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29/02/2016

INTEGRALIZAÇÃO
Fundamentos,
conceitos e
paradigmas de missão

Prof. Nicanor
Lopes

OBJETIVOS DA AULA

 Oferecer aos estudantes a construção de um


conhecimento consistente e crítico sobre Missão, a
partir de fundamentos bíblicos, teológicos,
pastorais e históricos.
 Analisar diferentes paradigmas de Missão.
 Conhecer as prioridades da evangelização na
tarefa missionária da Igreja Cristã em terras
brasileiras.

Fundamento dos Cristãos para


o exercício missionário

• O mundo cristão fundamenta suas teses e


metas na dimensão da missão a partir da
referência bíblica de Mateus 28, 18-20. Este
texto recebeu, por parte dos tradutores da
Bíblia, o título de Grande Comissão.

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“Eu vos envio...”

• O conceito de envio procura corrigir o equívoco da


compreensão missionária até então elaborada pelo
povo de Israel.
• O chamado de Abraão é também um envio: “em ti
serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12, 3).
• No percurso da história será substituído por um projeto
privatizado, que significa exclusivo do povo de Israel e
também terá seu conceito alterado de envio para eleito.
• O problema é que junto à eleição veio o conceito
privatizado de salvação. Como ato exclusivo para o povo
de Israel, perdendo assim a universalidade (para todos)
da salvação.

Fundamentos da teologia
de Missão

•Gustav Warneck (1834-1910) [protestestante];


Josef Schmidlin (1876 – 1944) [Catolico]

• A missão fundamenta-se na Grande


Comissão [Mt 28, 18-20];
• Na natureza monoteísta da fé cristã;
• Supremacia do cristianismo;
• Johannes Warneck afirmou no livro: Die
Lebenskräfte des Evangeliums, que no
século XX toda raça humana seria
conquistada para a fé cristã.

Principais Religiões do Mundo

FONTE: WCC [Concílio Mundial de Igrejas]

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Missão é envio

• O núcleo central da missão cristã é o envio. Envio da


mensagem salvífica de Deus ao mundo que no
primeiro momento da história encontramos como
enviados do povo de Israel. No cumprimento das
profecias do Antigo Testamento, Deus envia Jesus
que, após o cumprimento de sua missão, envia todos
para o mesmo ministério de anúncio da graça
salvadora, de justiça, bondade e misericórdia de
Deus.

Intervalo

Missão no Antigo Testamento

• O universalismo do Antigo Testamento não


explicita um conceito claro de missão, uma vez
que sua compreensão é centrípeta (de fora
para dentro), o que faz compreender que a
missão é de os povos virem para Israel.

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Missão no Antigo Testamento

• Sem reducionismos precisamos compreender que o


conceito de missão no Antigo Testamento não exclui
a dimensão do envio. O problema está na
configuração política entre Israel e as nações, pois o
período de exílio não é compreendido como um
envio, mas sim como uma eleição e daí para frente a
missão no Antigo Testamento passa a ser
desenvolvida como um projeto privatizado do povo
de Israel.

Missão no Novo Testamento

• Como ponto de partida precisamos deixar


claro que a literatura do Novo Testamento
possui uma variedade maior de fontes. É
preciso compreender os enfoques dos
evangelhos sinóticos, a literatura joanina e as
cartas de Paulo.

Missão no Novo Testamento

• A “Grande Comissão” precisa ser vista como


mudança de paradigma missionário, a saber,
sair da condição de uma força centrípeta (de
fora para dentro), e organizar-se
missionariamente numa força centrífuga (de
dentro para fora).

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Missão no Novo Testamento

• Ainda no Novo Testamento temos a realização


prática desta mensagem. O apostolado de
Paulo conceituará a missão numa dimensão
pública a ponto de enfrentar uma discussão
interna entre os apóstolos sobre a pregação
entre os gentios.

Missão em Paulo

• Para Paulo o compromisso missionário impulsiona


um alcance universal movido pelo amor de Cristo,
“porque o amor de Cristo nos constrange, julgando
nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos
morreram” (2Cor 5, 14). Por isso sua missão vai além
do compromisso com os Judeus e contempla,
também, os pagãos. Seu ministério missionário
contempla viagens para o território da Galácia,
regiões como da Síria, Cilícia, Frigia, entra na Europa
em direção das cidades importantes como
Macedônia, Ática e Acaia, instalando novas
comunidades cristãs.

Intervalo

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MUDANÇAS DE PARADIGMAS

• Nosso tempo é diferente do período dos evangelistas


[Mateus, Marcos, Lucas, João e Paulo];
• Qual o desafio?
Prolongar a lógica do ministério de Jesus;
A fé cristã é uma fé histórica;
Deus comunica sua proposta à humanidade por
meio de pessoas humanas e dentro dos temas da
humanidade

SUBDIVISÕES HISTÓRICO-TEOLÓGICAS POR


HANS KÜNG

• SEIS ÉPOCAS: [Paradigmas]


Apocalíptico do cristianismo primitivo;
Helenístico do período da patrística;
Católico romano medieval;
Protestante da Reforma;
Moderno do iluminismo;
Ecumênico emergente.

PARADIGMAS NA MISSIOLOGIA

• O ocidente como lar do cristianismo;


• Estruturas de opressão [racismo e gênero];
• O progresso como deus do iluminismo falhou;
• Crise ecológica;
• Paz com justiça;
• “a cultura molda a voz humana que responde
à voz de Cristo”;
• Superioridade da religião as demais religiões;

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O PARADIGMA MISSIONÁRIO DA IGREJA


ORIENTAL

• Século I - De movimento para instituição;


• Século II – O cristianismo se afasta do
judaísmo e se aproxima do ambiente grego
[Tertuliano foi resistência];
• Justino e Clemente adotaram a política da boa
vizinhança frente ao paganismo, e para isso
consideravam a filosofia grega um processo
pedagógico na evangelização;

A ESCATOLOGIA:

– A fé nas promessas de Deus ainda por serem


cumpridas foi substituída pela fé no já consumado
reino eterno de Cristo;
– Enquanto o conceito hebraico de salvar significa
[salvar pessoas do perigo ou catástrofe] o
conceito grego [referia-se ao ato de ser resgatado
da existência corporal, de ser aliviado do fardo de
uma existência material].

GNOSTICISMO:

– Ênfase no conhecimento [gnosis];


– Não acreditava no racionalidade humana e refletia
do fatalismo e da superstição da época;
– Centrou no conhecimento não da razão, mas no
conhecimento esotérico, revelações especiais,
conhecimento do segredo do universo, etc.
– Cristologia gnóstica não aceitava Cristo como um
ser humano real; [dualismo ontológico].

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Novo Paradigma Missio Dei

• A missão é iniciativa do amor de Deus. O


conceito “Missão de Deus” (missio Dei)
envolve a reflexão missiológica nas discussões
antigas que acompanharam a definição do
mistério da Trindade. O conceito missio Dei se
pronuncia sobre o amor gratuito e a presença
não manipulável de Deus no mundo.

Amor de Deus
• A reconstrução do significado “Missão de
Deus” começa com a afirmação de João:
“Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Se Deus é “amor”,
Ele não pode ser “solidão cerrada”. Dizer
“Deus é amor” é dizer “Deus é relação”.
“Transbordar”, “comunicar” e “relacionar” é
uma característica do amor. O amor de Deus é
gratuito

Trindade
• O amor de Deus que transborda, na teologia da
Trindade, é chamado “amor fontal”. Desta fonte
procede o Logos (o Verbo) que é gerado pelo Pai, e
procede o Pneuma (o Espírito Santo) pela aspiração
do Pai e do Filho. A teologia clássica fala em
“comunicação” intratrinitária, em “processões” ou
“relações” que configuram a Trindade imanente
desde a eternidade ou, como João diz, “antes da
criação do mundo” (Jo 17,24).

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• A “missio Dei” da Trindade histórico-salvífica


aponta, numa primeira instância, para a presença
de Deus no mundo através do Logos e do Pneuma.
Como se relacionam nesta “missão de Deus” a
missão do Verbo e a missão do Espírito Santo? A
missão do Verbo (Logos) que se fez carne na pessoa
de Jesus, se prolonga na história, no mundo, na
Igreja e em cada pessoa através do Espírito Santo. A
revelação da presença do Deus Trino, a Sua morada
na pessoa que vive no amor (na graça), é uma das
finalidades da “missão de Deus” (cf. Jo 14,23).

SUESS, Paulo, Introdução à Teologia de Missão, São Paulo: Vozes, 54

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Boa Semana de Estudos!!!

Prof. Nicanor Lopes

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