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PROCEDIMENTOS QUE NÃO DEVEM SER REALIZADOS NA SALA DE

OBSERVAÇÃO:

A sala de Observação de Adultos do Pronto Socorro Referenciado é destinada ao


recebimento de pacientes estáveis, de baixa complexidade e que não apresentem sinais de
gravidade. Alguns procedimentos não devem ser realizados neste local, uma vez que necessitam da
presença de equipe médica constante e proporcionalidade ideal de equipe de enfermagem,
materiais e equipamentos adequados, de modo a fornecer segurança assistencial.

Dentre os procedimentos, destacam-se:

1. PULSOTERAPIA :

Consiste na terapia ministrada por via endovenosa, em curto período de tempo e em sessões,
utilizando doses elevadas de corticosteróide, podendo haver associação com imunossupressor
antineoplásico.
Estudos revelam que reações adversas ocorrem durante a pulsoterapia com corticosteróide,
tais como rash cutâneo, distúrbio temporário do sono, alteração do humor, bradicardia sinusal,
hiperglicemia, hipertensão arterial, todas em sua maioria transitória.
Os pacientes precisam de monitoramento e controle hidroeletrolítico, glicêmico, pressórico e
do ritmo cardíaco, portanto o procedimento deve ser realizado em áreas onde haja disponibilização
de recursos tecnológicos que atendam a essas necessidades assim como, recursos humanos e
materiais adequados.

ROZA et al. Assistência de enfermagem ao paciente em pulsoterapia com corticosteroide. Einstein.


2008; 6(4):491-6.

2. CATETERISMO VENOSO CENTRAL:

A cateterização venosa central é um procedimento amplamente utilizado em pacientes


críticos, os quais demandam assistência à saúde de alta complexidade. O cateter venoso central
(CVC) é um sistema intravascular utilizado para fluidoterapia, administração de fármacos, infusão
de derivados sanguíneos, nutrição parenteral, monitorização hemodinâmica, terapia renal
substitutiva, entre outros.
Tratando-se de um procedimento invasivo, com necessidade de técnica estéril e manutenção
adequada, complicações relacionadas à punção, distribuídas em mecânicas e infecciosas podem ser
identificadas. Nas complicações mecânicas incluem o mau posicionamento do cateter, embolia do
cateter, embolia aérea, trombose, flebite, lesão cardíaca, sangramentos, punção arterial,
pneumotórax, hemotórax, quilotórax e hidrotórax. Já, as infecciosas incluem a colonização do
cateter decorrente da manipulação inadequada, sepse relacionada ao cateter e infecção do sítio de
inserção.
A correta indicação deste dispositivo é fundamental para a segurança do paciente e,
portanto, deve ser usado com critérios e em áreas que contemplem a assistência desse perfil de
paciente.

Centers for Disease Control and Prevention. Guideline for prevention of intravascular catheter-
related infections. Atlanta: CDC-HICPAC; 2011.
Neves Junior MA, Melo RC, Goes Junior AMO, Protta TR, Almeida CC, Fernandes AR, et al.
Infecções em cateteres venosos centrais de longa permanência: revisão de literatura. J Vasc Bras.
2010;9(1):46-50.

3. BOMBA DE HEPARINA CONTÍNUA:

A heparina é um anticoagulante que aumenta a atividade da antitrombina e,


consequentemente, inativa a trombina (assim como outros fatores de coagulação) e sua atividade
coagulante. Tem ampla utilidade na prática clínica, sendo indicada para o tratamento e profilaxia de
eventos tromboembólicos venosos (trombose venosa profunda e embolismo pulmonar) e arteriais
(fibrilação atrial, angina instável, infarto do miocárdio e embolia arterial periférica), no tratamento
da coagulação intravascular disseminada e em períodos de interrupção temporária de terapia
anticoagulante oral. Também é usada como anticoagulante em procedimentos dialíticos, transfusões
sanguíneas, circulação extracorpórea e em cirurgias arteriais e cardíacas.
A resposta terapêutica à heparina varia de indivíduo para indivíduo. Dessa forma, é
importante o monitoramento de sua efetividade e segurança por meio da análise de exames de
Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa) ou de Tempo de Coagulação Ativado.
A heparina é considerada um medicamento potencialmente perigoso, e está frequentemente
envolvido em ocorrências sérias e fatais como, por exemplo, hemorragias, que configuram o
principal evento adverso associado ao uso da heparina, e o risco de sua incidência aumenta
conforme a dose utilizada,
Durante a infusão, assim como no caso da bomba de insulina contínua, recomenda-se além
de um protocolo institucional, de fácil entendimento e execução, treinamento assistencial de equipe
de enfermagem, e presença de equipe médica assistente para o manejo clínico do paciente.

Garcia DA, Baglin TP, Weitz JI, Samama MM; American College of Chest Physicians. Parenteral
anticoagulants: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College
of Chest Physicians EvidenceBased Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012 Feb;141(2
Suppl):e24S-43S. doi: 10.1378/ chest.11-2291.

Hutchison TA, Shahan DR (Eds): DRUGDEX® System. MICROMEDEX, Inc., Greenwood


Village; 2013. Disponível em: http://www-micromedexsolutions-com.
ez54.periodicos.capes.gov.br/micromedex2/librarian. Acesso em: 28 ago 2013.

Cohen MR, Proulx SM, Crawford SY. Survey of hospital systems and common serious medication
errors. J Healthc Risk Manag; 1998;18(1):16-27.

4. SEDAÇÃO E ANALGESIA EM PROCEDIMENTOS (SAP):

O termo sedação e analgesia em procedimentos (SAP) diz respeito ao uso de medicamentos hipnóticos
e/ou analgésicos para permitir o desempenho eficaz de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos,
enquanto o paciente é monitorado quanto a possíveis efeitos adversos.
A sedação e analgesia em procedimentos (SAP) tornou-se uma prática difundida, dada a crescente
demanda para alívio da ansiedade, desconforto e dor durante procedimentos invasivos para diagnóstico
e tratamento.
A maioria das complicações graves na SAP está associada à alteração da permeabilidade das vias aéreas
superiores e/ou depressão respiratória, além disso, os pacientes podem deteriorar-se consideravelmente
após a sedação em procedimentos, portanto, monitoramento suficiente é essencial. Embora não haja
evidências claras sobre quem deve monitorar os pacientes e por quanto tempo os pacientes devem ser
monitorados, de um ponto de vista prático, é essencial o monitoramento da PA não invasiva, oximetria
de pulso, ECG e capnografia (se disponível) durante e após qualquer sedação em procedimentos, assim
como a observação visual contínua ao lado do paciente por um profissional da enfermagem experiente e
qualificado, dadas as rápidas mudanças causadas pela administração de medicamentos sedativos
combinados com analgésicos.
Fica evidente que a Sala de Observação não possui recursos tecnológicos que atendam a essas
necessidades assim como, recursos humanos e materiais adequados, portanto, se faz necessário a
realização da SAP em áreas que contemplem a assistência requerida.

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