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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI (URCA)

UNIDADE DESCENTRALIZADA DE IGUATU (UDI).

Curso de graduação: Bacharel em Direito.

Disciplina: Filosofia Geral.

Docente: Pierre Wirom Pinheiro Matias.

Discente: Victória Carvalho da Silva Elói

Curso: Direito.

Período: 1° semestre.

Exercício semanal.

24 de fevereiro de 2022

Iguatu, Ceará.
Leia o texto abaixo:

Os gregos estavam convencidos – ao menos em seu entendimento dominante – que a


reflexão sobre a vida de um homem qualquer, como eu e você, seria completamente
inadequada se o considerássemos isoladamente. Neste ponto, muitos de nós,
contemporâneos, divergimos frontalmente deles. Assim, quando lá no início do Ensino
Médio, antigo colegial, fizemos um teste vocacional, só foram levadas em conta
aptidões, inclinações, reações recorrentes, afetos que nos diziam respeito.
Exclusivamente. Para os gregos, a vida de uma pessoa qualquer só pode ser valorada
em função de referências que a transcendem. Ou seja, que vão além dela. Em outras
palavras, para você poder pensar sobre a melhor maneira de viver é preciso olhar para
fora de si. Considerar outras coisas além de você mesmo. Mas que referências são
essas? O que, fora de nós, poderia ser critério para definir a vida que viveremos? De
acordo com a concepção grega de vida boa (ética), estamos todos inscritos no universo
e dele fazemos parte. E isso é decisivo para escolher a vida que, instante a instante,
optamos por viver. Isso porque, para os gregos antigos, somos todos parte de um todo.
A palavra parte só encontra sentido em relação ao todo do qual ela participa. Por isso
afirmavam que a ética – reflexão sobre a vida, em outras palavras, a vida de qualquer
homem só pode ser julgada em função da sua condição de parte, de uma parte
específica, que este homem encarna neste todo maior e universal. Desta forma,
dependendo da parte que formos, nossa vida deverá ser uma ou outra. Tudo que
encontramos no mundo faz parte do universo. E o homem? Ora, também faz parte do
todo. Todo que não seria o que é, se não fôssemos como somos. Cada um de nós. Mas,
vivemos sempre no nosso lugar? Tome sua própria existência como objeto de análise.
Por acaso sua vida é sempre boa? Se não, bem-vindo ao time da humanidade, cujos
integrantes parecem já ter se acostumado a estar, de vez em quando, no lugar errado.
Eudaimonia. Indício de que a vida que escolhemos para viver é a adequada.
Eudaimonia, o bem supremo da vida, sua finalidade última. A vida que vale a pena ser
vivida, a vida vale por ela mesma. No instante mesmo em que é vivida. E isso acontece
quando nos ajustamos ao universo, ou seja, ocupando o lugar que é o nosso,
desempenhando com excelência a atividade para a qual fomos talhados e buscando a
finalidade que é a nossa como parte do todo.
(Barros Filho, Clóvis de. A vida que vale a pena ser
vivida / Clóvis de Barros Filho, Arthur Meucci. –
Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. Texto adaptado)

Aforismo: “Os dois mais importantes dias da sua vida são os dias que você nasce e o
dia que você descobre o porquê.” (Mark Twain).

Atividade: Com base no texto (que retrata a teoria ética aristotélica), disserte sobre a
relação existente entre o texto e o referido aforismo.
Dissertação:

Primeiramente, quanto ao texto apresentado acima, para os gregos a vida de uma


pessoa qualquer só pode ser apta a valor em função de referências que a
transcendem. Deixando mais claro e evidente, que vão além dela, além da
individualidade de uma pessoa. Para descobrir a maneira de viver da melhor forma
possível, é preciso ter uma perspectiva além do horizonte que enxergamos dentro de
nós, considerando existências além das nossas. Assim, a eternidade, se pararmos pra
pensar, não condiz a algo puramente imortal em relação a nossa forma biológica.
Mas, está relacionada com os nossos feitos, que estarão encravados eternamente na
humanidade, enquanto ela existir. Pois, por mais que seja pequeno a ação de alguém
diante de outras, com notável esforço e dedicação, deixará alguma significação no
percurso eterno da história do homem.

Dessa forma, o fazer e agir nesse mundo é a forma como afirmamos a nossa
existência nos comos. O lutar pelos nossos propósitos é como um feixe de luz em um
plano escuro, onde também há vários outros feixes de luz que por meio da sua
luminosidade afirmam sua condição de existir no universo. Portanto, a vida não é
feita para ser vivida em acomodação, mas também não só somente a favor e
unicamente do propósito que estabelecer para si, da trilhagem até ele. Já que, é o
caminho que trará experiência, vivências, perspectivas e conhecimentos incomuns,
diferente do propósito alcançado que só é um alvo por si só.

Em segundo plano, referindo-se agora ao aforismo dito pelo Mark Twain, “Os dois
mais importantes dias da sua vida são os dias que você nasce e o dia que você
descobre o porquê”, dou início quanto minha opinião de tal ideia. A princípio,
descobrir o propósito de vida, faz com que os sofrimentos e sacrifícios pelos quais
passamos e nos submetemos tenham significado e não sejam em vão, fazendo com
que não venham a se tornar uma lamúria desnecessária. Em decorrência disso,
quando somos crianças não temos a noção de criar ou buscar um alvo a perseguir
durante nossa passagem na terra. Com por exemplo, na infância não entendemos
tão bem como os adultos a importância de ser um estudante aplicado nos estudos,
não conseguindo enxergar a transcendência que é estar saciando conhecimento.
Buscamos, então, um propósito para não dar somente a vida o fato de que só
nascemos, existimos e morremos. Com esse propósito podemos deixar um legado,
seja unicamente para alguém, ou, para o mundo inteiro, antes da nossa partida.

Dando continuidade e se aproximando ao fim de minha resolução, o dia em que você


obtém para si a resposta do por que existimos e para que, é perturbador, pois é
emergida a consciência de que tem o dever moral consigo mesmo de atuar em
relação a isso, e isso irá te perseguir até o feito estiver consumado. No entanto,
muitas pessoas desde do início de suas vidas já têm plena ciência do que vieram
fazer aqui, mas o medo e o não saber o que fazer quanto a isso o paralisa, e o faz ter
um peso em sua cabeça. Ademais, algo também importante a se considerar é a
relevância do dia em que se aceita e vem se tornar a ser o que é, mais do que o dia
em que se descobre o que é de fato. Pois, assumir ser o que geralmente não acontece
no mesmo dia em que se revela pra nós a nossa verdadeira face, é necessário
coragem, e isso não é encontrado instantaneamente nas pessoas, em sua grande
maioria.

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