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MANUAL DO FORMANDO
Objetivos do Manual
O presente manual de apoio à aprendizagem tem por objetivo constituir um complemento aos conteúdos
programáticos abordados em sala no âmbito da unidade de formação integrada no percurso de formação
modular em referência.
Em termos específicos, no âmbito do presente manual, pretende-se apoiar os formandos a atingir os seguintes
objetivos:
• Identificar práticas de intervenção pedagógica com crianças e jovens com NEE.
• Apoiar a Intervenção pedagógica com crianças e jovens com NEE.
AA VV: Avaliação e intervenção na área das NEE, Ministério da Educação: Direcção-Geral de Inovação e de
Desenvolvimento Curricular, 2001
AA VV. Declaração de Salamanca e enquadramento da ação na área das necessidades educativas especiais.
Ed. UNESCO, 1994
AA VV., Guia dos CRTIC e das tecnologias de apoio, Ed. Ministério da Educação/ DGE, 2012
AA VV., Manual de processos-chave: Lar residencial, Programa Modelos de avaliação da qualidade nas
respostas sociais, Instituto da Segurança Social, 2010 (2ª edição)
AA VV., Para uma educação inclusiva: manual de Apoio à prática, Ed. Ministério da Educação/ DGE, 2018
Campos, S., Martins, R. (2008). “Educação especial: aspetos históricos e evolução conceptual”, Millenium –
Revista do Instituto Politécnico de Viseu, nº 34
Nielsen, L. (1999). Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula: Um Guia para Professores. Col.
Educação Especial, Ed. Porto Editora
Becker, S., Bandeira, C., Ghilardi, R., Hutz, C., Piccinini, C. (2013). Psicologia do Desenvolvimento Infantil:
Publicações Nacionais na Primeira Década do Século XXI. Psico, 44(3), 372-381.
Filipe, L., Pereira, P., & Alves, S. (2014). Necessidades Educativas Especiais: manual de apoio para docentes.
Instituto Politécnico de Leiria.
Estratégias: ................................................................................................................................................ 17
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1.1.1. Individualização e diferenciação pedagógica
O direito de todas as crianças à educação está proclamado na Declaração Universal dos
Direitos Humanos e foi reafirmado com veemência pela Declaração sobre Educação para
Todos. Este princípio orientador consiste em afirmar que as escolas se devem ajustar a
todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou
outras.
Neste conceito, terão de incluir-se crianças, com deficiência ou sobredotados, crianças
da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, crianças
de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos
ou marginais.
A expressão “necessidades educativas especiais” refere-se a todas as crianças e jovens
cujas carências se relacionam com deficiências ou dificuldades escolares, isto é o conceito
de NEE (Necessidades Educativas Especiais, sejam elas permanentes ou temporárias)
“aplica-se a crianças e adolescentes com problemas sensoriais, físicos, intelectuais e
emocionais e, também com dificuldades de aprendizagem, derivadas de fatores orgânicos
ou intelectuais.”
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revela o uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um, usando a
equivalência para se tornarem iguais. A equidade adapta a regra para um
determinado caso específico, a fim de torná-la mais justa.
• INTEGRAÇÃO: no contexto educacional permite que todos os alunos possam
pertencer a uma comunidade educativa que valorize a sua individualidade. Este
mesmo contexto deve defender os direitos de todos os alunos para que estes
consigam evoluir e demonstrar as suas potencialidades, bem como, adquirirem
competências que lhes permitam exercer o seu direito de cidadania, a partir de
uma educação que consiga ir ao encontro das suas necessidades, interesses e
características.
• INCLUSÃO: no mesmo contexto, significa uma mudança social e política que vem
defender o direito de todos os indivíduos a participarem, de forma conscienciosa,
na sociedade de que fazem parte, de modo a serem aceites e respeitados naquilo
que os diferencia dos outros. Assim, a Educação Inclusiva aposta na escola como
comunidade educativa, defende um ambiente de aprendizagem diferenciado, de
qualidade, digno e funcional para todas as crianças.
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Decreto-Lei nº. 54/2018
Estabelece os princípios e as
normas que garantem a inclusão,
enquanto processo que visa
responder à diversidade das
necessidades e potencialidades de
todos e de cada um, através do
aumento da participação nos
processos de aprendizagem e na
vida da comunidade educativa” (nº.
1 do artigo 1.º). Este decreto regula
duas componentes chave: o
alargamento do universo de
crianças abrangidas pelas
medidas de apoio e a mudança do
foco dos apoios, que passam a
estar disponíveis para as/os
profissionais de educação de
infância.
O desafio com que se confronta esta escola inclusiva é o de ser capaz de desenvolver
uma pedagogia centrada nas crianças, suscetível de as educar a todas com sucesso,
incluindo as que apresentam graves incapacidades, mas mais do que isso constituir na ajuda
da modificação das atitudes discriminatórias e na criação de sociedades acolhedoras e
inclusivas.
É imperativo que haja uma mudança na perspetiva social, pois, por tempo já demasiado
longo, as pessoas com deficiência têm sido marcadas por uma sociedade incapacitante que
acentua mais os seus limites do que as suas potencialidades.
Uma pedagogia centrada na criança é benéfica para todos os alunos e, como
consequência, para a sociedade em geral, pois a experiência tem demonstrado que esta
pedagogia pode reduzir substancialmente as desistências e as repetições e garantir um êxito
escolar médio mais elevado.
Uma pedagogia deste tipo pode também ajudar a evitar o desperdício de recursos e a
destruição de esperanças, o que, muito frequentemente, acontece como consequência do
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baixo nível do ensino e da mentalidade – “uma medida serve para todos” – relativa à
educação.
As escolas centradas na criança são, assim, a base de construção duma sociedade
orientada para as pessoas, respeitando quer as diferenças, quer a dignidade de todos
os seres humanos.
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Deste modo, “o plano é adaptado e diferenciado de acordo com as características
individuais, de modo a oferecer a cada criança condições que estimulam o seu
desenvolvimento e aprendizagem (…) mesmo as crianças com «necessidades educativas
específicas» são incluídas no grupo e beneficiam das oportunidades educativas que são
proporcionadas a todas” (Ministério da Educação, 2018).
A adequação do processo de ensino e aprendizagem integra as medidas educativas, que
permitem validar as aprendizagens e as participações das crianças com necessidades
educativas específicas. Estas medidas ajudarão no planeamento de estratégias e de
atividades para as crianças com NEE:
Estão previstas as seguintes medidas:
• Universais
• Seletivas
• Adicionais
A decisão quanto à
necessidade de medidas de
suporte à aprendizagem e à
inclusão compete à equipa
multidisciplinar. Esta é
estrutura organizacional
introduzida pelo novo
decreto-lei 54/2018.
Neste modelo de escola inclusiva, para além da equipa multidisciplinar, existem diversos
recursos organizacionais específicos de apoio à aprendizagem e inclusão, sendo, escolas
de referência no domínio da visão; escolas de referência para a educação bilingue; escolas
de referência para a intervenção precoce; centros de recursos de tecnologias de informação
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e comunicação para a educação especial, todos estes já de continuidade. O centro de apoio
à aprendizagem (CAA), agrega os modelos de unidades especializadas e de ensino
estruturado e constitui uma estrutura agregadora dos recursos humanos e materiais, dos
saberes e competências da escola.
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objetivos globais ao nível dos conhecimentos a adquirir e das competências a desenvolver,
de modo a potenciar a autonomia, o desenvolvimento pessoal e o relacionamento
interpessoal.
Adicionalmente existem outras medidas que podem ser aplicadas sempre que o aluno
necessite de uma avaliação especializada, esta realiza-se por uma equipa multidisciplinar
(docente da turma, docente de educação especial, encarregado de educação e, caso seja
necessário, envolve também outros técnicos) que elaboram um relatório técnico-pedagógico
(RTP) e um programa educativo individual (PEI), tendo como base os dados do 1º.
As medidas implementadas são avaliadas em cada um dos momentos de avaliação
sumativa interna da escola.
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idade limite da escolaridade obrigatória. Deve ser assinado por todos os profissionais que
participam na sua elaboração, pelos encarregados de educação e, se possível, pelo próprio
aluno.
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Nesta medida, a avaliação formativa deve integrar-se no processo educativo regular, de
modo a permitir que alunos e professores se mantenham informados sobre o nível de
conhecimento atingido e a que sejam identificadas as dificuldades e se ajudem os alunos a
ultrapassá-las.
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o Evitar trabalhos em grupo, pois apresentam melhor desempenho em
atividades isoladas.
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➢ Musical: são indivíduos que se interessam mais por sons e músicas, geralmente
cantam ou entoam sons com frequência, mesmo com a boca fechada. Apresentam
habilidade natural para interagir e entender os sons, musicais ou não.
Atividades recomendadas aos indivíduos que apresentam este estilo de Aprendizagem:
o Realizar projetos para criação de teatros musicais;
o Escrever letras para músicas já existentes;
o Realizar projetos de investigação, biografia e bibliografia musicais;
o Realizar projetos na área da multimédia.
➢ Visual: são indivíduos que tendem a explorar mais o aspeto visual das coisas,
apresentando um talento natural para lidar com cores e harmonizar ambientes.
Identificam-se através de pinturas, imagens, bem como a criação de artes gráficas.
Atividades recomendadas aos indivíduos que apresentam este estilo de Aprendizagem:
o Criar projetos voltados para a criação de cenários para peças de teatro;
o Criar um site para a turma ou escola;
o Solicitar apresentações multimédia dos trabalhos da escola;
o Realizar projetos com interpretação de mapas, diagramas e obras de arte;
o Trabalhar com ilustrações, gráficos, slides e filmes nas aulas.
O currículo dos alunos com necessidades educativas especiais que se encontram nas
classes terminais (finalistas) deve incluir ainda programas específicos de transição, apoio à
entrada no ensino superior (sempre que possível), e treino vocacional subsequente que os
prepare para funcionar, depois de sair da escola, como membros independentes e ativos
das respetivas comunidades. Deve ser dada atenção especial à programação e
desenvolvimento da educação de adultos e da educação permanente das pessoas com
deficiência, as quais terão prioridade no acesso a estes programas.
Os jovens com necessidades educativas especiais precisam de ser apoiados para fazer
uma transição eficaz da escola para a vida ativa, quando adultos.
As escolas devem ajudá-los a tornarem-se ativos proporcionar-lhes as competências
necessárias na vida diária, oferecendo-lhes uma formação nas áreas que correspondem às
expectativas e às exigências sociais e de comunicação da vida adulta, o que exige técnicas
de formação adequadas, incluindo a experiência direta em situações reais, fora da escola.
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1.2. Estratégias de desenvolvimento curricular numa perspetiva funcional
Apesar do número variado de NEE (criança com deficiência; problemas de saúde mental
ou de aprendizagem; sobredotação; crianças em situação de risco, entre outros), serão
apresentadas as suas principais caraterísticas, condicionalismos e algumas estratégias de
intervenção fomentando uma abordagem multinível.
A abordagem multinível pode ser caracterizada como um modelo compreensivo e
sistémico que visa o sucesso de todos os alunos, oferecendo um conjunto integrado de
medidas de suporte à aprendizagem, adotadas em função da resposta dos alunos às
mesmas. Esta abordagem é designada por multinível em referência ao modo como é
realizada a organização das medidas de suporte à aprendizagem por níveis de intervenção.
Os princípios subjacentes à abordagem multinível são os seguintes:
• uma visão compreensiva, holística e integrada;
• uma atuação proativa e preventiva;
• uma orientação para a qualidade e eficácia dos processos;
• uma estruturação dos processos de tomada de decisão em função dos dados.
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repercussão na articulação e ritmo da linguagem; dificuldades específicas em manter o
equilíbrio; descoordenação motora de uma ou várias partes do corpo, etc.
Estratégias: (1) Sempre que seja necessário, garantir o acompanhamento por uma
segunda pessoa. Neste caso, a comunicação deve estabelecer-se com o estudante e não
com a pessoa que o acompanha; (2) Adaptar o meio físico de forma a torná-lo acessível (por
ex. aqueles que necessitem de usar cadeira de rodas devem ter mesas adaptadas,
habitualmente mais altas do que a dos colegas); (3) Quando se conversa com um estudante
em cadeira de rodas será melhor sentarmo-nos ao seu nível, para que este se possa sentir
mais confortável (uma vez que é incómodo conversar com a cabeça levantada); (4) Faculte
antecipadamente apontamentos e/ou informação bibliográfica, facilitando assim a
redação/síntese da aula; (5) Permita que o estudante complete as tarefas, se necessário
facultando tempo adicional; (6) Permita que possam recorrer a pessoas externas, que tomem
notas por eles e que, em situação de exame, possam responder por eles. Nestas situações
devem ficar em espaços separados e com vigilância própria.
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sentimentais sobre a cegueira ou referências a ela como um tormento; (12) Evitar
verbalizações de espanto quando algum cego executa tarefas diárias usuais.
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• Dificuldades na leitura
- Dificuldade em reconhecer e relembrar sons de palavras;
- Substituição das palavras por outras semelhantes quando lê alto (confusão semântica);
- Incapacidade em ler “na diagonal” um texto;
- Velocidade de leitura reduzida;
- Dificuldade com a sequência do alfabeto;
Estratégias: (1) Sempre que forem apresentados conceitos técnicos e específicos
poderá ser importante a redação de um glossário; (2) O suporte na “leitura estratégica”
poderá ser também muito útil, apoiando os estudantes a aprenderem a selecionar
informação e a definirem objetivos para a leitura; (3) Evitar pedir ao estudante para ler
em voz alta.
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Capacidades, expetativas e necessidades
O desenho universal para a aprendizagem (DUA), é uma abordagem curricular que
assenta num planeamento intencional, proativo e flexível das práticas pedagógicas,
considerando a diversidade de alunos em sala de aula.
Reconhecendo que a forma como cada aluno aprende é única e singular, uma
abordagem curricular única e inflexível não permite garantir oportunidades de aprendizagem
para todos os alunos. Neste sentido, as práticas pedagógicas sustentadas no DUA oferecem
oportunidades e alternativas acessíveis para todos os alunos em termos de métodos,
materiais, ferramentas, suporte e formas de avaliação, sem alterar o nível de desafio e
mantendo elevadas expetativas de aprendizagem. Pretende-se, assim, identificar e remover
as barreiras à aprendizagem e participação e maximizar as oportunidades de aprendizagem
para todos os alunos.
A implementação de práticas pedagógicas em sala de aula tendo por base o DUA implica
uma abordagem flexível e personalizada por parte dos docentes, na forma como envolvem
e motivam os alunos nas situações de aprendizagem, no modo como apresentam a
informação e na forma como avaliam os alunos, permitindo que as competências e os
conhecimentos adquiridos possam ser manifestados de maneira diversa.
Reconhecendo que os alunos diferem nos seus interesses e na forma como podem ser
envolvidos e motivados para a aprendizagem, os professores organizam o processo de
ensino e aprendizagem equacionando múltiplas opções para envolver e motivar os alunos.
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culturalmente relevantes, socialmente significativas, adequadas à idade e às
competências dos alunos.
• Planificar atividades em que os produtos da aprendizagem sejam autênticos,
comuniquem com um público real e reflitam metas que sejam claras para os alunos.
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• Disponibilizar modelos diferenciados, suporte e feedback para a gestão da
frustração, o desenvolvimento do autocontrolo e promoção de competências ao
nível da gestão de desafios, gestão de julgamentos negativos focados em
capacidades inatas.
• Usar situações reais para demonstrar competências ao nível da gestão de desafios
e dificuldades.
• Criar oportunidades de visualização do progresso que permitam a monitorização
das mudanças ao longo do tempo.
Ambientes naturais
Considerando que as crianças diferem no modo como compreendem a informação, não
existe um meio de representação ideal para todas.
Cada turma é constituída por crianças que apresentam características diversas,
nomeadamente em termos de background cultural (vivências), de compreensão da
informação, de formas privilegiadas para aceder e processar a informação (auditiva, visual,
cinestésica), que traduzem necessidades diferentes de acesso aos conteúdos.
Assim, para tornar a informação acessível, é essencial fornecer múltiplas opções
relacionadas com a representação e apresentação da informação.
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notas de rodapé e ilustrações de apoio à compreensão do vocabulário presente em
textos).
• Providenciar representações alternativas que clarifiquem ou tornem mais explícitas
as relações sintáticas ou estruturais entre os vários elementos de significação (e.g.,
destacar os conetores de frases, indicar as ligações entre as ideias num mapa
concetual).
• Apoiar a descodificação de textos, notação matemática e símbolos.
• Facultar alternativas de tradução para alunos que a língua materna não é o
português (e.g., utilizar ferramentas de tradução, incorporar apoios visuais para
clarificação de vocabulário).
• Apresentar alternativas como ilustrações, imagens, gráficos interativos para tornar
a informação mais compreensível.
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Outras crianças que revelem dificuldades de organização necessitarão de diferentes
suportes à aprendizagem. Assim, é necessário que o professor possibilite a utilização de
processos e meios diversificados que permitam a participação nas situações de
aprendizagem, bem como a manifestação das competências aprendidas.
Neste âmbito as crianças e jovens devem adquirir e desenvolver competências que lhes
permitam analisar e questionar criticamente a realidade, avaliar e selecionar a informação,
formular hipóteses e tomar decisões fundamentadas no seu dia a dia; devem ser livres,
autónomos, responsáveis e conscientes de si próprio e do mundo que o rodeia. Estes
desígnios complementam-se, interpenetram-se e reforçam-se entre si num modelo de
escolaridade orientado para a aprendizagem dos alunos, que visa, simultaneamente, a
qualificação individual.
Neste contexto, o processo de avaliação deve ser coerente, quer com o modo como cada
um se envolve na aprendizagem, quer com a forma como revela o que aprendeu.
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• Proporcionar múltiplos exemplos com soluções inovadoras para problemas reais.
2.Qualidade de vida
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campo da deficiência. Os autores referem que, apesar do modelo de qualidade de vida ser
essencial em todas as etapas educativas, incluindo a educação pré-escolar e a intervenção
precoce, o conceito é particularmente importante a partir da educação secundária.
Assim, definem a perspetiva de QV como: “a perspetiva de qualidade de vida converte-
se em um aspeto essencial do processo de mudança educacional, ao oferecer um modelo
que permite planear individualmente os apoios dos alunos e alunas, dentro de uma
perspetiva integral (académica e social, incluindo os seus desejos, objetivos e preferências),
assim como, avaliar de forma sistemática os progressos alcançados (…) O modelo de
qualidade de vida ressalta a necessidade de ir além das conquistas puramente académicas
e incluir outros aspetos importantes para todas as pessoas, como parte do currículo.
Somente por meio de uma avaliação sistemática, utilizando instrumentos com evidências
adequadas de validade e confiabilidade, pode-se planear e implementar práticas educativas
e profissionais orientadas a alcançar melhorias constatáveis na educação integral dos
alunos”.
A abordagem proposta pelos autores defende a integração da perspetiva de QV,
autodeterminação e apoios ao longo de todo o ciclo de vida, definem ainda a QV individual
como sendo “um fenómeno multidimensional, composto de dimensões principais que são
influenciadas por características pessoais e fatores ambientais. Estas dimensões principais
são iguais para todas as pessoas, mas podem variar em seu valor relativo e importância. As
dimensões da qualidade de vida são avaliadas por meio de indicadores que são sensíveis à
cultura” (2011, p. 232).
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(6) família e ambiente familiar,
(7) questões económicas,
(8) amigos,
(9) ambiente escolar e aprendizagem,
(10) provocação.
Schalock et al., (2009) que dedicaram a sua investigação à QV em crianças, apresentam
oito dimensões fundamentais:
(1) Bem-estar emocional;
(2) Relacionamento interpessoal;
(3) Bem-estar material;
(4) Desenvolvimento pessoal;
(5) Bem-estar físico;
(6) Autodeterminação;
(7) Inclusão social;
(8) Direitos.
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(2) Bem-estar
Respeita às condições de vida percecionadas como desejáveis pelo indivíduo em três
domínios fundamentais: bem-estar emocional, bem-estar físico e bem-estar material.
Nesta dimensão releva-se a forma como as pessoas pensam sobre si próprias, incluindo
domínios específicos de perceção de aceitação da deficiência, satisfação da interação com
os contextos de vida e perceção individual sobre a relação entre a aspiração e a realização
num conjunto de domínios, tais como: mobilidade, lazer, atividades de vida diária, bens,
rendimentos, entre outros.
(3) Inclusão social
Refere-se às oportunidades para controlar as interações com os contextos circundantes
e influenciar as decisões com impacto nos projetos de vida.
Esta dimensão incorpora um conjunto de mecanismos, através dos quais os indivíduos
aprendem a identificar relações próximas entre os seus objetivos e as formas para os atingir,
alcançando um acesso e controlo mais amplos sobre os recursos.
Nesta perspetiva, interessa promover os impactos nos domínios da empregabilidade/
ocupacional, cidadania e direitos.
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• É uma medida intersubjetiva, que parte da perceção dos indivíduos sobre as
diferentes dimensões constituintes da vida e articula com as medidas objetivas
relacionadas com a satisfação das necessidades humanas num determinado
contexto socio-histórico.
• No contexto da saúde, o indivíduo serve como o seu próprio controlo, ou seja, são
detetadas as mudanças que ocorrem na sua qualidade de vida de acordo com a sua
trajetória de saúde, ao invés de uma avaliação de ausência ou de presença de
sintomas.
• A qualidade de vida deve ser avaliada em diferentes níveis: desde a avaliação do
bem-estar global até às questões associadas à interação do indivíduo com os seus
contextos de vida através do cruzamento de indicadores subjetivos com indicadores
objetivos.
Por outro lado, os estudos acerca da QV em crianças são bastante recentes, sendo a QV
definida como um conceito subjetivo e multidimensional, que compreende a capacidade
funcional e a interação psicossocial da criança e da sua família.
A QV está relacionada com:
• o grau de satisfação;
• felicidade e bem-estar;
• a brincadeira;
• a harmonia;
• o prazer (varia conforme o crescimento e o seu desenvolvimento).
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• Ser esclarecidos sobre as normas e regras que orientam o funcionamento da
escola;
• Dialogar com os intervenientes no processo educativo do seu filho;
• Ter assegurada a confidencialidade das informações;
• Ter assegurado o respeito pelas diferenças culturais;
• Participar na avaliação;
• Consultar o processo do filho sempre que solicitado.
Uma atitude positiva, ativa e responsável por parte dos pais favorece a integração social
e escolar, e deve ser promovida uma colaboração cooperativa e de ajuda entre autoridades
escolares, professores e pais. Estes devem ser encorajados a participar nas atividades
educativas em casa e na escola (onde podem observar técnicas eficazes e aprender como
organizar atividades extraescolares), assim como a orientar e apoiar o progresso escolar
dos seus filhos. Contudo, para que este processo seja eficaz é fundamental compreender
as perceções, os valores, as crenças, apoios e as vivências diárias que compõem o contexto
do desenvolvimento da criança e perceber os apoios e recursos da família.
Segundo McWilliam, muitas famílias “experimentam alguma forma de sofrimento
psicológico”, dificuldades de acesso aos recursos financeiros e físicos e necessitam de
apoio informativo em quatro áreas:
• A NEE da criança/jovem;
• Os serviços disponíveis;
• O desenvolvimento geral da criança/jovem;
• As estratégias.
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• Fornecer serviços individualizados.
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SAAC tem em vista promover a comunicação e, através desta, o desenvolvimento global da
criança.
Por sua vez, a comunicação aumentativa e alternativa (CAA) refere-se a todo o tipo de
comunicação suplementar ou de suporte, fundamentalmente apoiada por tecnologias de
apoio. As tecnologias de apoio tradicionais mais comuns são, em geral, tabelas ou tabuleiros
com letras palavras, símbolos gráficos ou fotografias. As tecnologias de apoio para a
comunicação mais recentes baseiam-se em dispositivos que utilizam a tecnologia dos
computadores, e hardware (ex.: digitalizadores de fala, teclado de conceitos e dispositivo
apontador), ditos de alto custo.
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(como acontece com a fala digitalizada) ou dependente nos casos em que é necessário
alguém que interprete (traduza) os signos gráficos ou gestuais (linguagem gestual).
Os fatores na escolha e implementação do sistema de comunicação são, sucintamente,
a idade cronológica e a funcionalidade do indivíduo; a sua inclusão na comunidade; os
contextos de funcionalidade; as rotinas diárias próprias do indivíduo; as interações que
estabelece na comunidade entre outros.
Após a implementação, é necessário fazer uma avaliação contínua do uso do sistema
por parte do indivíduo tendo sempre em atenção que o sucesso da intervenção dependerá
sempre de todo um conjunto de pessoas: professores, terapeutas, auxiliares, encarregados
de educação. Assim, e em equipa, deve-se primeiro proceder a uma avaliação completa das
potencialidades, das competências e das necessidades da criança nas várias áreas. Isto é,
deve-se ter em conta as competências cognitivas, linguísticas e motoras, especificamente
relacionadas com o acesso aos vários dispositivos do Sistema Aumentativo e Alternativo de
Comunicação, assim como as competências sensoriais e o funcionamento social.
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expressão gráfica (ex.: uma ajuda técnica ou outro qualquer dispositivo de suporte: papel,
lápis, quadros de comunicação entre outros). Para comunicar o sujeito aponta para um dos
símbolos com a mão, com o olhar ou até mesmo com outra parte do corpo. Neste caso, os
sistemas podem ser utilizados tanto para a conversação como para a expressão escrita.
Convém salientar que neste tipo de sistemas de comunicação, os signos não são
produzidos, são selecionados, necessitando sempre do uso de ajudas técnicas ou vários
dispositivos para transmitir as mensagens, especificamente: tabuleiros e quadros de
comunicação com símbolos pictográficos, relógios indicadores, máquinas de escrever
adaptadas, digitalizadores e sintetizadores de fala, computadores, entre outros, os quais são
utilizados de acordo com as potencialidades e necessidades específicas de cada utilizador.
Os sistemas de comunicação sem ajuda fazem parte todas as formas não verbais da
comunicação natural (gestos, expressão facial, sistemas de linguagem gestual). Estes
sistemas apenas podem ser utilizados por sujeitos com uma boa destreza manual e
coordenação motora contribuindo para uma boa definição dos sinais gestuais, no fundo é o
corpo de quem comunica que funciona como veículo transmissor do que se pretende
comunicar. Assim, os sistemas sem ajuda ou não apoiados, são constituídos por símbolos
ou conjuntos de símbolos que não necessitam de quaisquer ajudas ou dispositivos e que
apenas utilizam partes do corpo do indivíduo emissor (cara, a cabeça, os braços) para se
expressar/comunicar. A característica fundamental dos sistemas sem ajuda é que a pessoa
vê-se induzida a produzir as suas próprias expressões, a decidir, devendo por isso criar
diversas formas que lhe permitam transmitir um sentimento, uma necessidade ou um desejo.
A pessoa que tem intenção de comunicar recorre de forma natural a gestos, sorrisos ou
olhares podendo desta forma criar códigos que são apenas compreendidos pela família ou
pessoas próximas que o rodeiam, por exemplo, sorrir, piscar o olho para indicar “sim” ou
“não” são uma forma de comunicação sem ajuda, aplicando-se o mesmo para o ato de
apontar e outros gestos.
No entanto, para cada tipo de pessoa com diferentes incapacidades foram desenvolvidos
vários tipos de sistemas de comunicação sem ajuda e que se dividem em várias categorias,
nomeadamente:
• gestos de uso comum;
• sistemas manuais para não ouvintes (LGP);
• sistemas manuais pedagógicos (ex.: Makaton 1* ou o método Borel Maisonny 2*)
• alfabeto manual.
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1* O Makaton é um programa de comunicação, com uma abordagem multimodal que
recorre à fala, a gestos, a imagens e a símbolos. É um programa de linguagem completo,
com vocabulário estruturado em diferentes graus de complexidade, composto por 350
palavras-chave distribuídas por oito níveis, progredindo de acordo com o desenvolvimento
normal da linguagem. Cada país possui um código gestual próprio, os gestos utilizados no
Makaton utilizam esse mesmo código (gestos) embora a construção frásica seja de acordo
com o português falado (em Portugal).
Existem casos em que utilizadores, que inicialmente dependem de sinais ou símbolos,
os deixam “cair” naturalmente, ao seu próprio ritmo, à medida que desenvolvem a fala e não
precisam mais deles. A literatura/evidência diz-nos que o uso de sinais e símbolos incentiva
ativamente o desenvolvimento de competências de fala e linguagem. Qualquer pessoa pode
usar o Makaton, desde pessoas com dificuldade de aprendizagem e/ou comunicação ou
apenas para potenciar competências de comunicação, linguagem e literacia.
2* O Método de Borel Maisonny, criado pela professora e ortofonista que lhe dá o nome,
é um método fono-gestual que constitui um sistema aumentativo da linguagem.
Visa sobretudo a reeducação das perturbações da voz (problemas na análise dos
fenómenos acústicos, dificuldades na perceção dos fonemas ou elementos articulatórios),
da palavra (dificuldades de orientação das coisas, sobretudo dos sinais da linguagem escrita,
em relação a si próprio, em plano vertical ou horizontal, dificuldades no reconhecimento
direita/esquerda, alto/baixo) e da linguagem (atrasos e perturbações categoriais).
Estas perturbações podem estar presentes desde o nascimento ou ser adquiridas no
decurso da vida. Vão da surdez total às perturbações de articulação, passando pela afasia
(perda parcial ou total da capacidade de expressar ou compreender a linguagem falada ou
escrita), pela gaguez e pelas perturbações da linguagem escrita (dislexia, discalculia...).
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• Signos gráficos – incluem todos os signos produzidos graficamente (Bliss, SPC,
PIC, Rebus, etc.).
Para utilizadores com um bom desempenho cognitivo e social um sistema gráfico poderá
ser mais utilizado. A escolha de um sistema gráfico depende, em grande parte, do nível de
compreensão do utilizador. Os signos gráficos vão desde as tabelas de apontar até
tecnologias de apoio.
• Signos tangíveis – são geralmente feitos em madeira ou plástico. Podem apresentar
formas e texturas diferentes.
Os signos tangíveis são pouco práticos e pode ser difícil conseguir-se algum grau de
abstração quando se deseja que um objeto passe a representar uma ação ou acontecimento
em vez do próprio objeto em si.
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• Ideográficos – baseados no valor conotativo da imagem, sugerem conceitos, mas
não os representam diretamente.
• Arbitrários – não têm relação pictográfica ou ideográfica no seu significado
(reconhecidos por convenção internacional).
Sistema PIC
O sistema PIC (Pictogram Ideogram Communication) é constituído por cerca de 1300
símbolos, sendo que em Portugal existem apenas 400. Trata-se de um formato que
representa desenhos estilizados que formam silhuetas brancas sobre um fundo preto. A
palavra está sempre escrita em branco sobre o desenho. Este sistema permite uma
comunicação mais limitada do que o sistema Bliss em alguns aspetos, pois os pictogramas
são considerados menos versáteis.
Os signos PIC podem ser complementados com signos de outros sistemas, sempre que
os utilizadores precisem de novos signos que não existam no sistema PIC.
Sistema SPC
O sistema SPC (Símbolos Pictográficos para a Comunicação / Picture Communication
Symbols) possui cerca de 3000 signos. São desenhos de linhas simples a preto sobre fundo
branco com a palavra escrita sobre o desenho, existindo uma relação idêntica com o objeto
a que se refere. Inclui alfabeto e números além de permitir o uso de fotos. Devido à sua
configuração, formada por desenhos que indicam substantivos, pronomes, verbos e
adjetivos, o nível de dificuldade de abstração é menor sendo, por isso, indicado para
crianças.
Este sistema permite comunicar conceitos concretos e imagináveis de forma simples o
que possibilita que o emissor e o recetor não falem a mesma língua.
Sistema REBUS
O sistema Rebus conta atualmente mais de 2000 signos, a maioria são pictográficos e
alguns ideográficos. São exigidas poucas capacidades de leitura para a sua utilização pois
não é necessário ler todas as letras de uma palavra. Considera-se que este sistema de
signos se situa numa fase intermédia de aprendizagem de leitura, facilitando o seu
desenvolvimento. Apesar de hoje se recorrer pouco à sua utilização, reconhece-se que
contribuiu, em tempos, para que muitos tivessem acesso à leitura.
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O uso destes sistemas da forma acima relatada, podem levantar algumas dificuldades,
a saber:
• Lentidão do processo de comunicação;
• Esforço excessivo requerido por ambos (locutor e interlocutor);
• Limitação das possibilidades de acomodar comunicação devido ao restrito número
de símbolos;
• Dependência da pessoa com deficiência de um interlocutor treinado para
compreender as suas mensagens mostrando total disponibilidade e atenção.
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Existe um grande constrangimento na utilização destas tecnologias de comunicação,
uma vez que, são pensadas maioritariamente para crianças mais velhas ou adultos, não
existindo no mercado sistemas de apoio de comunicação especialmente pensadas para
crianças em idade de aprender a falar. Assim, “é difícil estabelecer as condições necessárias
para o desenvolvimento precoce das capacidades linguísticas de uma criança que vai
crescer com a necessidade de usar tecnologias de apoio para a comunicação”.
Contudo, existem aplicações gratuitas que também recorrem a sistemas de símbolos
para produção de tabelas de comunicação: Quickpics; Picto Selector; Makaton; Arasaac,
são alguns exemplos.
A utilização de tabelas de comunicação no computador pode ser facilitada com ecrãs
táteis. No caso de paralisias graves, o controle do ecrã pode ser feito com o olhar,
recorrendo a dispositivos especiais.
Estes sistemas computadorizados apresentam determinadas características que os
tornam mais adaptados às necessidades específicas dos utilizadores e, simultaneamente,
mais facilitadores do processo de comunicação com o seu meio social. Possuem recursos
avançados de multimédia, conciliando a comunicação icónico-vocálica através de imagens,
fotos e voz digitalizada. Também as formas de acesso como o rato adaptado ou a tela
sensível ao toque são mais-valias destes softwares.
Outro exemplo de recurso existente nesta área é o programa GRID que surge como um
potenciador do sistema de comunicação funcional, facilitador do processo de
desenvolvimento das aprendizagens.
O programa GRID
Este programa permite ao seu utilizador, comunicar de forma autónoma, utilizar o
computador e os seus programas, promovendo o desenvolvimento da linguagem e apoiando
a fala. É fácil de configurar e, através de um teclado inicial, o utilizador pode optar por aceder
a um qualquer programa do seu computador. Quando essa escolha é efetuada, surge o
programa escolhido e imediatamente um teclado emulado, apropriado para aceder às
funções específicas do programa escolhido. Este programa tem um sintetizador de fala em
português europeu, permitindo ao utilizador não só escrever como também “falar” aquilo que
escreveu. Tem ainda acesso facilitado à Internet permitindo navegar com muita facilidade
nas páginas escolhidas, através do teclado.
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familiares e dos próprios utilizadores finais. O recurso a terapeutas pode ser aconselhável
para uma melhor utilização destes dispositivos. Pois só assim se conseguirá rentabilizar ao
máximo a sua utilização.
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existem soluções únicas, para o mesmo problema (ou para atingir a mesma autonomia)
existe uma enorme variedade de soluções e de equipamentos.
O uso de recursos de apoio em alunos com NEE tem permitido melhorias nas práticas
educativas, proporcionando a estes alunos a oportunidade de se tornarem sujeitos ativos
no processo de aprendizagem, partindo do princípio que as dificuldades, a ausência de
linguagem oral ou não conseguir escrever, não possa ser sinónimo de não poder aprender.
Deste modo a TA apresentasse como uma ferramenta para a inclusão escolar, pois
através dela será possível proporcionar ao aluno, recursos adequados às suas
necessidades individuais e assim poder ajudá-lo a superar as barreiras existentes em
contexto escolar do ensino regular.
As TA/PA podem ser utilizadas em diferentes áreas, tais como:
✓ cuidados pessoais e de higiene;
✓ mobilidade;
✓ adaptações para mobiliário e espaço físico;
✓ comunicação, informação e sinalização;
✓ recreação.
Mobilidade elétrica
• cadeiras de rodas elétricas
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• ajudas elétricas de transferência
• interfaces de controlo para cadeira de rodas
• braços de robot para cadeira de rodas
• ajudas para acessibilidade interior e exterior
• adaptações de casas
Transportes/adaptação de veículos
✓ controles especiais para condução;
✓ assentos especiais;
✓ rampas e plataformas;
✓ adaptação de veículos públicos;
✓ Elevadores.
Próteses e ortóteses
✓ ortóteses do membro inferior;
✓ próteses do membro inferior;
✓ calçado ortopédico;
✓ estimulação eletro-funcional.
Acessibilidade ao computador
✓ interfaces de controlo (manípulos, joystick);
✓ teclados alternativos (expandidos, reduzidos);
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✓ teclados e emuladores de teclados;
✓ ratos e emuladores de rato;
✓ écrans táteis.
Telecomunicações
✓ rádios, telefones (portátil, texto, vídeo);
✓ sistemas de e-mail;
✓ Internet.
Leitura e escrita
✓ livros adaptados (com símbolos gráficos, em CD ou em cassete);
✓ computadores com leitores de écran e fala sintetizada;
✓ dispositivos com saída em Braille;
✓ software específico;
✓ dispositivos de amplificação ótica;
✓ máquinas de leitura por reconhecimento de caracteres;
✓ displays táteis;
✓ máquinas e impressoras Braille
Cognição
✓ ajudas de compensação de memória;
✓ ajudas de suporte a noções de espaço e tempo.
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para o aluno. Desta maneira, ao possibilitar o acesso à informação, ao desenvolvimento
cognitivo e afetivo, à inclusão digital e social, e ao lazer, respeitando as especificidades de
cada indivíduo, estamos a promover a tão desejada sociedade digital e inclusiva, onde todos
têm os mesmos direitos.
Robótica
• manipuladores e braços de controle
• robots para atividades de escritório
• virador de páginas
• robots de alimentação
Próteses e ortóteses
• ortóteses do membro superior
• próteses do membro superior
• estimulação electro-funcional do membro superior
Recreio e desporto
• ajudas para jogos, ginástica, desporto, fotografia, caçar e pescar
• brinquedos adaptados
• instrumentos musicais
• ferramentas para trabalhos manuais, desporto e lazer
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4.3 Acessibilidade física e digital
É comum considerar acessível um espaço com rampas, elevadores, portas e corredores
largos, pensando somente em pessoas com mobilidade reduzida. Muitas vezes, até mesmo
em locais considerados inclusivos, recursos para pessoas com deficiências visuais, auditivas
e intelectuais não estão disponíveis. A realidade digital tem ainda mais desigualdades do
que as barreiras arquitetónicas dos espaços físicos, são as chamadas barreiras digitais!
A acessibilidade digital não é mais que a remoção ou eliminação de barreiras para que
pessoas com deficiência possam perceber, compreender, navegar e interagir na Internet,
sem dificuldade. Quando os sites são projetados e desenvolvidos visando a acessibilidade,
todos os visitantes têm o mesmo nível de possibilidades e passa a ser inclusivo.
Acessibilidade digital é, portanto, um conjunto de recursos que permite a navegação, a
compreensão e a interação de qualquer pessoa na Internet (independentemente das suas
limitações), sem ajuda de terceiros. Resumidamente: “Uma Internet acessível para
todos!”
A acessibilidade digital foi incluída na lista de direitos humanos estabelecida pela
Organização das Nações Unidas (ONU). O documento da ONU afirma que os mesmos
direitos garantidos no mundo offline devem ser proporcionados também no ambiente online.
Entre eles está a liberdade de expressão, que deve ser sempre respeitada e viabilizada,
independentemente de plataformas e de fronteiras. No texto, o Conselho de Direitos
Humanos defende o desenvolvimento de programas para acesso a meios de comunicação
e tecnologias e determina que esses recursos são instrumentos fundamentais ao exercício
dos demais direitos humanos pelas pessoas em todo o planeta.
O cumprimento destas diretrizes fará com que o conteúdo se torne acessível a um maior
número de pessoas com incapacidades, incluindo:
• Cegueira e baixa visão,
• Surdez e baixa audição,
• Dificuldades de aprendizagem,
• Limitações cognitivas,
• Limitações de movimentos,
• Incapacidade de fala,
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• Fotossensibilidade,
• Combinação das várias limitações.
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Tecnologias para acesso ao computador
As dificuldades de acesso ao computador estão nalguns casos relacionadas com
problemas neuromotores e paralisias, pelo que as soluções são muito personalizadas, em
função das necessidades de cada pessoa.
Quando existem limitações no controle das mãos e dos braços para manipulação do rato
do computador, poderá recorrer‐se a diversos tipos de comutadores (switches). Nalguns
casos, o joystick poderá ser mais adequado ou o rato de bola de maior dimensão (trackball).
Existe ainda muito software comum que também poderá ser utilizado com alunos
com NEE:
✓ Tecnologias para audição – software de gravação e reprodução de voz (ex.: Audacity,
Wavosaur, Vocaroo, Soundcloud, etc).
✓ Tecnologias para organizar informação ou ideias, incluem mapas mentais,
diagramas, organizadores de coleções e outros (ex.: Pinterest, Livebinders,
Symbaloo, Bubbl.us, Mind42, Remember the Milk, etc)
• Tecnologias para leitura, para quem tem problemas de visão, sintetizadores de fala,
software de reconhecimento de carateres/leitura ótica, documentos em formatos
alternativos (ex.: Balabolka, Readspeaker, Philips Free Speech 2000, Daisy Reader,
etc).
• Tecnologias para escrita – existem funcionalidades nos processadores de texto que
ajudam às dificuldades na escrita, como os preditores de palavras ou os corretores
ortográficos, e existem aplicações que podem ser instaladas para o efeito.
Existem ainda teclados virtuais para quem tem dificuldades motoras e não consegue
manipular o rato ou teclado (ex.: Eugénio, Gaze talk, Virtual Keyboa).
Uma escola para todas as crianças, mas mais do que isso, UMA ESCOLA ONDE TODAS
APRENDAM!
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