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Sumário:
Módulo 1 - Histórico, conceitos e fundamentos da Piscomotricidade
1.1 - Um breve histórico
1.2 - O surgimento da Psicomotricidade no Brasil
1.3 - As principais Vertentes da Psicomotricidade

Módulo 2 - Psicomotricidade na Educação Infantil


2.1 - introdução
2.2 - A importância da Psicomotricidade na Aprendizagem da Educação Infantil
2.3 - Metodologia

Módulo 3 - A importância do Desenvolvimento Psicomotor na Infância


3.1 - Introdução
3.2 - Metodologia
3.3 - Psicomotricidade, Ciência e Técnica
3.4 - Educação Psicomotora
3.5 - Reedução Psicomotora
3.6 - Terapia Psicomotora
3.7 - Pscomotricidade e Conceitos Psicomotores
3.7.1 - Esquema Corporal
3.7.2 - A imagem do Corpo
3.8 - Habilidades Psicomotoras no Processo de Alfabetização
3.9 - Atividades Psicomotoras
3.10 - Desenvolvendo Habilidades.
3.10.1 - Esquema Corporal
3.10.2 - Lateralidade
3.10.3 - Estruturação Espacial
3.10.4 - Orientação Temporal
3.10.5 - Tônus, postura e equilibrio.
3.10.6 - Pré-escrita, psicomotricidade fina.

Módulo 4 - Psicomotricidade: Estimulação das habilidades motoras, cognitivas e sócio afetivas.


4.1 - Introdução
4.2 - Psicomotricidade e sua importância
4.3 - Psicomotricidade: Uma questão Legal
4.4 - Psicomotricidade em foco: Pesquisa.

Módulo 5 - Anexo

Módulo 6 - Psicomotricidade, jogo e corpo-em-relação: Contribuições para a intervenção


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INTRODUÇÃO

A psicomotricidade está presente basicamente em todas as atividades, e além de


constituir-se como um fator indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da
criança, é também a base fundamental para o processo de aprendizagem dos indivíduos.
Assim este estudo tem como objetivo o levantamento de informações históricas
acerca do tema psicomotricidade e sua relação com a educação como fator fundamental
para o desenvolvimento em seus aspectos cognitivos, físicos e sociais da criança.
A metodologia utilizada está alicerçada na pesquisa bibliográfica que tem como
objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito, assim entendermos o conceito de psicomotricidade, e como ela está vinculada
com a educação e suas contribuições para a aprendizagem da criança.
A psicomotricidade é caracterizada como uma área do conhecimento que utiliza
os movimentos físicos para atingir outras aquisições mais elaboradas, como as
intelectuais, e durante o processo de ensino, os elementos básicos da psicomotricidade
são utilizados com frequência, e cujo desenvolvimento psicomotor é mal constituído,
poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de
letras (ex:b/d), na ordenação de sílabas, no pensamento abstrato (matemática), na
análise gramatical, dentre outras.
Assim os movimentos físicos são muito importantes para o desenvolvimento
humano, transmitindo sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as
possibilidades do uso de gestos e posturas corporais, que auxiliarão no processo de
ensino-aprendizagem, considerando que um bom desenvolvimento psicomotor
proporciona ao aluno algumas habilidades e um bom desempenho escolar.
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Neste sentido é importante refletir sobre a história, os conceitos e fundamentos


da psicomotricidade, e os benefícios dessa prática para o desenvolvimento integral da
criança, o surgimento da psicomotricidade no Brasil e suas principais vertentes.
A partir do referencial teórico, obtido com as leituras de autores como Fonseca
(2008) que apresenta em sua obra um minucioso estudo sobre os três pioneiros do
desenvolvimento psicomotor: Ajuriaguerra, Wallon, Piaget, e as contribuições de Le
Boulch (1982), Negrine (1986), entre outros autores, assim sendo possível formular a
hipótese de que a psicomotricidade interfere na aprendizagem dos alunos e no
desenvolvimento integral.
De acordo com Fonseca (2008), a psicomotricidade pode ser definida como o
campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e
sistêmicas entre o psiquismo e a motricidade.
Para Le Boulch, a educação psicomotora deve ser uma formação de base
indispensável para toda criança.
Assim, é importante uma analise a fim de buscar os motivos das dificuldades
encontradas no processo de ensino-aprendizagem, que não estão ligadas às questões
patológicas, e acabam se tornando uma problemática educacional nas etapas da vida
escolar da criança. Desta maneira destaca-se e a importância para o professor em
conhecer a história da psicomotricidade e seus fundamentos, a fim de compreender de
fato como ela está ligada à educação e refletir sobre a importância da área psicomotora
no desenvolvimento motor e cognitivo.

1. Um Breve Histórico, Conceitos e Fundamentos da Psicomotricidade

O corpo é o ponto de referência que os seres humanos buscam conhecer e assim


interagir com o mundo, servindo como base para o desenvolvimento nos aspectos
cognitivos, sociais, físico-motor e afetivo-emocional.
Fonseca (1988) informa que etimologicamente podemos definir o termo
psicomotricidade como oriundo do grego psyqué = alma/mente e do verbo latino moto =
mover frequentemente, agitar fortemente. A terminologia está ligada ao movimento
corporal e sua intencionalidade.
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A motricidade humana tem sua origem na própria história social do homem,


sendo fundamental às atividades no trabalho, em casa, na caça, na comunicação e na
perpetuação da espécie. Já o termo “Psicomotricidade” apareceu pela primeira vez no
discurso médico, no campo da neurologia, tendo como pioneiro o neurologista francês
Ernest Dupré (1862 – 1921), que no século XIX constatou disfunções graves
evidenciadas no corpo sem que o cérebro tivesse nenhuma lesão. São descobertos
distúrbios da atividade gestual, da atividade práxica, onde o "esquema anátomo-clínico"
que determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal já não podia explicar
alguns fenômenos patológicos, tendo então a necessidade de encontrar uma área que
explicasse tais fenômenos clínicos, e então fez com que surgisse a palavra
“Psicomotricidade” em 1870.
Em 1909, Dupré definiu a síndrome da debilidade motora através das relações
entre o corpo e a inteligência, dando partida para o estudo dos transtornos psicomotores,
patologias não relacionadas a nenhum indício neurológico estudados pela
Psicomotricidade.
Somente no século XX a psicomotricidade passou realmente a ser considerada
ciência. Contudo, a prática psicomotora começou em 1935, com Eduard Guilmain, que
elaborou protocolos de exames para medir e diagnosticar transtornos psicomotores.
Passa-se a ter uma visão integral do indivíduo, de forma a respeitar suas limitações e
necessidades, trabalhando-o integralmente o físico, cognitivo e o afetivo.
A psicomotricidade é sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento,
o intelecto e o afeto. Sendo estruturada por três pilares: o querer fazer (emocional) –
sistema límbico, o poder fazer (motor) – sistema reticular e o saber fazer (cognitivo) –
córtex cerebral. Sendo importante que ocorra o equilíbrio entre eles, caso ao contrário
pode acarretar uma desestruturação no processo de aprendizagem da criança.
A motricidade tem a função de levar as experiências vivenciadas até o cérebro,
que fará a decodificação de cada estimulo enviado e armazenará as informações
sensoriais, afetivas e perceptivas que o individuo presenciou.
De acordo com a Associação Brasileira de Psicomotricidade, a mesma pode ser
definida como:
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... a ciência que tem como objetivo de estudo o homem por meio do seu
corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem
como suas possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os
objetos, e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o
corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas, e orgânicas.

Neste sentido Dupré, foi um dos autores que influenciaram fortemente a


Psicomotricidade, assim como Wallon, Piaget, Guilmain, Ajuriaguerra entre outros, que
estudaram e comprovaram a relação entre o movimento e a aprendizagem.
Segundo Wallon (1925), seus estudos estavam voltados para a relação entre as
emoções e o certo comportamento tônico, mostrando a importância dos movimentos no
desenvolvimento psicológico da criança. Seu olhar psicobiológico influenciou os
psicomotricistas que estudam o desenvolvimento motor e mental da criança, auxiliando
nos estudos relacionados à aquisição do conhecimento da criança, em seus aspectos
intelectuais, motores e afetivos.

O movimento não é puramente um deslocamento no espaço, nem uma


simples contração muscular, e sim, um significado de relação afetiva com o
mundo, assim, para o autor, o movimento é a única expressão e o primeiro
instrumento do psiquismo. Neste contexto, pode-se dizer que o
desenvolvimento motor é precursor de todas as demais áreas. (WALLON,
1995, p. 01).

O que mais tarde será visto por Ferreira (1998), afirma que “não existe
aprendizagem sem que seja registrado no corpo”. (p. 18), destacando a importância dos
movimentos nas ações de construção do conhecimento.
Nos estudos de De Meur & Staes (1984), assinala que “o intelecto se constrói a
partir da atividade física”. As funções motoras (movimento) não podem ser separadas
do desenvolvimento intelectual (memória, atenção, raciocínio) nem da afetividade
(emoções e sentimentos). Para que o ato de ler e escrever se processe adequadamente, é
indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado, considerando que as
habilidades são fundamentais manifestações psicomotoras.
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No enfoque das pesquisas de Levin (1995), “há uma diferença entre os


pensamentos de Wallon e Dupré”; para Wallon, o movimento está relacionado ao afeto,
à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos das crianças; para Dupré, a motricidade está
relacionada inteligência. Assim é possível observar que no início a psicomotricidade
tinha seus estudos voltados para a patologia. Porém Wallon, Piaget e Ajuriaguerra
aprofundaram seus estudos voltados para o campo do desenvolvimento, nesta
perspectiva Wallon se preocupou com a relação psicomotora, afeto e emoção, já Piaget
se preocupou com a relação evolutiva da psicomotricidade com a inteligência e
Ajuriaguerra consolida as bases da evolução psicomotora, de forma mais específica para
o corpo e sua relação com o meio. Para ele, a evolução da criança está na
conscientização do seu corpo.
Estas contribuições muito avançaram para o conceito da psicomotricidade e as
ações metodológicas para o desenvolvimento da aprendizagem, principalmente na
aquisição da leitura e escrita.
Assim para a psicomotricidade o indivíduo, para aprender, precisa sentir, pensar
e agir, a psicomotricidade é a expressão de um pensamento pelo ato motor preciso,
econômico e harmonioso. (AJURIAGUERRA, 1983)
Em 1948, Ajuriaguerra redefiniu o conceito de debilidade motora e delimitou
com clareza os transtornos psicomotores no seu Manual de Psiquiatria Infantil. Ele é o
responsável por delimitar com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o
neurológico e o psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade
diferencia-se de outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia.
O corpo é eixo comum na prática da psicomotricidade, porta-voz dos sintomas e
sede dos problemas de aprendizagem e/ou psicomotores, podendo ser trabalhados
através da reeducação, porém o profissional de educação deve se apropriar deste recurso
para aplicá-lo nas rotinas educacionais.
Os pesquisadores André Lapierre e Bernard Aucouturier, são considerados os
pais da psicomotricidade relacional. Negrine (1995), afirma que com a influência desses
dois professores de educação física, a psicomotricidade passou por três períodos:
continuador, inovador e de ruptura. O período continuador é caracterizado pela primeira
vertente adotada pelos autores Lapierre e Aucouturier, onde as publicações da época
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expressavam a linha teórico-metodológica funcionalista, marcando a origem da


psicomotricidade como campo de estudo e como prática pedagógica, onde as crianças
eram submetidas a testes que avaliavam seu perfil psicomotor. Já no período inovador,
ao contrário do que acreditavam no estágio anterior, nesse período, o trabalho era
desenvolvido com fundamento nas potencialidades dos alunos, unindo teoria e prática
com bases relacionais, pois a psicomotricidade funcional não seria adequada quando se
tratasse de educação ou reeducação. Assim surge o período da ruptura, onde os autores
Lapierre e Aucouturier acabaram tendo suas práticas distanciadas. Lapierre trabalhou
com base na potencialização dos jogos simbólicos, acreditando que sempre há uma
intenção por trás deles, e que o adulto interviria no jogo simbólico da criança. Já
Aucouturier defendia a potencialização dos jogos sensório-motor.
Segundo Alves (apud SILVA, 2004), “A psicomotricidade tem como principal
propósito melhorar ou normalizar o comportamento geral do individuo, promovendo um
trabalho constante sobre as condutas motoras, através das quais o indivíduo toma
consciência do seu corpo, desenvolvendo o equilíbrio, controlando a coordenação global
e fina e a respiração bem como a organização das noções espaciais e temporais.”
É uma pratica pedagógica que contribui para o desenvolvimento da criança no
processo de ensino aprendizagem. Favorece os aspectos físicos, mental, afetivo
emocional e sócio cultural. É uma forma de ajudar a criança a superar as suas
dificuldades e precaver possíveis inadaptações. (OLIVEIRA, 2002).
O papel da psicomotricidade na educação é estimular o desenvolvimento das
percepções da criança e seu esquema corporal. O ato de movimentar-se fisicamente é
privilegiado com o trabalho psicomotor, porém leva-o ao trabalho mental, onde é
aprendido a ouvir, interpretar, imaginar, organizar, representar e passar do abstrato para
o concreto. O desenvolvimento é adquirido através de suas tentativas e erros. Ela
transforma seus erros em aprendizado. Portanto a atividade motora é de extrema
importância no desenvolvimento da criança.
A psicomotricidade de Le Boulch (1983) justifica sua ação pedagógica
colocando em evidencia a prevenção das dificuldades pedagógicas, dando importância a
uma educação do corpo que busque um desenvolvimento total da pessoa, tendo como
principal papel na escola preparar seus educandos para vida, utilizando métodos
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pedagógicos renovados, procurando ajudar a criança a ser desenvolver da maneira


possível, contribuindo dessa forma para uma boa formação da vida social.
Muitos estudos tem na psicomotricidade um olhar apenas para o corpo e o
movimento, porém vai além. É responsável também pela contribuição mental e pelo
comportamento, neste sentido podemos observar que:

A psicomotricidade como seu nome indica, trata de relacionar os elementos


aparentemente desconectados, de uma mesma evolução: o desenvolvimento
psíquico e o desenvolvimento motor. Parte, portanto, de uma concepção do
desenvolvimento que coincide com a maturação e as funções neuromotoras e
as capacidades psíquicas do individuo de maneira que ambas as coisas não
são duas formas, até então desvinculadas, na realidade é um processo.
(NÚNEZ apud COSTALLAT, 2002, p.22)

O movimento é a parte integrante do comportamento humano. No entanto,


conforme os estudos de Santos; Cavalari (2010) para que haja desenvolvimento integral
é preciso que tenhamos profissionais capazes e conscientes da importância da
psicomotricidade, considerando-a como a ciência que envolve toda ação realizada pelo
individuo, que represente suas necessidades e permita suas relações com os demais.
Segundo Alves (2008), “O ser humano não é feito de uma só vez, mais se
constrói pouco a pouco, por meio da ação com o meio e de suas próprias realizações, e
nessa construção a psicomotricidade realiza um papel fundamental.” O que a cada dia
torna-se essencial no processo de aprendizagem da criança, onde ela utiliza de seu
próprio corpo para o processo de interação e conhecimento do mundo. De acordo com a
afirmação de Alves (2012, p.144), “A psicomotricidade existe nos menores gestos e em
todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e
ao domínio do seu próprio corpo”.
A estruturação psicomotora é a base para o processo de desenvolvimento
intelectual da criança. O desenvolvimento evolui do geral para o específico.
Apresentando desta forma ser um dos fatores essenciais ao desenvolvimento global e
uniforme da criança.
Alexander Romanovich Luria foi um famoso psicólogo soviético especialista em
psicologia do desenvolvimento e agrupou as bases psicomotoras em unidades
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funcionais ou neuroblocos, a primeira composta pela tonicidade e o equilíbrio, a


segunda composta pela noção de corpo, lateralidade e estruturação espaço-temporal e a
terceira é composta pelas praxias global e distal.
A criança não nasce pronta, tudo se constrói aos poucos, por meio das próprias
ações, cada ser tem seu eixo corporal que ao decorrer do tempo é adquirido pelo
movimento e as experiências vividas. O ser humano necessita através do seu corpo,
perceber as coisas que estão ao seu redor, adquirindo as noções de em cima, embaixo,
perto, longe, na frente e atrás, sendo sempre estimulada a se auto-independe. No entanto
esses desenvolvimentos variam de criança para criança, pois cada uma apresenta
competências diferentes.
A psicomotricidade trabalha os movimentos da criança, motiva a capacidade
sensitiva, cultiva a capacidade perceptiva através da resposta corporal, organiza a
capacidade dos movimentos, utilizando objetos reais e imaginários, amplia e valoriza a
identidade própria, cria segurança e respeito aos espaços dos demais.
Os estudos baseados na psicomotricidade nos auxiliam a entender a importância
do corpo para o desenvolvimento global do ser humano, associando dinamicamente o
ato ao pensamento, o gesto à palavra, o símbolo ao conceito, e está relacionada ao
processo de maturação. Antigamente a educação propôs que os aspectos motores e
intelectuais poderiam ser medidos por testes, sendo o sujeito fragmentado, e assim
vieram novos tempos e novas idéias, e com isso o corpo e a imaginação só poderiam
andar juntos, e o brincar passou a fazer parte da educação, contribuindo para
aprendizagem. E as relações com o outro e com o meio, o ser humano se desenvolvia
plenamente.

2. O Surgimento da Psicomotricidade no Brasil

No Brasil, a Psicomotricidade foi introduzida em meados da década de 70,


trazida por profissionais oriundos da Europa. Nesta época, as práticas eram direcionadas
a Educação e Reeducação Psicomotora. E em 1976, com a estada de Françoise
Désobeau, uma das pioneiras em psicanálise infantil, foi introduzida a Terapia
Psicomotora que propunha a substituição das técnicas instrumentais por atividades mais
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livres, valorizando o jogo e o brincar. Assim, em 1980 foi fundada a Sociedade


Brasileira de Psicomotricidade.
O início da Psicomotricidade no Brasil ocorreu com profissionais que foram para
a França especializar-se em clínica infantil e, depois, em psicomotricidade com
Ajuriaguerra - psiquiatra e professor e, depois, com Bergès que era seguidor de
Ajuriaguerra, no hospital Henri-Roussele, na escola da equipe de Giselle. B Soubiran-
terapeuta psicomotora.
Airton Negrine, é uma das primeiras referências no Brasil na área da
Psicomotricidade, passando de partidário da linha funcionalista, para defensor da linha
relacional, onde o professor deve buscar sempre estratégias para impulsionar o
desenvolvimento dos alunos que apresentam dificuldades. A educação especial foi o elo
entre o surgimento da psicomotricidade na Europa e no Brasil.
De acordo com Negrine (2002), os primeiros trabalhos relacionados à
psicomotricidade no Brasil foram realizados por professores das disciplinas ligadas ao
ensino de educação física na educação infantil, em cursos superiores de educação física.
Esses professores lutaram para que a psicomotricidade fosse uma disciplina integrante
do currículo dos cursos de educação física e pedagogia. Antes que isso acontecesse, a
psicomotricidade já era desenvolvida dentro de clínicas privadas de reeducação.
A história da psicomotricidade chega tardiamente no Brasil, contudo, vêm
despertando interesse de muitos estudiosos, principalmente de profissionais da área da
educação que buscam melhorar o desempenho de seus alunos no desenvolvimento
global, para facilitar a aquisição de conhecimentos, principalmente no processo de
alfabetização, onde são encontradas as maiores dificuldades trazidas pelos alunos.

3. As Principais Vertentes da Psicomotricidade

Com o intuito de facilitar a compreensão das características das principais


vertentes da Psicomotricidade, algumas características são analisadas e destacadas em
cada uma delas. A psicomotricidade evidencia três vertentes: a reeducativa, terapêutica
e educativa.
A Reeducação atende individualmente, ou em pequenos grupos, que apresentam
sintomas de ordem psicomotora. Estes sintomas podem vir acompanhados de distúrbios
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mentais, orgânicos, psiquiátricos, neurológicos, relacionais e afetivos. O trabalho de


reeducação privilegia a princípio três situações, que são: o alívio do problema, a
redução do sintoma e a adaptação ao problema através de jogos e exercícios
psicomotores.
A Terapia Psicomotora é realizada individualmente ou em pequenos grupos que
apresentam grandes perturbações de ordem patológica, tem como objetivo uma ação
diagnóstica dos atrasos psicomotores ou características da personalidade com a
utilização do corpo, com seus movimentos e sua expressividade.
A terapia psicomotora utiliza-se das contribuições da teoria psicanalítica. Nesta
vertente os psicomotricistas estão atentos à vida emotiva de seus pacientes, delegando
importância à emoção, à expressão e à afetividade. O corpo é considerado como uma
unidade que conjuga a emoção e a motricidade (LEVIN, 1995).
A Educação Psicomotora é realizada no âmbito escolar, é uma atividade
preventiva, aplicada principalmente na Educação Infantil e no Ensino Fundamental
séries iniciais. Sua intensificação como prática pedagógica teve origem na França, com
o professor de Educação física Jean Le Boulch, na segunda metade da década de 60,
tendo como foco o desenvolvimento global do indivíduo por meio dos movimentos,
evitando distúrbios de aprendizagem, proporcionando para os indivíduos, ambientes que
estimulem as vivências corporais, desafiando os alunos a alcançarem suas zonas de
desenvolvimento, como defende Vygotsky.
Segundo Le Boulch (1987) “a Educação Psicomotora deve ser considerada como
uma educação básica para o ensino fundamental.” A Educação Psicomotora proporciona
atividades escolares, que não podem ser conduzidas se a crianças não tiver alcançado a
consciência do seu corpo, lateralizar-se, e se não tiver adquirido habilidades e
coordenação de seus gestos e movimentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim este estudo buscou alcançar os objetivos propostos, demonstrando assim a


grande importância que a psicomotricidade exerce ao longo da vida de um aluno e sua
influência no processo de ensino-aprendizagem. Entender a questão histórica e evolução
da Psicomotricidade bem como relatar as personalidades importantes para o crescimento
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desta ciência, é de suma importância para a formação dos docentes e ponto de reflexão
para torna-la amplamente conhecida na base de estudos na formação docente.
Um desenvolvimento psicomotor não estimulado pode acarretar uma série de
problemas não só motores, mas no desenvolvimento total do indivíduo, fazendo com
que as ações simples do cotidiano se tornem difíceis pela má formação. Como por
exemplo, o desenvolvimento das habilidades psicomotoras para o aluno nos anos
iniciais escolares poderá ser grande facilitador no desenvolvimento integral das etapas
da alfabetização e levando-o a um desenvolvimento pleno.
Assim, é necessário que as escolas proporcionem a formação continuada para os
professores através de conhecimentos sobre a temática, e que tenham um olhar sensível
para perceber as necessidades dos alunos e poder construir novas possibilidades diante
das dificuldades psicomotoras, e nas situações mais complexas solicitar o auxílio
necessário, e a escola cumpra sua função social que é garantir os conhecimentos, as
habilidades e valores necessários à formação do individuo.
Neste sentido esta pesquisa buscou enfatizar, a partir de uma perspectiva
histórica, uma breve narrativa do desenvolvimento da Psicomotricidade ao decorrer dos
tempos e alguns de seus autores principais, evidenciar através dos estudos destes
autores, que não há um conceito único e singular, mas sim, diversos olhares sobre a
Psicomotricidade.
A Psicomotricidade é apresentada assim, como uma ciência que pretende
transformar o corpo em um instrumento de relação e expressão com o outro, através do
movimento dirigido ao ser em sua totalidade, em seus aspectos motores, emocionais,
afetivos, intelectuais e sociais, considerando o homem como único, em constante
evolução e essencialmente um ser interativo.
Diante desta pesquisa, o estudo possibilitará o início de outras análises para que
este tema ocorra frequentemente nas pesquisas de educação e principalmente nas
práticas docentes.
PSICOMOTRICIDADE
NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
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1. INTRODUÇÃO

A ideia de infância como um período peculiar de nossas vidas não é um


sentimento natural ou inerente à condição humana. A partir do Século XVI, com a
mudança no modo de produção no Século XVII, a criança passou a entendida como
fator importante para a aquisição e manutenção dos bens familiares, ou, se não fosse de
família de posses, deveria ser educada para o trabalho. Neste sentido, surgiu junto outro
sentimento para com a infância: a moralização. A criança da modernidade passa a ser
vista como um ser imperfeito e incompleto, necessitando ser moralizada através da
educação feita pelo adulto (KRAMER, 1995).
A criação de escolas para a educação infantil começou no século XVIII, com a
Revolução Industrial. A inserção da mulher no mercado de trabalho fez surgir os
primeiros estabelecimentos de Educação Infantil no país, no final do século XIX. Eles
eram filantrópicos até a década de 1920, quando se iniciou um movimento pela
democratização do ensino. Aos poucos o poder público começou a assumir a
responsabilidade pela escola dos pequenos. As creches populares atendiam somente o
que se referia à alimentação, higiene e segurança física.
Na história recente do Brasil, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBN) em 1996, a educação até seis anos ficou definida como
primeira etapa da Educação Básica. Essa divisão só foi alterada em maio de 2005, com
o sansão presidencial à lei Federal n.º 11.114, que define que crianças com seis anos
completos devem ser matriculadas no primeiro ano do Ensino Fundamental. Dessa
forma, a educação infantil passou a atender crianças até cinco anos de idade. No mundo
contemporâneo, com as novas configurações da família e do trabalho, a frequência dos
pequenos à educação infantil tornou-se uma necessidade do grupo familiar e da criança.
Se, por um lado, esta etapa de ensino não pode ser entendida como a solução
para os problemas da primeira infância, por outro, não é possível desprezar os
importantes papéis que ocupa na vida da criança: social, educacional e cultural
(CORSINO, 2003). Sem dúvida, a educação infantil foi uma conquista muito
importante para crianças de zero a seis anos e nesse contexto foi necessária a criação de
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leis específicas da infância e do ensino para regulamentar e organizar essa etapa


educacional.

2. A Importância da Psicomotricidade na Aprendizagem na Educação Infantil

A psicomotricidade, em sua ação educativa, pretende atingir a organização


psicomotora da noção do corpo como marco espaço temporal do “eu” (entendido como
unidade psicossomática). Esse marco é fundamental ao processo de conduta ou de
aprendizagem, pois, busca conhecer o corpo nas suas múltiplas relações: perceptiva,
simbólica e conceitual, que constituem um esquema representacional e uma vivência
indispensável à integração, à elaboração e à expressão de qualquer atual gesto
intencional.
A psicomotricidade procura estabelecer a conexão entre três partes
determinantes na vida de qualquer individuo, sendo: emocional, físico e cognitivo. A
busca por esse equilíbrio torna possível o aprendizado pedagógico, além das diversas
situações internas e externas ao indivíduo. Resaltando que a educação infantil é
responsável pela formação, estruturação e estimulação da criança. Porém essa ação pode
ser complementada pela família com brincadeiras diversas. As etapas na vida de um
aluno são essenciais para que o mesmo consiga desenvolver habilidades que sejam
ligadas ao percurso acadêmico. A função da escola, associada ao aspecto da
psicomotricidade, revela-se, como fundamental no crescimento do pequeno, tanto pelo
lado cognitivo, emocional ou físico.
Muitas pessoas pensam equivocadamente que a psicomotricidade esteja
relacionada somente ao movimento, porém um estudo definiu qual o valor de todo esse
processo, no qual diz que “a motricidade é a faculdade de realizar movimentos e a
psicomotricidade é a educação de movimentos que procura melhor utilização das
capacidades psíquicas”. Ou seja, o ato de movimentar-se está diretamente ligado ao
aspecto mental. Sabemos que a escola exerce um papel crucial para essa finalidade,
mas também pode ter seu complemento no ambiente doméstico para desenvolver esse
lado tão importante para a vida de uma pessoa.
Para Galvão a psicomotricidade pode ser vista como a ciência que estabelece a
relação do homem com o meio interno e externo. Psicomotricidade é a ciência que tem
como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao
seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo
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é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. È sustentada por três


conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o cognitivo. (GALVÂO, 1995,
p. 10).
“O termo psicomotricidade se divide em duas partes: a motriz e o psiquismo,
que constituem o processo de desenvolvimento integral da pessoa”. (Fonseca, 2004,
p.16). A palavra motriz se refere ao movimento, já psico determina a atividade
psíquica em duas fases, a sócio afetiva e cognitiva. Em outras palavras, o que se quer
dizer é que na ação da criança se articula toda sua afetividade, todos seus
desejos, mas também todas suas possibilidades de comunicação e articulação de
conceitos.

A teoria de Piaget afirma que a inteligência se constrói a partir da atividade


motriz das crianças. Nos primeiros anos de vida, até os sete anos, aproximadamente, a
educação da criança é psicomotriz. Tudo, o conhecimento e a aprendizagem, centram
se na ação da criança sobre o meio, os demais e as experiências através de sua ação e
movimento.
Através da psicomotricidade pode-se estimular e reeducar os movimentos da
criança. A estimulação psicomotriz educacional se dirige a indivíduos sãos, através de
um trabalho orientado à atividade motriz e as brincadeiras. Na reeducação
psicomotriz se trabalha com indivíduos que apresentam alguma deficiência,
transtornos ou atrasos no desenvolvimento. Tratam-se corporalmente mediante uma
intervenção clínica realizada por um pessoal especializado.
Criado em 1998, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil
(RCNEI) foi desenvolvido para servir de guia de reflexão sobre conteúdos, objetivos e
orientações didáticas escolares. Este documento visa a melhoria da qualidade, do
cuidado e educação para as crianças de 0 a 6 anos de idade e ainda contribuir para o
aperfeiçoamento e qualificação de seus educadores. Dentre os objetivos gerais que o
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil estabelece, não há uma
referência explícita à educação física, mas sim, que dizem respeito ao “corpo” e ao
“movimento”, tais como:
Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades
e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e
bem-estar;Brincar, expressando emoções, sentimento, pensamentos, desejos e
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necessidades; Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e


escrita) ajustadas às deferentes intenções e situações de comunicação, de forma a
compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e
desejos e avançar no seu processo de construção de significados enriquecendo cada vez
mais sua capacidade expressiva (VOLUME 1, p. 63).
Ainda dentro desse aspecto, temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) que tem por objetivo possibilitar aos sistemas de ensino a aplicação dos
princípios educacionais constantes na Constituição Federal. A LDB é, portanto, uma Lei
que rege os sistemas de ensino. No Capítulo 2 deste documento está presente o
parágrafo 3.º onde encontramos: “A educação física, integrada à proposta pedagógica da
escola, é componente obrigatório na Educação Básica, [...]” (BRASIL, 1996). Como
podemos observar, a educação física está legalmente inserida na educação infantil, pois
esta é a primeira etapa da Educação Básica.
Assim, observa-se que a Educação Infantil não só pode como deve, unir-se às
diversas áreas de conhecimento em seu plano pedagógico, para que a criança possa
realmente ser vista como um ser indivisível e para que haja a interação que contribua
com sua formação integral. A Educação Física é reconhecidamente uma dessas áreas em
que urge unir-se à educação infantil, principalmente quando os currículos dos cursos de
Pedagogia não oferecem tal disciplina para os (as) profissionais que agregam a este
curso.
“O indivíduo não é feito de uma só vez, mas se constrói, através da interação
com o meio e de suas próprias realizações”. (Fonseca, 2004, p.19). Diante desta visão,
entendemos que a psicomotricidade desempenha papel fundamental, pois o movimento
é um suporte que ajuda a criança a adquirir o conhecimento de mundo que a rodeia
através de seu corpo, de suas percepções e sensações. Por esse motivo, a educação
psicomotora tem sido enfatizada em várias instituições escolares, aplicada
principalmente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental,
fase em que as crianças estão descobrindo a si mesmo e o mundo em que vive.
De acordo Le Bouch, a psicomotricidade visa a uma modificação de atitudes,
mediante a sistematização de hábitos, sentimentos e pensamentos. Podemos dizer que a
psicomotricidade é o resultado de uma dependência reciproca entre a vida mental e o
movimento. Não existe pensamento materializado sem corpo, assim como não existe
movimento sem domínio mental. Ou seja, não se pode realizar um movimento sem que
esteja presente a mente.
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Segundo Le Bouch, a teoria psicomotora unificou-se


praticamente no contato com os distúrbios de
adaptação. Porem foi somente a partir de 1950 que seu
ensino foi organizado; sua regularização ocorreu quase
trinta anos depois por um diploma do Estado.

Para uma melhor compreensão da educação pelo movimento, em primeiro


momento, vamos tomar como referencial as obras de Le Bouch, tendo em vista que a
ideia da Educação pelo Movimento e fundamentada principalmente na proposta por ele
elaborada, sendo de sua autoria a Teoria Psicocinetica.
Segundo Le Bouch (1983), “A Psicomotricidade é uma teoria geral do
movimento que conduz ao enunciado de princípios metodológicos que permitem
encarar sua utilização como meio de formação”.
Le Bouch (1983) afirma que “a ciência do movimento não pode ser homologável
ao estudo de uma maquina feita de alavancas, articulações e de músculos” e acrescenta
que “O movimento deve ser considerado não como uma forma em si, cuja natureza é
elucidada por uma descrição, mas como uma manifestação significante da conduta de
um homem: a unidade do ser só pode realizar-se no ato que ele inventa”.
Segundo Le Bouch (1983) o objetivo que conferimos à educação é o de fornecer
um desabrochar humano, que permite ao homem, situar-se e agir no mundo em
transformação, por meio de um melhor conhecimento e aceitação de si; um melhor
ajustamento de conduta, uma verdadeira autonomia e um acesso a responsabilidade no
âmbito da vida social.
O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer partes
do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se comunica por meio dos
gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo. A
dimensão corporal integra-se ao conjunto da atividade da criança. O ato motor faz-se
presente em suas funções expressiva, instrumental ou de sustentação às posturas e aos
gestos.
É importante que o trabalho incorpore a expressividade e a mobilidade próprias
às crianças. Assim, um grupo disciplinado não é aquele em que todos se mantêm
quietos e calados, mas sim um grupo em que os vários elementos se encontram
envolvidos e mobilizados pelas atividades propostas. Os deslocamentos, as conversas e
as brincadeiras resultantes desse envolvimento não podem ser entendidos como
dispersão ou desordem, e sim como uma manifestação natural das crianças.
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Compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da motricidade infantil


poderá ajudar o professor a organizar melhor a sua prática, levando em conta as
necessidades das crianças.
Outro aspecto da dimensão expressiva do ato motor é o desenvolvimento dos
gestos simbólicos, tanto aqueles ligados ao faz-de-conta quanto os que possuem uma
função indicativa, como apontarem, dar tchau etc. No faz-de-conta pode-se observar
situações em que as crianças revivem uma cena recorrendo somente aos seus gestos, por
exemplo, quando, colocando os braços na posição de ninar, os balançam, fazendo de
conta que estão embalando uma boneca.

Nesse tipo de situação, a imitação desempenha um importante papel. No plano


da consciência corporal, nessa idade a criança começa a reconhecer a imagem de seu
corpo, o que ocorre principalmente por meio das interações sociais que estabelece das
brincadeiras que faz diante do espelho. Nessas situações, ela aprende a reconhecer as
características físicas que integram a sua pessoa, o que é fundamental para a construção
de sua identidade.
A Psicomotricidade é a influência mútua de várias funções neurológicas,
motrizes e psíquicas. É fundamental, a educação do movimento, ou por meio do
movimento, que estimula um melhor uso das capacidades psíquicas.
Para A Juria Guerra (1983), médico psiquiatra, considerado pela comunidade
científica como o "Pai da Psicomotricidade", Psicomotricidade se conceitua como
ciência da saúde e da educação, pois indiferentes das diversas escolas, psicológica,
condutista, evolutista, genética, e etc. Ela visa à representação e a expressão motora,
através da utilização psíquica e mental do indivíduo.
De acordo com Moraes (2002) é a capacidade de determinar e coordenar
mentalmente os movimentos corporais; a atividade ou conjunto de funções
psicomotoras. A psicomotricidade significa, a potencialização de aptidões da criança
nas três áreas já mencionadas sendo: emocional, cognitiva e física.
A fórmula de educar o físico tem uma extensão bem mais ampla do que
meramente ensinar uma modalidade esportiva, aprimorar o tônus muscular, melhorar a
resistência aeróbia e anaeróbia do indivíduo, levá-lo abominar o corpo em toda a sua
extensão, seja executando os movimentos mais específicos, sejam os mais amplos,
aperfeiçoando o controle neuromuscular.
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A psicomotricidade recentemente encontra-se permeada pela interdisciplinaridade,


e essas linhas de análise distintas se cruzam nas práticas viventes. Práticas baseadas nos
entendimentos psicomotores existentes acercar-se a considerar que as categóricas
biológicas e culturais da criança contribuem dialeticamente na construção do motor,
corpo, mente e inteligência da criança.
Segundo Le Boulch (1969), a Psicomotricidade se dá através de ações
educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-
lhe uma imagem do corpo contribuindo para a formação de sua personalidade. É uma
prática pedagógica que visa contribuir para o desenvolvimento integral da criança no
processo de ensino-aprendizagem, favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo-
emocional e sócio-cultural, buscando estar sempre condizente com a realidade dos
educandos.
De acordo com Fonseca (1988) em Psicomotricidade, o corpo não é entendido
como fiel instrumento de adaptação ao meio envolvente ou como instrumento mecânico
que é preciso educar, dominar, comandar, automatizar, treinar ou aperfeiçoar, pelo
contrário, o seu enfoque centra-se na importância da qualidade relacional e na
mediatização, visando à fluidez eu tônica, a segurança gravitacional, a estruturação
somatognósica e a organização práxica expressiva do indivíduo.
Para alcançar este objetivo, a educação psicomotora buscar trabalhar como foi
descrito acima, prevenindo problemas de dificuldades escolares de várias origens,
como: afetividade, leitura, escrita, atenção, lateralidade, funções cognitivas, trabalho em
grupo, entre outros (CASTRO, 2008).
De acordo com Monteiro (2007) alguns conceitos devem ser trabalhados dentro
da aula de educação física como consequência da mesma e não como seu único fim,
sendo algumas delas:
Coordenação Motora Fina - Capacidade de controlar pequenos músculos para exercícios
refinados, como recorte, colagem, encaixe e escrita; Coordenação Motora Global -
Possibilidade de controle e organização da musculatura ampla para a realização de
movimentos complexos como correr, saltar, andar e rastejar; Estruturação Espacial - É a
orientação e estruturação do mundo exterior relacionado com outros objetos ou pessoas
em posição estática ou em movimento. Sendo a consciência da relação do corpo com o
meio; Organização Temporal - É a capacidade de avaliar tempo dentro da ação,
organizar-se a partir do próprio ritmo, situar o presente em relação a um antes e a um
depois; Estruturação Corporal - Relacionamento do indivíduo com o mundo exterior,
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conhecimento e controle do próprio corpo e de suas partes, adaptação do mesmo ao


meio ambiente; Imagem Corporal - A experiência do indivíduo em relação ao próprio
corpo sujeito, impressão subjetiva. Conhecimento Corporal - Conhecimento intelectual
que se tem do próprio corpo. Esquema Corporal - Tomada de consciência de cada
segmento do corpo (interna e externa) e de sua relação com o mundo que o cerca;
Lateralidade - Representa a conscientização integrada e simbólica interiorizada dos dois
lados do corpo, lado esquerdo e lado direito.

3. Metodologia

Os procedimentos metodológicos basearam-se na pesquisa bibliográfica que tem


como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo
mais explicito, assim entendemos a importância psicomotricidade, como ela está
vinculada ao processo de alfabetização e suas contribuições para a aprendizagem das
crianças.
“A pesquisa bibliográfica procura explicar e discutir um tema com base em
referencias teóricas publicado em livros, artigos científicos e revistas entre outros. E
busca também conhecer e analisar conteúdos científicos sobre determinado tema”
(MARTINS, 2001).

4. Considerações finais

No decorrer da pesquisa observamos que a Educação Física e a psicomotricidade


são uma ciência que podem se interagir, portanto proporcionando o bom
desenvolvimento motor contribui futuramente para o desenvolvimento não só físico,
mas consequentemente afetivo e cognitivo da criança.
Também notamos que o desenvolvimento motor pode ser alterado por condições
biológicas ou ambientais, podendo impedir que a criança se desenvolva como seus
companheiros da mesma idade. Mas, felizmente, a partir de estudos e pesquisas
aprofundadas, os cientistas compreenderam essas alterações, e puderam elaborar
soluções clínicas e preventivas, no qual auxiliam no pleno desenvolvimento motor dos
indivíduos.
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As particularidades de uma aprendizagem significativa, a psicomotricidade, tem


a relevância na medida em que aceita a estimulação a partir da superação dos limites nas
relações com seu mundo interno e externo.
Pode-se afirmar que a Educação Física tem uma força positiva no pensamento,
no conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida do indivíduo. Contudo o
individuo fisicamente educado, terá uma vida futura ativa, saudável e produtiva,
interagindo corpo, mente e espírito. Portanto, a Educação Física, pelas suas
possibilidades de desenvolver a dimensão psicomotora das pessoas, com os domínios
cognitivos e sociais, é de grande importância no desenvolvimento da aprendizagem
escolar.
Entretanto, é de suma importância as aulas de Educação Física no processo de
desenvolvimento do individuo, compreendendo as atividades lúdicas, visando a
brincadeira ou o jogo como um método para desenvolver as áreas psicomotoras, e assim
designando condições para que o individuou possa desenvolver seu nível emocional,
intelectual e social, preparando o individuo para o futuro com uma vida saudável.
Como argumenta LeBouch (1984), a educação psicomotora atingirá seus
objetivos quando trabalhada na escola, nas séries inicias, pois é nessa fase que a criança
passa a conhecer a si, seu corpo, suas vontades, constrói sua personalidade,
definindo conceitos, pensamentos, ideias, crenças, enfim, torna-se um ser
consciente.
Desse modo a psicomotricidade recentemente encontra-se permeada pela
interdisciplinaridade, e essas linhas de análise distintas se cruzam nas práticas viventes.
Práticas baseadas nos entendimentos psicomotores existentes acercar-se a considerar
que as categóricas biológicas e culturais da criança contribuem dialeticamente na
construção do motor, corpo, mente e inteligência da criança.
É importante que o trabalho incorpore a expressividade e a mobilidade próprias
às crianças. Assim, um grupo disciplinado não é aquele em que todos se mantêm
quietos e calados, mas sim um grupo em que os vários elementos se encontram
envolvidos e mobilizados pelas atividades propostas.
Os deslocamentos, as conversas e as brincadeiras resultantes desse envolvimento
não podem ser entendidos como dispersão ou desordem, e sim como uma manifestação
natural das crianças. Compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da
motricidade infantil poderá ajudar o professor a organizar melhor a sua prática, levando
em conta as necessidades das crianças.
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A Importância do
Desenvolvimento
Psicomotor na
Infância
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Introdução

Este estudo aborda a importância do desenvolvimento psicomotor na Educação


Física escolar e tem por objetivo evidenciar a importância do trabalho do professor de
Educação Física, para o desenvolvimento de pré-requisitos básicos, como: esquema
corporal, lateralidade, coordenação motora e viso-motor, estruturação, dentre outros,
para a aprendizagem, seja ela escolar, física ou social. Deste modo, contribui para um
melhor atendimento educacional, a partir da Psicomotricidade e dos benefícios que ela
oferece para a educação escolar.
Para Hurtado (1991), a Educação Física representa um conjunto de atividades físicas,
metódicas e racionais que se integram ao processo de educação global, visando
o pleno desenvolvimento do aparelho locomotor, bem como ao desempenho normal das
grandes funções vitais de um indivíduo e ao seu melhor relacionamento social.
Embora o trabalho com a Psicomotricidade seja apontado por muitos estudiosos
como de fundamental importância na área educacional, seus princípios teóricos ainda
são pouco conhecidos pela população acadêmica. Desta forma, isto justifica o presente
estudo, que busca fornecer aos educadores, em especial aos professores de Educação
Física, informações úteis ao seu trabalho.
Esta pesquisa abordada o que é a Psicomotricidade, fornecendo um breve
histórico da mesma, evidenciando sua eficiência enquanto ciência e técnica,
esclarecendo os papéis da estimulação psicomotora, da educação psicomotora, da
reeducação psicomotora e da terapia psicomotora, e também aborda conceitos
psicomotores, tais como: Esquema Corporal, Imagem Corporal e Tônus, e apresenta
sugestões de exercícios para desenvolver habilidades de esquema corporal, lateralidade,
estruturação espacial, orientação temporal, dentre outras.
Desta forma, pode-se dizer que se trata de um trabalho enriquecedor para a área
educacional, pois evidencia pontos fundamentais da Psicomotricidade e sua eficácia de
forma objetiva e prática.
Logo, o objetivo deste estudo foi evidenciar a contribuição do trabalho
psicomotor como importante suporte para o processo de aprendizagem na Educação
Escolar, tendo como mediadora a disciplina de Educação Física e, desta forma,
contribuir para a melhoria do atendimento educacional a partir da Psicomotricidade.

Metodologia

Neste artigo foi feito extenso estudo bibliográfico de autores como Alves (1998),
Bueno (1997), Cabral (2000), Foucault (1998), Lapierre (1988), Marx (1987, 2001),
dentre outros, acerca da importância da Psicomotricidade para o processo de ensino e
aprendizagem na Educação Escolar, e dentre tantos tipos de pesquisas possíveis, a
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pesquisa qualitativa descritiva (bibliográfica) apresenta características apropriadas para


o foco principal.

Conhecendo o Sistema Psicomotor Humano


Conforme Vayer e Toulouse (1982), o Sistema Psicomotor Humano (SPMH),
baseia-se em estruturas simétricas do sistema nervoso, compreendendo o
tronco cerebral, o cerebelo, o mesencéfalo e o diencéfalo, que constituí a
integração e a organização psicomotora da tonicidade, da equilibração e parte da
lateralização e também de estruturas assimétricas, compreendendo os dois
hemisférios cerebrais, que asseguram a organização psicomotora da noção do
corpo, da estruturação espaço-temporal e da praxia global e fina, exclusivas de
espécie humana devido à sua complexidade organizativa e sistemática (Figura 01).

Figura 01: Esquema do Sistema Psicomotor Humano.

Fonte: (CUNHA, 1985).

Le Boulch (1983) esclarece que a educação psicomotora é formadora de uma


base indispensável a toda criança, pois objetiva assegurar o desenvolvimento funcional.
O SPMH é um todo único, composto de vários subsistemas ou fatores psicomotores,
trata-se de um todo integrado. A noção de integração psicomotora é crucial ao SPMH.
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Psicomotricidade, ciência e técnica

Como foi visto no Congresso Brasileiro de Psicomotricidade e III Encontro de


Profissionais de Psicomotricidade (1995), junto à Associação Brasileira de
Psicomotricidade (1995), a Psicomotricidade é uma técnica advinda de múltiplos pontos
de vista, utilizando as aquisições de várias ciências constituídas, como a biologia, a
psicologia, a psicanálise, a sociologia e a linguística. É também considerada uma
terapia, pois se dispõe a desenvolver as faculdades expressivas do indivíduo através da
“linguagem corporal”.
Na visão de Freire (1989), ao se perguntar o que é Psicomotricidade, uma série
de noções aparecem, indo da concepção mais simples, como maturação do sistema
nervoso, processos neuromotores, pré-requisitos, coordenação; aos aspectos relacionais
da motricidade humana: corpo e emoção.
Estudiosos como Bueno (1997), Wallon (1995), Cabral (2000), Fonseca (1985) e
Freire (1989), podem explicitar a abrangência da Psicomotricidade, levando-se em conta
que: PSICO refere-se aos aspectos Biomaturacionais (maturação do sistema nervoso),
Cognitivos (responsável pela aprendizagem) e Afetivos (está relacionado aos
sentimentos).
Com base nestes conceitos inter-relacionados, a Sociedade Brasileira de
Psicomotricidade (1995), em Congresso realizado com profissionais de
Psicomotricidade, elaborou um conceito geral: “Uma ciência que tem por objeto o
estudo do Homem, através de seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo
interno e externo”. Neste encontro concluiu-se também que a intervenção no campo
psicomotor é concebida a partir de quatro áreas, a saber: estimulação, educação,
reeducação e terapia psicomotora.

Estimulação psicomotora
Bueno (1997), em seu livro Psicomotricidade: teoria e prática, faz a seguinte
afirmativa sobre a estimulação psicomotora:

Entende-se por estimulação psicomotora o [processo] que envolve


contribuições para o desenvolvimento harmonioso da criança no
começo da vida. Caracteriza-se por atividades que se preocupam e vão
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ao encontro das condições que o indivíduo apresenta, acima de tudo,


na sua capacidade maturacional, procurando despertar o corpo e a
atividade por meio de movimentos e jogos e buscando a harmonia
constante. Estimulação quer dizer despertar, desabrochar o
movimento. Dirige-se prioritariamente a recém-natos e pré-escolares.
Alguns autores referem-se à estimulação psicomotora como
estimulação precoce, mas consideramos o termo errôneo, sendo mais
sensato utilizarmos estimulação essencial (BUENO, 1997, p.83).

Educação psicomotora

Para Cabral (2000), educação psicomotora refere-se a todas as aprendizagens da


criança, as quais se processam em etapas progressivas e específicas, em conformidade
com o desenvolvimento de cada indivíduo. Tal desenvolvimento se dá em todos os
momentos da vida através das percepções vivenciadas, como uma intervenção direta a
nível cognitivo, motor e emocional, estruturando o indivíduo como um todo.
Segundo Le Boulch (1983), a educação acontece pela facilitação das condições
naturais e da prevenção de distúrbios naturais dirigindo-se, prioritariamente, a crianças
em condições de frequentar a escola e sem comprometimentos sérios. A educação
realiza-se nos mais variados espaços, como: na escola, na família e no meio social,
sendo mediada pelos educadores, pelos pais e professores em geral (magistério, natação,
balé, judô, ginástica, dança, etc.).
Le Boulch (1983) lutou e conquistou, na década de 60, a inclusão da educação
psicomotora nos cursos primários das escolas francesas. Para ele “a educação
psicomotora deve ser considerada uma educação de base na escola elementar, ponto de
partida de todas as aprendizagens pré-escolares e escolares”. A psicomotricidade tem
por função destacar a relação entre a motricidade, a mente e a afetividade, e facilitar a
abordagem global da criança, e a função motora, o desenvolvimento intelectual e o
desenvolvimento afetivo estão intimamente ligados na criança.
Para Alves (1998), a maioria das crianças que passam por dificuldades na
escolaridade, a causa do problema não está no nível cognitivo da classe a que chegaram,
mas bem antes, está no nível das bases. Ou seja, os elementos básicos ou “pré-
requisitos”, condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, constituem a
estrutura da educação psicomotora.
De acordo com Hurtado (1991), uma criança cujo esquema corporal é mal
constituído não coordena bem os movimentos. Notadamente é atrasada quando se despe
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e as habilidades manuais lhe são difíceis. Na escola a caligrafia é feia, e a leitura


inexpressiva, não-harmoniosa: o gesto vem após a palavra; a criança não segue o ritmo
da leitura ou então para no meio de uma palavra.
Para Hurtado (1991), uma criança cuja lateralidade não está bem definida
encontra problemas de ordem espacial, não percebe diferença entre seu lado dominante
e o outro lado, não distingue a diferença entre esquerda e a direita e é incapaz de seguir
a direção gráfica (leitura começando pela esquerda). Igualmente não consegue
reconhecer a ordem em um quadro. É nesta hora que a atuação do professor de
Educação Física deve fazer-se valer. Um trabalho eficiente de esquema corporal
certamente amenizará profundamente tais déficits.
No olhar de Cabral (2000), diante de problemas de percepção espacial uma
criança não é capaz de distinguir a letra “b” da letra “d”, letra “p” da letra “q”, número
“21” do número “12”, caso não perceba a diferença entre esquerda e a direita. Se não
distingue bem o alto e o baixo, confunde a letra “b” da letra “p”, letra “n” da letra “u”, o
conectivo “ou” do “on”.
Ainda na ótica de Cabral (2000), os problemas quanto à orientação temporal e a
orientação espacial, como, por exemplo, com a noção “antes-depois”, acarretam
principalmente confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba. A criança sente
dificuldade em reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a análise
gramatical um quebra-cabeça para ela. Da mesma forma, uma má organização espacial
ou temporal acarreta fracasso na matemática. Com efeito, para calcular, a criança deve
ter pontos de referência, colocar os números corretamente, possuir noção de “fileira”, de
“coluna”; deve conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas.
Embasado em tais fatos, Lapierre (1988), afirma que a educação psicomotora “é
uma ação psicopedagógica que utiliza os meios da educação física, com a finalidade de
normalizar ou melhorar o comportamento do indivíduo”.
Reforçando o pensamento de Le Boulch (1983), Vayer (1982) destaca que do
ponto de vista educativo, o papel e lugar da educação psicomotora na educação geral
corresponderá, naturalmente, às diferentes etapas do desenvolvimento da criança, e
assim entendemos que: no curso da primeira infância, toda educação é educação
psicomotora; no curso da segunda infância, a educação psicomotora permanece sendo o
núcleo fundamental de uma educação educativa que começa a diferenciar-se em
atividades de expressão, organização das relações lógicas e as necessárias
aprendizagens de leitura-escrita-ditado; no curso da ‘grande infância’, a diferenciação
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entre as atividades educativas se faz mais acentuadamente, e a educação


psicomotora mantém então a relação entre as diversas atividades que concorrem
simultaneamente ao desenvolvimento de todos os aspectos da personalidade.

Reeducação psicomotora

Segundo De Meur e Staes (1984), reeducação psicomotora é entendida


como uma ação que é desenvolvida em indivíduos que sofrem com perturbações ou
distúrbios psicomotores, e tem por objetivo retomar as vivências anteriores e/ ou fases
de educação ultrapassadas inadequadamente; ou seja, educar o que o indivíduo
não assimilou adequadamente em etapas anteriores.
Para Bueno (1997), a tarefa da reeducação psicomotora é fazer com que
o indivíduo possa adaptar-se ao seu meio, seja escolar, familiar ou social, sem que
para isso tenha que renunciar à sua personalidade, mas, ao contrário, sabendo
conhecer e dominar o seu corpo, através do qual todas as trocas são possíveis.
Assim posto, a reeducação é aplicada por várias áreas profissionais: pedagogia,
educação física, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia educacional, psicologia e por
arte-educadores, educadores, médicos da especialidade motora ou psíquica, entre outros.
Ainda de acordo com Bueno (1997), condição básica para uma boa reeducação
está na tranquilidade e no intercâmbio afetivo entre o reeducador e o reeducando.
Embasa sua eficácia no fato de que se remonta às origens, aos mecanismos de base que
estão na origem da vida mental, controle gestual e do pensamento, controle das reações
tônico-emocionais, equilíbrio, fixação na atenção, justa preensão do tempo e do espaço.

Terapia psicomotora

A terapia psicomotora é dirigida a indivíduos com conflitos mais profundos na


sua estruturação, associados aos (aspectos) funcionais ou com desorganização total de
sua harmonia corporal e pessoal. Envolve, por exemplo, crianças com
agressividade acentuada, pulsões motoras incontroladas, casos de excepcionalidade e
dificuldades de relacionamento corporal, e também destinada a indivíduos que
possuem associação de
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transtornos da personalidade. Está baseada nas relações e na análise dessas relações por
meio do jogo de movimentos corporais (BUENO, 1997).
Para este autor, a terapia psicomotora é fator prioritário para as questões
biológicas, cognitivas e de comportamento, onde é mais amplamente adotada.
Segundo Silva (2002), o estudo da Psicomotricidade é recente. Ainda no início
deste século o assunto era abordado apenas excepcionalmente. Atualmente, devido à
grande demanda por parte das crianças, o estudo ultrapassa os problemas motores,
pesquisando também as ligações com a lateralidade, a estruturação espacial e a
orientação temporal por um lado e, por outro, as dificuldades escolares de crianças de
inteligência normal. Faz também que se tome consciência das relações existentes entre o
gesto e a afetividade.
Segundo Cabral (2000), ao observar uma criança de 2 anos que brinca com um
jogo de ovos que se encaixam nota-se que ela segura o ovo e sente-o com as mãos; com
a boca percebe que esse objeto é duro, liso e de forma arredondada. A criança o olha e
sua visão confirma as suas impressões táteis: não existem pontas nem arestas; o objeto
não muda de forma quando é tocado; é colorido. A criança joga-o no chão, ouve o
barulho da queda do objeto, o vê rolar. Com base nestas observações pode-se concluir
que: a partir de uma experiência simples de origem motora a criança vai recebendo
inúmeras informações que serão classificadas paulatinamente em um conjunto de
indicações similares percebidas em outras circunstâncias.
De acordo com Fonseca (1996), pode-se concluir então que a função motora, o
desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo estão intimamente ligados à
criança. Portanto, a Psicomotricidade visa destacar a importância da motricidade, da
mente e da afetividade no processo da aprendizagem.
Segundo Le Boulch (1983), pode-se reafirmar que a educação psicomotora é
uma técnica, e para utilizá-la é necessário seguir algumas etapas que levem a criança a
adquirir a noção de esquema corporal, assim como outras noções indispensáveis ao seu
desenvolvimento. Cada noção é abordada primeiro através de exercícios motores. Ou
seja, exercícios em que o corpo se desloca e o sujeito percebe as diferentes noções, de
maneira interna. Depois, através de exercícios sensoriomotores em virtude dos quais a
manipulação de objetos possibilita a percepção de diversas noções e, finalmente, através
de exercícios perceptomotores, em que as manipulações são mais sutis e a percepção
visual muito importante, domina as outras partes. Tais exercícios possibilitam uma
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análise profunda das funções intelectuais motoras, tais como a análise perceptiva, a
precisão da representação mental, a determinação de pontos de referência.
Segundo Fonseca (1985), a Psicomotricidade abrange cinco etapas: i) a
formação do “eu” da personalidade da criança, isto é, o desenvolvimento do
esquema corporal através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das
possibilidades de expressar-se por meio desse corpo; ii) a criança percebe que seus
membros não reagem da mesma forma: dominância lateral; iii) a maneira como a
criança se localiza no espaço que a circunda e como situa as coisas, umas em
relação às outras: trata-se da estruturação espacial; iv) a orientação temporal diz
respeito à maneira como a criança se situa no tempo; v) como a criança se expressa
também através do desenho, completa-se

o estudo com o domínio progressivo do desenho e do grafismo.

Psicomotricidade e conceitos psicomotores

Esquema Corporal
De acordo com Hurtado (1991), o Esquema Corporal é o elemento básico,
indispensável na criança para construção de sua personalidade. É a representação mais
ou menos global, mais ou menos específica e diferenciada que ela apresenta de seu
próprio corpo.
Vayer (1982), descreve a imagem corporal como resultado complexo de toda
atividade cinética, sendo a imagem do corpo a síntese de todas as mensagens, de todos
os estímulos e de todas as ações que permitam à criança se diferenciar do mundo
exterior e de fazer do “eu” o sujeito de sua própria existência.
Já Ledoux (1991), descreve que o esquema corporal especifica o indivíduo como
representante da espécie. Mais ou menos idêntico em todas as crianças da mesma idade,
ele é uma realidade de fato, esteio e intérprete da imagem do corpo. Graças a ele, o
corpo atual fica referido no espaço à experiência imediata. À medida que a criança
conhece seu corpo e percebe que ele lhe obedece, vai tomando consciência de que pode
utilizá-lo não só para movimentar-se, mas também para agir conforme seu desejo e
controle, ela então vai sentir-se muito bem.
De acordo com Wallon (1989), a Psicomotricidade define o esquema corporal
como a organização de estruturas cerebrais que concede ao indivíduo o conhecimento
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progressivo das partes e funções do corpo, a partir de etapas sucessivas, que são
determinadas pela maturação neuro-cortical e pela relação da pessoa com o meio físico
e humano. Desta forma, o esquema corporal propicia ao indivíduo noções de
globalidade de si, equilíbrio postural, afirmação da lateralidade, entre outras
habilidades.
Segundo Ledoux (1991), a criança ou aluno cujo esquema corporal não está bem
elaborado em sua percepção, certamente apresentará dificuldade de coordenação dos
seus movimentos. Irá atrapalhar-se ao se vestir ou despir, as habilidades manuais lhe
serão difíceis e penosas. Na escola apresentará caligrafia feia e leitura não-expressiva,
sem ritmo e entrecortada. Desta forma, exercícios de identificação, reconhecimento,
localização e conhecimento das funções das partes do corpo auxiliam o
desenvolvimento do esquema corporal.

A imagem do corpo

Comunicação sensorial (emocional) e a fala do outro aparecem como dois


substratos dessa imagem do corpo. A simples experiência sensorial (corpo a corpo), sem
um mediador humano, só instrui o esquema corporal e não estrutura a imagem do corpo.
“[...] viver num esquema corporal, sem imagem do corpo, equivale ao ‘viver mudo’,
solitário” (LEDOUX, 1991).

Segundo Galvão (1996), a estruturação da imagem do corpo, que é


essencialmente relacional e inconsciente, apóia-se na dialética entre o próprio desejo e o
desejo do outro, influenciando nos modos de relação que o indivíduo vai empreender
com os outros, consigo mesmo e com as coisas.
O ser humano, portanto, constrói a visão do eu e da imagem dos seus corpos
intimamente associados, ambos dependentes do desenvolvimento do sistema
sensorial/neurológico, da percepção e de relações sociais/culturais.
Nesse sentido, Tavares (2003) descreve que nossa imagem corporal representa
uma experiência muito especial, uma vez que o objeto em foco corresponde ao nosso
eu. Inclui aspectos conscientes e inconscientes. Ela está vinculada à minha identidade e
à minha experiência existencial. É tão espetacularmente dinâmica como são minhas
relações com o mundo e como é a interação entre meus aspectos conscientes e
inconscientes.
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Habilidades Psicomotoras no Processo de Alfabetização

Segundo Fonseca (1996), os jogos, regras e brincadeiras que estimulem a


cognição, além de tudo, o que engloba os recursos motores para que a criança possa se
ambientar nessa nova fase, a Educação Física pode e deve se orientar para atender as
necessidades da alfabetização e minimizar os distanciamentos entre as crianças dotadas
de diferentes habilidades. Em forma de aprendizagem lúdica é mais fácil para a criança
aprender e erradicar sua deficiência e sua falha, possibilitando uma alfabetização mais
tranquila para a criança, segura para a escola e satisfeita para os pais. No Ensino
Fundamental, nas Séries Iniciais, as atividades que envolvem ritmo, criatividade,
desenhos, bem como pintar, classificar e reconhecer, são desenvolvidos no hemisfério
direito; já as aprendizagens primárias, desenvolvidas no hemisfério esquerdo, englobam
a leitura, a escrita, a lógica, os números e a matemática.
De acordo com Wallon (1995), o movimento não é puramente um deslocamento
no espaço, nem uma simples contração muscular, e sim, um significado de relação
afetiva com o mundo, assim, para o autor, o movimento é a única expressão e o
primeiro instrumento do psiquismo. Neste contexto, pode-se dizer que o
desenvolvimento motor é precursor de todas as demais áreas.
De Meur e Staes (1984), assinalam que: o intelecto se constrói a partir da
atividade física. As funções motoras (movimento) não podem ser separadas do
desenvolvimento intelectual (memória, atenção, raciocínio) nem da afetividade
(emoções e sentimentos). Para que o ato de ler e escrever se processe adequadamente, é
indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado, considerando que essas
habilidades são fundamentais para as manifestações psicomotoras.
Segundo Hurtado (1991), a Educação Física representa um conjunto de
atividades físicas, metódicas e racionais que se integram ao processo de educação
global, visando o pleno desenvolvimento do aparelho locomotor, bem como ao
desempenho normal das grandes funções vitais de um indivíduo e ao seu melhor
relacionamento social.
Oliveira (1997), postula que é pela motricidade e pela visão que a criança
descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o mundo, porém,
esta descoberta a partir dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança
for capaz de segurar e de largar, quando ela tiver adquirindo a noção de distância entre
ela e o objeto que ela manipula.
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Molinari e Sens (2002), afirmam que a educação psicomotora nas séries iniciais
do ensino fundamental atua como prevenção. Com ela podem ser evitados vários
problemas, como a má concentração, confusão no reconhecimento de palavras,
confusão com letras e sílabas e outras dificuldades relacionadas à alfabetização. Uma
criança cujo esquema corporal é mal formado não coordena bem os movimentos. Suas
habilidades manuais tornam-se limitadas, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a
palavra e o ritmo de leitura não é mantido, ou então é paralisado no meio de uma
palavra.
Fonseca (1996), destaca o caráter preventivo da Psicomotricidade, afirmando ser
a exploração do corpo, em termos de seus potenciais, uma “propedêutica das
aprendizagens escolares”, especialmente a alfabetização. Para o autor, as atividades
desenvolvidas na escola, como a escrita, a leitura, o ditado, a redação, a cópia, o cálculo,
o grafismo, e enfim, os movimentos, estão ligados à evolução das possibilidades
motoras, e as dificuldades escolares estão, portanto, diretamente relacionadas aos
aspectos psicomotores.
Para Lagrange (1977), a criança ao nascer é um ser indiferenciado e difuso, não
consciente de si e de seu corpo, à medida que começa a se locomover, engatinhar, subir,
descer escadas, entrar em contato com os outros, passa a tomar consciência de seu corpo
e suas partes nas interligações. A partir desse momento percebe que é um indivíduo
independente da pessoa e cria um tipo de complicação vivida ao nível do corpo.
Para Fonseca (1985), a educação psicomotora, mediada pelas aulas de Educação
Física, tem muito a contribuir, porque tem como promover atividades que aprimorem
essas características citadas acima; trabalhando paralelamente essas ações, respeitando o
progresso da constituição fisiológica da criança e auxiliando esse processo. O Educador
Físico das séries iniciais do Ensino Fundamental deve, através de atividades que
desenvolvam noção de tempo, espaço e ritmo, estimular as crianças de maneira
prazerosa e desafiadora, enfatizando a verbalização, memória, raciocínio e
principalmente conferindo sentido a esse processo.

Atividades Psicomotoras
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Para De Meur e Staes (1984), as atividades psicomotoras podem ser


consideradas como ações a serviço da educação, pois elas cuidam do movimento e, ao
mesmo tempo põem em jogo as funções intelectivas e a afetividade.
Segundo os autores acima, geralmente, crianças com distúrbios psicomotores
apresentam: i) deficiência na formação de conceitos; ii) falhas de percepção e de
discriminação de orientação espaço-temporal, no esquema corporal, na discriminação
figura-fundo isto é, na capacidade de integrar estímulos, formando um todo
compreensível; iii) atraso nos níveis de desenvolvimento motor (sentar, engatinhar e
andar); iv) falta de coordenação motora; v) dificuldade na leitura e na escrita; vi)
problemas de fala e de linguagem, como: dislalias, ou atropelamento da fala e gagueira,
dentre outras alterações; vii) lentidão na realização dos trabalhos escolares; viii) fácil
fatigabilidade; ix) dificuldades em copiar do plano vertical (quadro-de-giz) para o plano
horizontal (caderno); x) disgrafias, disortografias e a escrita em espelho; xi)
lateralidade indefinida, dentre outros sintomas.

Desenvolvendo habilidades

De acordo com Freire (1989), para desenvolver habilidades faz-se necessário


trabalhar:

A) Esquema Corporal: i) aplicar conceitos espaciais (que envolvam a noção de


onde) e temporais (envolvem a noção de quando), no próprio corpo, no dos outros, no
de bonecos ou desenhos de pessoas; ii) perceber e reproduzir movimentos e ritmos, com
partes do corpo; iii) manter o equilíbrio estático, reproduzindo e mantendo posições; iv)
expressar com o corpo diversos sentimentos; v) realizar movimentos complexos e
diferenciados; vi) dissociar movimentos, com vários segmentos corporais, dentre outros.

B) Lateralidade: refere-se ao estabelecimento da dominância lateral da mão,


olho e pé, do mesmo lado do corpo. O desenvolvimento da lateralidade inclui exercícios
que envolvam os membros inferiores, os membros superiores e os olhos, como: i) jogos
que levem ao uso sistemático da mão e do pé; ii) brincar com massa plástica, recortar
linhas, figuras geométricas e figuras em geral; iii) desenhar, colorir, pintar; iv) chutar,
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pular com o pé dominante; v) brincar com caleidoscópio; vi) mirar alvos através de
orifícios, telescópio; etc.

C) Estruturação Espacial: a estruturação espacial permite à criança


conscientizar-se da situação de seu corpo em determinado meio ambiente. Para o autor a
criança com problemas de estruturação espacial não perceberá a diferença entre
posições à esquerda ou à direita. Ex: letra “b” e letra “d”, letra “p” e letra “q”, letra “n”
e letra “u”, etc. Deve-se trabalhar com exercícios que desenvolvam: i) a posição e a
relação no espaço de indivíduos, objetos e situações; ii) a compreensão das relações
espaciais que envolvem noções de acima, abaixo, no meio, maior, menor, igual, fora,
dentro, longe, perto; etc.

D) Orientação Temporal: as noções de tempo são bem abstratas, daí serem


mais difíceis de serem adquiridas pelas crianças. As atividades sugeridas são: i)
sucessão de acontecimentos (antes, após, durante); ii) duração de intervalos (de tempo
longo, de tempo curto); iii) ritmo regular e ritmo irregular (aceleração, freada); iv)
locomoção rápida e lenta (diferença entre correr e andar); v) renovação cíclica de certos
períodos (os dias da semana, os meses, as estações); vi) o caráter irreversível do tempo
(hoje tenho seis anos, ano que vem terei....); vii) fazer com que as crianças avaliem o
tempo necessário para escrever seu nome, ir até a outra sala, apontar o lápis, chegar até
a escola, etc., sem cobrança de rapidez ou críticas de demoras; viii) explicar linha de
tempo, começando com o nascimento até o presente, bem como a projeção para o
futuro; ix) criar linhas de tempo para os futuros dias, semanas, meses.

E) Tônus, Postura e Equilíbrio: de acordo com Tavares (2003), para o


desenvolvimento do tônus, da postura e do equilíbrio são necessários, dentre outros,
exercícios para o fortalecimento da tonicidade dos músculos posturais, equilíbrio
estático, flexibilização da coluna vertebral, equilíbrio dinâmico e força muscular. São
sugeridas atividades como: i) equilibrar-se num dos pés com algum objeto na cabeça; ii)
movimentar-se batendo com os pés no chão, alternadamente; iii) andar nas pontas dos
pés, nos calcanhares, nas bordas dos pés, fazendo alongamento ou carregando na cabeça
objetos de formas e pesos diferentes; iv) flexionar o tronco na posição sentada; v) passar
o peso do corpo para a perna esquerda, para a direita, sem mexer os pés, com os olhos
fechados ou abertos.
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F) Pré-escrita, psicomotricidade fina: para Cunha (1985), geralmente, crianças


que têm problemas na coordenação dinâmica manual, apresentam problemas
visomotores, com dificuldades para desenhar, recortar, escrever. Os exercícios motores
para a pré-escrita e leitura colaboram para a educação de ambas as mãos e todos os
dedos, desenvolvendo movimentos simultâneos ou dissociados, estes, diferentes em
cada membro do par. Sugerem-se atividades como: i) lançar e receber bolas, picar,
rasgar e recortar papel, abrir e fechar as mãos; ii) para desenvolver o grafismo da pré-
escrita, os exercícios compreendem basicamente o uso dos dedos para passar sobre
traçados de linhas retas, curvas, dentadas, etc., feitas em cor no quadro-de-giz, no papel
ou outros materiais; iii) tatear formas desenhadas e recobertas com barbante, sisal, areia
ou arroz; iv) tatear os próprios objetos; v) fazer pinturas; vi) traçar linhas horizontais ou
verticais; vii) realizar movimentos de pinça, como catar sementes, colar pequenos grãos
sobre linhas; viii) usar lápis, pincéis e giz, nos planos horizontal e vertical; ix) executar
movimentos ritmados, concomitantes ou dissociados, utilizando as mãos ou os dedos.

Considerações Finais

Como foi demonstrado ao longo deste estudo, a Psicomotricidade nasceu da


necessidade de moldar o homem em instrumento fabril, exigido pela sociedade
capitalista. Em razão disso a educação escolar também se adequou às necessidades das
classes dominantes, tornando-se diferenciada para a classe fabril.
Para conceituar esta área do conhecimento e bem utilizar os benefícios que a
mesma pode oferecer para a educação global do educando, torna-se necessário superar a
visão tendencialmente positivista e biologista que ela vem sendo, historicamente,
concebida, e apreender a Psicomotricidade enquanto prática social, ou seja, concebê-la
numa perspectiva de totalidade.
Atualmente, a intervenção no campo psicomotor é concebida a partir de quatro
áreas, a saber: estimulação, educação, reeducação e terapia psicomotora. Por esta razão,
pode-se afirmar que a área mais afim para desenvolver este trabalho é a Educação
Física.
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PSICOMOTRICIDADE:
ESTIMULAÇÃO DAS
HABILIDADES
MOTORAS, COGNITIVAS
E SÓCIO AFETIVAS
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INTRODUÇÃO

A discussão da psicomotricidade esta se tornando comum no meio


escolar, em especial no âmbito pedagógico. Estimular as crianças com ações
visando seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, faz parte da educação
infantil e o professor pode oferecer inúmeras possibilidades para o
desenvolvimento integral da criança.
Com esta visão, a psicomotricidade tem a intenção de enxergar o ser
humano de uma maneira total, levando sempre em consideração a pessoa e
suas habilidades como um vasto campo a ser explorado. Gonçalves (2010, p.
87) afirma que “O corpo como porta de entrada e saída da aprendizagem,
utiliza-se da Psicomotricidade, para expor toda a transcendência de sua
experiência”.
Para Fonseca (2008), a psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da
relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança
gravitacional e o controle postural, à noção de corpo, sua lateralização e
direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e
globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante.
Os dicionários, em sua maneira geral dizem que motricidade é aquilo
que nos da força ou movimento, ou seja, a ação motora corporal, e psico,
referente aos aspectos cognitivos e afetivos do homem, como Le Boulch
(1987, p. 17) escreve:

Emitimos a hipótese de que o objeto principal da educação


psicomotora é, precisamente, ajudar a criança a chegar a uma
imagem do corpo operatório, que concerne não só ao conteúdo, mas
também a estrutura da relação entre as partes e a totalidade do
corpo, uma unidade organizada, instrumento da relação com a
realidade.

O desenvolvimento psicomotor estimula o global do ser humano, como


dito anteriormente, pois ele:

[...] pode funcionar como ferramenta psicopedagógica, pois


possibilita à criança utilizar-se do seu corpo para explorar, manipular,
sentir, perceber, criar, brincar, relacionar, imaginar, planejar e
pensar, tornando-se um facilitador e motivador para aprender.
(GONÇALVES, 2010, p. 25).
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Com isso em mente Le Bouch (1987, p. 27) diz que “Menosprezar a


influência de um bom desenvolvimento psicomotor, seria limitar a importância
da educação do corpo e recair numa atitude intelectualista”, pois a escola
pública brasileira, mesmo com os debates e o tema do desenvolvimento total
da criança em voga, ainda se mostra interessada apenas no eixo do
ler/escrever/cálculos matemáticos.
Ter boas intenções, motivação para o ato e estímulos, é necessário
para o professor desempenhar o papel de educador por excelência, mas as
suas práticas diárias devem condizer com tais esperanças, como Le Bouch
(1987, p. 28) explicita para conhecimento o caso abaixo, das dificuldades
escolares globais de origem afetiva:

Durante o período escolar, seria possível, apoiando-nos nas


atividades de expressão espontânea realizadas em grupo, despistar
entraves como a inibição, a insegurança, as dificuldades de
comunicação, os atrasos de linguagem. A exploração de situações
lúdicas e do trabalho para a imagem do corpo num clima de
segurança criado pela educadora deveria permitir às crianças,
vítimas de carências afetivas ou, ao contrário, superprotegidas, a
recuperação de uma parte de seu atraso no plano funcional [...]

Entendendo-se psicomotricidade com essa premissa, faz-se de muito


importante estudá-la, vê-la como ferramenta e enxergar o ser humano em sua
totalidade, jamais separando o ser racional, do ser emocional e intelectual,
dando-lhe oportunidade para o total desenvolvimento das suas habilidades e
possibilidades como indivíduo.
Os objetivos dessa pesquisa foram dissertar sobre o que é
psicomotricidade e sua definição teórica; apresentar as bases legais (leis
normas e declarações jurídicas) e sociais do motivo de se estudar a
psicomotricidade para o contexto escolar; e aplicar o teste psicomotor Escala
de Desenvolvimento Motor (EDM) do doutor Francisco Rosa Neto (ROSA
NETO, 2002, p. 31), o qual ilustra em que nível psicomotor a criança se
encontra.
No capitulo I “Psicomotricidade e sua Importância” diz que o tema em
voga, psicomotricidade está sendo discutido e muito no dia a dia escolar.
Relata necessidade de se estimular ao todo para obter um bom
desenvolvimento, não apenas o cognitivo, mas também social e motor.
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No capitulo II “Psicomotricidade Uma Questão Legal” trata sobre as leis


mundiais e nacionais, e traz à tona o dever do estado de ajudar a criança a
desenvolver-se em sua totalidade e também explicita as fases de
desenvolvimento infantil e do dever do professor em conhecê-las.
E no capítulo III “Psicomotricidade em Foco: Pesquisa” revela o nível
psicomotor de uma classe de educação infantil de uma escola pública com
crianças de seis anos de idade cronológica.
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I
PSICOMOTRICIDADE

1 PSICOMOTRICIDADE E SUA IMPORTANCIA

Vivem-se numa sociedade em que se é esquecida, e por vezes


desrespeitada as práticas motoras de uma maneira geral. Na educação infantil
ou mesmo no ensino fundamental, esta prática, ou melhor, esta cultura
também é adotada e reproduzida, não se levando em conta à importância que
o desenvolvimento global pode trazer para o ser humano em formação, neste
caso, as crianças.
Pais, sociedade, ou mesmo professores, apenas preocupam-se com o
intelectual, o cognitivo explicitamente dito, pois em grande parte para “chegar
a algum lugar na vida” faz-se necessário à evolução dos saberes, em
detrimento ao desenvolvimento total, ou seja, nos âmbitos do social, afetivo e
o cognitivo.
Encarando estes três pontos, social, afetivo e cognitivo como essenciais
e imprescindíveis para a completa evolução do ser humano, a
psicomotricidade, como ciência, angaria cada vez mais profissionais,
interessados em práticas e conhecimentos que leve a fundo o conhecer e
desenvolver o homem.
A educação intencional com a estimulação psicomotora significa
oferecer a possibilidade de se explorar a todo o entorno da criança, utilizando
ela mesma ao próprio corpo como instrumento exploratório da realidade em
que ela está inserida, comunicando-se com o mundo, tendo experiências e
resgatando o antes com o agora experimentado, apropriando-se do concreto e
o englobando as suas práticas.
Para esta questão, o psicomotor pode ser assim entendido como diz
Gonçalves (2010, p.85):

Entende-se “psicomotricidade” como uma ciência que se estuda o


indivíduo por meio do seu movimento; movimento esse que exprime,
em sua ação, aspectos motores, afetivos e cognitivos, e que é
resultado da relação do sujeito com seu meio social. O movimento
psicomotor está carregado de intenção, pois é resultado de uma
ação planejada (psico) voltada a um fim determinado.
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Ação com um fim determinado, com uma intencionalidade, uma


significação, utilizando como ferramenta o próprio corpo da criança e todas as
suas possibilidades, motoras, sociais e intelectuais, traduzindo-a em tudo isso
como um facilitador do aprendizado.
A estimulação sensorial é parte fundamental da psicomotricidade, como
Fonseca (2004, p. 52) relata que “[...] a integração sensorial da espécie
humana inicia-se no útero maternal como pré-requisito do desenvolvimento e
da aprendizagem e prolonga-se [...]” com isso, entende-se que desde a fase
fetal, o ser humano já é exposto a uma grande quantidade de estímulos vindos
do meio exterior, levando-o ao desenvolvimento de suas capacidades.
Tendo isso em mente, os canais como a visão, audição, olfato, tato e
paladar, tornam-se alguns dos principais condutores de tudo aquilo que vem
do exterior, integrando todas as informações e as transmitindo ao cérebro e
seus sistemas:
É o cérebro que cabe organizar um sistema de comunicação de
milhões de dados para que as respostas adaptativas façam parte do
repertório do indivíduo, por meio das quais ele se apropria de
aprendizagens não verbais e verbais múltiplas [...]. (FONSECA,
2004, p.52).

Segue abaixo curtas reflexões sobre alguns canais sensoriais


adquiridos ao nascer, segundo Fonseca (2004), Ferland (2006), Gonçalves
(2009) e Gonçalves (2010).
Visão: o primeiro e mais importante meio de comunicação com o social,
composto em especial pelos olhos sendo o mais preciso e rápido canal
condutor de informações, como diz Fonseca (2004, p. 58) “a visão assume um
papel de vigilância, alerta, atenção e de prontidão para a comunicação que
mais nenhum outro sentido pode desempenhar [...]”.
As aptidões visuais do bebê levam-no a centrar a sua atenção num
objeto, a fixa-lo, a seguir as suas deslocações, a registrar as suas
características, a avaliar as distâncias, a observar o rosto das
pessoas, a decifrar a mensagem afectiva que transmite e a
comunicar as suas necessidades e desejos. (FERLAND, 2006, p.54)

Audição: importante meio/canal de aprendizagem, pois através dele


recebem-se os diversos tipos de sons com sua grande pluralidade. Não se
esquecendo de que através da audição a criança incorpora os sons da língua
materna ao seu repertório.
Graças à audição, a criança localiza a origem dos sons, avalia as
distancias, familiariza-se com o som ambiente, o que lhe proporciona
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um sentimento de segurança. Percebe igualmente a tonalidade


afectiva de uma mensagem e desenvolve interesse pelas palavras e
pelas vozes que ouve. (FERLAND, 2006, p.52)

Olfato: sentido ligado ao prazer e as condições de sobrevivência.


Revela-nos odores de realidades desagradáveis como animais putrefatos ou
de gás, demonstrando com isso perigo ou pode desencadear e estimular o
apetite, ou nos levar a recordar emoções contidas:
A criança experimenta igualmente diversas emoções ligadas aos
cheiros, pois os receptores situados nas narinas encaminham as
sensações olfactivas para as zonas do cérebro que estão associadas
à memória e às emoções. Eis a razão de, por exemplo, o cheiro de
um livro novo nos lembrar os nossos primeiros dias de escola.
(FERLAND, 2006, p.57)

Tato: “o feto humano rodeado pelo líquido amniótico já sofre na pele


múltiplas estimulações táteis”, como bem escreveu Fonseca (2004, p. 55).
Uma infinidade de estímulos, estes que mais tarde condicionarão a pele como
órgão sensorial. Através do tato explora-se o universo exterior, como a noção
de temperatura, dor ou mesmo pressão.
O sistema táctil permite que a criança pequena entre em contacto
com os outros e com objetos, que desenvolva um sentimento de
segurança, que tome consciência do seu corpo e que registre as
características dos objetos.(FERLAND, 2006, p. 50)

Paladar: percepção dos sabores devido às papilas gustativas. Através


dele discrimina-se a enorme gama de estímulos captados pela língua, como o
doce, salgado ou mesmo o amargo.
É o sentido que nos permite reconhecer os gostos de substâncias
colocadas sobre a língua. Nesta, estão localizadas as papilas
gustativas, que são estruturas compostas por células sensoriais que
transmitem ao cérebro informações que o permitem identificar os
gostos básicos: o amargo, o azedo, o salgado e o doce.
(GONÇALVES, 2010, p. 40).

A estimulação dos aspectos sensoriais faz-se muito necessária, pois o


ser humano depende dos mesmos para alcançar e desenvolver o seu lado
psicomotor.
O desenvolvimento psicomotor (cognitivo, emocional, motor e social)
da criança, subentende, assim, uma integração sensorial em
construção sequencializada e integrada. Sem ela o desenvolvimento
global não seria possível. (GONÇALVES, 2009, p.69).

Compreendendo o psicomotor nesta razão, a prática de se estimular ao


todo em projetos educacionais deve ser incorporada ao meio escolar, e não
negar a qualquer um dos sentidos/canais torna-se uma necessidade soberana.
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Ensinar a criança a utilizar o próprio corpo como ferramenta a ser


explorada e a se desenvolver, é de fato muito importante para a aquisição de
novas competências escolares, mas sempre respeitando e enfatizando aos
alunos de que todos, inclusive os próprios, possuem limites.
Quanto às práticas a serem colocadas no plano escolar, o professor de
educação infantil deve conhecer sobre o que é motricidade e seus elementos
básicos, ter em mente que trabalhar com o corpo e seus sentidos, não se
limita apenas as aulas de educação física, mas sim a uma ação coordenada
envolvendo a todas as disciplinas a serem ministradas aos alunos.
O aparato motor que o ser humano possui é individual, pois os canais
como a visão, audição, tato, paladar e olfato são estimuladores do psicomotor
e únicos, “[...] cada criança traz na sua carga genética [...]” como disse
Gonçalves (2010, p. 29). Nesta razão, estimulá-los acima da idade referencial
pode ser prejudicial, pois ainda não houve maturação física e neurológica
necessária.
Todavia, é importante não oferecer estimulações excessivas à
criança, o que iria de certa forma sobrecarregar os seus circuitos
sensórias [...] Todavia, a estimulação deve ser suficiente para
despertar o que a rodeia. Portanto, nada de dietas, mas também
nada de excessos de estímulo. Para lhe permitir descobrir-se e
contactar com o mundo que a rodeia, basta prodigar-lhe cuidados
calorosos, fazê-la participar em atividades agradáveis e oferecer-lhe
um ambiente que suscite o seu interesse. (FERLAND, 2006, p. 59)

A tomada de consciência por parte da criança do seu corpo deve ser


algo estimulado e ensinado na escola, pois as bases da educação
psicomotora são essenciais para um melhor nível de desenvolvimento das
capacidades intelectuais tão exigidas pela sociedade.
Conhecer e registrar o nível motor das crianças é muito importante para
o professor, pois como disse Rosa Neto (2002, p.27):

O padrão de crescimento e de comportamento motor humano, o qual


se modifica através da vida e do tempo, e a grande quantidade de
influências que os afetam, constituem fomento para diferentes
teorias científicas e sustentam a evolução de estudos que se
caracterizam pelas técnicas de pesquisa e pelos meios utilizados na
obtenção de dados, os quais são elaborados e discutidos como
forma de elucidar os diferentes caminhos que perfazem a existência
do homem e sua evolução física, orgânica, cognitiva e psicológica.
Conceitos, ilustrações e teorias adicionam ao contexto a estrutura
necessária para que tais estudos possam legitimar-se e oferecer
fundamentos fidedignos sobre as hipóteses que pretendem
estabelecer e discutir. É importante lembrar que o caráter estatístico
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de nível normal de referência dos testes não engloba o mesmo valor


para todas as populações, tendo em vista os aspectos afetivos e
sociais.

Aplicar testes e provas na educação infantil para se aferir o


desenvolvimento motor é uma prática interessante, pois com eles verificamos
se as crianças estão em crescimento pleno e adequado para sua idade e se
não possui alguma dificuldade motora que possa estar dificultando o
crescimento do mesmo.

O que é educativo na atividade motora não é a quantidade de


trabalho efetuado nem o registro (valor numérico) alcançado, mas
sim o controle de si mesmo – obtido pela qualidade do movimento
executado, isto é, da precisão e da maestria de sua execução.
(ROSA NETO, 2002, p. 17).

Com isso em mente, a atividade motora aplicada, e o resultado obtido,


se for considerado abaixo do esperado, nunca deve ser de tom pejorativo ou
depreciativo para a criança, e o professor consciente deve encorajar o
desenvolvimento das habilidades particulares de cada indivíduo, e nunca
julgá-la como incapaz, como no caso explicitado abaixo por Bee (2003, p.
149):
[...] treinadores amadores, com frequência, conhecem pouco as
habilidades motoras normais das crianças [...] quando eles veem
uma criança que ainda não consegue arremessar uma bola com
habilidade ou chutá-la de forma desastrosa, eles a rotulam de
desajeitada ou descoordenada.

Estão elencados abaixo os aspectos verificados no teste Escala de


Desenvolvimento Motor (EDM) do doutor Francisco Rosa Neto e constam no
capítulo posterior sua aplicação e resultados obtidos junto ao publico alvo
investigado em voga.
A Motricidade Fina segundo Rosa Neto (2002, p. 15) “o transporte da
mão para um alvo termina pelo ato de agarrar o objeto, o que representa uma
das atividades humanas mais complexas”.
A motricidade fina é um ato de coordenação, controle e destreza,
caracterizada pela estimulação táctil e da percepção-visual do indivíduo e
requer precisão do movimento para desempenhar habilidade específica. Como
exemplos de atos que demonstram motricidade fina, estão os movimentos de
preensão e pinça motor trípode (polegar-indicador-anular), como rasgar papel
livremente, recortar, pintar e escrever.
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Nos anos do ensino fundamental, as habilidades motoras finas


melhoram com rapidez, possibilitando a criança não só escreva mais
clara e facilmente, mas também toque um instrumento musical, faça
desenhos e desenvolva habilidades esportivas que requerem
coordenação motora fina. (BEE, 2003, p. 147).

A Motricidade Global refere-se ao envolvimento de grupos musculares


em ação simultânea, coordenada para execução de movimentos complexos.
Os movimentos resultantes poderão ser realizados por diferentes membros,
sem perder seu valor.
É a atividade primitiva e permanente do músculo, formando o fundo
para as atividades motoras e posturais. O tônus muscular é o que
assegura a preparação da musculatura para a maioria dos
movimentos e atividades práticas. (GONÇALVES, 2010, p. 100)

A motricidade global evolui com a maturação dos sentidos da visão,


audição e tato e como exemplo pode-se citar manter-se em postura ereta,
caminhar nas pontas dos pés e calcanhares, pular como sapo, coelho, pular
corda e balançar-se em um pé sem ajuda.
O Equilíbrio é a ação que diferencia segmentos corporais. Fonseca
(2004, p.72) diz que “sem domínio postural o cérebro não aprende, a
motricidade não se desenvolve e a atividade simbólica resulta
indubitavelmente afetada”.
Sem o equilíbrio necessário, o cérebro perde a orientação, não
consegue economizar energia em seus movimentos, e o equilíbrio estático
(capacidade de manter certa postura sobre uma base de sustentação) e o
equilíbrio dinâmico (orientação controlada do corpo em situações de
deslocamento no espaço com olhos abertos) são afetados.
Gonçalves (2009, p. 44) relata que “a criança com uma equilibração
adequada executa suas atividades com menor esforço e desgaste, mantendo
uma movimentação harmônica e coordenada”.
Com a automatização de equilibração, o indivíduo vai adquirindo o
dinamismo bimanual e bipedal, em equilíbrio estático e dinâmico.
Uma ação realizada com o controle da equilibração traduz a
economia, a eficácia e a estética do movimento, ou seja, ação de
maior rendimento e menor esforço. (GONÇALVES, 2010, p. 103).

O Esquema Corporal significa tomar conhecimento do próprio corpo,


com capacidade de reconhecê-lo e nomeá-lo, incluindo as funções básicas
que cada parte realiza no todo.
É a representação relativamente global, científica e diferenciada que
o indivíduo tem de seu próprio corpo em um contexto concreto, isto
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é, a capacidade de reconhecer e nomear as partes do corpo e as


funções que elas desempenham. (GONÇALVES, 2010, p. 105)

Como exemplo, pode-se citar o identificar as partes que compõem o


corpo, reconhecimento dos sentidos, identificação e diferenciação das partes
corpóreas.
Com todo esse repertório englobado as suas práticas, a criança
desenvolve a imagem corporal, que consiste em conhecer ao próprio corpo.

A noção de corpo traz a consciência do ser como vivente e


pertencente a um meio particular. A criança com uma boa noção de
corpo executa suas ações apoiando-se nos segmentos corporais,
atribuindo a cada um deles a sua porcentagem de responsabilidade
por um movimento bem executado. (GONÇALVES, 2009, p. 48).

A Organização Espacial segundo Rosa Neto (2002, p. 21) “todas as


modalidades sensoriais participam em certa medida na percepção espacial
[...]”.
Acima, abaixo, a frente, atrás, esquerda, direita, distante, profundo,
dentro e fora. São reflexões espaciais que são definidas conforme diferentes
receptores nos trazem informações. Pode-se citar como exemplos exercícios
de transposição como inverter as cores, substituir um elemento por outro,
modificar o tamanho de um desenho; exercícios de simetria simples e
desenhos inacabados.

A evolução da noção espacial destaca a existência de duas etapas:


uma ligada à percepção imediata do ambiente, caracterizada pelo
espaço perceptivo ou sensório-motor; outra baseada nas operações
mentais que saem do espaço representativo e intelectual. (ROSA
NETO, 2002, p. 22).

A Organização Temporal é o transcorrer do tempo que é definido pelos


mais variados órgãos sensoriais dos corpos, sendo essa definição estruturada
em especial pela memória, com a qual se percebe a velocidade constante do
tempo, ou seja, o futuro, o passado e o presente, pois “[...] elabora-se e
constrói-se por meio da ação do movimento e dos dados sensoriais que são
colhidos pelos sentidos, permitindo a ordenação, organização e
processamento da informação” como disse Gonçalves (2009, p.51).
A Lateralidade refere-se às vivencias e noções de direita e esquerda
com a realidade ao redor. Também a preferência de utilização das partes
simétricas corpóreas como olho, mão, perna e pé.
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Rosa Neto (2002, p. 24) diz que “a lateralidade está em função de um


predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização
do ato motor, o qual desembocará na aprendizagem [...]”, por isso identificar a
lateralidade da criança é muito importante para colocá-la em condições
essenciais para uma boa educação.
Segundo Gonçalves (2010, p. 109), “a lateralidade é função da
dominância lateral, tendo um dos hemisférios à iniciativa da organização do
ato motor e, o outro, a função de apoio e auxilio, que incidem no aprendizado
e no desempenho das práxias”
Existem outras maneiras de se aferir o nível motor em que as crianças
se encontram, mas para este trabalho foi escolhido o EDM em razão de sua
praticidade e facilidade de aplicação, não exigindo ou consumindo tempo
vultoso para realizá-lo, apenas neste caso, profissionais com conhecimento do
mesmo e seu embasamento teórico.
Seguem abaixo, contribuições que a psicomotricidade pode gerar para
a aprendizagem segundo escreve Gonçalves (2010, p. 116 e 117):
Melhorar a organização dinâmica; respostas motoras mais ajustadas;
repostas e escolhas mais rápidas aos estímulos; economia e
libertação do gesto; [...] aperfeiçoar a ritmicidade; desenvolver a
adaptabilidade; manter as integridades sensoriais; [...] propiciar a
resolução de problemas, levando às crianças a formular suas
próprias hipóteses; [...] estimular a organização e a ordem ligadas a
rotina diária; [...] promover o ajustamento da criança as várias
solicitações das competências escolares, levando-a a experimentar o
conhecimento a partir do seu corpo, transferindo-o, então, para fora
dele.

Como dito neste capítulo, a psicomotricidade é muito importante para o


desenvolvimento global da criança. Com práticas escolares voltadas para o
total do aluno, e não apenas o seu intelectual, reforçar seus sentidos, seus
canais receptores e seus aspectos pessoais, faz-se de muita necessidade,
para poder chegar ao pleno desenvolvimento cognitivo.
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CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE UMA QUESTÃO LEGAL

2 A LEGALIDADE DA PSICOMOTRICIDADE

Apesar da sociedade civil em grande parcela, se esquecer do


desenvolvimento global, existem leis, normas e declarações que imprimem a
necessidade deste desenvolverem-se globalmente para a prática e vivência
nos mais diversos setores, sejam eles sociais ou culturais. Como está bem
explicitado da Constituição Federal do Brasil.

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2007, p.
136).

Pleno desenvolvimento, como dito na Constituição, em paralelo passa


pela psicomotricidade, pois como dito anteriormente aborda aspectos do
social, cognitivo e afetivo.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos no artigo 26 e inciso I e
página 14, diz que “todo homem tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais”, reforçando com
isso, a necessidade e dever do Estado em colocar em práticas tais
prerrogativas.
A Carta Magna diz em seu artigo 210 p. 137, que “serão fixados
conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar
formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos [...]”.
O artigo 3 da Declaração Universal diz que “todo homem tem direito à
vida [...]” e o artigo 27 da mesma, na página 14 assim relata em seu inciso I
que “todo homem tem direito de participar da vida cultural da comunidade, de
fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios”,
colaborando com isso também ao desenvolvimento total da pessoa, passando
assim pelo meio da psicomotricidade, que é a raiz e base para o crescimento
de todo o conhecimento humano.
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A Resolução XXX da Conferência Internacional Americana, realizada na


Colômbia, cidade de Bogotá em 1948, aprovou a Declaração Americana dos
Direitos e Deveres do Homem, e em seu artigo 12, assim dispôs:

Toda pessoa tem direito à educação que deve inspirar-se nos


princípios de liberdade, moralidade e solidariedade humana. Tem,
outrossim, direito a que, por meio dessa educação, lhe seja
proporcionado o preparo para subsistir de uma maneira digna, para
melhorar o seu nível de vida e para poder ser útil à sociedade. O
direito à educação compreende o de igualdade de oportunidade em
todos os casos, de acordo com os dons naturais, os méritos e o
desejo de aproveitar os recursos que possam proporcionar a
coletividade e o Estado. Toda pessoa tem o direito de que lhe seja
ministrada gratuitamente, pelo menos, a instrução primária.
(DEVERES DO HOMEM, 1948 apud 2012, p.1)

Nos termos dos grandes acordos, não se pode esquecer a Declaração


dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia das Nações Unidas em 20
de novembro de 1959, que no Principio 7 propõe:

A criança terá direito a receber educação, que será gratuita e


compulsória pelo menos no grau primário. Ser-lhe-á propiciada uma
educação capaz de promover as suas aptidões, sua capacidade de
emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a
tornar-se um membro útil da sociedade. [...] A criança terá ampla
oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos
mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas
empenhar-se-ão em promover o gozo desse direito. (DIREITOS DA
CRIANÇA, 1959, apud 2012, p. 1)

Os grandes acordos internacionais, sempre citam da necessidade do


dever do Estado em aplicar políticas que garantem acesso às crianças em
tudo o que se diz respeito à educação, cultura e lazer, colaborando com isso
sobre a aplicação, mesmo que indiretamente quanto as praticas psicomotoras
as quais auxiliam a promoção do cidadão completo, aquele que age e interage
com seu meio social.
Citando a Constituição da República (2007), o artigo 208 da mesma em
seu inciso I, aponta “ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada,
inclusive, sua oferta gratuita para todos [...]” como política a ser empregada
em todo o território da nação.
Todo esse embasamento legal remete a necessidade imprescindível e
inquestionável quanto à formação desde a infância ao global do ser humano,
pleno quanto as suas habilidades psicomotoras que devem ser estimuladas
desde cedo, contemplando com essas leis o cognitivo, afetivo e o motor.
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Toda essa definição sobre educação também está explicita no Estatuto


da Criança e do Adolescente (ECA), com sua dissertação a respeito do tema
que está no artigo 53 “a criança e o ao adolescente têm direito à educação,
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho [...]” (FERREIRA, 2008, p.57).
A criança por sua integridade pessoal tem o “direito de ser respeitado
por seus educadores” como diz o inciso II do mesmo artigo 53, confirmando
com isso sobre a relação preciosa que deve existir entre a prática da docência,
neste caso, as práticas psicomotoras e o aluno.
O ECA, no artigo 54 inciso I (FERREIRA, 2008, p. 50), relata que “é
dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: ensino fundamental,
obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade
própria”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) mostra-se mais que uma
simples lei para desenvolver o total da pessoa, ele é na verdade, uma
poderosa ferramenta, salientando o dever, mais uma vez do Estado e também
da família em promover uma educação global.
Todo este contexto legal serve para afirmar da importância social que o
tema da educação, vista como um todo provoca. Documentos importantes
expostos aqui, em especial a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a
Constituição Brasileira, e o Estatuto da Criança e do Adolescente são
embasamentos jurídicos desenvolvidos para sustentar as práticas de ensino
global, com vistas à preocupação que as crianças em formação provocam
para os governantes.
Conhecer desta jurisprudência é importante, pois evoca a sociedade a
se manifestar em defesa daqueles mais frágeis, as crianças.
Mas também neste mesmo entorno teórico, é de uma importância impar
citar da necessidade do se aprofundar na criança e suas fases de
desenvolvimento, não apenas para o profissional envolvido com a educação e
suas ramificações, mas também a todos cujo desenvolver-se como cidadão
faz parte para uma vida plena, seja ela social, emotiva, física e cognitiva.
O que a criança faz, como se identifica, sua importância no meio em
que se desenvolve, ou seja, como ela se enxerga, é nesse ponto que o suíço
Jean Piaget com suas teorias se destaca no cenário educacional brasileiro.
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A inteligência é uma adaptação. Para aprendermos as suas relações


com a vida, em geral, é preciso, pois, definir que as relações existem
entre o organismo e o meio ambiente. Com efeito, a vida é uma
criação contínua de formas cada vez mais complexas e o
estabelecimento de um equilíbrio progressivo entre essas formas e o
meio. (PIAGET, 1966, p. 15).

Jean Piaget, segundo Biaggio (1988, p. 56) é de suma importância para


conhecer e entender a criança, pois ele “[...] havia se dedicado ao trabalho
experimental com crianças, numa tentativa de entender a evolução da
inteligência humana [...]”.
Biaggio (1988, p. 62) traz o esquema de desenvolvimento estudado por
Piaget da seguinte forma “[...] estágio sensório motor (0 a 2 anos); estágio pré-
operacional (2 a 6 anos); estágio de operações concretas (7 a 11 anos);
estágio de operações formais (12 anos em diante) [...]”.
Em tempo, deve ficar claro que o objeto de estudo deste trabalho de
conclusão de curso foi em foco das crianças de 6 anos de idade, no caso da
teoria de Piaget encaixando-se no estágio pré-operacional.
Porém, estar ciente da teoria em voga e seus desdobramentos faz-se
muito valoroso para o entendimento quanto à aplicação e resultados do teste
de Escala de Desenvolvimento Motor (2002), do Doutor Francisco Rosa Neto,
registrado no capitulo terceiro.
O primeiro estágio, o Sensório Motor, dá-se na idade de 0 a 2 anos, no
qual o recém-nascido, ainda frágil é dependente daqueles que estão em seu
redor, e de acordo com Biaggio (1988, p. 62) “[...] não há ainda capacidade de
abstração, e a atividade intelectual é de natureza sensorial e motora. A criança
percebe o ambiente e age sobre ele”.
Complementando esta fase de desenvolvimento infantil, ela é de uma
natureza valiosa, pois “o mais importante da contribuição dos estudos de
Piaget sobre essa fase consiste na ênfase à importância dessas atividades
como fundamento de toda a atividade intelectual superior [...]”, segundo
Biaggio (1988, p. 63).
Com essa razão citada acima, o estimular psicomotor para o processo
de desenvolvimento da criança em fase sensório motor é precioso, como
explicitado por Fonseca (2009, p. 15):
Além disso, a psicomotricidade pode favorecer um trabalho
preventivo adequado para equacionar possíveis lacunas deixadas
durante o processo maturacional das crianças, compensando déficits
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atribuídos à privação de movimentos e da experiência lúdico-


espacial, comuns na infância contemporânea.

O estágio Pré-operacional, abrangido na idade de 2 a 6 anos, e destaca


como uma das principais verificações de Piaget foi o do jogo simbólico:

O principal progresso desse período em relação ao sensório-motor é


o desenvolvimento da capacidade simbólica. Nessa fase, a criança já
não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos,
mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo)
daquilo que ele significa (o objeto ausente). (BIAGGIO, 1988, p. 67).

No jogo simbólico é onde a criança se adapta, sendo indispensável “[...]


ao seu equilíbrio afetivo e intelectual [...]” (PIAGET, 2003, p. 56).
Uma característica muito marcante também a este período pré-
operacional, é a “incapacidade da criança se colocar no ponto de vista de
outrem [...]” (BIAGGIO, 1988, p. 68), onde ela enxerga o derredor apenas de
sua própria ótica.
O período pré-operacional é um estágio em que há um desequilíbrio,
as acomodações predominam marcadamente sobre as assimilações.
Parece que a maioria dos estímulos com que se defronta exige da
criança mudanças radicais em suas maneiras de lidar com o mundo.
É por isso que a criança nessa fase diz tanta coisa que nos parece
diferente do pensamento adulto, ilógico ou que nos fazem mesmo
achar graça (BIAGGIO, 1988, p. 70).

O próximo período é o de Operações Concretas, começando por volta


dos 7 até 11 anos de idade, onde “as operações em jogo nesse gênero de
problemas podem chamar-se concretas no sentido de que se baseiam
diretamente nos objetos e não ainda nas hipóteses enunciadas verbalmente
[...]” (PIAGET, 2003, p. 91).
Neste período, destaca-se a seriação que “[...] consiste em ordenar os
elementos segundo as grandezas crescentes ou decrescentes (PIAGET, 2003,
p. 92), a classificação “[...] constitui, do mesmo modo, agrupamento
fundamental [...]” (PIAGET, 2003, p. 93), e a noção de espaço, fundamentada
“[...] nas diferenças entre elementos e suas semelhanças ou equivalências [...]”
(PIAGET, 2003, p. 96).

Por meio da motricidade e da interpretação das informações


sensoriais, visuais e auditivas, principalmente, ocorre uma
transformação: o conceito de corpo se torna conhecimento do
espaço, primeiramente intuitivamente, depois lógica e
conceitualmente. (GONÇALVES, 2010, p. 111).
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O crescimento natural do corpo, respeitando sempre seus limites, e sua


idade biológica, acompanhados de um bom desenvolvimento psicomotor, é
muito importante, pois:
O corpo surge, portanto, mais uma vez, como o componente material
do ser humano, que, por isso mesmo, contém o sentido concreto de
todo o comportamento sócio-histórico da humanidade. O corpo não
é, assim, o caixote da alma, mas o endereço da inteligência. O ser
humano habita o mundo exterior pelo seu corpo, que surge como um
componente espacial e existencial, corticalmente organizado, no qual
e a partir do qual o ser humano concentra e dirige todas as suas
experiências e vivências. (FONSECA, 2008, apud, GONÇALVES,
2009, p. 14).

E a última fase da teoria de Jean Piaget é o estágio de Operações


Formais, que se inicia dos 12 anos em diante, sendo caracterizado pelo “[...]
libertar-se do concreto e situar o real num conjunto de transformações
possíveis [...]” (PIAGET, 2003, p. 117).
Nesta fase de operações mentais formais a criança consegue estruturar
seus pensamentos e construir hipóteses, como disse Piaget (2003, p. 119) é o
“[...] inicio do pensamento hipotético-dedutivo [...]”, já formulando agora suas
próprias proposições.
O período das operações formais difere grandemente do período das
operações concretas, como disse Piaget (2003, p. 132):
Com efeito, a diferença essencial entre pensamento formal e as
operações concretas é que estas centradas no real, ao passo que
aquele atinge as transformações possíveis e só assimila o real em
função desses desenvolvimentos imaginados ou deduzidos. Ora tal
mudança de perspectiva é tão fundamental do ponto de vista
cognitivo, pois o mundo dos valores também pode permanecer
aquém das fronteiras da realidade concreta e perceptível ou, ao
contrário, abrir-se para todas as possibilidades interindividuais ou
sociais.

Foram tecidos aqui breves comentários sobre Jean Piaget e sua teoria
quanto aos quatro estágios de desenvolvimento infantil. Desde a mais tenra
idade (sensório-motor) e toda a sua dependência do meio exterior para
protegê-lo até os 12 anos de idade (operações formais), com todo o seu
dinamismo e busca pelo novo.
Fica caracterizado com isso tudo a importância do desenvolver
psicomotor das crianças, em especial neste caso quanto no meio escolar,
como bem disse Gonçalves (2009, p. 236):
A estimulação psicomotora, incorporada a currículos da Educação
Infantil, pode agregar experiências sensoriais, perceptivas, motoras,
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sociais e afetivas, que são capazes de tornar a aprendizagem da


criança repleta de conteúdos simbólicos e não simbólicos que são a
gênese da linguagem verbal e, posteriormente da linguagem escrita.

A cada fase de desenvolvimento da criança, ela adquiriu estruturas,


mas como disse Gonçalves (2010, p. 63):
[...] as aquisições psicomotoras de cada fase foram especificadas de
acordo com os estágios de evolução da criança [...] as competências
formam definidas por padrões ditados pela normalidade, porém
algumas delas pode ocorrer mais tardiamente ou precocemente ,
dependendo do potencial genético e da integração social desta
criança [...]

Serão vistas agora algumas aquisições funcionais e sócio-cognitivas


que um bom desenvolvimento psicomotor pode acarretar em crianças em
idade de 0 a 6 anos, tendo a teoria de Jean Piaget como importante base de
estudo, e segundo os estudos de Gonçalves (2010).

2.1 Idade de 0 a 3 meses

As aquisições funcionais segundo Gonçalves (2010, p. 65) “[...] o


recém-nascido apresenta reações automáticas reflexas [...] organizações
instintivas que garantem o ajustamento dele ao meio”, como o reflexo de
rotação, que é a “[...] virada automática da cabeça em direção a qualquer
toque na bochecha [...]” facilitando com isso a amamentação.
Seguindo, pode-se citar que o bebê “[...] dorme 19 em 24 horas; segue
os estímulos com os olhos; emite sons vocais; boca – principal ligação com o
meio”. (GONÇALVES, 2010, p. 66).
As aquisições sócio-cognitivas, Gonçalves (2010, p. 66) descreve que
de 0 a 3 meses o bebê pode ter “[...] sorriso social; estranhamento de
procedimentos desconhecidos; [...] comunica suas necessidades por meio do
choro; sorri em resposta a outro sorriso; o eu é um prolongamento do outro”.

2.2 Idade de 4 a 6 meses

As aquisições funcionais nesta fase têm o “[...] rolamento lateral;


preensão palmar; alcança objetos no seu campo visual; começa a orientar-se
no espaço; rasteja; bimanualidade; iniciação do controle do tronco” tudo isso
segundo Gonçalves (2010, p. 68).
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As aquisições sócio-cognitivas Gonçalves (2010, p. 68) dizem que a


criança desenvolve “[...] expressões diferenciadas (tristeza, raiva, surpresa);
imitação de gestos representativos; ri alto, esconde-se; estimulação maior com
pessoas do que com objetos; balbucia; sorrisos frequentes”.

2.3 Idade de 12 a 24 meses

Sobre as aquisições funcionais Gonçalves (2010, p. 73) diz que a


criança adquire:
[...] locomoção (marcha); liberação das mãos; atividade exploratória
intensa; preensão diferenciada (pinça e palmar no uso do lápis);
reconhecimento de partes do corpo simples; corrida (com certa
dificuldade); capacidade de manusear a colher e comer; início do
controle esfincteriano [...]

As aquisições sócio-cognitivas, Gonçalves (2010, p. 73) relata da “[...]


intenso interesse pela realidade externa; intensificação da atividade simbólica;
não percepção do „eu‟ individual (trata-se na terceira pessoa); acha novas
soluções para problemas; brinca de faz de conta; empatia egocêntrica”.

2.4 Idade de 2 a 3 anos

Nesta fase a “[...] a criança começa a utilizar-se da linguagem oral como


meio de comunicação de pensamento [...]” como bem escreveu Gonçalves
(2010, p. 74).
As aquisições funcionais como diz Gonçalves são:

Autonomia da marcha (controle tônico-postural); motricidade


sincrética (intuitiva) e simétrica; corre com maior equilíbrio; preensão
fina; função simbólica; controle esfincteriano; autonomismo postural
integrado; maior domínio da colher [...] (GONÇALVES, 2010, p. 75)

As Aquisições sócio-cognitivas:

Compreensão de instruções e direções; compreensão dos advérbios


de lugar; nomeia imagens; chama-se pelo nome; atividade lúdica;
interessa-se pelo outro; reconhecimento de parte do corpo, segura o
lápis com os dedos; prevalência manual na maioria das atividades;
garatujas; reconhecimento de sua imagem no espelho e em
fotografias. (GONÇALVES, 2010, p. 75).

2.5 Idade de 3 a 5 anos:


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Aquisições funcionais: nesta idade o maior controle motor prevalece,


pois as estruturas físicas estão se estabilizando. Gonçalves (2010, p. 77)
assim escreveu “[...] controle automático da postura; dominância lateral;
aparecimento dos sentidos das posições e direções no espaço em relação
com o corpo; [...] aperfeiçoamento perceptivo motor [...]”.
Aquisições sócio-cognitivas: Gonçalves (2010, p. 78) descreve:

Grande interesse pelo outro, principalmente do mesmo sexo; função


simbólica ativa; imitação diferida (reproduz uma situação observada
em outra circunstância e momento); estruturação espacial e temporal
dos acontecimentos; [...] representação mental (conservação de
número e quantidade); enriquecimento do vocabulário; faz perguntas
[...] condutas sociais [...];

Nesta fase pode-se claramente visualizar o avanço da criança,


constatando a importância do desenvolver psicomotor adequado para sua
idade.

2.6 Idade de 6 anos

Nesta fase de desenvolvimento, as habilidades da criança estão mais


lapidadas e muito mais complexas.
Aquisições funcionais:

Aquisições gnósico-práxicas (gestos automatizados em ações


voluntárias); gnose da lateralidade; somatognosia (conhecimento de
si próprio); desenvolvimento práxico eficiente (coordena as ações
com pensamento antecipado); aperfeiçoamento da motricidade fina;
planificação motora (antecipação das ações); situa-se no espaço e
no tempo; joga cooperativamente com as regras; grafismo
(representação gráfica dos símbolos). (GONÇALVES, 2010, p. 80).

As aquisições funcionais se comparadas com o desenvolvimento


anterior devem estar num melhor plano de crescimento, sempre com vistas,
claro, a maturação individual infantil.
Aquisições sócio-cognitivas:
Metacognição e metamemória; conservação de massa e número;
representação de símbolos gráficos; condutas sociais; formação de
grupos; domínio da linguagem oral; estruturação lógica da
linguagem; utilização dos primeiros conceitos; interesse pela leitura;
autonomia em tarefas e hábitos de higiene; desenvolvimento da
curiosidade e responsabilidade; imitação de modelos do mesmo
sexo; desenho da figura humana (detalhes no vestuário e
preenchimento de membros). (GONÇALVES, 2010. p. 81).
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Todos os tópicos elencados neste capítulo são sobre bons


conhecimentos básicos, os quais o professor deve possuir a respeito das
habilidades psicomotoras, seus desdobramentos, idades abrangentes, limites
e conhecimento jurídico, para se obter bons resultados quanto ao
desenvolvimento total dos alunos.
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CAPÍTULO III
PSICOMOTRICIDADE EM FOCO: PESQUISA

3 O DIA-A-DIA DA PSICOMOTRICIDADE

O autor Francisco Rosa Neto, na obra Manual de Avaliação Motora


(2002), discorre sobre testes a serem aplicados nas crianças com intenção de
se saber qual o nível motor em que ela se encontra.
Tais testes correspondem a Escala de Desenvolvimento Motor, os quais
foram aplicados em 10 alunos do primeiro ano do ensino fundamental da
Escola EMEIF “Joaquim Caetano Ferraz” município de Getulina/SP, distrito de
Macucos, e contemplam aos seguintes conteúdos discorridos: motricidade
fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e
organização temporal.
Nestas razões, o teste de Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) é
descrito assim por Rosa Neto, (2002, p. 30):
Compreende um conjunto de provas muito diversificadas e de
dificuldade graduada conduzindo a uma exploração minuciosa de
diferentes setores do desenvolvimento. A aplicação em um sujeito
permite avaliar seu nível de desenvolvimento motor, considerando
êxitos e fracassos, levando em conta as normas estabelecidas pelo
autor da escala.

A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) é considerada um “[...]


complemento indispensável do exame psicológico” conforme Rosa Neto
(2018, p. 34) e:
A escala EDM aparece com o propósito principal de colocar à
disposição de profissionais de saúde e de educação um conjunto de
instrumentos de diagnóstico que lhes permitam utilizar um método
eficaz para realizar estudos transversais e longitudinais através de
provas construídas sobre princípios técnicos, científicos, com
critérios práticos e coerentes.

Os testes da EDM neste trabalho de conclusão de curso são de critério


exploratório, e sua coleta estatística realizada em crianças de seis anos
consideradas “normais” frente à sociedade em que participam.
O público em voga pesquisado não possui quaisquer necessidades de
educação especial, apenas listam uma pequena amostra do grande
contingente estudantil das escolas públicas brasileiras quanto ao aspecto
psicomotor em que se encontram.
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Ao realizar a testagem do labirinto (ROSA NETO, 2002, p.46) com os


alunos, no primeiro teste sobre motricidade fina, no qual todos os alunos
apresentavam seis anos de idade cronológica foi verificado que uma criança
(10%) atingiu o teste da idade correspondente, outras cinco (50%) atingiram a
idade psicomotora de sete anos com o teste de bolinhas de papel (ROSA
NETO, 2002, p.46) e quatro crianças (40%), não conseguindo atingir a idade
considerada ideal, possuem idade psicomotora de cinco anos, verificado com
o teste fazer um nó (ROSA NETO, 2002, p.45).

Figura 1: Motricidade Fina

Motricidade Fina

40%
50% 5 anos
6 anos
7 anos
10%

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

A motricidade fina tem relação com a coordenação visuomanual, como


disse Rosa Neto (2002, p. 14) “[...] representa a atividade mais frequente e
mais comum no homem, a qual atua para pegar um objeto e lançá-lo, para
escrever, desenhar, pintar [...]”.
Neste teste, foi verificado que grande parcela de população investigada,
40%, não apresenta o nível de desenvolvimento adequado, ficando para
observação possíveis dificuldades em idades cronológicas superiores quanto à
questão de adquirir novas habilidades práticas e motoras, como por exemplo,
o escrever, tão necessário e de indescritível utilidade para todas as atividades
cotidianas de uma escola.
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Alunos que apresentam dificuldade de escrita devem ser observados


pelos professores, e se necessário, a intervenção deve ser posta em prática,
para tentar avançar quanto à motricidade fina e fazer com que a criança
adquira coordenação condizente com sua estrutura.
O segundo teste refere-se à motricidade global, e foi aplicado ao
mesmo público alvo, alunos de seis anos de idade cronológica, onde foi
aferido com a testagem do caminhar em linha reta (ROSA NETO, 2002, p.51)
que quatro crianças (40%) estão em condições psicomotoras de seis anos de
idade, três crianças (30%), com o teste de pé manco (ROSA NETO, 2002,
p.51) encontra-se com sete anos em idade psicomotora e, três crianças (30%)
estão abaixo da linha considerada normal para este teste, estando assim com
cinco anos psicomotores constatados com o teste de saltar uma altura de 20
centímetros (ROSA NETO, 2002, p.50).
Figura 2: Motricidade Global

Motricidade Global

30% 30%

5 anos
6 anos
7 anos
40%

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.


Os testes em motricidade global são muito importantes, pois como
salienta Rosa Neto (2002, p.16):

A perfeição progressiva do ato motor implica um funcionamento


global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da atitude.
Quando a criança está capacitada para isso, certas condições de
execução permitem reforçar certos fatores de ação (vivacidade, força
muscular, resistência, etc). Estes fatores desenvolvem também um
certo controle da motricidade espontânea, à medida que a situação-
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problema exige o respeito a certas consignas que definem as


condições de espaço e de tempo para desenvolver a tarefa.

A motricidade global refere-se ao controle dos grandes sistemas


musculares, para realizar as mais diversas atividades, como caminhar, correr,
saltar ou mesmo balançar alguma parte do corpo, como reiterou Fonseca
(1995, p. 122) “[...] toda a motricidade necessita do suporte da tonicidade, isto
é, de um estado de tensão ativa e permanente [...]”.
Como foi constatada, a motricidade global do grupo em questão
encontra-se bem desenvolvida, com incríveis 30% acima da idade considerada
ideal (seis anos psicomotores) atingindo aos sete motores, mas mesmo assim
uma vista criteriosa e interventiva devem ser dadas aos 30% tidos como
abaixo do limite cronológico, para dar sustentação as suas práticas e permitir o
crescimento dessa área psicomotora tão essencial ao desenvolvimento
humano.
O terceiro teste que foi aplicado nas crianças que se encontrava com
seis anos de idade, refere-se à testagem de equilíbrio, onde uma grande
quantidade de resultados foi encontrada conforme a figura a seguir:
Figura 3: Equilíbrio

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

A aferição do equilíbrio foi com o teste do pé manco estático (ROSA


NETO, 2002, p.56), onde três crianças (30%) estão na idade cronológica e
psicomotora equivalente há seis anos, consideradas assim normais pelo EDM.
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Uma criança (10%) encontra-se com baixa equilibração, possui seis


anos cronológicos, mas apenas quatro anos motores quanto ao equilíbrio,
verificados com o teste equilíbrio com o tronco flexionado (ROSA NETO, 2002,
p.55). E também mais uma criança (10%), está abaixo do considerado ideal
pelo EDM, encontra-se com cinco anos nesta característica motora
constatados no teste de equilíbrio nas pontas dos pés (ROSA NETO, 2002,
p.55).
Três crianças (30%) atingiram a idade de equilibração de sete anos de
idade, pelo teste equilíbrio de cócoras (ROSA NETO, 2002, p.56). E a maior
surpresa foi a de que duas crianças (20%) do total atingiram níveis muito
acima da idade cronológica. Um aluno (10%) atingiu os nove anos
psicomotores com o teste fazer um quatro (ROSA NETO, 2002, p.57),
enquanto outro conseguiu atingir aos onze anos com a prova de equilíbrio na
ponta dos pés (ROSA NETO, 2002, p.58).
Gonçalves (2010, p. 102) diz que “[...] em psicomotricidade chamamos
de equilibração a área básica para o automatismo da movimentação voluntária
da criança”, e Gonçalves (2010, p. 103) assim completa que “os reflexos
iniciais vão se minimizando e se ajustando com a maturação, até que esse
bebê possa se colocar em pé, por volta dos doze meses e adquirir a
autonomia de que necessita para conquistar o seu meio”.
A equilibração bem desenvolvida é muito importante, pois com ela
exploramos ao mundo exterior e nos apropriamos de novas experiências ao
repertório pessoal.
Nesta causa, as crianças que não atingem à idade motora vista como
ideal, devem ser melhores observadas e investigadas pelo professor neste
quesito de equilíbrio.
O quarto teste foi o de esquema corporal. Esta aferição foi realizada
com a prova de rapidez (ROSA NETO, 2002, p.62), que consistia em fazer
apenas um risco (traço) dentro de diversos quadrados o mais rápido possível.
O resultado foi o surpreendente em relação a outras testagens, onde
todas as 10 crianças (100%) obtiveram a idade psicomotora de seis anos,
condizente assim com a idade biológica do público alvo que também era de
seis anos.
Esquema corporal foi assim explanado por Rosa Neto (2002, p. 20):
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A construção do esquema corporal isto é, a organização das


sensações relativas a seu próprio corpo em associação com os
dados do mundo exterior, exerce um papel fundamental no
desenvolvimento da criança, já que essa organização é o ponto de
partida de suas diversas possibilidades de ação. Sendo assim, o
esquema corporal é a organização das sensações relativas a seu
próprio corpo em ação com os dados do mundo exterior.

Figura 4: Esquema Corporal

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

Este teste de esquema corporal é muito importante, pois através dele


podemos ver em que nível a criança se encontra quanto a sua imagem
corporal, que significa o autoconhecimento de suas possibilidades.

A criança descobre seu corpo, conhece-o, e faz uma imagem dele


em função da utilização e dos significados que lhe são atribuídos [...]
pois a criança se enxerga como uma unidade corporal e como um
todo organizado e não fragmentado. (GONÇALVES, 2010, p. 106).

Conhecer-se e explorar-se é muito importante para a maturação de


novas habilidades, e estar no nível psicomotor adequado com a idade
biológica é de suma importância, e o público alvo revelou estar condizente
quanto a esta questão.
A quinta testagem refere-se à organização espacial, e os resultados
revelaram um nível de desenvolvimento muito discrepante quanto ao público
alvo. Com o teste direita/esquerda - conhecimento sobre si (ROSA NETO,
2002, p.65), três crianças (30%) atingiram a idade psicomotora de seis anos,
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lembrando que a aferição foi realizada em alunos possuidores de seis anos de


idade biológica na data de realização desta pesquisa.
Uma criança (10%) com o teste jogo de paciência (ROSA NETO, 2002,
p.65) possui idade motora de cinco anos. Com a prova dos palitos (ROSA
NETO, 2002, p.64), dois alunos (20%) atingiram a idade motora de quatro
anos, e um discente (10%), com a testagem do tabuleiro/posição invertida
atingiu a idade motora de apenas três anos.
Um dos testados (10%) com a execução de movimentos (ROSA NETO,
2002, p.66) conseguiu atingir os sete anos motores e por meio do
direita/esquerda – reconhecimento sobre o outro (ROSA NETO, 2002, p.66),
um aluno (10%) conseguiu os oitos anos motores.
E por fim o mais surpreendente, um dos alunos (10%) atingiu os dez
anos motores no quesito a organização espacial pelo teste reprodução de
movimentos – figura humana (ROSA NETO, 2002, p.67).

Figura 5: Organização Espacial

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.


Rosa Neto, assim definiu a organização espacial:

Adquirimos pouco a pouco a atitude de avaliar nossa relação com o


espaço que nos rodeia e de ter em consideração as modificações
dessa relação no curso dos deslocamentos que condicionam nossa
orientação espacial. A percepção que temos do espaço que nos
rodeia e das relações entre elementos que o compõem evolui e
modifica-se com a idade e com a experiência. Essas relações
chegam a ser, progressivamente, objetivas e independentes. (ROSA
NETO, 2002, p. 21).
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Esta testagem nos revela um profundo abismo que pode existir dentro
de um público alvo. Quanto ao esquema corporal, quarto teste desta pesquisa,
todas as crianças de seis anos biológicos atingiram aos seis anos motores,
mas quanto à organização espacial, uma incrível e notável diferença foi
constatada.
A organização espacial, tem uma utilidade impar na vida do homem,
pois registrar distâncias, noções de longe e perto ou acima e abaixo são úteis
para o cotidiano seja ele em cidades com seus veículos e semáforos ou no
ambiente rural, com seus animais e campos abertos.
Promover experiências e atividades visando o desenvolver da
organização espacial junto das crianças é de suma importância para o
professor, e faz-se necessário uma intervenção inteligente e prática, pois
perceber o ambiente que a cerca é vital para a criança em fase de crescimento
e desenvolvimento de suas funções sócias, físicas e cognitivas.
A capacidade para estruturar e organizar o espaço é essencial para
qualquer aprendizagem. Basicamente, envolve a elaboração de um
conceito a partir de dados visuais e tátil-quinestésicos integrados,
que constatam a nossa posição no espaço, espaço esse que
constitui o imenso continente da nossa motricidade. (FONSECA,
1995, p. 205).

O sexto e último teste foi o de organização temporal. (ROSA NETO,


2002, p.69).
Figura 6: Organização Temporal

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.


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Este teste consiste em duas fases distintas: na primeira a criança


repetiu as frases formuladas pelo pesquisador de uma maneira espontânea e
clara, e na segunda reproduziu a diferentes sons (batidas) que o pesquisador
realizava.
Nesta testagem todas as crianças (100%) atingiram a idade
psicomotora de seis anos de idade.
Fonseca (1995, p. 209), assim declarou:
Através da estruturação temporal a criança tem consciência da sua
ação, o seu passado conhecido e atualizado, o presente
experimentado e o futuro desconhecido é antecipado. Essa estrutura
de organização é determinante para todos os processos de
aprendizagem. A noção do tempo é uma noção de controle e de
organização, quer ao nível da atividade, quer ao nível da
cognitividade. Rechamar dados e utilizá-los corretamente na
atividade é uma condição básica ao processamento, armazenamento
e utilização da informação.

Na primeira fase da testagem as crianças apresentaram bom


desenvolvimento temporal, conseguindo repetir as frases de uma maneira
clara e direta, sem apresentar dificuldades ou empecilhos.
Na segunda fase do teste, a repetição de sons, os quais eram simples
golpes intercalados por um pequeno espaço de tempo, os alunos
apresentaram dificuldades na aplicação, não conseguindo ultrapassar aos seis
anos motores.
Nota-se que as estruturas de organização espacial e organização
temporal são intimamente ligadas, mesmo que os testes para aferir o nível
individual de cada uma delas nos seres humanos forem discrepantes, e
constados avanços num lado e estagnação do outro, ambas devem ser muito
bem estimuladas, pois:
A estruturação espácio-temporal emerge da motricidade, da relação
com os objetos localizados no espaço, da posição relativa que ocupa
o corpo, enfim das múltiplas relações integradas da tonicidade, da
equilibração, da lateralização e da noção do corpo, confirmando o
princípio da hierarquização dos sistemas funcionais e da sua
organização vertical. (FONSECA, 1995, p. 203).

O docente deve estar alerta quanto o nível de desenvolvimento dos


alunos nestas duas estruturas, imprescindíveis para o crescer e se estabelecer
o cognitivo do indivíduo, nunca se esquecendo que intervenção pedagógica
não se resume ao campo teórico e depois o prático, mas sim algo vivo e claro,
uma troca imediata e inata de experiências.
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CONCLUSÃO

Ao finalizar com os testes EDM (Escala de Desenvolvimento Motor)


constatou-se que a psicomotricidade tem a intenção de estimular as crianças
em ações, trabalhando o seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo assim
possibilitando o melhor conhecimento de seu corpo, de suas habilidades e de
suas possibilidades, enxergando o humano como um ser racional, emocional e
intelectual
O trabalho de psicomotricidade tem o propósito de contribuir para a
formação e a estruturação do esquema corporal e tem como meta principal
estimular a função do movimento nas diversas etapas da vida da criança.
Cabe ressaltar também a importância da participação do educador no
dia-a-dia de cada aluno, e que aquele venha a conhecer às características das
faixas etárias, seus interesses e necessidades. É fundamental que o professor
elabore atividades, as quais devem colaborar para a construção do
desenvolvimento psicomotor.
Com a execução dos testes, motricidade fina, motricidade global,
equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e organização temporal,
torna-se possível perceber as capacidades, dificuldades e os limites de cada
criança.
Em motricidade fina destacou-se a importância de atividades que a
criança deve realizar não apenas na escola, como também ser influenciada
em casa, por exemplo, o rasgar, recortar, pintar, desenhar, lançar algo e pegar
um objeto.
Motricidade global permite conhecer e compreender a criança melhor
do que se imagina, percebe-se que ela se expressa de uma forma mais
espontânea, brinca imitando cenas do cotidiano, conversa se movimentando,
sobem em árvores e salta de diferentes formas, isso e outras mais é um
relaxamento corporal e liberação de energias físicas.
O equilíbrio faz-se entender que é a principal parte de um todo, tem um
aspecto de que quanto mais imperfeito é o movimento, mais energia é
consumida.
Esquema corporal são reações, as quais, os corpos transmitem com
relação ao organismo, seja de satisfação, choro, alegria e dor. Nesta razão,
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entende-se esquema corporal como sensações de nosso próprio corpo.


Com a organização espacial, pode-se notar que se bem desenvolvida
neste aspecto psicomotor, a criança irá crescer de uma maneira independente,
conhecedora dos obstáculos e desafios que a cercam.
A organização temporal deixa clara sobre o descobrir das crianças,
quando elas começam a notar os acontecimentos de sua vida, como um
passeio, aniversário, um piquenique e outros. Tudo fica guardado em sua
memória, mas só depois irão ordenar em anos, meses, dias, datas e horas.
O intuito deste trabalho de conclusão de curso foi o de explicitar a
importância de que a criança deva passar por experiências positivas
oferecendo-lhe situações, as quais depositem confiança em seu próprio corpo
e no seu desenvolvimento motor, e não fazer com que elas vivam momentos
desvalorizantes, mas sim dá-las oportunidades de descobrir os melhores
meios para que possam testar suas habilidades.
ANEXO
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Anexo A
Tabelas utilizadas para traçar perfis motores dos alunos submetidos aos
testes.
Aluno 1
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal

Aluno 2
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal

Aluno 3
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal
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Aluno 4
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal

Aluno 5
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal

Aluno 6
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal
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Aluno 7
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal

Aluno 8
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal

Aluno 9
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal
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Aluno 10
11 anos • • • • • •
10 anos • • • • • •
09 anos • • • • • •
08 anos • • • • • •
07 anos • • • • • •
06 anos • • • • • •
05 anos • • • • • •
04 anos • • • • • •
03 anos • • • • • •
02 anos • • • • • •
Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização
Cronológica Fina Global Corporal Espacial Temporal
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Psicomotricidade, jogo e
corpo-em-relação:
contribuições para a
intervenção
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1 Introdução (real-funcional), como a de aumentar a capacidade


criativa numa contínua descoberta do que está para
Numa intervenção psicomotora realizada por além de si mesma (imaginário-relacional).
profissionais da área da saúde, existe uma constante Na intervenção psicomotora, solicita-se uma meta
interação entre o motor e o psíquico, entre a mente e o atividade corporal, no sentido de transcender a atividade
corpo, a partir da qual se estrutura o desenvolvimento do corpo real e ir além do corpo que se conhece e
psicomotor. Esta dialética é reforçada por Fonseca que se move. Se não existir essa transcendência,
(2010), quando afirma que a psicomotricidade a atividade corporal ficará associada apenas a um
está enquadrada num campo multidisciplinar, corpo voltado para ele próprio, com o objetivo de
que estuda as relações e as influências recíprocas melhorar a performance física. A atividade corporal,
e sistêmicas entre o psiquismo e a motricidade. nesta intervenção terapêutica, deve incluir uma
Não pode existir clivagem entre corpo e psiquismo, nova dimensão, ou seja, um espaço de atuação que
mas, se existir, essa separação será artificial, o que necessariamente abrange o simbolismo vivido pela
leva Golse (2002) a considerá-la como a principal criança, expresso no seu corpo e pelo seu corpo, que é
inimiga do desenvolvimento da criança. concomitantemente funcional e relacional (POTEL,
A dimensão motora é indissociável da energia 2010; BOUTINAUD  et  al., 2014). Assim, este
psíquica, ou seja, é inseparável do pensamento que simbolismo torna-se um quadro vivo da sua própria
expressa a intencionalidade de cada movimento história, em que o corpo se move e se expressa, com
(ideomotricidade), assim como, das emoções. referências ao passado, presente e futuro.
A psicomotricidade é, portanto, decorrente de Não constatamos apenas a existência de um corpo real,
uma integração gnosicopráxica e tonicoemocional, mas também a representação de um corpo imaginário.
isto é, da associação existente entre o movimento O corpo não se reduz ao real porque mediatiza todo
corporal e as expressões imaginárias-simbólicas que o mundo imaginário do sujeito (SAMI-ALI, 1998).
dão significado ao corpo, na sua relação dialética Esta dimensão ‒ o imaginário – expressa os desejos,
com os outros e com os objetos (POTEL, 2010). as vontades, os (des)prazeres, por meio de metáforas
A intervenção psicomotora implica uma observação, corporais durante o jogo-em-relação, desde que exista
ou seja, a existência de um espaço de escuta do corpo, uma relação empática vivenciada entre a criança e
em que as manifestações conscientes ou inconscientes o outro, através de uma ressonância tonicoemocional
dos desejos, vontades e necessidades da criança se recíproca e empática (AUCOUTURIER, 2010), que
expressam corporalmente através do tônus, dos se estabelece entre o terapeuta e a criança.
gestos, dos movimentos e das diferentes formas de A importância da relação de mediação corporal,
brincar (LIMA; FERNANDES; ARAÚJO, 2015). na intervenção psicomotora, foi apresentada por
Essas manifestações estão centradas num paradigma Ajuriaguerra (1962), ao referir que é através da
de transposição, que investe na gestão de um ir e relação que se estabelece com o outro, com um
vir, entre o interno e o externo, com atividades corpo-em-relação, que a criança adquire a consciência
marcadas pelo agir e reagir, que responde tanto às de si e o sentimento de ser e estar. Por sua vez, Joly
necessidades internas, como às solicitações externas. (2010) considera que esta práxis se operacionaliza
Deste modo, o terapeuta olha para o corpo de por intermédio de uma motricidade lúdica em
forma holística, ou seja, para um corpo que se move relação. É, neste sentido, que a relação está associada
de um lado para o outro e, também, para um corpo ao jogo, como um dos principais mediadores em
ornado com símbolos, que se comunica com os outros, psicomotricidade e, por isso, considerado como
envolvendo a função e a relação (FERNANDES, 2012, jogo-em-relação.
2015). O corpo que se conhece por meio das sensações De acordo com o exposto, este ensaio apresenta
provenientes da pele, dos fusos neuromusculares e um texto que expressa a centralidade da dimensão
dos órgãos tendinosos de Golgi, ou o corpo que se lúdica do corpo-em-relação, embasado em conceitos
expressa e transmite emoções e afetos, formam uma que se agrupam em torno de uma intencionalidade
unidade indissociável. Por isso, existe um corpo que dialética entre função e relação. Pretendemos, através
age e reage, um corpo real e imaginário (SAMI-ALI, de uma exposição de ideias, que se fundamentam
1998), que é espaço de passagem da comunicação, em diferentes áreas do conhecimento, apresentar
da relação e da vida psíquica (GATECEL, 2009). a gênese do jogo-em-relação e algumas linhas
Neste enquadramento da psicomotricidade, Fernandes orientadoras para que os profissionais da área da
(2012) destaca a importância desta práxis, na ajuda ao saúde (psicomotricistas, terapeutas ocupacionais,
desenvolvimento da criança, por esta envolver tanto etc.), que pretendem atuar neste âmbito, o utilizem
a possibilidade de melhorar a coordenação motora como mediador de intervenção.

Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 26, n. 3, p. 702-709, 2018


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O saber-teórico da psicomotricidade e o saber-fazer regras; outros que solicitam a expressão psíquica


intervenção psicomotora, apresentados neste ensaio, do inconsciente e permitem à criança vivenciar a
produzem um conhecimento necessário e fundamental fantasia durante o jogo e expressar-se através de uma
para os psicomotricista; no entanto, existem outros “mise en scène” operacionalizada pelas suas metáforas
terapeutas que também utilizam como mediadores e metonímias corporais. Neste sentido, o jogo assume
de intervenção o corpo e o jogo, que é o caso dos a função de explorar situações subjetivas, de criar e
terapeutas ocupacionais (TO). O jogo é um dos recriar a subjetividade, de contribuir para a descoberta
instrumentos de intervenção em psicomotricidade? de novas formas de a criança se relacionar consigo
O jogo é um dos instrumentos de intervenção em mesma ou com o outro (ROUSSILLON, 2003).
terapia ocupacional? Para ambas as perguntas, a Existem jogos com diversas finalidades: simbólicos,
resposta é sim. Por isso, as noções apresentadas são não simbólicos, sensoriomotores, funcionais, etc.,
fundamentais para os psicomotricistas, terapeutas mas a relevância está em saber como a criança
ocupacionais, ou qualquer outro profissional que vivencia essas atividades lúdicas em relação; saber
utilize o jogo como mediador de intervenção na como esse jogo-em-relação lhe permite adquirir a
ajuda ao desenvolvimento, profilática ou terapêutica, consciência do seu próprio corpo, de um corpo que
na criança. está separado do outro; saber como o jogo possibilita
Existem noções idênticas e transversais para à criança adquirir a consciência da sua identidade
diferentes áreas de intervenção, mesmo que estas e sentir que o corpo lhe pertence. Como afirma
apresentem uma identidade própria, objetivos e Gutierres Filho (2003), a criança, no seu impulso
formas de intervenção diferenciadas. As intervenções de Ser, utiliza, como instrumento de construção da
terapêuticas sustentam-se cada vez mais em sua existência, o brincar.
conhecimentos multidisciplinares e é neste sentido que
os saberes de diferentes áreas, ao serem partilhados, 2.1 A gênese do jogo-em-relação
permitem criar novos espaços de reflexão, de prática
e experimentação. Nos primeiros tempos de vida, o bebê e a
mãe formam uma unidade fusional, em que o
corpo de um está interligado ao corpo do outro,
2 Abordagem Teórica sobre o a que Mahler et al. (1977, p. 75) denominam de
Jogo-em-relação “[...] estádio de unidade dual com a mãe” ou simbiótico.
Nesta fase, para a criança, não existe Eu e não-Eu,
Como se sabe, é desde a vida intrauterina que a não há externalidade, não há objetos externos,
criança esboça um brincar, ao realizar movimentos não há mãe, porque o externo não se distingue do
com o seu corpo. Aqui, o brincar é entendido como interno. Existe um sentimento, descrito por Freud
o exercício funcional das capacidades corporais. (1930/1974) como oceânico (associado à não existência
Após o nascimento, a capacidade de brincar da de fronteiras entre o Eu e o mundo). O bebê está
criança passa a incluir a capacidade de brincar do completamente dependente dos cuidados da mãe,
outro. A criança, a partir do momento em que, na tanto em termos de necessidades físicas como de
relação com o outro, inicia o processo de construção afeto, em uma condição de dependência absoluta.
de significados, alcança um novo estágio, no qual o Nos momentos em que está acordado, vai estabelecer
brincar assume, progressivamente, o caráter lúdico atividades lúdicas carregadas de emoções partilhadas
que passa a ser a sua modalidade preferencial para com a mãe. São estes momentos de jogo-em-relação,
explorar, imaginar e comunicar. Assim, por meio por meio de carícias, cantorias e olhares da mãe, que
do jogo, a criança solicita a sensoriomotricidade, a permitem ao bebê vivenciar a sensação de prazer,
cognição e, particularmente, os desejos e os prazeres que Stern (1990) denomina de jogos de interação.
associados a um corpo-em-relação. Trata-se do desejo Existem, também, momentos de jogo que a criança
de a criança se sentir contida pelo outro e do prazer realiza com as suas mãos, pés, voz e sorrisos, que
sensoriomotor em jogar com o outro, que tem sido permitem estabelecer uma relação com a sua própria
abordado por autores como Winnicott (1964, 1971), sensorialidade e que Golse (2006) considera como
Stern (1990) ou Golse (2002, 2006), e que envolve jogo autossubjetivo.
esta noção de corpo-em-relação. Estes jogos-em-relação estão associados ao papel
Todavia, a criança, ao longo do seu desenvolvimento, suficientemente bom da mãe em sustentar/cuidar
vai entrar em contato com diversos tipos de jogos: uns (holding) e manipular/tratar (handling) o filho
que exigem o domínio de alguns comportamentos (WINNICOTT, 1964, 1971), o que permite que este
específicos, estereotipados e condicionados por vivencie uma sensação de proteção física e psíquica, e
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desenvolva um estado de harmonia entre o psíquico espelho como um ser real de carne e osso (a sua
e o corpo (estado de personalização). A presença da imagem é vivida como sendo de outro). Depois, a
mãe fornece, através destes jogos, uma experiência de criança percebe que o reflexo é apenas uma imagem
onipotência ‒ quando deseja a mãe: ela está presente; e não um ser real (ainda não a reconhece como
quando sente necessidade: é satisfeita. sendo sua). Finalmente, a criança compreende que
Com o avançar do tempo, vai existir uma esta imagem é a imagem do seu corpo, que ela a
desadaptação à relação dual e a criança entra em representa, que é a sua imagem especular. Neste
um estado de dependência relativa (WINNICOTT, momento, é importante que se atribua a identidade
1964). Por volta dos seis meses de idade, as solicitações da criança à sua imagem, para facilitar a percepção da
sociais da mãe fazem com que esta retorne às suas imagem do seu corpo, para a tomada de consciência
rotinas, levando a criança a vivenciar a desilusão da que é um ser único e completo, e para a construção
falta dela, a falta do Outro. Durante o processo de do sentimento de identidade.
separação do não-Eu do Eu, a criança necessita que Por outro lado, vai ser através do jogo-em-relação
a mãe introduza objetos na relação, os quais, uma com os objetos e com a mãe que a criança vivencia
vez revestidos de significados a partir da vivência experiências cutâneas de contato, o que lhe edifica um
lúdica, assumem o significado da presença substitutiva sentimento de segurança interna. Vai ser através destes
dela, quando está ausente, o que caracteriza o objeto contatos corporais e das comunicações pré-verbais
transicional. precoces que a criança começa a diferenciar uma
Do ponto de vista afetivo, os jogos interativos superfície com face interna e externa, que representa
permitem que a mãe recorra ao objeto como uma uma superfície contentora – a pele. Será sobre esta
maneira de comunicar ao filho que não lhe pode pele contentora, este Eu-pele (ANZIEU, 1989), que
satisfazer completamente os desejos e, assim, utiliza o se formará a consciência de Si, a sua individualidade e
objeto como forma de compensação, ou seja, dá-lhe identidade. A qualidade deste Eu-pele está diretamente
algo com que possa superar qualquer falta que venha relacionada com a qualidade dos jogos que a criança
a acontecer (RODRIGUEZ, 2014). Assim, cada vez vivencia durante os cuidados maternais. Uma boa
que a mãe introduz na relação um novo objeto, ela “maternage” permitirá a construção desta fronteira
desenvolve uma triangulação precoce mãe/bebê/objeto. (Eu-pele) entre espaço exterior (continente físico) e
Pela presença de novos objetos, a criança vivencia espaço interior (continente psíquico), fundamental
qualquer coisa terceirizada, pela percepção de um para a construção psicocorporal da criança.
objeto que não é ele nem é ela. Estas situações, que Percebemos que a constituição da individualidade
colocam os objetos como significado de terceiro na da criança, ao adquirir a capacidade de brincar só,
relação, abrem caminho para a intersubjetividade, tem a sua gênese na atividade de jogar com o outro.
ou seja, para a relação com o outro (relação entre A possibilidade de jogar-em-relação proporciona à
duas subjetividades), ajudando a criança a aceitar e criança estímulos que possuem um papel estratégico
a integrar a admiração intersubjetiva (afinal, somos no processo de consciência do seu próprio corpo e,
dois?), e para a transicionalidade (WINNICOTT, consequentemente, de descoberta progressiva do
1971). Sobre a transicionalidade, que está relacionada seu Eu, do seu espaço interior, ao mesmo tempo
com as atividades de substituição do objeto materno em que descobre a realidade, o seu espaço exterior.
que fornecem segurança, gostaríamos de referir que Como propõe Oliveira (2006), a criança, ao
a realização de jogos com os dedos, o colocar objetos passar de um estado de dependência absoluta para
na boca, tocar e acariciar materiais suaves e macios, um estado de independência, a mãe, para ela, passa
ou brincar com os seus sons vocais, são formas de de objeto subjetivamente concebido para objeto
representação da mãe como objeto que tranquiliza. objetivamente percebido, criando-se um espaço
Deste modo, ultrapassa a desilusão que sente quando compartilhado: o espaço potencial. Este espaço
a mãe não está em sua presença, o que abre caminho localiza-se entre a criança e a realidade exterior.
para a construção da sua independência. Vai ser através do jogo, neste espaço, que a criança
Os jogos-em-relação realizados num ambiente vai aceitar a separação, ao solicitar experiências
de prazer vão permitir a separação-individuação ilusórias e aceder a símbolos e signos substitutivos.
e abrem caminho para a edificação do sentimento De forma geral, vai ser através do jogo neste espaço
de Si (GOLSE, 2006). O processo denominado de potencial que o ser humano ‒ e, neste caso concreto,
separação-individuação acontece, simultaneamente, a criança ‒ contém as tensões que surgem entre a
em um primeiro momento, com uma fase que Lacan realidade interior e a realidade exterior, e se assegura
(1966) denominou de fase do espelho. Em uma face às angústias arcaicas, durante o seu ciclo de
primeira etapa, a criança percebe o seu reflexo no vida. Este é o espaço de jogo de todos nós.
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3 Psicomotricidade e a potencializar não somente a sua funcionalidade,


mas também as capacidades tonicoemocionais e
Jogo-em-relação psicoafetivas.
A psicomotricidade não é uma teoria em si, mas Uma terapia com objetivos psicomotores tem
uma práxis, que tem como referência principal o corpo de estruturar-se sobre esta dupla negação. Por quê?
em toda a sua complexidade (existencial, expressiva, Porque uma prática centrada apenas no corpo real
emocional, identitária) e que se integra nas teorias corre o risco de se tornar uma ortopedagogia do
que envolvem o ser humano (CICCONE  et  al., corpo e uma prática centrada apenas no corpo
2007). A intervenção psicomotora é uma práxis de imaginário corre o risco de provocar uma maior
mediação corporal, porque, pela sua especificidade, separação entre a função e a relação. Como refere
intervém com o corpo em relação, como se existisse Fernandes (2012, 2015), a intervenção psicomotora
um corpo entre dois, como se existisse um terceiro, deve perspectivar tanto a aquisição de habilidades
entre o adulto e a criança. Isto, porque existe como motoras em um fundo tônico emocional e relacional,
que uma reativação no presente das necessidades, como também o desenvolvimento de capacidades
emoções ou expectativas que a criança construiu nas relacionais, simbólicas e emocionais em um fundo
relações que estabeleceu com a mãe, o pai e os irmãos, de vivências motoras. É necessário pensar, conhecer
no passado. Existe como que “[...] une expérience a e integrar uma psicomotricidade sem divisões que,
mínima que porte en elle les germes d’une émotion por natureza própria, não é nem apenas funcional,
inmense, parce que réactivant les traces contenues nem apenas relacional (CALZA; CONTANT;
dans la mémoire du corps” (POTEL, 2015, p. 113). MOYANO, 2007).
Assim, a criança se expressa através de metáforas Por isso, o jogo-em-relação proporciona à criança
corporais quando joga de forma espontânea, estímulos que têm um papel estratégico no processo
revivenciando a relação com um Outro, neste caso de consciência do próprio corpo, na aquisição da
um terceiro, mas atualizado na imagem de autoridade verticalidade que lhe permite tomar consciência
do adulto; nominamos essa relação de jogo-em-relação. da noção do espaço interior e na descoberta
No entanto, não nos devemos fixar no passado, ou seja, progressiva do Eu, ao mesmo tempo em que
no que a criança já vivenciou, mas sim no presente descobre a realidade do espaço exterior (JARICOT,
em que se estabelece uma relação atual, aproveitando
2006). Assim, tanto as vivências sensoriomotoras
as capacidades e qualidades funcionais e relacionais
associadas à realização do jogo-em-relação, como
da criança. Deve-se proporcionar ‒ e como refere
o papel do envelope sensoriomotor na construção
Coimbra de Matos (2016) ‒ o estabelecimento de
do eixo corporal ‒ como o desenvolvimento das
uma relação sã, sanígena e desenvolutiva com o
representações e emoções pela solicitação do corpo
outro, o mundo e ela própria.
real (função) e imaginário (relação) ‒ fundamentam
Por tudo isto e seguindo os princípios definidos o desenvolvimento neuro-cognitivo-motor e o
por Ajuriaguerra (1962), o jogo tem de ser sempre desenvolvimento psico-afetivo-corporal da criança
relacional, o que não significa, contudo, que seja (BULLINGER, 2011).
um tudo psíquico. O tudo psíquico não deve ser
apanágio da psicomotricidade (CICCONE et al., Durante o jogo-em-relação (livre e espontâneo), a
2007). A existência da relação corpo-psiquismo não criança desenvolve e cria atividades de acordo com
quer dizer que se considerem todas as manifestações as suas necessidades psicoafetivas e emocionais,
corporais como expressão de uma problemática como, por exemplo, construir uma casa com os
intrapsíquica. Também não devemos estar centrados tecidos, colchões e blocos de espuma, em que se
apenas no desenvolvimento neuromotor, na procura deita e se envolve com tecidos para experimentar
da performance física ou na especialização do uma sensação de tranquilidade, ou correr por toda
movimento pelo treino exclusivo das funções a sala com um bastão na mão como se fosse um
anatomofisiológicas. A psicomotricidade não é uma guerreiro para afirmar a sua identidade, ou lançar
“orthopedagogie” (JOLY, 2014), pois o modelo de bolas para os colegas na tentativa em estabelecer um
intervenção psicomotora envolve uma abordagem elo de comunicação. Como refere Winnicott (1971),
global, lúdica e mediatizada, corpóreo-psíquica, do estas formas de jogar são equivalentes à capacidade
ser-em-relação. Estas noções são fundamentais para de a criança representar e criar. No entanto, é
os psicomotricistas, terapeutas ocupacionais ou para fundamental relembrar a necessidade da relação ser
qualquer profissional que queira utilizar o jogo como uma relação de qualidade, que Coimbra de Matos
alavanca para o desenvolvimento infantil, de forma (2016, p. 6) descreve como

Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 26, n. 3, p. 702-709, 2018


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[...] relação de confiança – segura e fiável, terapeuta não pode ficar na inconsciência da relação
responsiva e previsível –, de intimidade (comunicação), mas em um parentesco relacional
afetiva – que toca o âmago dos parceiros e (comunicativo) com a criança, em que este não é
por isso perdura para além dos encontros o agente nem a criança a agida; o que se pretende é
presenciais, deixa rasto, e cria expectativas, que ambos sejam uma coisa e outra, e construam
constrói futuro. uma comunidade de sentimentos e emoções que
permitam a transformação e o desenvolvimento
Por esta razão, o terapeuta deve participar dos
(MIRA; FERNANDES, 2015).
jogos de imaginação da criança, aprender a escutá-la,
receber o que ela oferece, estar disponível para ser
e estar com ela, e utilizar a sua criatividade para 4 Considerações Finais
sugerir a inclusão de novos elementos lúdicos. A sua
presença atenta e participativa no jogo proposto pela Após as cogitações apresentadas e para o encerramento
criança permite que ela experimente a capacidade deste ensaio ‒ que, de forma indelével, envolve o
de ser autônoma, de ser eficaz e ter confiança em paradigma dualidade vs. dialética entre função e
si própria; e, se lhe for permitido realizar o que relação ‒, apresentamos algumas linhas orientadoras
deseja e o que gosta de fazer, sentir-se-á valorizada que permitem equacionar o jogo-em-relação como
e competente nas atividades que realiza. O jogo mediador de intervenção terapêutica:
livre é fundamental para o desenvolvimento do a) O jogo deve supor sempre uma relação com
pensamento, pois a criança, ao ter liberdade de fazer
o objeto, o outro, o espaço e o tempo. Isso
o que deseja, pensa nas funções que gostaria de dar
pressupõe um espaço potencial de jogo, o qual
aos objetos, o que permite desenvolver a capacidade
permite o desenvolvimento da criatividade e
em criar, recriar e, simultaneamente, ter o prazer
não apenas a simples manipulação de objetos;
em decidir e pensar.
Por meio desta relação dialética, pela qual o adulto b) A criança deve vivenciar, de forma livre e
deixa fluir o desejo da criança, o jogo psicomotor espontânea, o prazer de jogar, correr, saltar,
abre caminho para a construção de uma relação gritar, desempenhar o papel de um outro,
afetiva em que a criança reconhece o outro como enquanto pensa, espera, observa e explora;
par. Quando a criança parte do seu desejo, tendo também deve realizar atividades e construções
ela a iniciativa e o outro lhe serve de par, abre-se com bolas, blocos de espuma, tecidos, cordas,
espaço para uma relação empática que concede ao bastões e, sempre que desejar, ter a liberdade
adulto o direito de assumir, aos poucos, a iniciativa de destruir e voltar a construir, de realizar
dentro do jogo e, posteriormente, a proposição de e não realizar, para que possa desenvolver o
novos jogos. sentimento de ser;
Assim, é através da atitude relacional do terapeuta
c) A criança, ao jogar, deve estar livre, sentir
e da sua função de espelho tonicoemocional
prazer em utilizar o seu corpo real e vivenciar
tranquilizador e não culpabilizante, que a prática
livremente experiências ilusórias que expressa
psicomotora se torna efetiva e producente (MIRA;
através do corpo imaginário, pois, como refere
FERNANDES, 2015), ou seja, por uma transmissão
verbal ou corporal contentora que, de acordo com o Golse (2002), o jogo é um espaço de narração
que a criança expressa tonicoemocionalmente, vai e liberdade;
ao encontro do que ela necessita naquele momento. d) O terapeuta deve ter um olhar participativo para
O terapeuta deve desempenhar a função de Eu-auxiliar o jogo livre e espontâneo, o jogo-em-relação,
e companheiro de jogo da criança. Uma das estratégias que é o meio, por excelência, para solicitar as
para implementar esta relação é estar sempre disponível funções gnosicopráxicas, as funções imaginárias
para as diferenças, especificidades e peculiaridades simbólicas e o prazer de criar agindo, o que
da criança (GUTIERRES FILHO, 2012), e atuar de permite, à criança, a aquisição da sua identidade
forma empática; voltando a parafrasear Coimbra de e do sentimento em ser e existir.
Matos (2016), pelo estabelecimento de uma relação
sadia e saudável. Constatamos que existe um conjunto de
Desta forma, as sensações, ao serem emocionalmente conhecimentos, expressos nestas quatro alíneas
partilhadas, podem ser mais bem integradas, percebidas orientadoras, que permitem justificar e enquadrar o
e representadas, o que ajuda a criança a dar sentido jogo-em-relação numa prática terapêutica que solicita
ao que vivencia. O que pretendemos referir é que o o corpo real e o corpo imaginário, necessários à
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estruturação e ao desenvolvimento psicomotor e FERNANDES, J. Das abordagens emergentes em


psicocorporal. psicomotricidade às atualidades da prática psicomotora.
In: FERNANDES, J.; GUTIERRES FILHO, P. (Ed.).
Albergamos, neste texto, um conjunto de ideias
Atualidades da prática psicomotora. Rio de Janeiro: Wak,
que permitem aos terapeutas, independentemente de 2015. p. 19-28.
serem psicomotricistas, terapeutas ocupacionais ou
outros profissionais, refletir sobre a forma de solicitar FONSECA, V. Psicomotricidade: uma visão pessoal.
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Acesso em: 10 set. 2016.
o jogo como mediador da sua intervenção. Entre
as diretrizes apresentadas, as mais relevantes estão GATECEL, A. Psychosomatique relationnelle et psychomotricité.
associadas à forma como as vivências corporais, Paris: Editions Heures de France, 2009.
sensoriais, gnosicopráxicas, lúdicas e cinestésicas GOLSE, B. Do corpo ao pensamento. Lisboa: Climepsi, 2002.
devem ser vividas e partilhadas, em um espaço
GOLSE, B. O desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança.
contentor, através de uma relação tonicoemocional Lisboa: Climepsi, 2006.
empática entre o terapeuta e a criança.
GUTIERRES FILHO, P. A psicomotricidade relacional
Como última consideração, referimos a em meio aquático. Barueri: Manole, 2003.
necessidade de se solicitar sempre o corpo real
associado à funcionalidade e o corpo imaginário GUTIERRES FILHO, P. A psicomotricidade em meio
associado aos desejos, vontades e prazeres da criança, aquático. In: FERNANDES, J.; GUTIERRES FILHO, P.
(Ed.). Psicomotricidade: abordagens emergentes. Barueri:
que se expressam através de metáforas durante o
Manole, 2012. p. 72-85.
jogo-em-relação. Por isso, não devemos centrar a
intervenção ou só na função ou só na relação. Assim, JARICOT, B. Du corps à corps à sa propre verticalité.
este jogo-em-relação permite, ao terapeuta, ajudar Enfances & Psy, Paris, v. 33, n. 4, p. 80-91, 2006.
a criança a (re)habitar o seu corpo, ao processar JOLY, F. Psychomotricité: une motricité ludique en relation.
tanto as informações sensoriomotoras como as In: POTEL, C. Psychomotricité: entre théorie et pratique.
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Desta forma, as atividades da Educação Física podem ser consideradas ações a


serviço da educação, pois elas cuidam do movimento, e ao mesmo tempo põem em jogo
as funções intelectivas e a afetividade.
Como ciência em prol da educação, a Psicomotricidade tem como objetivo
educar o movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência e a afetividade.
Portanto, a educação psicomotora é indispensável a toda criança.
Toda escola deve promover estímulos para desenvolver em seus alunos as
habilidades de esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação
temporal, tônus, postura e equilíbrio, pré-escrita e a psicomotricidade fina.

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Como citar este artigo:


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Data de submissão: dez/2015


Aprovação final: jan/17
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