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Vocacional Acessível

Zine produzido pela Área de Acessibilidades e Redes de Apoio e GT Acessibilidades do Programa Vocacional 2022

O que moveu a Área de


Acessibilidades em 2022?
• Protocolos de Atendimento: criados
em conjunto com Artistas do Progra-
-ma. Orientou os procedimentos da
equipe..
• Articulações com entidades e grupos
externos para encaminhamentos e

Paloma Barbosa
parcerias
• Encaminhamento de questões levan-
tadas por Artistas do Programa Mape-
amento de redes de apoio
• Consultoria e sugestão em Comunica-
ção Visual Questões disparadoras do
• Acolhimento de questões de Artistas
• Território online e tecnologias assis-
GT Acessibilidades
tivas. O GT foi formado a partir de questões e
preocupações de Artistas reunidos no
Encontro Geral
Bruno Vital

• Como lidamos quando o CID* não está


diagnosticado? Como compreender
pelo modelo biopsicosocial (formas
de acolhimentos)?
• Cursos e especializações - que tipo?
Para onde nos levam?
• Como lidamos com as defs não visi-
veis?
• E quando você precisar de acessibili-
dades?
• Questões pedagógicas — como trazer
de modos mais acessiveis?
• Como fazer um primeiro acolhimento?
• Com lidar com os equipamentos?
• Como e porquê evitar a estigmatiza-
ção das corpas desviantes?
Pessoa vem em primeiro lugar!

P
essoa comum - Se você usa o termo • Estudo mútuo - Corpas com Deficiência
pessoa normal pode dar a entender são muitas vezes privadas da compre-
que o restante é anormal. Termino- ensão da própria corpa;
logias: Pessoa com deficiência visual, ou • Os limites de cada corpa só podem ser
cega, Pessoa com def. auditiva ou surda, reconhecidos pela própria pessoa;
Pessoa com def. intelectual e não defi- • Acessibilidade do espaço;
ciência mental, Pessoa com autismo ou • Condições de deslocamento;
autista. • Acompanhamento junto de outros
Nas artes: profissionais;
• Promover ações que todes possam
• Pessoa com def.: A pessoa importa fazer ou se sintam confortáveis nas
maisdo que a de iniciência. O termo adaptações;
deficiência = def. entra aqui no diminu- • Ferramentas assistivas: quais são ne-
tivo.Artistas com deficiência da Região- cessárias?
nordeste, passaram a usar odiminutivo
Def. Ou seja: Artistas comDef. , Pessoas
com Def.
• Corpa Aleijo, poética Aleijada; Embus-
ca dessa reafirmação eresignificação do
termo corpo aleijado.
• Corpo Intruso: corpas que incomodam,
Termo cunhado por Estela Lapponi. Es-
pecificamente corpos com deficiência.
• Corpas dissidentes: Corpas que discor-
dam e desviam do padrão.

Exercitando a luta anticapacitista


• Parcerias com pessoas com deficiência
comprometidas com o ativismo social;
• Acessibilidade atitudinal: empatia com
as feridas que as pessoas com def. car-
regam.
• Acolhimento: Cada pessoa com defici- Desiree Helissa, Não Chore por mim,
ência tem suas especificidades; 2021. Área de Acessibilidades e Redes
de Apoio, Vocacional 2022

Vocacional Acessível | Material produzido pela Área de Acessibilidades e Redes de Apoio


e pelo GT Aessibilidades do programa Vocacional da cidade de São Paulo, SMC - Supervisão de
Formação. Artistas que colaboraram: Antonio Herci; Desiree Helissa; Didi Monteiro; Erico Santos;
2Mari Arantes; Nayara Rodrigues; Rafa’ Amauzo; Rodrigo Moura; Tânia Granussi; Vinicius Santana.
Área de Acessibilidades Grupo de Trabalho
A Área de Acessibilidades e Redes de Organizado a partir do Encontro Geral
Apoio foi criada para a Edição 2022 do
Os GTs, ou Grupos de trabalho, são
Programa Vocacional.
grupos formados por Artistas do Pro-
Segundo o Edital do Vocacional grama Vocacional para pesquisa e
2022, a área contem as seguintes aprofundamento de questões ou te-
atribuições: mapear as ações e neces- mas específicos. O GT Acessibilidades
sidades dos territórios em relação a é atuante desde edições passadas e
acessibilidades, articular com artistas formulou grande parte da política da
orientadores e articuladores de equipe Área aplicada neste edição.
e processos artístico-pedagógicos redes
com espaços de apoio dos territórios
(CAPS, CRAS, CREAS, CECCO, entre ou- Atendimento, acolhimento,
tros e incluindo familiares e cuidadores encaminhamento
em casos específicos) em diálogo com Os Protocolos da Acessibilidades
a Supervisão de Formação. foram construídos coletivamen-
te pelo Programa Vocacional.
Configuram um conjunto de pro-
cedimentos e parâmetros que se
baseiam no tripé adotado pela
equipe — atendimento, aco-
lhimento e encaminhamento
— e direcionam as questões
que chegam na Área. Acesse a
página dos PROTOCOLOS, que
conta com tradução em Libras
e com áudio na Internet, atra-
vés do QRCode ao lado.
https://programavocacional.com.br/protocolos/

CID* - Como compreender pelo modelo biopisicossocial


Importante compreender que não construindo uma coleta qualitativa, em
devemos associar deficiência com doen- conversa com os movimentos, pois auto-
ça. A def. é uma condição social. declarações tendem para a subnotifica-
Relacionar deficiência a doença é por ção, classificação incorreta e distorções
si só capacitista. Não são consideradas nas políticas públicas.
deficiência as doenças crônicas ou de- *CID significa classificação internacional de doen-
-pendência química. É importante, re- ças. É um sistema de códigos, criado pela OMS, uti-
lizado no mundo todo para padronizar a linguagem
conhecer condições para além do CID.
entre os médicos, além de monitorar a incidência e a
E ter atenção na construção de dados prevalência de cada doença
3
O que são redes de apoio?
CAPS

R
Os Centros de Atenção Psicossocial
ede de apoio social pode ser - Caps são serviços de saúde de cará-
considerada como um “con- ter aberto e comunitário voltados aos
junto de sistemas e de pes- atendimentos de pessoas com sofri-
soas significativas, que compõem os mento psíquico ou transtorno mental,
elos de relacionamento recebidos e incluindo aquelas com necessidades de-
percebidos do indivíduo1”. correntes do uso de álcool, crack e ou-
O componente afetivo foi acres- tras substâncias, que se encontram em
cido a este conceito, em função do situações de crise ou em processos de
incontestável e reconhecido valor do reabilitação psicossocial.
vínculo de afeto para a constituição
e manutenção do apoio e proteção. CECCO
Apoio social tem a ver com as re- Os Centros de Convivência e Coope-
lações que uma pessoa estabelece rativas – CECCOs são abertos a todas as
na vida e que podem influenciar de pessoas, tem como objetivo favorecer a
forma significativa a definição da sua aproximação e convivência entre a po-
personalidade e o desenvolvimento. pulação geral, em toda sua diversidade,
A existência de vínculos e rela- sejam elas idosas, pessoas com transtor-
ções, o desempenho de diferentes nos mentais, com deficiências, crianças
papéis permite que o indivíduo se e adolescentes, pessoas em situação de
desenvolva emocional e socialmente rua, dentre outras.
e obtenha mais recursos pessoais.
CRAS e CREAS
CRAS significa Centro de Re-
ferência de Assistência Social
e o CREAS é o Centro de Refe-
rência Especializado de Assis-
tência Social. é responsável pela
prevenção de situações de vul-
nerabilidade social e risco nos
territórios. Já o CREAS trata das
consequências e acompanha as
famílias e indivíduos que já tive-
ram seus direitos violados.
Marcos Abranches – Corpo Sobre
Tela. Performance. São Paulo, 2016
1
Brito, R. C. & Koller, S. H. (1999). Redes de apoio social e afetivo e desenvolvimento. In A.
M. Carvalho (Org.). O mundo social da criança: natureza e cultura em ação. (pp. 115-130).
4 São Paulo: Casa do Psicólogo.
Formas de acesso ao CRAS Atendimento à mulher
O Centro de Referência de Atendimen-
e ao CREAS to à Mulher (CRAM) presta acolhimento e
Para acesso ao CREAS, basta ser en- atendimento humanizado às mulheres em
caminhado pelo Serviço Especializado em situação de violência, apoio psicológico,
Abordagem Social, por outros serviços da social e orientação e encaminhamentos
assistência social, outras políticas públi- jurídicos necessários à superação da si-
cas e por órgãos do Sistema de Garantia tuação de violência.
de Direitos.
Serviços ofertados:
Analisando o dia a dia dos CREAS no
• Atendimento e acompanhamento psi-
Brasil, temos muitos usuários acessando
cológico, social e jurídico realizado
o serviço também por demanda espontâ-
por uma equipe multidisciplinar;
nea.
• Auxilio na obtenção do apoio jurídico
O CRAS pode ser acessado de três ma-
necessário a cada caso específico;
neiras:
• Orientação sobre os diferentes serviços
disponíveis relacionados à prevenção,
• Procura espontânea. A procura espon-
apoio e assistência às mulheres em si-
tânea ocorre quando a família, grupo
tuação de violência;
ou indivíduo vai até o CRAS de livre
• Articulação com outras instituições
vontade para receber o atendimento.
para o acesso aos programas de educa-
• Busca ativa. É uma estratégia para o
ção formal e não formal e os meios de
conhecimento das condições de vida
inserção no mundo do trabalho.
das famílias no território. Bem como
para localizá-las e contatá-las, seja Centro de Cidadania LGBTQIA+
através de visitas domiciliares ou de Desenvolvem ações permanentes de
entrevistas marcadas no CRAS. Esta combate à homofobia e respeito à diver-
modalidade de acesso ao CRAS pro- sidade sexual.
porciona o atendimento a famílias que Atuam a partir de dois eixos:
muitas vezes, por apresentarem alta • Defesa dos Direitos Humanos: atendi-
vulnerabilidade, não acessam o servi- mento a vítimas de violência, precon-
ço espontaneamente. São prioritárias ceito e discriminação. Apoio jurídico,
na busca ativa as famílias beneficiá- psicológico e do serviço social, com
rias dos programas de transferência de acompanhamento para realização de
renda que não procuram os CRAS, as boletins de ocorrência e demais orien-
que não estão cumprindo as condicio- tações.
nalidades definidas pelos programas. • Promoção da Cidadania LGBTQIA+:
• Encaminhamento. Encaminhamentos suporte e apoio aos serviços públicos
são realizados pela rede socioassis- municipais da região central, por meio
tencial e serviços das demais políticas de mediação de conflitos, palestras e
públicas para cadastro e atendimento sensibilização de servidores. Realiza-
de pessoas e famílias. ção de debates, palestras e seminários.

5
Como exercitar a luta por acessibilidadS de todes!
• AcessibilidadeS no plural| Luta por da própria corpa.
acesso é de todes. *Importante reco- • Os limites de cada corpa só podem-
nhecer o termo, pois é reconhecer que ser reconhecidos pela própria pessoa.
PcDs contribuem socialmente para a Acessibilidade Atitudinal .
construção de uma sociedade mais • Encontro e Escuta/Percepção de pes-
acessível para todes.Lembrando que soas comprometidas com diversas
PcDs são Pessoas, por isso atravessa- frentes de ativismo social;
das por diversos marcadores sociais. • Sem Salvadorismo: Ajuda émostrar
• Acolhimento em intersecionalidade- que está disponível, não faça u sal-
sOnde passa o nosso comum? vadore da inclusão impondo ajuda
• Estudo mútuo, fazer e pensar junte atravessando temporalidades.
potencialidades de corpas. Em espe- • Não segregar. Promover a inclusãocom
cial Pessoas com Def. que estrutural- ações que todes possam fazer ou se
mente são privadas da compreensão sintam confortáveis nas adap-tações;

Sinalização de corpas desviantes:


Funções de Artistas Orientadores
quais as necessidades de
Limitações na atuação e
retificação de corpas responsabilidade - reflexões do

P
ontos positivos e pontos nega- GT
Acessibilidades
tivos. Qual a necessidade de um
padrão e de colocarmos os corpos • Imagem do material de divulg
ação
em caixinhas? e Descrição das imagens
Pensando em critérios de identifica- • Formação de turma, cuidados
com
ção temos a importancia de afirmação mapeamento e acolhimento
da identidade e representatividade • Espaço, acessibilidade – obs
erva-
que negam os padrões. ção e relatos
do Edu O.) e demais corpas hege- • Convênios e parcerias – observ
mônicas de colocarem pessoas com ação
e relatos
deficiência como Token - Tokenismo
• PCD com monitores e associ
termo usado por Martin Luther King ações
externas – acolhimento e par
na década de 60, sobre a “inclusão de tici-
pação
vitrine”- falsa inclusão.
Pois as pessoas chegam, são re- • Saúde Mental – importânc
ia do
presentadas em caixinhas, e nisso correto encaminhamento. Não
so-
homogeiniza-se pessoas e por não mos profissionais, portanto
não
garantem permanência ou dignidade. devemos “diagnosticar”, ape
nas
acolher e encaminhar.
6
Cursos e especializações - de que tipo?
Qual caminho que não seja capacitista?

É
muito importante levarmos adiante seja permeável e que permita flexibili-
o rompimento com qualquer homo- dade estimulando a interdependência e
geneização.. Sobre pessoas com def. uma comunicação plural.
em reflexões com oGT, compreendemos a
importância defazer arte com as pessoas
com deficiência, e não para as pessoas Articulações e Parcerias da Área
com deficiência, como diria Karen Mon- durante o Vocacional 2022
tija - aliada anticapacitista. Fazer com, Casa Laudelina de Campos Melo;
não fazer para. Considerando a acessibili- Movimento Olga Benário; Movimento
dade como uma forma de pertencimento de Autistas da UNESP; Casa 1; VNDI -
e não apenas de assistência social. Fazer Vidas Negras com Deficiência Impor-
para as pessoas com deficifência já pres- tam; Quilombo PCD; Instituto Caué;
supõem que elas não podem fazer por si Rede In; Terapeutas Solidários; SEDES;
mesmas. Necessário pensar ética do cui- Vale PCD; Coletivo Feminista Helen
dado e autonomia não só para pessoas Keller de Mulheres com Deficiência;
com def. Secretaria Municipal das Pessoas com
É preciso ainda pensar nas possibilida- Deficiência – SMPD; Conselho Munici-
des, em especial em um Programa voltado -pal da Pessoa com Deficiência – CMPD
a Arte e a Educação, a arte possibilidade |Semana de formação: José Giovanni,
de criação. É preciso uma pedagogia e Tania Granussi, Cholitas da Babilônia,-
uma metodologia da invenção, da criação Tami Ito Tahira, Edinho Santos, Palo-
de um tempo maior , para percepção e ma Xavier e Lucas Beda.
acolhimento, pensar uma pedagogia que

Ética do cuidado e o mito do sujeito independente

É
necessário, que façamos uma refle- uma criação do capitalismo. (Re)pensar o
xão sobre independência, depen- cuidado nos obriga abandonar a ideia de
dência e interdependência. A noção algo individual, restrito ao sujeito. As-
de justiça social está totalmente rela- sim, é necessário rediscutir o conceito de
cionada à recíproca e inevitável depen- dependência quando se trata de pessoas
dência e a implacável interdependência com deficiência: ao invés de atribuirmos
de todos os seres humanos, pois somos um caráter negativo, devemos pensar
todos dependentes. que, para algumas pessoas, a vida só será
Embora seja difundido o “mito do su- possível se houver uma rede de apoio.
jeito independente” nas sociedades mo-
dernas e capitalistas, nunca somos com- Trecho do texto de Laureane Lima - guia do
pletamente independentes. Coletivo feminista Helen keller de Mulheres
A invenção do sujeito independente é com Deficiência. 7
O que estamos entendendo
por barreiras atitudinais
Linguagem/ nomeclaturas/terminologias

A
inda estamos patinando nas no-
menclaturas e entendimentos de Bibliografia
uma linguagem não capacitista. BibliografiaSobre pessoas com
Importante ressaltar que mesmo dentro def. e a luta anticapacitista, mes-
do Programa por vezes entendem a Área mo internamente no programa é
de Acessibilidades e Redes de Apoio como per-ceptivel falas que ainda usam
área médica. ter-minologias que associam pes-
Mas longe disso, somos área social pois soas com deficiência a doenças, ou
a condição das pessoas com deficiência e a anormalidade, por isso deixamos
demais grupos sociais, é social. disponível abaixo um link com di-
Compreender isso já é romper com bar- versos textos, organizados pela
reiras de atitudes, assim como compreen- área e pelo Gt acessibilidadeS que
der a história da luta por acessibilidadeS ajudam a construir junto ao movi-
favorece a acolhida e permanencia todes mento das pessoas com deficiência
nos espaços. uma tabela de nomenclaturas.
As barreiras atitudinais, vem desde um
https://drive.google.com/
olhar,até a falta de entendimento de lin- drive/folders/1_mXtv6xP-
-guagem inclusiva, o atravessamento de -X4EqrpjaCIjYS9YI8VlQo8a
um trabalho julgando que o outro não
seja capaz de fazer, termos que carregam
estigmas e que fortalecem preconceitos.
Alem disso importante também refle-
tir sobre algumas falas corriqueiras que
contém viés capacitista: mancada, fingir
demência, joão sem braço, não temos
pernas pra isso, pior cego é aquele que
não quer ver, você está surdo?
Alem do mais quando pensamos aces-
sibilidadeS no plural cabe ressaltar que é
preciso uma atenção a todas as frentes
sociais que lutam por igualdade e o que
elas enfrentam é importante ser nomea-
do: Capacitismo, Etarismo, LGBTQIAPN+-
Fobia, Machismo, RacismoS, Xenofobia.
8 Paloma Barbosa, artista vocacionada 2021

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