à busca da verdade:
a) Pois eles já possuem.
b) Pois ela já teria sido revelada por Deus
aos homens.
c) Pois eles nunca a encontrarão.
d) Pois não possibilidade da filosofia ser um
saber seguro.
e) As opções A e B estão corretas.
10. De acordo com a doutrina católica, a fé
em si mesma seria a fonte mais elevada
das verdades reveladas porque diz
respeito:
a) A curtição.
b) A justiça
c) a salvação.
d) O mal.
e) A vida.
GABARITO
1)A 2) C 3) A 4) C 5) B 6) A 7) A 8) B
9) B 10) C
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