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PREFÁCIO
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Teologia Bíblica do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL
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INTRODUÇÃO
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Teologia Bíblica do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL
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Em sua forma exterior o método, o ensino de Jesus foi semelhante ao tipo de
ensino que prevalecia no seu tempo.
Ele colocava-se no meio de um grupo de discípulos ou de outros ouvintes, e
começava a explicar e ilustrar seus pensamentos.
Ele usava várias figuras e expressões com a finalidade de impressionar a mente
popular. Ele ensinava, geralmente, usando exemplos.
Ex. Quando Ele falou da natureza da verdadeira retidão Mt. 5:20, Ele usou o máximo do
VT, e do ensino Rabino, mostrando que ela ficava aquém da perfeição exigida no
Reino.
Não que Jesus achasse a lei errada, mas a forma como estava sendo interpretada
pelos escribas, não correspondiam ao verdadeiro requerimento da lei.
Algumas vezes, Ele ensinava pela ação, como quando tomou uma criança em seus
braços a fim de enfatizar a necessidade de ser como uma criança para entrar no reino.
Ele usava as parábolas, que são narrativas de um evento real ou imaginário, na natureza
ou na vida comum que é adaptado para sugerir verdades morais ou religiosas.
A parábola repousa sobre alguma correspondência, mais ou menos exata entre
eventos na natureza ou na experiência humana, e verdades da religião e tem sempre uma
verdade central.
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Exemplo:
Jovem rico – Somente uma concepção superficial do significado e
direcionamento, poderia dar base ao jovem rico, para sua reivindicação de que Ele havia
guardado todos os mandamentos, desde à sua meninice.
A nação era defeituosa dos reais requisitos morais:
Os Judeus se achavam retos, porque mediam a si mesmos com um padrão
imperfeito.
Artifícios – supririam as suas deficiências pessoais.
Grandes sofrimentos : Trabalhos meritórios – dar esmolas, construir sinagogas.
Eficácia expiatória : Os méritos extraordinários dos ancestrais e suprir falhas da pessoa
ou amigos.
Conseqüências : Destruir a vida religiosa saudável, e reforçar o aspecto externo da
religião.
Se alguém concluísse que fez tudo o que foi requerido – presa fácil do orgulho.
Se alguém sentisse que havia falhado em fazer a vontade divina, naturalmente,
ele se sentiria sem esperança e desalentado.
Justiça própria e desespero.
Fariseus: mente pré-cristã de Paulo.
Jesus apresentou uma idéia muito diferente do modo como os homens podem ser
aceitos por Deus.
Ele ensinou que confiança e fé eram o que Deus queria.
Esse ensino abre o caminho da salvação para todas as pessoas fracas, pecadoras.
Não é necessário alcançar a salvação por obras meritórias.
Essa salvação por obras, não é pessoal, porque o homem não pode mudar, sem o
auxílio da graça divina, a sua própria natureza.
Ao trocar obras por fé, Jesus deu um caráter novo à religião.
Abriu caminho para o real repouso da alma; porque na fé, o homem não
descansa sob seus feitos, mas na misericórdia de Deus.
Não é mérito próprio . Envolve amor e obediência.
A real confiança em Deus implica em viver em comunhão com Ele.
A fé coloca o homem no verdadeiro relacionamento com Deus, porque abre o
caminho para a graça divina e provoca melhores aspirações e esforços na busca da
segurança com Deus.
O ensino de Cristo, troca justiça própria por humildade, e desespero por
confiança.
A idéia total é de um vital e amoroso relacionamento com Deus.
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As dores do Messias, no entendimento dos judeus, não eram sofrimentos
pessoais, mas calamidades que viriam sobre Israel e sobre o mundo, antes e em conexão
com a vinda do Messias.
As passagens do AT que faziam referência ao sofrimento do Messias, como Is.
53, não eram aplicadas ao sofrimento do Messias.
A idéia messiânica estava associada com poder e glória terrena; e não permitia a
idéia de que o messias teria que sofrer ou morrer de morte ignominiosa.
Essa idéia estava em rota de colisão com o que Jesus apresentou.
Conclusão:
Salvação
Retidão judeus
Reino de Deus
JOÃO, O BATISTA
Durante séculos, a voz viva da profecia mantivera-se silenciosa. Deus não mais
falara diretamente por meio de uma voz humana a fim de declarar a sua vontade ao seu
povo, de interpretar a razão de ser da opressão dos gentios sobre Israel, de condenar
seus pecados, de clamar por um arrependimento nacional, de assegurar o julgamento e
libertação quando o povo atendia à voz de Deus.
Houve duas correntes de vida religiosa:
A religião dos Escribas, os quais interpretavam a vontade de Deus estritamente
em termos de obediência à Lei, escrita e interpretada pelos Escribas.
Os apocalípticos, os quais em acréscimo à Lei, incorporaram suas esperanças de
uma salvação futura nos escritos apocalípticos.
Alguns eruditos têm interpretado a comunidade de Qumran como um
movimento escatológico profético. Aqueles sectários, de fato, creram que foram
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inspirados pelo Espírito Santo; mas esta inspiração os levou a encontrar novos
significados nas Escrituras do Velho Testamento, não a falar uma nova palavra
profética, “Assim diz o Senhor”. No sentido real da palavra, a comunidade de Qumran
foi um movimento legalista. Além do mais, acresce o fato de que não tinham mensagem
para Israel, mas retiraram-se por decisão espontânea para o deserto, a fim de obedecer à
Lei de Deus e aguardar a vinda do Reino.
O significado histórico do inesperado aparecimento de João será apreciado
levando-se em conta este fundo histórico. Repentinamente, a um povo que estava
gemendo sob o domínio de uma nação pagã, a qual havia usurpado a prerrogativa
pertencente apenas a Deus, que estava aguardando ansiosamente pela vinda do Reino de
Deus, e sentia que Deus havia ficado silencioso, apareceu um novo profeta com a
proclamação: “O reino de Deus está próximo”.
A situação de João, vista no seu conjunto, foi realizada segundo os moldes da
tradição profética. Ele anunciou que Deus iria agir decisivamente na história para
manifestar o seu poder real, que em antecipação a este grande evento, os homens
deveriam se arrepender, e como evidência de arrependimento, submeter-se ao batismo.
Não é difícil imaginar a excitação que o surgimento de um novo profeta com uma
proclamação, tão vivida e alarmante como a de João poderia criar. As notícias do
surgimento de um novo profeta incitaram multidões de pessoas para o rio Jordão, onde
ele estava pregando (Mc. 1:5), a fim de ouvir sua mensagem e submeter-se às suas
exigências. Depois de muito tempo, Deus havia suscitado um novo profeta para declarar
a vontade divina ao povo (Mt. 14:15, Mc. 11:32).
A crise iminente. A proclamação que João fez da iminente atividade divina no Reino,
envolveu dois aspectos. Um duplo batismo deveria acontecer: com o Espírito e com
fogo (Mt. 3:11 – Lc. 3:16). Marcos menciona apenas o Batismo com o Espírito Santo
(Mc. 1:8).
Interpretações:
1. João anunciou apenas um batismo de fogo.
“A idéia de Batismo com Espírito Santo é vista como um acréscimo cristão à luz da
experiência do Pentecostes”.
2. Batismo do PNEUMA.
“Não se trata do Espírito Santo, mas, sim, do sopro flamejante do Messias que destruirá
seus inimigos”. Is. 11:4.
3. João anunciou um único Batismo que inclui dois elementos:
A punição dos ímpios;
A purificação dos justos.
4. Batismo: Justos com Espírito Santo.
“fogo refere-se ao caráter do Espírito Santo que atua para purificar os justos”. Tem o
efeito de: (1) limpar, purgar o bem; (2) Destruir o mal.
A expectativa de um derramamento escatológico do Espírito encontra uma base
ampla no Velho Testamento.
Isaías 44:3-5. Deus promete derramar o seu Espírito sobre os descendentes de Jacó
através de um poder capaz de suscitar e conceder vida.
Isaías 32:15. O derramamento do Espírito de Deus será um elemento básico em efetivar
a transformação da era messiânica.
Ezequiel 36:27. Deus dará a seu povo um coração novo e um Espírito novo, por colocar
neles o seu Espírito.
Joel 2:28-32. Promessa reiterada.
O significado do duplo batismo com Espírito e com fogo é descrito com mais
precisão através da seleção e moagem do grão de trigo; o trigo será ajuntado em lugar
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próprio, mas a palha será queimada com fogo (Mt. 3:12; Lc. 3:17). Uma separação vai
acontecer: alguns serão ajuntados no celeiro divino – O batismo deles será o batismo do
Espírito Santo; outros serão mandados embora em juízo – esses receberão o batismo de
fogo.
O Batismo de João. A fim de preparar o povo para o Reino vindouro, João os
conclamava ao arrependimento e a que se submetessem ao batismo nas águas. O
batismo de João rejeitou as idéias de uma justiça legalista ou nacionalista, e exigiu um
retorno moral e religioso para Deus. Ele recusou-se a assumir, com fato consumado, a
existência de um povo justo. Somente aqueles que se arrependessem, que
manifestassem esse arrependimento através de uma mudança de conduta, iriam escapar
do julgamento iminente. A base da salvação Messiânica é, certamente, ético-religiosa, e
não nacionalista. Em termos violentos, João advertia os líderes religiosos de Israel (Mt.
3:7) que estavam fugindo, como víboras diante do fogo, da ira vindoura. O pensamento
judaico contemporâneo a João aguardava uma visitação da ira de Deus, mas ela recairia
sobre os gentios. João aplica a sua ira sobre os judeus que não se arrependeram.
Uma questão difícil surge, no que tange à relação precisa entre o batismo de
João e o perdão dos pecados. Muitos eruditos encontram um significado sacramental de
purificação, que efetua tanto a remissão de pecados... como a conversão. (Mc. 1:4) e
(Lc. 3:3) falam de “um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados”. Lucas
3:3 mostra que o “arrependimento e para o perdão dos pecados” é uma fase compacta, e
com toda probabilidade devemos entender toda a frase em Lucas 3:3 como uma
descrição do batismo, com a preposição dependente apenas do arrependimento. Não é
um ato formal chamado batismo de arrependimento que resulta no perdão dos pecados,
mas o batismo de João é a expressão do arrependimento que resulta no perdão dos
pecados.
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Qualquer que seja o fundamento histórico, João dá um novo significado ao rito
de imersão, por chamar o povo ao arrependimento.
Jesus e João
O significado do ministério de João é explicado por Jesus em uma difícil
passagem encontrada em Mt. 11:2 e ss. João questionou, se Jesus era de fato aquele que
deveria inaugurar o Reino de Deus em poder apocalíptico.
Como resposta, Jesus afirmou que a profecia messiânica de Is. 35:5-6 estava
sendo cumprida em sua missão. Então proferiu uma expressão de elevado louvor a João;
ninguém maior do que ele jamais viveu, contudo, aquele que é menor no reino dos céus
é maior do que ele. “Desde os dias de João até agora o reino dos céus... Pois todos os
profetas e a lei profetizaram até João (Mt. 11:12,13). É impossível decidir-se com
certeza absoluta se a expressão “Desde os dias de João” tem um significado inclusivo ou
exclusivo: Começando com os dias de João ou à partir dos dias de João. Wink dá grande
ênfase a esta passagem, argumentando que a preposição apo, nas expressões temporais,
é sempre inclusiva. Ele argumenta que a linguagem inclui João na era do Reino.
Entretanto, tal interpretação não parece ser muito precisa. Em Mt. 1:17 “de Davi até a
deportação” é exclusiva; A expressão, “desde aquele dia jamais ousou alguém interrogá-
lo (Mt. 22:46), significa no sentido exclusivo. Além do mais, no contexto, João não está
no Reino, muito embora fosse o maior dos profetas. O menor do Reino é maior do que
João (Mt. 11:11). Concluímos que Jesus quis dizer que João é o maior dos profetas.
Com ele, a era da lei e dos profetas tinha chegado ao fim. À partir de João, o Reino de
Deus está operando no mundo, e o menor desta era nova, desfruta e conhece bênçãos
maiores que as desfrutadas por João, porque participa de uma nova comunhão pessoal
com o Messias.
O REINO DE DEUS
A erudição moderna revela quase que uma unanimidade ao afirmar que o Reino
de Deus constituiu-se na mensagem central de Jesus. (Mc. 1:14, 15; Lc. 4:21).
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Jeremias interpreta o ministério de Jesus como um todo, como sendo um evento no qual
o Reino é realizado, entretanto, Jesus aguardava uma consumação escatológica iminente
do Reino, a qual envolveria a sua própria ressurreição e parousia.
No período compreendido pelos anos de 1963 a 1964, três livros surgiram
independentemente um do outro, os quais interpretaram o Reino basicamente do mesmo
modo em termos do descortinamento da história da redenção. O Reino de Deus é o
domínio real de Deus, que tem dois momentos: um cumprimento das promessas do VT
na missão histórica de Jesus e uma consumação ao fim dos tempos, inaugurando a era
vindoura.
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uma dupla manifestação: ao fim dos tempos, destruir a Satanás; e na missão de Jesus,
aprisionar a Satanás. Antes da destruição final de Satanás, os homens podem ser
libertados do seu poder...
A palavra aprisionamento é uma metáfora, e designa uma vitória sobre Satanás,
de tal forma, que o seu poder é freado. Cullmann afirma que Satanás está realmente
preso, com uma corda bem longa. Satanás não está desprovido de poder, mas seu poder
está enfraquecido. Cullmann torna a ilustrar este fato por recorrer a uma expressão
militar. A batalha decisiva em uma guerra pode ser ganha, e o curso da batalha tornar-se
dificultoso antes da obtenção da vitória final. “Toda ocasião em que Jesus expulsa um
espírito demoníaco, constitui-se uma antecipação da hora na qual Satanás será,
visivelmente, despido de seu poder.
Aqui se encontra um ministério insolúvel na Teologia do Novo Testamento. Os
inimigos do Reino de Deus são considerados, não como nações hostis e ímpias, como o
foram no VT, mas, sim, como poderes espirituais malignos. O Problema que nos
interessa é esse: Porque o Novo Testamento não descreve esta batalha como
acontecendo exclusivamente no mundo espiritual? Por que a vitória sobre o mal pode
ser apenas conquistada no plano histórico? Nenhuma explicação é fornecida, mas a
resposta reside no fato de que o destino dos homens encontra-se envolvido nesta luta.
A mensagem de Jesus é que, na sua própria pessoa e missão, Deus invadiu a
história humana e triunfou sobre o mal, muito embora a libertação final venha ocorrer
apenas na consumação dos tempos.
Era presente A
Era vindoura
O mundo vindouro A
Era vindoura
A Era presente
Este esquema tem a vantagem de ilustrar que a Era Vindoura situa-se num plano
superior ao desta era presente, e que o tempo entre a ressurreição e a parousia é um
período de tempo sobreposto entre as duas eras. A igreja vive “entre duas era”; a antiga
era prossegue em atividade, mas os poderes da nova era invadiram-na.
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Gostaríamos de sugerir uma modificação a mais para melhorar a ilustração da
linha do tempo encontrada no Novo Testamento.
Era vindoura
Era presente
Este diagrama sugere que o Reino de Deus esteve ativo nos dias do Velho
Testamento. Em eventos tais como o Êxodo e o cativeiro babilônico, Deus estava
agindo em seu poder real para livrar e julgar o seu povo. Entretanto, em um sentido bem
real, o Reino de Deus veio ou entrou para a história na pessoa e missão de Jesus.
O DEUS DO REINO
“Basiléia Tou Theou” - A ênfase recai sobre a terceira palavra, não na primeira; trata-se
do Reino de Deus. Se o Reino significa o domínio de Deus, então todo o aspecto do
Reino deve ser derivado do caráter e ação de Deus.
No Judaísmo, o Reino de Deus também foi interpretado como o governo
soberano de Deus sobre todos. Ele nunca cessou de ser Deus, cuja providência real
subentende, em última análise, toda a existência humana. Tanto o presente como o
futuro, revelam o Reino de Deus, pois o presente e o futuro formam o cenário da
atuação redentora de Deus.
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Este mesmo fato estava incorporado na Missão de Jesus. Quando ele foi
criticado pelos fariseus por violar os seus padrões de justiça e associar-se com os
pecadores (Mc. 2:15-17). Só aqueles que reconhecem que estão enfermos e que
precisam de médicos. Jesus deveria levar a mensagem do Reino a tais pecadores.
A grande verdade a respeito de Jesus buscando o pecador é afirmada com
extensão nas três parábolas de Lucas 15, que foram proferidas para silenciar a crítica de
que Jesus compartilhava a intimidade da comunhão da mesa, juntamente com os
pecadores.
Cristo procurou os pecadores, ao invés de evitá-los. O centro das boas-novas
sobre o Reino, é que Deus tomou a iniciativa de buscar e achar o que se havia perdido.
“O Deus paternal”
Deus busca pecadores, convidando-os a que se submetam ao seu domínio, para
que possa ser seu pai. Existe uma relação inseparável entre o Reino de Deus e a Sua
Paternidade. (Mt. 13:43; Mt. 25:34; Lc. 12:32). Fica demonstrado, de modo bem claro,
que a soberania real e a Paternidade são conceitos intimamente relacionados. Aqueles
que não entram no Reino não desfrutarão a relação de Deus como Pai. E uma bênção, e
uma relação que só pode ser desfrutada por todos os homens que entram no Reino.
A Paternidade de Deus pertence àqueles que responderam ao amor divino, que
os buscava constantemente, e que se submeteram ao Reino de Deus. Deus busca os
homens, não porque ele seja o seu Pai, mas porque, assim fazendo, pode haver a
possibilidade de tornar-se seu Pai.
O significado de Deus como Pai foi investigado por Joachim Jeremias. Jesus
usou a palavra aramaica ABBA para dirigir-se a Deus, e também ensinou os seus
discípulos a fazerem o mesmo (Rm. 8:15; Gl. 4:6). A Palavra ABBA foi tomada do
linguajar das crianças e significa algo semelhante ao nosso “Paizinho”. Os judeus não
fizeram uso desta palavra para se dirigirem a Deus, pois ela era muito íntima e parecia
desrespeito. Jesus falou com Deus, como uma criança ao seu Pai, e ensinou os
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discípulos a fazerem o mesmo. Ele proibiu-lhes usarem Abba no linguajar diário como
um título de cortesia (Mt. 23:9); Abba representa a nova relação de confiança e
intimidade que Jesus conferiu aos homens.
O REINO E A IGREJA
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judaico. Durante toda sua vida viveu como um judeu. Sua missão foi a de proclamar ao
povo de Israel que Deus estava agindo naqueles dias, a fim de cumprir as suas
promessas e conduzir Israel a seu verdadeiro destino.
O Segundo fato, é que Israel como um todo, rejeitou tanto a Jesus como a sua
mensagem a respeito do Reino. Se bem que as razões para a rejeição de Jesus por parte
dos judeus sejam complexas, J. M. Robinson acha que o centro da controvérsia entre
Jesus e as autoridades judaicas encontra-se no seguinte: sua rejeição do Reino
proclamado por Jesus, e do arrependimento que tal proclamação requeria.
Um terceiro fato é de igual importância. Embora Israel, como um todo, se
recusasse a aceitar a oferta do Reino feita por Jesus, um grupo substancial respondeu
pela fé. Ser discípulo de Jesus, não era a mesma coisa que ser discípulo de um rabino
judaico. Os rabinos exigiam lealdade dos seus discípulos para com a Torah, não para
consigo mesmo; Jesus oferecia tão somente a sua própria pessoa. Jesus exigiu que seus
discípulos se rendessem, sem reservas à sua autoridade. Conseqüentemente, eles não se
tornaram apenas discípulos, mas também douloi (escravos) (Mt. 10:24; 24:45 e ss.; Lc.
12:35 e ss.; 42 e ss.). O discípulo de Jesus envolvia muito mais do que seguir os passos
de sua comitiva; significava, nada menos, que a dedicação pessoal, completa e
incondicional a ele e à sua mensagem. A razão para tal procedimento encontra-se na
presença do Reino de Deus na pessoa e mensagem de Jesus; nele, os homens foram
confrontados pelo próprio Deus.
Conclui-se que, uma vez que Jesus proclamou a salvação messiânica, que
ofereceu a Israel a possibilidade de arrependimento, esse destino foi realmente
cumprido naqueles que receberam sua mensagem. Os recipientes da salvação
messiânica tornaram-se o verdadeiro Israel e os representantes da nação como um todo.
Os discípulos de Jesus são os recipientes da salvação messiânica, o povo do reino, o
verdadeiro Israel.
O Remanescente Crente. Os profetas do AT consideraram Israel como um todo, uma
nação rebelde e desobediente, e, conseqüentemente, destinada a sofrer o julgamento
divino. Contudo, ainda permaneceu dentro da nação infiel um remanescente de crentes
fiéis, que se constituíam no objeto do cuidado de Deus. Neste conceito de remanescente
fiel, encontramos a representação do verdadeiro povo de Deus.
A nação de Israel, como um todo, se mostrava surda à voz do seu pastor; mas
aqueles que ouvissem e seguissem o seu pastor, constituiriam o seu rebanho, o pequeno
rebanho (Lc. 12:32), o verdadeiro Israel.
Através da escolha dos doze, Jesus ensinou que estava suscitando uma nova
congregação para ocupar o lugar da nação que estava rejeitando a sua mensagem.
Mateus 16:18,19. Neste texto, verifica-se consistentemente o ensino de Jesus.
A expressão não fala da criação de uma determinada organização ou instituição,
nem deve ser interpretada em termos de ekklesia caracteristicamente cristã, como corpo
e noiva de Cristo, mas em termos vétero testamentário de Israel, como povo de Deus. A
idéia de edificar um povo é uma idéia do VT. Acresce o fato de que ekklesia é um termo
bíblico que designa Israel como o povo de Deus. Significado da Rocha, a qual este povo
deve estar fundado:
Em virtude do uso simétrico que está por traz do texto grego, não devemos usar
o jogo nos dois vocabulários gregos petros (Pedro) e petra (rocha). Provavelmente o que
Jesus disse foi: “Tu és kepha e sobre esta kepha edificarei a minha igreja”.
Interpretações:
1. A rocha é o próprio Cristo (Lutero).
2. É a fé que Pedro exerceu em Cristo (Calvino).
3. A rocha é Pedro, confessando a Jesus como o Cristo (Cullmann).
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A expressão a respeito da fundação da Igreja é adequada ao ensino de Jesus e
significa que ele considerou o círculo daqueles que receberam a sua mensagem como
sendo os filhos do Reino, o verdadeiro Israel, o povo peculiar de Deus.
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“A Igreja é a agência do Reino”
Os discípulos são agentes instrumentais do Reino. (Mt. 10:8; Lc. 10:17). Muito
embora o poder que eles demonstraram tenha sido um poder que lhes fora outorgado por
delegação, o mesmo poder do Reino operou através da instrumentalidade deles, por
meio de Jesus.
A verdade está implícita na declaração de que as portas do Hades não
prevaleceriam contra a Igreja (Mt. 16:18). Pode significar que as portas do Hades – o
lugar que não se vê, que são concebidas como fechadas atrás de todos os mortos, não
mais conseguirão reter as suas vítimas, mas serão forçadas a se abrir diante dos poderes
do Reino exercidos pela Igreja. Diante do poder do Reino, a morte perdeu o seu poder
sobre os homens e é incapaz de vindicar uma vida final.
A ÉTICA DO REINO
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capítulo, qual a relação existente entre o ensino ético de Jesus e a sua pregação a
respeito do Reino de Deus.
Jesus e a Lei. É possível verificar, tanto elementos de continuidade, como
descontinuidade na atitude de Jesus para com a lei de Moisés. Ele obedeceu as
injunções da Lei (Mt. 17:27); 23:23; Mc. 14:12). De fato, a sua missão efetiva o
cumprimento do verdadeiro propósito da Lei (Mt. 5:17). Decorre que o Velho
Testamento é considerado de validade permanente. (Mt. 5:17, 18).
Esta notícia de cumprimento, significa que uma nova era foi inaugurada, e esta
nova era requer uma nova definição do papel e importância da Lei para a Vida dos
Homens. Nesta nova ordem de coisas, uma nova relação foi estabelecida entre o homem
e Deus. Esta relação agora não é mais mediada através da Lei, mas, sim, através da
pessoa do próprio Jesus.
A ética do Reino de Deus. “O governo de Deus é estabelecido onde quer que os
homens, empreendam o cumprimento da lei de Deus” H. Windisch.
A ética de Jesus é a ética do Reino, a ética do reinado de Deus. É verdade que a
maior parte das máximas éticas de Jesus pode ser colocada lado a lado com ensinos
judaicos; mas nenhuma coleção de ensinos éticos judaicos faz o impacto sobre o leitor
que a ética de Jesus faz. Na experiência do Reino de Deus, os homens são capacitados a
dar cumprimento a um novo padrão de justiça.
Ética Absoluta. A ética de Jesus incorpora o padrão de justiça que Deus requer
dos homens, em qualquer era. Jesus exigiu uma honestidade absoluta, uma honestidade
tão absoluta que um Sim ou um Não seriam tão válidos quanto um julgamento. O
sermão do Monte descreve o ideal do homem, em cuja vida, o Reino de Deus é de fato
experimentado.
A Ética da Vida Interior. A ética do reino coloca uma nova ênfase sobre a
justiça do coração. Uma justiça que excede a dos escribas e fariseus é necessária para a
admissão no Reino dos Céus (Mt. 5:20).
A leitura do Mishnah, deixa claro que o ponto focal da ética rabínica foi
colocado na obediência externa da letra da lei. Em contraste, Jesus exigiu uma justiça
interior perfeita.
“Nenhum sentimento de ira, nenhum desejo de retaliação, nenhum ódio, para
que os corações possam ser totalmente puros”. (N. N. Wilder) A ira, o desejo, o ódio
pertence à esfera do homem interior e da intenção, que motiva às suas ações. A
exigência primária de Jesus é por caráter justo (Lc. 6:45; Mt. 7:12; 12:36).
A obtenção da Justiça. A justiça do reino só pode ser alcançada pelo indivíduo
que se submeteu ao reinado de Deus, que se manifestou em Jesus. Quando um homem é
restaurado à comunhão com Deus, ele se torna filho de Deus e o recipiente de um novo
poder, o poder do Reino de Deus. E pelo poder do Reino de Deus que a justiça do reino
é alcançada.
Qualquer laço, ou afeição humana, que impede a decisão favorável do indivíduo
pelo reino de Deus e por Jesus, deve ser quebrado. Ex. O mancebo rico (Lc. 14:33). A
forma mais radical desta renúncia preconizada inclui a própria vida do indivíduo; (Lc.
14:26). (Ver Mt. 16:24).
Jesus redefiniu o significado do amor ao próximo; significa amar a qualquer que
se encontra em necessidade (Lc. 10:29 e ss.; Mt. 5:44). O próprio Jesus declarou que a
lei do amor resume todo o ensino ético do Velho Testamento (Mt. 22:40). Esta lei do
amor é original em Jesus, e é o resumo de todo o seu ensino ético.
Recompensa e Graça. Muitas afirmações nos ensinos de Jesus sugerem que as
bênçãos do Reino são uma recompensa. O pensamento judaico contemporâneo nos dias
de Jesus desenvolveu bastante a doutrina do mérito e retribuição, e, à primeira vista, isto
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parece ter acontecido também nos ensinos de Jesus (Mt. 5:12; 5:4; 6:18; 20:1-6; 24:45-
51; Lc. 14:8-11). Em tais declarações, os ensinos de Jesus parecem estar bem próximos
do conceito judaico comum quanto aos méritos, através do qual a recompensa era um
tipo de pagamento concebido, quantitativo.
Há outras declarações, entretanto, que colocam o ensino de Jesus em uma
perspectiva completamente diferente. Ao passo que Jesus faz apelo à recompensa, ele
nunca usa a ética do mérito. A fidelidade nunca deve ser exercida, tendo em vista a
recompensa. Quando um homem tiver exercido a mais elevada fidelidade, ainda assim
ele não se fez merecedor de coisa alguma, pois não fez nada mais do que a sua
obrigação (Lc. 17:7-10).
À luz dos ensinos de Jesus, a recompensa é dom da Graça de Deus. Mas o reino
não é somente um dom futuro; é também um dom presente àqueles que renunciarem a
tudo e se lançarem, sem reservas, à graça de Deus. Para eles, tanto o Reino como a sua
justiça estão incluídos no dom gracioso de Deus.
BIBLIOGRAFIA
Ladd, George Eldon; Teoloia do Novo Testamento – 1ª Ed. São Paulo: Exodus, 1997.
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