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Gabriela Augusta
Padronização e aferição de
vidrarias de laboratório
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As vidrarias utilizadas no laboratório de química analítica são uma classe
de materiais que, apesar da passagem do tempo, continua preservando
sua utilidade e sua importância. Cada um dos materiais componentes
dessa classe tem uma finalidade específica e deve ser utilizado de maneira
adequada, a fim de que se obtenham os melhores resultados no preparo
de reagentes e no uso diário de um laboratório. Assim como os utensílios
de cozinha são os melhores amigos de um chef, as vidrarias de laboratório
são as fiéis companheiras do laboratorista.
Neste capítulo, você vai ler sobre as principais vidrarias utilizadas no
laboratório de química analítica, sobre como se analisam grandezas de
massa e volume com o uso das vidrarias e, por fim, sobre a forma como
é feita e mantida a calibração e a aferição de buretas, pipetas, seringas
e balões volumétricos.
2 Padronização e aferição de vidrarias de laboratório
(2) Becker: uma das mais conhecidas e utilizadas, esta vidraria serve
para a preparação de soluções e para o seu aquecimento; embora também
seja graduada, ela não apresenta precisão para medições.
(3) Proveta: utilizado para medir e transferir líquidos, este tubo cilín-
drico graduado pode ser feito de vidro comum, de vidro borossilicato
ou, até mesmo, de plástico; há disponíveis modelos com ou sem tampa,
e algumas tampas são calibradas com um bom nível de precisão.
(4) Balão volumétrico: produzidos em vidro borossilicato, estes balões
são calibrados e utilizados com líquidos, geralmente para o preparo de
soluções-padrão que demandam uma medição mais precisa.
(5) Frasco Kitassato: este frasco de vidro com saída de ar lateral é
empregado para filtração a vácuo ou em baixa pressão.
(6) Funil de Büchner: funil de porcelana utilizado em conjunto com
o frasco Kitassato para filtrações a vácuo ou em baixa pressão.
(7) Pipeta volumétrica: fabricada em vidro borossilicato, esta pipeta é
calibrada e utilizada para transferência de volumes com medidas cujo
nível de exatidão deve ser alto.
(8) Pipeta graduada: utilizada para medida e transferência de líqui-
dos, esta pipeta é fabricada em vidro comum ou borossilicato; embora
também seja calibrada, ela apresenta menor nível de exatidão.
(9) Agarrador para bureta: serve para fixar a bureta na haste universal
durante a titulação.
(10) Haste universal: utilizada para fixar vidrarias em procedimentos
como titulação, filtração e destilação.
(11) Bureta: tubo cilíndrico graduado com alto nível de exatidão e
utilizado em titulações.
(12) Funil de separação: empregado na separação de dois líquidos
imiscíveis e na extração de líquido/líquido.
(13) Triângulo de porcelana: utilizado para o aquecimento de cadinhos
diretamente na chama do bico de Bunsen.
(14) Tripé: fabricado em metal, serve de suporte para telas de amianto
ou triângulos de porcelana durante o aquecimento de líquidos (com
tela de amianto) ou de sólidos (cadinho sobre triângulo de porcelana).
(15) Tela de amianto: serve como suporte para o aquecimento de
líquidos em vidrarias sobre o bico de Bunsen; a tela tem a capacidade
de distribuição homogênea do calor para a superfície da vidraria.
(16) Funil de vidro: utilizado para a filtração simples de misturas
sólido/líquido.
4 Padronização e aferição de vidrarias de laboratório
Por fim, no que diz respeito à secagem das vidrarias volumétricas, ela deve
ser feita em temperatura ambiente para que se evitem a dilatação e a perda da
calibração (BOTH, 2018).
10 Padronização e aferição de vidrarias de laboratório
Medida de massas
A medida de massas é realizada em balanças, que podem ser de dois tipos:
analíticas ou semianalíticas, as quais são descritas a seguir e apresentadas na
Figura 5 (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013).
A seguir são apresentados alguns cuidados gerais que devem ser tomados
com as balanças de laboratório.
Para o uso da balança analítica, há, ainda, alguns cuidados especiais (ROSA;
GAUTO; GONÇALVES, 2013):
Medida de volumes
A leitura de volumes em vidrarias de laboratório é realizada pela visualização
da graduação no gargalo de balões volumétricos, pipetas, buretas, provetas,
etc. Quando um líquido é colocado em um recipiente, forma-se, devido à sua
tensão superficial, um menisco — uma deformação da superfície do líquido
formada na interface entre o líquido e o ar (SCHWANKE, 2013).
Para líquidos escuros, a medida do volume deve ser feita pela parte superior
do menisco; já para líquidos claros, a leitura é realizada pela porção inferior
do menisco, conforme Figura 6 (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013).
A leitura adequada do menisco é um aspecto essencial na medida de volumes.
Para fazê-la, com a vidraria sempre na altura dos olhos, busca-se o ponto infe-
rior do menisco e imagina-se uma reta tangente a ele, a qual coincidirá com o
traço de marcação do recipiente ou pipeta. O posicionamento de um material
escuro pode auxiliar na identificação da medição correta (SCHWANKE, 2013).
Figura 7. Erro de paralaxe. (a) Instrumento acima dos olhos, provocando uma visualização
do menisco acima do real. (b) Ajuste correto do menisco com o auxílio de um contraste.
(c) Instrumento abaixo dos olhos, provocando uma impressão de menisco abaixo da
posição correta.
Fonte: Schwanke (2013, p. 126).
Apesar dessas características, essas vidrarias com alto nível de exatidão não
devem ser submetidas a altas temperaturas e devem ser manuseados sempre
em torno de 20°C, temperatura em que são calibrados. Além disso, não devem
entrar em contato com soluções aquecidas ou resfriadas: as soluções devem
ser medidas nesses instrumentos sempre na temperatura mais próxima aos
20°C para a manutenção da sua calibração (SCHWANKE, 2013).
Instrumentos Descrição
onde:
Qual a massa de água em g (gramas) que deveria ser pesada em uma temperatura
de 22°C para graduar um instrumento de vidro de 1 L (1.000 mL) na temperatura de
20°C (DIAS et al., 2016)?
utilizando a equação:
onde:
V = 1.000 mL;
tʹ = 22°C;
t = 20°C;
D = 0,99780 g/mL;
d = 0,00120 g/mL;
Dʹ = 8,4 g/mL.
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teremos:
Qual é a capacidade de uma pipeta volumétrica graduada para 10 mL a 20°C que foi
aferida a 24°C tendo uma massa de água pesada de 9,6843 g?
Segundo o Quadro 2, seria necessária uma massa de 996,38 g de água para que um
aparelho tivesse a capacidade de 1 L a 20°C.
Então:
996,38 1.000 mL
9,6843 x
x = 9,72 mL
Aferição de buretas
Para realizar a aferição de uma bureta, é necessário percorrer os passos listados
a seguir (DIAS et al., 2016).
para que não haja bolhas no interior da bureta ou na torneira e para que
não ocorram vazamentos, checando a lubrificação da torneira.
Coincidir o ponto inferior do menisco com o zero da escala da bureta e
tocar a ponta da bureta em outro recipiente para eliminar excessos ou
alguma gota aderida. Iniciar a aferição pela transferência de volumes de
5 mL ou 10 mL para um erlenmeyer pesado previamente, de preferência
com tampa, em intervalos de 30 s a 60 s. Pesar o erlenmeyer com a
água transferida em cada intervalo de tempo até completar o volume
total da bureta. Determinar a massa de água medida em cada intervalo
calculando a diferença.
Repetir o procedimento 3 vezes.
10 9,99
20 20,01
30 29,98
40 40,01
50 49,99
O volume corrigido (total que foi liberado pela bureta) será igual a 29,98 +
2,44 = 32,42 mL. Para preparar soluções padronizadas, deve-se utilizar esse
valor corrigido, de 32,42 mL (DIAS et al., 2016).
Leitura recomendada
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 4787:2010: laboratory glassware,
volumetric instruments, methods for testing of capacity and for use. São Paulo: ABNT,
2010.