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Ginaius

Paços de Brandão

2020/2021

Diana Amorim

Tema do Trabalho: Aulas de Karaté

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Índice
Introdução
Origem
História
 Mundo
 Japão
 Arte das mãos oquinauenses
 Arte das mãos vazias
 Caminho das mãos vazias
Atualidades
Olimpíadas
Em África
No Brasil
Em Portugal
Estilos
Ética e filosofia
Dojo kun
Tode jukun
Niju kun
Técnicas
Graduação
Competição
Vocabulário
Desenvolvimento do karatê como desporto
Entrada do karatê nas Olimpíadas
Karatê fora dos Jogos Olímpicos de Paris 2024
Regras do Karatê
Regras do Karatê na modalidade Kumitê
 Objetivo do karatê
 Tatame do karatê
 Duração da luta no karatê
 Penalidades e punições no karatê
Regras do Karatê na modalidade Kata
 Como funciona o Kata
 Sistema de pontuação
 Desclassificação no Kata
Técnicas e golpes do Karatê
Ataque com as mãos (te-waza)
Defesa com as mãos (uke – waza)
Ataque com os Pés (Ashi – Waza)
Equipamentos do Karatê
Faixas do karatê
Conclusão

Índice de Figuras
Figura 1 - Karaté
Figura 2 - Anko Itosu
Figura 3 - Kenwa Mabuni
Figura 4 - Mestres de caratê na década de 1930
Figura 5 - Jigoro Kano
Figura 6 - Samurai
Figura 7 - Competição de caratê: kumite
Figura 8 - Karatê fará sua estreia nas Olimpíadas nos Jogos de Tóquio, em 2020
Figura 9 - Karatê Kumitê é aquele em que efetivamente ocorre uma luta
Figura 10 - Competições de Kata podem ser disputadas por equipes com três
atletas
Figura 11 - O “kimono” de Karatê, o Karategi, deve ser branco e sem listras
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24 de Junho – 3 Horas

Introdução
O karaté é uma arte marcial de origem japonesa que consiste
na defesa pessoal sem o recurso a armas, apenas se utilizando
a aplicação de golpes rápidos de mãos e de pés em zonas
vitais do corpo do adversário. Simboliza a essência da
filosofia budista Zen, que consiste na prática da meditação
aliada à postura descontraída do corpo. O fundamento básico
para a prática desta arte marcial é afastar qualquer espírito de
agressão ou vingança. O karaté é considerado a base de todas
as artes marciais orientais.

O Karaté, também chamado a arte marcial das mãos vazias, devido à ausência
de armas ou de intenções violentas, é uma disciplina de Budô (oriunda do
Japão) que promove a melhoria da condição de vida dos seus praticantes
(karatecas) através da segurança, bem-estar e movimento.

Figura 1 - Karaté

Origem
Caraté ou karaté é uma arte marcial japonesa desenvolvida a partir da arte
marcial indígena de Okinawa sob influência da arte da guerra chinesa (chuan
fa), das lutas tradicionais japonesas (koryu) e das disciplinas guerreiras
japonesas (budō).
A influência chinesa foi maior inicialmente durante o desenvolvimento,
variando em um paradigma primitivo de simples luta com agarrões e projeções,
para um modelo com mais ênfase em golpes traumáticos, e se fez sentir nas
técnicas dos estilos mais fluidos e pragmáticos da China meridional. Depois,
devido a alterações geopolíticas, sobreveio a predominância das disciplinas de
combate do Japão e, nesse período, o modelo tendeu a simplificar ainda mais os
movimentos, tornando-os mais diretos e eliminando o que não seria útil ou que
fosse apenas floreio.
O repertório técnico da arte marcial abrange, principalmente, golpes
contundentes nos pontos vitais (atemi waza), como: pontapés, socos, joelhadas,
bofetadas, etc., executadas com as mãos desarmadas. Todavia, técnicas de
projeção, imobilização e bloqueios — nage waza, katame waza, uke waza —
também são ensinados, com maior ou menor ênfase, dependendo de qual estilo
ou escola se aprende a arte.
Grosso modo, afirma-se que a evolução desta arte marcial aconteceu orientada
por renomados mestres, resultando no caratê moderno, cujo trinômio básico de
aprendizado divide-se em: kihon (técnicas básicas), kata (sequência de técnicas,
simulando luta com várias aplicações práticas) e kumite (enfrentamento
propriamente dito, que pode ser mero simulacro ou dar-se de maneira desportiva
ou competitiva ou mais próxima da realidade). Esse processo evolutivo também
mostra que a modalidade surgida como se fosse uma única raiz acabou por se
dividir em três partes e, por fim, tornou-se uma miríade de diversas variações
sobre um mesmo tema.
O estágio da transição entre os séculos XX e XXI revela que a maioria das
escolas de caratê tem dado ênfase à evolução do condicionamento físico,
desenvolvendo velocidade, flexibilidade e capacidade aeróbica para
participação de competições de desporto de combate, ficando relegada àquelas
poucas escolas tradicionalistas a prática de exercícios mais rigorosos, que visam
o desenvolvimento da resistência dos membros, e de provas de quebramento de
tábuas de madeira, tijolo ou gelo. De um modo simples, há duas correntes
maiores: uma, tendente a preservar os caracteres marcial e filosófico do caratê;
e outra, que pretende firmar os aspetos desportivo e lúdico.
A partir do primeiro quartel do século XX, o processo de segmentação instalou-
se de vez, aparecendo diversos sodalícios e silogeus, até alguns dentro dos
outros, pretendendo difundir seu modo peculiar de entender e desenvolver o
caratê, a despeito de compartilharem semelhanças técnicas e de origem. Tal
circunstância, que foi combatida por mestres de renome, acabou por se
consolidar e gerar como consequência a falta de padronização e entendimento
entre entidades e praticantes. Daí, posto que aceito mundialmente como
desporto, classificado como desporto olímpico e participando dos Jogos Pan-
Americanos, não há um sistema unificado de valoração para as competições,
ocasionando grande dificuldade para sua aceitação como desporto presente nos
Jogos Olímpicos.
Em que pese a enorme fragmentação de estilos e os inúmeros tratamentos ou
convívios sem cerimónia e com intimidade, procuram ainda seguir um modelo
pedagógico mais ou menos comum. E neste ambiente, distingue-se o mero
praticante daquele estudioso dedicado a arte marcial, o carateca, o qual busca
desenvolver uma disciplina rigorosa, filosofia e ética, além de aprender simples
movimentos e condicionamento físico. Nessa mesma linha, aquele carateca que
alcança o grau de faixa ou cinturão preto(a) é chamado de sensei. E os sítios de
aprendizado são chamados de dojôs, sendo estes, via de regra, filiados a alguma
linhagem ou estilo.

História
Antecedentes
 Mundo
Quando se trata de estudar as origens das artes marciais, é importante constatar
de pronto que é impossível estabelecer ou identificar qual o momento exato em
que surgiram, e o máximo que se pode fazer são conjeturas a partir do ambiente
sociocultural em que se desenvolveu, traçando uma linha de acontecimentos
mais ou menos coerente, haja vista que alguns aspetos duma arte marcial (v. g.,
algumas técnicas e/ou personagens) têm uma origem bem conhecida ou
documentada, porém, o conjunto não se fecha, se não se incluírem outras fontes,
como relatos e anedotas. O que se sabe é que todos os povos que se organizaram
em sociedade possuem alguma forma de defesa, isto é, pelo menos possuem
uma força armada, pois os ajuntamentos de pessoas eventualmente entravam em
choque, por recursos naturais ou outros motivos.
Naturalmente, seguindo uma linha evolutiva mais ou menos uniforme, tal como
aconteceu com a agricultura, a pesca, a música e outras atividades, as artes
marciais desenvolveram-se como disciplina, surgindo mestres e aprendizes.
Isso, por exemplo, pode ser demonstrado pela existência das falanges gregas,
modelo que se impôs por certo tempo, até ser superado pelas coortes romanas, e
assim anterior e sucessivamente.
Da Grécia, vem outro exemplo de desenvolvimento das artes marciais como
disciplina. As cidades-estados (ou polis) disputavam a supremacia sobre as
demais, pelo que apareceram os períodos ateniense, espartano, tebano etc.
Dentro de tais circunstâncias, somente em Esparta as disciplinas militares
tiveram relevo, eis que naquele ambiente foi dado destaque ao desenvolvimento
físico, para fazer frente aos embates e os cidadãos espartanos (esparciatas)
treinavam de maneira forte tanto a luta armada como a desarmada.
Em se tratando de luta desarmada, no ambiente helênico desenvolveu-se a arte
marcial do pancrácio, que teria surgido por volta do século VII AEC ou antes e
cujo arcabouço técnico englobaria os mais variados movimentos e golpes, desde
socos a estrangulamentos. Como desporto sabe-se ter feito parte dos Jogos
Olímpicos naquela época.
Caminhando já na Ásia, onde se acredita ser o berço das artes marciais
modernas, sabe-se que o exército de Alexandre Magno enfrentou guerreiros de
várias origens, como de China e Índia. É impossível creditar o desenvolvimento
das artes marciais asiáticas ao contacto com os gregos, pois logicamente
existiam já naquelas paragens suas próprias disciplinas, tanto é que se deu
enfrentamento entre exércitos e não de um exército e pessoas desarmadas.
Infere-se ter havido certamente a troca de conhecimentos, o que era inevitável,
após a estabilização das relações. De qualquer forma, havia na Índia uma forma
de luta chamada de vajramushti, a qual parecer ter sido transmitida a outros
países ou mesmo comunidades, no processo de trocas culturais na Ásia.
Posto que se diga tratar mais de especulações, diante da lacuna documental e de
que, mesmo existindo algum documento, se tratam de coletâneas de relatos,
lendas ou anedotas, de facto, as artes marciais passaram a ter caracteres mais
formais quando um monge budista indiano chamado Bodhidharma — o
primeiro grande mestre —, por volta do ano 520 EC, no fito de empreender uma
longa jornada em busca de iluminação espiritual, viajou desde a Índia até a
China. O monge ficava onde lhe dessem abrigo, em templos ou casas, e
aproveitava para evangelizar de acordo com sua doutrina.
Sua jornada o teria levado até o Templo Shaolin e, quando Bodhidharma viu as
condições físicas precárias em que se encontravam os monges daquele sítio,
exortou-os no sentido que a pessoa deveria evoluir por completo,
desenvolvendo o lado espiritual mas sem esquecer do físico, pelo que instruiu
todos na prática de exercícios.
A prática dos exercícios evoluiu para um sistema de defesa pessoal, até com o
uso de armas e outros instrumentos, fazendo surgir uma reputação de que os
monges lutadores seriam experts em diversas modalidades e formas de combate,
pelo que se difundiu por toda a China. Os monges de Shaolin não se isolaram
apenas na China e levaram seus conhecimentos religiosos, filosóficos e marciais
para outros recantos, entre estes o Japão.
 Japão
O arquipélago de Oquinaua localiza-se quase que exatamente a meio caminho
entre Japão e China, no Mar da China Oriental. Por causa de sua posição
geográfica, a região sempre despertou a cobiça dos dois países, os quais não
pouparam esforços para estenderem suas influências (culturais e econômicas),
tornando a existência de um governo local submetida à conjugação de interesses
e política externos. A influência chinesa era considerável, e alguns praticantes
de artes marciais oriundos daquele país chegaram a Oquinaua.
Apesar da circunstância de gravitar em torno da influência sino-japonesa,
sucedeu na história de Oquinaua, entre 1322 e 1429, um período denominado de
Sanzan-jidai, período dos três montes quando que se debateram os três reinos de
Hokuzan, Monte Setentrional, Chuzan, Monte Central e Nanzan, Monte
Meridional pelo controle da região. Tal período acabou com a unificação sob a
bandeira do reino de Ryukyu e sob o comando de Chuzan, que era o mais forte
economicamente, inaugurando a primeira dinastia Sho: Sho Hashi. Nessa época,
influência chinesa consolidou-se como a preponderante das duas e isso se
refletiu na estrutura administrativa do reino e noutros aspetos culturais.
Entrementes, após a unificação e no fito de conter eventuais sentimentos de
revolta, el-Rei Sho Hashi promulgou um édito que tornou proibido o porte de
quaisquer armas por parte da população civil. Este facto é considerado o marco
principal do processo evolutivo que veio a culminar no caratê, posto que já
existisse em Oquinaua uma arte marcial própria, a medida régia impôs um ritmo
diferente, pelo que, devido à necessidade de as pessoas terem uma forma de
defesa e em razão da proibição real, aquelas técnicas foram-se aperfeiçoando.
Fruto também da proibição do porte de armas foi o desenvolvimento do kobudo,
outra arte marcial oquinauense que transformou o uso de objetos do cotidiano
em armas, como a tonfa e o nunchaku, que eram originalmente instrumentos de
trabalho, para manuseio de moinho e debulhagem de arroz.
A sociedade japonesa, possuindo uma classe guerreira, era há muito
conhecedora de disciplinas de combates com e sem armas. No seio das famílias
e/ou clãs fomentaram-se formas de combate, os chamados koryu, transmitidos
somente internamente. Entretanto, o que importa é que houve certa troca de
conhecimentos, posto que muito velada, e que essas artes evoluíram para
atender exatamente às necessidades dos grupos que as usavam.
Essa peculiaridade, de existir uma classe nobre guerreira, impingiu à nascente
arte do caratê um carácter subalterno, de exórdio, pois se desenvolveu
precipuamente nas camadas mais pobres da população, que sobreviviam de
atividades agrícolas e de pesca, haja vista que as classes de guerreiros, tal e qual
sucedia em China e Japão, não difundiam suas disciplinas de combate fora de
seu estreito círculo. De qualquer modo, a classe guerreira (mormente, os
peichin) acabou por se render às técnicas de luta desarmada.
O que viria a ser o jiu-jítsu surgiu para capacitar o samurai para a luta
desarmada mas usando armadura, pelo que não era racional utilizar
ostensivamente de pontapés e socos mas mais projeções e estrangulamentos.
Por seu turno, o que se desenvolveu em Ryukyu visava justamente ao combate
desarmado, que se poderia dar em qualquer sítio sem que os contendores
estivessem a usar dum trajo específico, pero poderia coincidir de se enfrentar
guerreiros com armadura, pelo que socos e pontapés eram mais interessantes,
isso aliado ao condicionamento de mãos e pés para serem instrumentos de
ataques fulminantes.
A independência do reino de Ryukyu sofreu duro golpe quando, em 1609, o clã
samurai de Satsuma, com aprovação do imperador do Japão, subjugou o
arquipélago. Por ocasião da invasão, os samurais encontraram pouco ou nenhum
revide, porque, dadas as circunstâncias, el-Rei declarou que a vida é o mais
importante tesouro e recomendou que a população das ilhas não revidasse à
agressão estrangeira. Oquinaua passou a ser um estado tributário de Japão e
China, mas, contrário ao cenário anterior, com predomínio nipônico, que expôs
a cultura local e influenciou sobremaneira o desenvolvimento das artes
marciais, sob os valores da classe guerreira. Naquele momento, o clã Satsuma
introduziu sua própria disciplina, o jigen-ryu.
 Arte das mãos oquinauenses
Antes das influências sínica e nipônica, já existia uma espécie de luta
desarmada e nativa de Oquinaua, que era praticada abertamente, chamada de
mutô, cujo embate começava com empurrões muito parecidos com os de sumô,
depois, seguindo-se com apliacação de golpes de arremesso e torção. Vencia
aquele que derrubasse ou submetesse o adversário. Era uma prática cujo fito
mor era recreativo, mas que, segundo alguns autores e mestres, teria sido a
semente do caratê, que foi então paulatinamente sendo moldado e modificado
sob a influências do boxe sino-meridional.
Em meados do século XVII, uma arte marcial oquinauense sem armas já era
estabelecida, sendo conhecida por "tê". Também é referida como mão de
Oquinaua, quando surge a figura de Matsu Higa, renomado mestre de te e
kobudo e também experto em chuan fa, que teria aprendido com mestres
chineses. Mas já nesse tempo, a arte marcial já vinha evoluindo em três formas
distintas, radicadas nas três cidades que as nomearam, Naha-te, Tomari-te e
Shuri-te.
Acredita-se que Sensei Higa tenha sido, dentro de seu estilo próprio, o primeiro
a estabelecer um conjunto formal de técnicas e chamá-lo de te.
Destacaram-se mais os estilos de Shuri, por ser a capital, e de Naha, por ser
cidade portuária e mais importante entreposto comercial. Entretanto, posto que
tivesse menor relevo no cenário da época, por ser mormente uma cidade de
trabalhadores, pescadores e campesinos, Tomari, devido a exatamente suas
características, desenvolveu o estilo peculiar e muitas vezes erradamente
confundido com o estilo de Shuri. Ademais, em que pese cada uma das cidades
ter seu estilo, elas compartilhavam informações e praticantes.
Na linhagem do estilo shuri-te, caracterizado pelas posturas corporais naturais e
por movimentos lineares de deslocamento e de golpes, seguiram-se a sensei
Higa, mais ou menos numa linha de instrutor e aprendiz, os mestres Peichin
Takahara, Kanga Sakukawa e Sokon Matsumura.
Com mestre Takahara[d], já por influência japonesa, o te vem a receber os três
princípios que culminariam com a transformação da técnica numa disciplina
muito maior já na transição do século XIX para o século XX.
Ainda no século XVII, o te sofria fortes influências desde a China. Mestre
Sakukawa, por sugestão de Peichin Takahara, foi aprender com o chinês
Kushanku — mestre de chuan fa — e, depois, diretamente no continente. Tais
características não passaram despercebidas e calharam em que a arte marcial
passou a se chamar Tode ou Todi, ou ainda Toshukuken.
Enquanto isso, em Tomari, seu estilo adquiria uma característica mais
acrobática. Os principais expoentes da região foram os mestres Karyu Uku e
Kishin Teryua, que deixariam por legado a Kosaku Matsumora. Em Naha, o te
evoluia numa direção diversa, com movimento de extrema contração, golpes de
curto alcance e condicionamento do corpo para absorção de golpes, tudo
conjugado a técnicas de respiração.
Sob o ministério de Sokon Matsumura, o tode passou a ter um treinamento mais
formalizado com a compilação de uma série mais ou menos fechada de katas e,
principalmente, rompeu-se a barreira das classes sociais. Com Matsumura, que
fazia parte da elite guerreira e da corte de el-Rei Sho Ko e sucessores, o tode,
praticado mormente pelas classes trabalhadoras, passou a ser uma arte militar
reconhecida.
Por essa época, ficaram famosos, e quase lendários, os contos sobre as proezas
dos artistas marciais de Oquinaua, como a do mestre de Tomari-te, Kosaku
Matsumora, que desarmado derrotou um samurai. Assim, o te era conhecido
também por shimpi tode ou reimyo tode.
 Arte das mãos vazias
No fim do século XIX, o caratê ainda era marcado de modo forte por quem o
ensinava, não havia, posto que houvesse similitudes entre as técnicas, um
padrão, o que dificultava sua maior aceitação fora de círculos restritos, porque
era praticado e ensinado num rígido esquema de mestre/aluno.
Nesse meio tempo, sem olvidar altercações sínicas, o cenário político mudou
porquanto da anexação final de Ryukyu, em 1875, por parte do Japão, fazendo
com que o provecto reino se transmutasse na província de Oquinaua. Todavia, o
que poderia ser o fim tornou-se uma oportunidade, pois terminou com o
isolamento da população do arquipélago, incorporados de vez à população
nipônica. E coube a Anko Itosu, um discípulo de Matsumura e secretário do rei
de Oquinaua, usar de sua influência para tentar disseminar a arte marcial.

Figura 2 - Anko Itosu

O mestre via o te não somente como arte marcial mas, principalmente, como
uma forma de desenvolver caráter, disciplina e físico das crianças. Ainda assim,
o mestre julgava que os métodos utilizados até a época não eram práticos: o te
era ensinado basicamente por intermédio do treino repetitivo dos kata. Então,
Itosu simplificou o treino a unidades fundamentais, os kihons, que são as
técnicas compreendidas em si mesmas, um soco, uma esquiva, uma base, e,
além, compilou a série de kata Pinan com técnicas mais simples e que passariam
a formar o currículo introdutório. A mudança resultou na diminuição, supressão
em alguns casos, de táticas de luta, mas reforçou o caráter esportivo, para
benefício da saúde: deu-se relevo a postura, mobilidade, flexibilidade, tensão,
respiração e relaxamento.
Atribui-se ao mestre Itosu os primeiros movimentos no fito de promover a
mudança de denominação para karaté, como forma de vencer as barreiras
culturais, as resistências para aceitação, pois como algo com origem chinesa não
era visto com bons olhos, ademais porque havia tensões latentes entres os dois
países. Todavia, documentado é o fato de o mestre Hanashiro Chomo, numa
publicação intitulada «karate kumite», claramente referir-se à sua arte marcial
como mãos vazias.
Em 1900, aconteceu uma grande emigração amostra do caratê aos ocidentais,
quando o Havaí tinha sido anexado pelos EE.UU. havia aproximadamente dois
anos.
O caratê tornou-se desporto oficial em 1902. Evento dramático no
desenvolvimento do caratê que é o ponto em que se aperfeiçoa a transição de
arte marcial para disciplina física, deixando ser visto apenas como meio de
autodefesa.
Como resultado de seu progresso, Anko Itosu crê ser possível exportar o caratê
para o resto do Japão e, em começos do século XX, passa a empreender
esforços para tanto, mas não consegue lograr sucesso.
Paralelos a esses eventos, outro influente mestre, Kanryo Higashionna,
promovia por si outras mudanças. Ele desenvolvia um estilo peculiar que
mesclava técnicas suaves, evasivas e defensivas, e menos as rígidas, e tinha
como discípulos Chojun Miyagi e Kenwa Mabuni. A exemplo de Itosu,
Higashionna conseguiu fomentar os valores neles que levaram até as mudanças
futuras que tornariam o caratê mais aceitável.
Em que pesem a evolução que arte estava experimentando e havendo a fama de
ser um estilo de luta eficaz, fama essa que já havia muito corria pelo Japão,
ainda era pouco conhecida. Não se sabia realmente muito essa luta que matou
muitas pessoas, sobre suas características, fora os praticantes oquinauenses e
alguns poucos fora desse círculo ainda pequeno e cerrado. Em 1965 o caratê foi
proibido no Brasil por que ele já matou duas pessoas que estavam lutando:
Francisco de Oliveira dos Santos e Maria Fernanda dos Campos.
Alguns fatores contribuíram, entretanto, para a divulgação do caratê. Um desses
fatores era a mentalidade corrente à época que, mesmo com o processo de
disseminação dos costumes ocidentais iniciado com a Restauração Meiji, ainda
era muito apegada à figura do guerreiro, não sendo incomum o lance de desafios
a lutadores proeminentes ou mesmo a uma casa, família ou paragem. Não se
pode esquecer, contudo, que isso não se deva por bravata mas por orgulho, de
suas tradições e para homenagear seus mestres, resguardando-se a honra (no
mor das vezes). Era comum a prática do dojo yaburi (desafio ao dojô).
Certa altura, por volta de 1906 chegou a Oquinaua uma praticante de jujutsu (ou
de judô, segundo algumas fontes) que desafiou a todos da ilha a medir forças
com ele, para provar que seu estilo de jiu-jítsu era superior aos do Japão e da
região. No dia aprazado, posto que fosse já provecto (na casa dos setenta anos),
no meio de vários lutadores, o mestre Itosu não quis deixar sem resposta o
convite e foi ter com o desafiante, que interpelou o mestre, dizendo "que honra
haveria de ganhar de um idoso?", mas aquiesceu ao embate, por respeito ao
nobre ancião. A luta foi decidida com apenas um golpe.
Marcante e decisivo, entretanto, foi um desafio que mestre Choki Motobu
protagonizou. Chegou ao Japão um navio russo, conduzindo um lutador de
sambo (Jon Kirter), com porte físico avantajado (quase 2m de altura) e capaz de
cravar um prego na madeira com as mãos. O fito daquele lutador era divulgar
sua modalidade de luta e, para tanto, além das demonstrações públicas, que
envolviam proezas, como enrolar uma barra de ferro nos braços e
quebramentos, foi lançado um desafio a todo o país.
A nova correu até Oquinaua, sendo o desafio aceito pelos irmãos Motobu,
descendentes da casa real e notórios expertos em artes marciais, além do caratê,
kobudo e gotende. Dirigiram-se eles até o Japão. No dia da luta, tudo certo o
embate foi decidido com apenas um golpe na região do plexo solar. A vitória foi
considerada tão surpreendente que criou alvoroço e despertou de vez o interesse
pelo caratê.
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25 de Junho – 3 Horas

 Caminho das mãos vazias


Os esforços de Itosu, a despeito de não gerarem os efeitos almejados,
frutificaram nas mãos de seus alunos. Por exemplo, o Mestre Kenwa Mabuni,
como forma de tributo, sistematizou todos os ensinamentos aprendidos no estilo
Shito-ryu, que pretende fundir os estilos Shuri-te e Naha-te e com isso veio a
preservar muitas variações de kata; o Mestre Choshin Chibana, por seu turno,
compilou seu conhecimento no estilo Kobayashi-ryu, pretendendo preservar as
exatas formas por ele aprendidas de Matsumura e Itosu.

Figura 3 - Kenwa Mabuni

Entretanto, aproveitando o interesse no caratê, principalmente depois da vitória


do mestre Choki Motobu sobre o lutador russo, coube a Gichin Funakoshi
lograr grande êxito no objetivo do mestre Itosu, isto é, difundir o caratê como
desporto e nativo da cultura japonesa. Fundamental também foi a empresa de
outros grandes mestres, como Mabuni, Miyagi, Motobu etc., que não podem ser
considerados no arrabalde. Esses esforços não podem ser olvidados porque
criaram a ambiência em que Funakoshi logrou êxito em difundir o caratê pelo
arquipélago japonês. As técnicas do estilo iniciado por Funakoshi baseiam-se no
caratê de Itosu, mas dando mais ênfase ao aspecto formativo da personalidade,
característica que ficou impressa nas demais linhagens surgidas naquele
momento.
A divulgação não aconteceu sem resistência. A despeito de vários pedidos para
a não exibição de vários mestres que não viam com bons olhos o movimento,
Funakoshi levou o caratê até o sistema público de ensino, com a ajuda de seu
mestre Anko Itosu e, em pouco tempo, a arte marcial já fazia parte do currículo
escolar como disciplina física/esportiva, dando um impulso extraordinária, com
o caratê sendo praticado em vários sítios e sendo bastante apreciado e
valorizado localmente.
Entre 1902 e 1915, sensei Funakoshi viajou com seus melhores alunos por toda
Oquinaua realizando demonstrações públicas de caratê e calhou de o inspetor de
Educação do conselho, Shintaro Ogawa, estava particularmente interessado no
processo seletivo para ingresso nas forças armadas, preocupado em obter um
bom grupo, composto por jovens de boa índoles (valores) e boa compleição.
Ogawa ficou impressionado, que escreveu ao continente dando as novas.
Sucedeu de o almirante Rokuro Yashiro assistir a uma daquelas demonstrações,
explicadas por Funakoshi, enquanto seus alunos executavam kata, quebravam
telhas e faziam outras proezas, que expunham a eficácia do condicionamento
físico. O almirante ficou muito impressionado e ordenou que seus homens que
iniciassem o treinamento de imediato. Sucedeu também de, em 1912, o
comando Almirante Dewa escolher doze de seus homens para treinarem caratê
por uma semana, enquanto estivessem ancorados nas imediações. As novas
levadas por esses dois oficiais levaram o caratê a ser mais comentado no Japão.
E no desenrolar dos acontecimentos, calhou de, em 1921, o então príncipe
herdeiro e futuro imperador Hirohito assistir a uma dessas demonstrações, pelo
que ficou admirado e pediu a feitura de um evento nacional em Tóquio,
realizado em 1922. O evento foi muito bem sucedido e ocasionou de o mestre
Funakoshi ser coberto de convites para apresentar sua arte e um desses convites
foi feito por Jigoro Kano, para ser feito no instituto Kodokan.
Durante o evento, que levantou a plateia, mestre Funakoshi foi convencido a
permanecer no Japão e, com a ajuda de Jigoro Kano, de que se tornou amigo
íntimo, o caratê foi difundido.
O mestre sabia que haveria de surgir enorme oposição, haja vista que naquele
período da história das relações entre Japão e China não era dos melhores.
Ainda era muito recente a lembrança da Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–
1895). E até o fim da Segunda Guerra Mundial e da Segunda Guerra Sino-
Japonesa, com a rendição do Japão perante os Aliados, ocorreram vários
incidentes belicosos.
Tais circunstâncias levavam à conclusão de que uma arte marcial de origem
chinesa seria certamente repudiada, pelo que a mudança da arte para o karate-
dō, isto é, com o acréscimo do sufixo "dō", como se deu com muitas das artes
marciais praticadas no Japão. A partícula do significa caminho, palavra que é
análoga ao familiar conceito de tao. Daí que o caratê deixou de ser encarado
apenas em seu aspeto técnico, ou jutsu, para serem realçados o filosófico e o
físico (educacional).
Por outro lado, o caratê beneficiou-se de uma perspetiva que existia, a de que a
luta nativa de Oquinaua, aí incluso o seu kobudo (manipulação de armas), era
simplesmente uma forma de jujutsu ou koryu. Assim se pensava porque tanto os
vários estilos de jujutsu japoneses quanto o oquinauense valiam-se das mesmas
formas técnicas (luta desarmada, principalmente), diferenciando-se apenas no
foco e no treinamento, ou seja, nada de estranho, se comparado à tradição
samurai. Denominava-se o caratê de tejutsu, o que reforçava esse aspeto.
Entrementes, a proposição de Mestre Itosu, pela escrita do nome da arte marcial
como kara-te-dō foi objeto de debate em 1936, e mestres na época acordaram
que seria a melhor escolha, o que refletira a unidade do caratê e sua
originalidade, posto que houvesse sofrido diversas influências de fora.
Do modo como se desenvolveu, um elemento da cultura japonesa, o caratê está
imbuído de certos elementos do Zen-budismo, sendo que sua prática algumas
vezes é chamada de "zen em movimento". As aulas frequentemente começam e
terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de
movimentos, como a executada no kata, é consistente com a meditação zen
pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo
em condições adversas. A influência do zen nesta arte marcial depende muito da
interpretação de cada instrutor.
Devido aos esforços de Funakoshi o caratê passou a ser ensinado nas
universidades de Shoka, Takushoku, Waseda e Faculdade de Medicina.

Figura 4 - Mestres de caratê na década de 1930

A modernização e sistematização do caratê no Japão também incluiu a adoção


do uniforme branco e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado pelo
aluno, ambos criados e popularizados por Jigoro Kano, fundador do judô.
As contribuições de Jigoro Kano não se limitam ao uniforme de treinamento e à
padronização das graduações, mas vão até a técnicas, que foram compiladas
dentro do estilo Shotokan. O conceito de do, posto que presente há muito, foi de
certa forma reinterpretado segundo suas ideias.
Depois que Funakoshi demonstrou o caratê, outros mestres de Oquinaua
seguiram pela mesma trilha e se foram, no fito de conseguir novos alunos e
divulgar ainda mais. Um daqueles mestres era Kenwa Mabuni, que se fixou em
Osaca e, no ano de 1931, criou a Dai-Nihon Karate-do Kai, para dar apoio a seu
estilo, que foi registrado, primeiro como Hanko-ryu, e, depois, Shito-ryu.

Figura 5 - Jigoro Kano

Entrementes, somente durante a década de 1930 foi que a Associação Japonesa


de Artes Marciais, Butoku-kai, reconheceu oficialmente o caratê como arte
marcial nipônica e requereu que todas as escolas fizessem registro na entidade,
exigindo para esse registro que cada uma delas indicasse os nomes de seus
estilos.
Em maio de 1949, alguns discípulos de Funakoshi criaram uma associação cujo
escopo principal seria a promoção do caratê. O nome dado foi Nihon Karate
Kyokai, e o primeiro presidente foi Saigo Kichinosuke, membro da Câmara
Alta do Japão, neto de Saigo Takamori, um dos maiores heróis do Japão Meiji.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o caratê tornou-se popular na Coreia do Sul
sob os nomes tangsudo ou kongsudo quando a pratica do taekwondo foi
proibida pelos japoneses após sua invasão.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mestre Funakoshi com seus alunos
conseguiram que o Ministério da Educação classificasse o caratê como
educação física e não como arte marcial, tornando possível seu ensino, durante a
ocupação do Japão. Depois dos Estados Unidos o caratê foi difundido pela
Europa e o mundo.

Atualidades
Posto que mestre Funakoshi pregasse que o caratê era uma arte marcial única,
que as variações nas formas, nos estilos, deviam-se precipuamente às
idiossincrasias e que jamais denominou sua linhagem de estilo, ainda durante
sua existência e persistindo até os dias atuais, o que sucedeu foi uma
proliferação de estilos, escolas e linhagens diferentes.
A grande variedade de estilos e escolas, se por um lado facilita essa
disseminação, por outro, causou enormes dissensões e cisões entre entidades e
representantes. Muitas vezes, o que motivou a cisão foram disputas políticas
e/ou ideológicas.
Depois de criada por discípulos de Funakoshi, a quem aclamaram como líder,
em 10 de abril de 1957, a JKA ganhou a condição de entidade oficial, mas,
cerca de duas semanas depois, o grande mestre faleceu com a idade de 89.

Olimpíadas
Em 19 de junho de 1999, depois de muitos anos e muitos episódios marcados
pela discórdia, na 109ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional - COI,
confirmou-se o reconhecimento da Federação Mundial de Caratê (World Karate
Federation - WKF, em inglês) como o ente governativo do caratê mundial, o
que significava o também reconhecimento do esporte como esporte candidato a
figurar nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, como esporte de
demonstração, cuja confirmação dar-se-ia na 111ª Sessão do Comitê, para o ano
seguinte.
O COI estabelece dois parâmetros para a aceitação de um esporte como
olímpico: ser praticado em muitos países (membros) e ser representado por uma
entidade mundialmente reconhecida. Em 2016, o Comitê Olímpico
Internacional - COI aprovou o Caratê como modalidade olímpica para os jogos
Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.

Em África
A forma esportiva de caratê foi-se introduzindo em África por volta da década
de 1940. Formalmente, na África do Sul a modalidade foi iniciada no começo
dos anos 1950 por instrutores, como Len Barnes, Richard Salmon, James
Rousseau, Stan Schmidt e outros. Em Angola, processo semelhante se deu. E
com o tempo algumas entidades foram sendo criadas e se afiliando a outras, de
cunho internacional.

No Brasil
Da mesma forma como sucedeu com outras artes marciais japonesas, o caratê
foi introduzido no Brasil com a chegada de imigrantes japoneses no começo do
século XX. Mas somente no ano de 1956, o sensei Mitsuke Harada (Shotokan)
instala o primeiro dojô em São Paulo.[54] A esse exemplo seguiram os mestres
Juichi Sagara (Shotokan), em 1957; Seichi Akamine (Goju-ryu), em 1958; Koji
Takamatsu (Wado-ryu); Takeo Suzuki (Wado-ryu); Michizo Buyo (Wado-ryu);
Yoshihide Shinzato (Shorin-ryu); Takeda, Kimura e Fábio Sensei (Bushi Ryu),
em 1992; Akio Yokoyama (Kenyu-ryu), em 1965.
A prática da modalidade percebeu um aumento depois que participantes de
competições de artes marciais mistas lograram vitórias, como é o caso do
carateca Lyoto Machida.

Em Portugal
Em Portugal, a arte marcial foi introduzida entre os anos de 1962 e 1964,
quando se reuniu um grupo de pessoas que praticam a modalidade na Academia
de Budo, em Lisboa. Foi com este grupo que se organizou e entabulou os
primeiros contactos com as entidades internacionais da modalidade. Na década
de 1970, verifica-se a criação das primeiras entidades associativas nacionais
representativas de alguns estilos. Em 1980, foi fundada a Associação
Portuguesa de Karate-Do (Shotokai)[1], cuja génese se reporta a uma parte
importante do núcleo inicial dos praticantes da Academia de Budo.
Até 1985, a CDAM (Comissão Diretiva das Artes Marciais), presidida pelo
Comandante Fiadeiro e sob a égide e supervisão do Ministério da Defesa
Nacional, integrava e regulamentava todas as Artes Marciais.
De 1985 a 1992, divide-se a CDAM, de onde emergem duas instituições que
reivindicam a gestão do Karaté nacional: a Federação Portuguesa de Karaté
(FPK) e a Federação Portuguesa de Karaté e Disciplinas Associadas (FPKDA).
Finalmente, a 15 de Junho de 1992 é fundada por aquelas duas federações a
Federação Nacional de Karaté - Portugal.
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26 de Junho – 3 Horas

Estilos
A despeito do que preconizavam os grandes mestres, hodiernamente, há na
seara do caratê um grande número de divisões, sendo as mais conhecidas os
estilos, e reconhecidos pela Federação Mundial de Caratê, Shito-ryu, Shotokan,
Goju-ryu e Wado-ryu. Todos eles criados na primeira metade do século XX.
Reconhecidos pela WUKF, há os estilos Shorin-ryu, Uechi-ryu, Kyokushin e
Budokan, além dos reconhecidos pela WKF.
Há, contudo, muitos outros estilos, como maior ou menor renome, como Shindo
jinen ryu, Seiwakai, Shudokan, Toon-ryu, Chito-ryu, Kenyu-ryu, Isshin-
ryu,kudo etc. Há ainda alguns estilos que nada mais são do que visões mais
tradicionalistas ou ortodoxas de um estilo, como é o caso do Shotokai, que
propala estar verdadeiramente conectado à escola criada pelo mestre Funakoshi;
aqueles que são uma visão particular e/ou moderna, como o Gosoku-ryu, que é
uma recopilação baseada no Shotokan; ou estilos que são compilações de outros
estilos.
Em termos de artes marciais, há que se notar que a palavra "escola" não tem o
mesmo sentido empregado no uso comum. O caratê é uma arte marcial que se
subdivide em diversos estilos, o Shorin-ryu sendo um dos mais antigos entre
eles. Cada estilo, identificados geralmente pela partícula ryu, é uma forma
distinta de se praticar uma determinada arte marcial. Nesse sentido, membros de
estilos diferentes terão nomes diferentes para golpes semelhantes, kata e kihon
próprios, diferentes progressões de faixa, ou nível, e até mesmo metodologias
de ensino variadas. O que une os diferentes estilos é a consciência de que são
como galhos de uma mesma árvore, no caso a arte marcial em questão.
As escolas, kan, por sua vez, são visões particulares de um determinado estilo.
Muitas vezes elas se originam como tributos a mestres muito graduados e,
algumas vezes, acabam se transformando em estilos propriamente ditos, como
foi o caso do estilo Shotokan, que deve ser mais corretamente chamado de
Shotokan-ryu (uma vez que Shotokan seria a Escola de Shoto e Shotokan-ryu
seria o Estilo da Escola de Shoto). Uma "escola", nesta cércea, não é, portanto,
um local de aprendizado de técnica, mas um conjunto de ideias dentro de um
estilo.
Outra subdivisão pode se dar com o surgimento de uma linhagem, marcada com
a adição do sufixo ha, que, semelhante às escolas, imprimem uma visão
particular de um estilo ou de uma escola. Nessa leva, existem as linhagens, por
exemplo, Hayashi-ha, Motobu-ha e Inoue-ha, do estilo Shito-ryu; Goju-kai e
Seigokan, do estilo Goju-ryu; ou Shobayashi-ryu, Matsubayashi-ryu e
Kobayashi-ryu, do estilo Shorin-ryu.
Nota-se, portanto, que não existe um padrão ou uma norma para definir os
nomes dos estilos e suas respetivas ramificações. E divergências de
entendimento são naturalmente esperadas, pelo que variações de uma mesma
forma não seria algo insólito e nem as pessoas terem por desiderato trilhar
caminhos distintos, porém dever-se-ia restar cônscio da origem comum.
Os mestres tradicionais pensavam que qualquer arte marcial deveria ser
assemelhada a um flúmen, isto é, fluente e flexível. De outro modo, uma arte
marcial deveria ser o resultado dum constante processo de aprimoramento
individual, pelo qual o budoca adaptar-se-ia conforme os conhecimentos
adquiridos e nunca seria idêntica, posto que duas pessoas praticassem a mesma,
por igual período e com um só mestre, pois as pessoas não são iguais. Assim
sendo, não haveria razão para existirem diversos estilos.

Ética e filosofia
Além das mudanças para facilitar a divulgação do caratê, os mestres do começo
do século XX (mormente Funakoshi, que aproveitou também esse aspeto da
cultura japonesa, relevante naquele momento) foram eficazes em imprimir
solenidade aos treinamentos, respeito para com mestres, instrutores e
praticantes, de forma mútua, o que realça o carácter de formação de bons
indivíduos. Isto, contudo, sem esquecer que naturalmente no processo de
formação da arte marcial desenvolvia-se um paradigma para as condutas dentre
e fora do sítio de treino. Neste ambiente, alguns dos mestres eram reconhecidos
por sua moral e trabalhos nesse sentido.
O treinamento tradicional de caratê deve começar e terminar com um breve
momento de meditação, mokuso, cuja finalidade é preparar o carateca para os
ensinamentos que receberá e, depois, refletir sobre os mesmos. A cada momento
ou exercício faz-se saudação no começo e no fim, sendo costume difundido em
vários dojôs fazer uma reverência ao entrar e sair do sítio.
Esse carácter mais abrangente do caratê é bem visível pela partícula "dō” de seu
nome. Tais princípios, posto que a grande mudança filosófica ocorrida nas artes
marciais japonesas possa ser localizada na transição do século XIX para o
século XX, possuem suas raízes fincadas bem mais no passado.
Historicamente, foi o monge Peichin Takahara quem primeiro a descreve a
filosofia do "dō", do caminho de evolução que são as artes marciais, em sintonia
com os ensinamentos do caratê. Ainda no século XVII, ele descreveu as três
vertentes que, combinadas, culminam na evolução da pessoa: ijo, fo e katsu.
 Ijo - pode ser expresso em atitudes pró-ativas em favor de terceiros.
Também se diz que a forma ijo respousa na compaixão, humildade e no
recato.
 Fo - é o compromisso, isto é, a dedicação que alguém tem para com algo;
no caso, o afinco com que um carateca treina os conhecimentos
ensinados, a seriedade e devoção que nutre, além, para com seu mestre e
colegas.
 Katsu - reflete-se no conhecimento, na compreensão que a arte marcial
possui, mas compreendida nos mínimos detalhes e em que momentos, da
vida ou de um enfrentamento real, farão sentido.
O conceito do caminho evolutivo que é a prática do caratê pode ser achado em
todas as artes marciais japonesas, tratando-se uma leitura japonesa do tao.
Como caminho, por conseguinte, deve ser interpretado de forma bem
abrangente, para a compreensão de um ciclo de vida. De outra forma, uma vez
que o ciclo da vida é já um caminho pré-determinado, um sistema no qual todas
as formas e seres estão inter-relacionados, mister haver a consciência de que
existe uma relação de interdependência de todas as coisas e situações: o
aprendizado não seria mérito pessoal mas o resultado da relação voluntária do
praticante com o ambiente e com todos os seres.
Nesta cércea, o caratê se insere como uma das disciplinas do Bushido, o código
de ética do guerreiro. Assim, o caratê é muito mais do que uma forma de luta, é
um modo de vida. Os mestres prolataram um conceito, o que de nesta arte
marcial, além de não existir atitude agressiva, em caso de embate, nunca o
carateca faria o primeiro movimento:
Figura 6 - Samurai

Sob duas óticas capitais e pragmáticas, ressai o escopo pacífico da modalidade.


Primeiro, caso se enfrentem dois caratecas, nenhum deles tomará atitude
ofensiva, pelo que o combate nunca existirá. Depois, caso o enfrentamento se
desse contra alguém que não é um carateca, com a atitude pacífica ou
desestimularia o ataque ou, se esse existir, poder-se-ia usar da energia
despendida pelo contendor para resolver a demanda. Trata-se destarte de uma
abordagem complementar à do shinbu.

Dojo kun
A par dos princípios básicos elencados e tendo em foco o Bushido, o mestre
Kanga Sakukawa elaborou um código, o Dojo kun, para servir de norte à prática
do caratê.Tal código é composto por cinco regras:
 Esforçar-se para a formação do caráter.
 Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.
 Criar o intuito do esforço.
 Respeito acima de tudo.
 Conter o espírito de agressão.

Tode jukun
Sensei Anko Itosu, quando se dirigiu aos administradores japoneses, no fito de
divulgar o caratê por todo o Japão, referiu-se à sua arte marcial em forma de
princípios que poderiam ser facilmente compreendidos. Assim, tal conjunto de
princípios ficou conhecido como Tode jukun, ou os Dez Princípios do Tode.
 O caratê não é praticado apenas para o benefício individual, pode ser
usado para proteger sua família e seu mestre.
 O propósito do caratê é tornar os músculos e ossos duros como rochas e
usar as mãos e pernas como lanças.
 O caratê não pode ser aprendido rapidamente.
 Em caratê, treinamento das mãos e dos pés é importante.
 Quando praticar as bases do caratê certifique-se de manter as costas
eretas.
 Pratique cada uma das técnicas do caratê repetidamente.
 Vós deveis decidir se o caratê é para saúde ou para auxiliar nos deveres.
 Quando treinar, faça como se estivesse no campo de batalha.
 Se se usar excessivamente sua força no treinamento de caratê isso irá
causar a perda de energia.
 O caratê auxilia no desenvolvimento de ossos e músculos. Ajuda tanto na
digestão quanto na circulação.

Niju kun
Imbuído pelo conceito do "dô" e a exemplo do que fizeram os mestres do
passado, em particular, seu instrutor directo, mestre Sakukawa, Gichin
Funakoshi elaborou um código ético, Niju kun, o qual seria difundido em sua
escola, mas se acabou por espraiar-se por outros dojôs. O nome significa
literalmente as vinte regras:
 O caratê deve iniciar com saudação e terminar com saudação.
 No caratê, não existe atitude ofensiva.
 O caratê é um apoio da justiça.
 Conheça a si próprio antes de julgar os outros.
 O espírito é mais importante do que a técnica.
 Evitar o descontrole do equilíbrio mental.
 Os infortúnios são causados pela negligência.
 O caratê não se limita apenas à academia.
 O aprendizado do caratê deve ser perseguido durante toda a vida.
 O caratê dará frutos quando associado à vida cotidiana.
 O caratê é como água quente. Se não receber calor constantemente, esfria.
 Não pense em vencer, pense em não ser vencido.
 Mude de atitude conforme o adversário.
 A luta depende de como se usam os pontos fracos e fortes.
 Imagine que os membros de seus adversários são como espadas.
 Para cada homem que sai do seu portão, existem milhões de adversários.
 No início, os movimentos são artificiais, mas, com a evolução, tornam-se
naturais.
 O treino das técnicas deve ser de acordo com o movimento correto (forma
original), mas na aplicação torna-se diferente (livre).
 Não se esqueça de aplicar corretamente.
 Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre.

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28 de Junho – 3 Horas

Técnicas
 Currículo
O repertório técnico do caratê está dividido, de modo básico, em dois grandes
grupos go waza e ju waza , que compreendem respetivamente os golpes de
impacto e os de controle. Sendo que isso não tem nenhuma relação com estilo
ou mesmo a denominação deste, são dois aspetos presentes em qualquer
sodalício ou modo de se ensinar/aprender a modalidade.
As técnicas rígidas englobam todos aqueles golpes e movimentos em que há
explosão de energia, promoção ou absorção de impacto, daí seu nome (saltos,
socos, chutes e pancadas). A sua contrapartida são as técnicas suaves, ou
aquelas nas quais visa-se mormente o controlo da energia da luta e da do
adversário contra si mesmo e controlo dele de per se (projeções, caimentos,
imobilizações e luxações).
Além da divisão conforme a natureza do movimento, podem-se dividir as
técnicas do caratê em dois grandes grupos, te waza e soku waza, e um grupo
menor, atama waza. E, bem assim, em uke waza e kogeki waza. Os vários
grupos e subgrupos tendem a misturar-se, exibindo a noção de que uma técnica
pode ter variados fitos, ou seja, um mesmo movimento ou golpe pode ser usado
tanto como defesa como ataque, o que vai realmente prover uma diferenciação
mais objetiva não exatamente o golpe em si mas o binômio de cenário de
enfrentamento e intento. Daí que nas técnicas manuais incluem-se defesas,
ataques, projeções, imobilizações. E isso também é verdade quando se focam os
movimentos feitos com os pés.

 Didática
Todas as escolas e estilos modernos de caratê desenvolvem seu ensino no
trinômio formado por kihon, kata e kumite. Todavia nem sempre foi assim, eis
que as escolas tradicionais (ainda hoje) seguem um paradigma assentado
somente nos kata, cujo fito é ser um modo completo de treinamento e era
adotado pelas outras artes marciais japonesas e mesmo por algumas modernas,
como judô e quendô. Este modelo perdurou intacto, ou sem alterações sensíveis,
pelo menos até o surgimento do mestre Anko Itosu.
Mestre Itosu possuía um projeto pessoal, que era de introduzir a arte marcial de
Oquinaua em seu sistema de ensino público. Antes dele, grosso modo, quando
se dizia que o mestre tinha transmitido todo o seu conhecimento, significava
que ele tinha ensinado todos os kata que sabia, aí inseridos todos os aspetos.
Não se praticava a luta — kumite — porque o entendimento da época era que o
caratê (como disciplina de combate) era mortal e, portanto, insuscetível de ser
praticado em luta, posto que combinada. Ou, quando era praticado, as lutas
eram uma parte mínima dos exercícios.
Como a modalidade é, antes de tudo, uma arte marcial, exige-se de seu adepto
que pratique os exercícios com dedicação e empenho similares a estar num
campo de batalha: a mente deve estar focada no exercício, de molde a absorver
o movimento/conceito na sua inteireza. Essa atitude é, em verdade, esperada do
carateca perante quaisquer situações do cotidiano, eis que o caratê é concebido
como uma disciplina marcial ética (budo).
Essa ideia foi paulatinamente sendo cambiada. Ainda assim, as escolas
tradicionais transmitem a arte marcial precipuamente com base no aprendizado
do kata.
Acontece, porém, que o modelo de ensino fulcrado nos kata não se mostra
eficaz quando se trata de promover o ensino do caratê a crianças, como notou
mestre Anko Itosu ainda no século XIX. Foi então que ele particionou os kata
nas técnicas fundamentais e criou os kihon do caratê, adotando um modelo mais
próximo ao conceito do dõ/tao, que também resta presente nalgumas artes
marciais, como o aiquidô. Da mesma forma, compreendeu-se que a simulação
da luta (que o kata pretende ser) deveria ser praticada, pois já coloca o carateca
em situação de enfrentamento e o prepara de modo mais eficaz. Destarte foi que
surgiu o trinômio em que o caratê hodierno se lastreia.

 Kihon
Kihon significa "fundação" ou "fonte" e, nesta lógica, quer dar sustento ao
desenvolvimento do caratê de forma perene e propedêutica. Um kihon é uma
técnica básica, um soco, uma defesa, uma postura, que é repetida pelo praticante
diversas vezes. O escopo é tornar o movimento tão natural que, quando for
executado num kata ou num kumite, não haverá dificuldades e o aprendizado
fluirá.
O estudo na forma de fundamentos consegue transmitir ao aluno a forma básica,
incumbindo ao professor conseguir transmitir não somente o movimento em si
mas toda a filosofia e os conceitos que estão por detrás, porque de outra forma a
essência do caratê inexoravelmente será esquecida, deixando de ser "dô" para
ser "jitsu". Noutras palavras, técnica pela técnica, num movimento contrário ao
deixado pelos mestres.
Por fim, a fixação do movimento por meio da repetição levará eventualmente à
compreensão maior de seu significado conquanto a energia (ki) do golpe não
será desperdiçada mas, antes de tudo, canalizada do modo mais eficiente
possível. Ou seja, visa-se o equilíbrio entre prática e teoria.

 Kata
Kata significa "forma" ou "modelo". Um kata pretende ser uma luta simulada,
formatada para que o carateca consiga praticar sozinho; são movimentos
coreografados que visam dar desenvoltura frente a situações reais de
enfrentamento, contra um ou vários adversários imaginários. A prática do kata
foi introduzida desde cedo no caratê, quando a influência de mestres chineses se
fez peremptória, desde quando se tratava de luta tipicamente de Oquinaua
(Okinawa-te). Todavia, com a crescente influência dos estilos oriundos da
China, a prática fixou-se de vez.
Há muitos kata e muitas variações de um mesmo kata, dependendo do
estilo/escola e até de professor para professor, refletindo diversos significados e
as características desse estilo/escola. Os significados e aplicações de um kata
são dadas pelo bunkai, ou aplicação. O escopo mor é preparar o praticante para
a luta real: a finalidade é que o aluno aprenda profundamente os kihon e, depois,
perceba a aplicação de facto das técnicas de projeção, controle, chute e/ou
deslocamento etc. O kata é, portanto, o ponto que une as práticas de kihon e
kumite.

 Kumite
Kumite representa uma luta, um combate. Seu nome, sendo traduzido como o
encontro das mãos, pretende fazer memento ao lutador que o embate dar-se-á,
pelo menos nos primeiros momentos, em condições de igualdade. Por
conseguinte, deve haver respeito.
Em princípio, as lutas eram proibidas e/ou desestimuladas, porque o caratê
possui técnicas perigosamente mortais. Mas, quando o kumite foi incorporado
ao treinamento, viu-se que deveria haver maior controle, é que um aluno
somente deveria treinar com luta depois de conhecer bastante as técnicas dos
kihons e katas, que são sua base. A despeito disso, existem algumas formas de
kumite, que seguem uma linha contínua de aumento de dificuldade, com mais
até menos controle.
Por outro lado, a prática do kumite como parte do treinamento, além de
promover a adaptação do praticante a situações de combate, tem como fito
precípuo a promoção do companheirismo, do compartilhamento de
informações, da ajuda mútua.
Ademais, quando o caratê passou pelas mudanças filosóficas que o
transformaram em caratê-dô, impregnou-se da ideia de que o carateca que
evolui sozinho praticamente não evolui, pois não se forma completamente, com
respeito a outrem e à coletividade. E isso, num hipotético combate, fatalmente
contribuiria de modo nefasto para um insucesso.
O mestre Choki Motobu dizia que as técnicas aprendidas tornar-se-iam «vazias»
caso não fossem postas em prática.

Graduação
Os mestres de caratê não usavam nenhum padrão para identificar o nível de
cada apedeuta, de modo prosaico identificavam particularmente quem estava
mais ou menos avançado nos conhecimentos. Paulatinamente, passou-se, de um
jeito ou de outro, a se utilizar do sistema menkyo (vigente ainda nas escolas
tradicionalistas) para certificar o grau de conhecimentos de um praticante,
basicamente destacando-se três níveis:
 Shodan: significando que se havia adquirido o status de principiante;
 Chudan: significava a obtenção de um nível médio de prática. Isso
significava que o indivíduo estava seriamente comprometido com sua
aprendizagem, escola e mestre;
 Jodan: a graduação mais alta. Significava o ingresso no Okuden (escola,
sistema e tradição secreta das artes marciais).
Se o indivíduo permanecia dez anos ou mais junto ao seu mestre, demonstrando
interesse e dedicação, recebia o menkyo, a licença que permitia ensinar. Essa
licença podia ter diferentes denominações como: Sensei, Shihan, Hanshi,
Renshi, Kyoshi, dependendo de cada sistema em particular. A licença definitiva
que podia legar e outorgar acima do menkyo, era o certificado kaiden, além de
habilitado a ensinar, implicava que a pessoa havia completado integralmente o
aprendizado do sistema.
Depois, sob a influência de Gichin Funakoshi, adoptou-se o sistema de faixas
coloridas, que foi elaborado por Jigoro Kano para seus alunos, com o escopo de,
além de deixar claro o nível do praticante, estabelecer um "caminho" a ser
percorrido, o que era uma ideia muito cara à filosofia do dō/tao.
Inicialmente, em alguns casos (distinguir entre homens e mulheres ou níveis
mais altos) os cintos de algodão cru usados não eram tingidos de modo
uniforme, mas para se diferenciarem das outras artes marciais, havia a cor do
grau ladeada por tingimento das bordas em cor distinta. Esse modelou não vigeu
por muito tempo (alguns estilos ainda usam), passando a ser igual ao do judô.
Por outro lado, posto que se almejasse estabelecer um modelo único (a ideia
original), cada estilo/escola passou a estabelecer seus próprios graus e sequência
de cores. Nesse mesmo espírito, alguns possuem cores diferentes para designar
os graus mais elevados, por exemplo, com o cinto coral (vermelho e branco
intercalados).
O sistema atual que rege a maioria das artes marciais usando kyu ("classe") e
dan ("grau"), foi criado pelo fundador do judô. Kano era um educador e
conhecia as pessoas, sabendo que são muitos os que necessitam de estímulos
imediatamente depois de haver começado a praticar artes marciais. A ansiedade
desse tipo de praticante não pode ser saciada por objetivos em longo prazo.
A graduação no caratê é importante para indicar o nível de experiência dos
praticantes, e é vista como sinal de respeito para os atletas menos graduados.
Para demonstrar a graduação os caratecas usam uma faixa com uma cor na
região da cintura. A ordem das cores das graduações variam de estilo para estilo
mas como padrão, o grau de intróito é marcao pela cor branca.
Na classificação de orientada por cores, o termo kyu significa classe, sendo que
essa classificação é em ordem decrescente. Na classificação de mestres (com
cinturão ou faixa pretos), dan significa grau, sendo a primeira faixa preta a de
primeiro dan; a subsequente, o segundo dan; e assim por diante em ordem
crescente. Em um plano simbólico, o branco representa a pureza do
principiante, e o preto se refere aos conhecimentos apurados durante anos de
treinamento.
Desde que foi estabelecido e aceito o sistema de níveis coloridos, a graduação
do caratê assemelhou-se muito ao seriamento escolar, num paradigma no qual
os alunos galgam graus ascendentes (e mais complexos) até que obtenham o de
mestre. No exame, são procedidos testes com diferentes características e
exigências, de acordo com o grau de conhecimentos exigidos para o nível
imediatamente anterior, ou seja, o aluno obtém a próxima graduação, se
conseguir demonstrar que aprendeu a todo o conhecimento correspondente ao
grau que ocupa e pretende superar; em tese, somente quando o aluno aprendeu
tudo de um estágio é que está pronto para prosseguir no caminho do caratê.
Habitualmente, também se exige certo período de tempo entre um exame e
outro.
Não existe um consenso sobre os programas dos exames de faixa, variando de
organização para organização, ou mesmo de dojôs.

Competição
Não existe competição no caratê tradicional, mas com o câmbio pelo qual
passou a modalidade, de disciplina marcial pura para desporto e meio de
desenvolvimento físico, paulatinamente algumas entidades passaram a
promover torneios, cujo fito era promover o intercâmbio e a amizade.
Outros, contudo, sempre alertaram para a alta letalidade de alguns golpes, como
sucedeu num desafio em que o oponente faleceu depois de um golpe desferido
pelo mestre Choki Motobu. Deste modo, naturalmente foram surgindo regras
probitivas e foram sendo adotadas proteções aos esportistas, dependendo do
sexo, da idade etc., como colete para o peito e capacetes. Além deste aspeto
pragmático, as entidades pretendem fazer com que suas afiliadas promovam
também o lado filosófico do caratê, do respeito para com os colegas e demais
praticantes da modalidade.
Figura 7 - Competição de caratê: kumite

Além da crítica sobre os perigos dos golpes, mestres ainda argumentam que as
competições fazem o caratê perder sua essência, como desporto e como arte
marcial, eis que, derivado das próprias normas de proteção aos lutadores, as
entidades vêm limitando o acervo de golpes que se podem utilizar, na verdade,
acenando com um repertório estreito do qual não se pode desviar, sob pena de
desclassificação ou não marcação de pontos. Mas tais técnicas são deveras
eficazes num embate real. Os mestres tradicionalistas dizem que o praticante
pode sair-se muito bem na competição, mas, como essa não admite contacto
maior nem controle verdadeiro das técnicas, ele não terá um ataque potente nem
resistirá a contra-ataques certeiros.
Enfim, estão em choque duas abordagens diferentes do caratê: uns com visão
tradicional, entendendo que se trata de uma arte marcial, cujo objetivo é o
aperfeiçoamento, do corpo, do intelecto, da personalidade etc.; outros, com a
visão desportiva, enxergando o caratê como mais uma modalidade.
Os torneios são realizados em duas modalidades, kata e kumite. Uma terceira
modalidade, que outros enxergam como subdivisão da de kata, é a de bunkai.
Na competição de kata, pontos são concedidos por cinco juízes, de acordo com
a qualidade do desempenho do atleta, de maneira análoga à ginástica olímpica.
São critérios fundamentais para uma boa performance a correta execução dos
movimentos e a interpretação pessoal do kata através da variação de velocidade
dos movimentos (bunkai). Quando o kata é executado em grupo (usualmente, de
três atletas), também é importante a sincronização dos movimentos entre os
componentes do grupo.
No kumite, dois oponentes (ou duas equipes de lutadores) enfrentam-se por um
tempo, que pode variar de dois a cinco minutos. Pontos são concedidos tanto
pela técnica quanto pela área do corpo em que os golpes são desferidos. As
técnicas permitidas e os pontos permissíveis de serem atacados variam de estilo
para estilo. Além disso, o kumite pode ser de semi-contato (como no estilo
Shotokan), ou de contato direto (como no estilo Kyokushin).
No modelo adoptado pela Confederação Brasileira de Karate-do - CBK, e
entidades a ela filiadas, e no adoptado pela Federação Nacional de Karate, de
Portugal, yuko equivale a um ponto e corresponde a um soco na área do
abdome, do peito, do rosto ou costas; wazari, dois pontos, sendo um chute nas
áreas das costas, do abdome ou do peito, ou chute nas laterais do tronco; e
ippon, três pontos, sendo um chute na cabeça ou nas laterais do pescoço, com
contato rigorosamente controlado (ou, dependendo da categoria em disputa,
com aproximação de 5 cm a 10 cm, desde que o oponente não esboce reação),
independentemente do oponente estar caído ou não; aplicar uma técnica
pontuável no oponente completamente caído e sem chances de contra-atacar,
num intervalo de até 2 segundos, independentemente de ter caído por si só ou
ter sido derrubado com técnica de varredura ou projeção.
Há, ainda, confederações que utilizam tabela de pontuação semelhante a esta.
Por exemplo, a Confederação Brasileira de Karate-do Interestilos (CBKI), bem
como as entidades filiadas à mesma, utilizam wazari, para golpes chudan (altura
do tronco); e ippon, para golpes jodan (altura da cabeça), ou indefensáveis.
Nesse sistema de luta, o combate termina quando o tempo expira ou quando um
dos dois oponentes atinge três pontos (sanbon), daí o nome do sistema de
disputa ser Shobu Sanbon (disputa por três pontos). Uma variação desse sistema
é o Shobu Ippon (disputa por um ponto), onde vence aquele que conseguir um
ippon ou dois wazari. Há, ainda, outra variação: Shobu Nihon (disputa por dois
pontos), na qual vence aquele que obtiver dois ippon's ou quatro waza-ari's, mas
esta última forma de disputa é mais utilizada para competições infantis.

Vocabulário
O caratê desenvolveu-se paralelamente às demais artes marciais japonesas, em
Oquinaua, onde há uma língua própria. Todavia, o vocabulário é basicamente
em japonês.

Desenvolvimento do karatê como desporto


Tradicionalmente, o karatê não é uma arte marcial de combate. Seu
desenvolvimento foi baseado no aprimoramento de técnicas de autodefesa. No
entanto, no fim do século 20, passou a ser mais difundido o seu caráter
competitivo.
Há duas modalidades principais de karatê, chamadas kata e kumite. Elas são
divididas da seguinte forma:
 Kata: nesta modalidade, não há contato físico. Cinco juízes atribuem
pontos ao carateca de acordo com o seu desempenho, com base na
execução correta e na velocidade dos movimentos. Há também as
apresentações em trios, em que deve ser observada a sincronia entre os
membros da equipe. A competição nesta modalidade lembra o que
acontece na ginástica artística.
 Kumitê: essa modalidade coloca dois caratecas em combate. As lutas
duram de dois a cinco minutos. Os pontos são atribuídos aos golpes
desferidos variando, inclusive, o valor da pontuação dependendo da área
do corpo do adversário que foi atingida.
Os combates de kumitê levaram à criação de regras para que os golpes de karatê
não causem ferimentos graves entre seus praticantes.
A criação de regras e o desenvolvimento do karatê como esporte levaram à sua
inclusão no programa dos Jogos Olímpicos. Saiba mais detalhes logo abaixo!

Entrada do karatê nas Olimpíadas

Figura 8 - Karatê fará sua estreia nas Olimpíadas nos Jogos de Tóquio, em 2020

Em 1999, o Comitê Olímpico Internacional (COI) reconheceu a Federação


Internacional de Karatê como entidade responsável por gerir o desporto em todo
o mundo. Esse foi um importante passo para o que karatê pudesse, enfim, ser
disputado nos Jogos Olímpicos.
A estreia do karatê no programa olímpico acontece em 2020, na Olimpíada de
Tóquio. O Japão indicou a intenção de incluir o desporto nos jogos, que foi
aceita pelo COI.
Em Tóquio, a disputa do karatê será dividida entre kumitê (luta tradicional) e
kata, em que os atletas simulam um combate sem contato físico.
No kumitê, as lutas das mulheres têm duração de dois minutos, enquanto a dos
homens, três minutos. A modalidade terá 6 categorias nos Jogos de Tóquio,
sendo três masculinas (até 67 kg, até 75 kg e acima de 75kg) e outras três
femininas (até 55 kg, até 61 kg e acima de 61 kg).
Já no kata, os atletas se apresentam individualmente para os juízes, fazendo as
performances para receber notas. Haverá apenas duas categorias na Olimpíada
de Tóquio, uma masculina e outra feminina.
Como há dois bronzes por divisão de peso, o karatê dos Jogos Olímpicos de
Tóquio distribui um total de 32 medalhas.

Karatê fora dos Jogos Olímpicos de Paris 2024


Por enquanto, a participação deve ser a única participação do karatê
nas Olimpíadas. Nos Jogos de Paris, em 2024, a arte marcial não
deverá estar no programa olímpico.
No início de 2019, o Comitê Local dos Jogos de Paris não incluiu o
karatê entre os quatro desportos adicionais (skate, surf e escalada
esportiva foram mantidos). Assim, a “arte das mãos vazias” deve
esperar mais tempo para sua segunda participação nas Olimpíadas.
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29 de Junho – 3 Horas

Regras do Karatê
Regras do Karatê na modalidade Kumitê
O kumitê é a modalidade do karatê que coloca dois atletas em combate.
Figura 9 - Karatê Kumitê é aquele em que efetivamente ocorre uma luta

 Objetivo do karatê
O objetivo é somar mais pontos que o adversário. A luta só é encerrada antes do
fim do tempo regulamentar caso um atleta abra oito pontos de vantagem.
 Tatame do karatê
Os combates do kumitê acontecem em um tatame quadrangular, em que cada
lado tem 8 metros de largura.
 Duração da luta no karatê
A luta do karatê tem um round com duração de 3 minutos nos combates
masculinos. Já as lutas femininas e juvenis têm um round de 2 minutos.
Como funcionam as lutas no karatê
Inicialmente, os atletas devem fazer a saudação entre eles, além de saudar o
árbitro.
A luta é iniciada pelo comando do árbitro, quando ele fala “hajime”.
A marcação de pontos deve ser feita com golpes limpos, potentes e de qualidade
técnica.
Assim como no judô, as pontuações são divididas entre yuko, waza-ari e ippon:
 Yuko: 1 ponto. Corresponde a um soco na área do abdômen, do peito, do
rosto ou costas.
 Waza-ari: 2 pontos. Equivale a um chute nas áreas das costas, do
abdômen ou do peito, ou chute nas laterais do tronco.
 Ippon: 3 pontos. Ao contrário do judô, não encerra a luta. Corresponde a
um chute na cabeça ou nas laterais do pescoço ou uma queda seguida de
um ataque tecnicamente correto. É importante ressaltar que a pontuação
pelo soco no rosto é dada pela técnica, e não pela força. Não é permitido
machucar o adversário.
Caso um atleta abra oito pontos de vantagem, a luta será encerrada antes de o
tempo ser esgotado.
Depois de uma técnica ser aplicada, o árbitro central deve paralisar a luta e o
cronômetro. Logo em seguida, deve observar a reação dos quatro juízes
posicionados nos cantos do tatame, com bandeiras vermelhas e azuis.
Se dois ou mais juízes concordarem, será assinalada a pontuação para o
carateca.
Se um competidor pontua com mais de uma técnica consecutiva antes de o
árbitro paralisar a luta, será considerada a técnica válida de maior valor,
independentemente da sequência das técnicas.
Por exemplo, se um chute é dado após um golpe de punho, será pontuado o
chute, já que este vale mais.
 Penalidades e punições no karatê
De acordo com as regras de lutas do karatê, é proibido:
 Técnicas que façam contato excessivo, tendo em vista a área pontuável
atacada, e técnicas que façam contato com a garganta;
 Ataques aos braços ou pernas, virilhas, articulações ou peito do pé;
 Ataques à face com técnicas de mão aberta;
 Técnicas de projeção perigosas ou proibidas;
 Sair da área de competição quando a saída não for causada pelo oponente;
 Colocar-se em perigo por comportamento indulgente, no qual se expõe a
ser lesionado pelo oponente, ou falha nas medidas adequadas para auto-
proteção;
 Evitar o combate, como forma de impedir que o oponente tenha a
oportunidade de pontuar;
 Não tentar entrar em combate – passividade. (Não pode ser dado nos
últimos 15 segundos da luta);
 Clinchar, agarrar, empurrar ou ficar peito a peito sem tentar uma técnica
válida ou queda;
 Agarrar o oponente com ambas as mãos por qualquer razão que não seja
uma queda, agarrando a perna do oponente durante um chute;
 Agarrar o braço ou karate-gi com uma mão sem imediatamente tentar
pontuar com uma técnica válida ou queda;
 Executar técnicas, que, por sua natureza, não possam ser controladas
quanto à segurança do oponente; bem como realizar ataques perigosos e
descontrolados;
 Simular ataques com a cabeça, joelhos ou cotovelos;
 Falar ou provocar o oponente, não obedecer às ordens do árbitro, e ainda
usar de comportamento descortês com os oficiais ou incorrer em outras
faltas de etiqueta.
Há três níveis de advertências (chukoku, keikoku e hansoku chui), que servem
para que o competidor saiba que violou as regras da competição, mas sem a
imposição imediata de uma penalidade.
Há dois tipos de penalidades (hansoku e shikkaku). Ambos causam ao
competidor que violar as regras a desclassificação do combate (hansoku) do
combate e de todo o torneio (shikkaku).

Regras do Karatê na modalidade Kata


A competição de Kata pode ser tanto individual quanto por equipes, formadas
por três atletas.
Não há competições mistas. Ou seja, cada equipe é exclusivamente masculina
ou feminina.

Figura 10 - Competições de Kata podem ser disputadas por equipes com três atletas
 Como funciona o Kata
Ao avaliar o desempenho de um competidor ou equipe, os juízes avaliarão tanto
a performance técnica quanto a performance atlética.
Nas apresentações, os karatecas precisam mostrar técnica, velocidade nos
movimentos e controle dos golpes. Em competições por equipes, a sincronia
entre os competidores também é avaliada.
 Sistema de pontuação
Na pontuação do kata, são eliminadas as duas notas mais altas e as duas mais
baixas, respetivamente para desempenho técnico e desempenho atlético, e, em
seguida, é calculada a pontuação total.
Há peso de 70% para o desempenho técnico e 30% para o desempenho atlético.
O desempenho técnico e o desempenho atlético recebem pontuações separadas
usando a mesma escala de 5 a 10.
A nota 5 representa a pontuação mais baixa possível para um Kata permitido,
enquanto 10 representa um desempenho perfeito.
A performance é avaliada desde a saudação, no início do Kata, até a saudação
final.
Há perda de pontos caso um atleta:
 Perca o equilíbrio;
 Realize um movimento de forma incorreta;
 Faça um movimento não sincronizado;
 Deixe a faixa frouxa;
 Provoque perda de tempo, como com uma saudação uma pausa muito
prolongada antes de iniciar a apresentação.
 Desclassificação no Kata
Um competidor ou uma equipe podem ser desclassificados por qualquer uma
das razões a seguir:
 Realizar um Kata errado ou anunciar um Kata errado;
 Fazer uma pausa muito percetível ou parar a performance;
 Não saudar no início ou no final da performance do Kata;
 Interferir na função dos juízes (tal como o juiz ter que se mover por
questão de segurança, ou fazer contato físico com um juiz);
 Deixar a faixa cair durante a performance;
 Exceder o limite do tempo total de cinco minutos;
 Afrouxamento da faixa ao ponto de ficar solta do quadril;
 Não seguir as instruções do juiz chefe ou outra má conduta.

Técnicas e golpes do Karatê


As técnicas do karatê são baseadas em ataque ou defesa usando diferentes partes
do corpo: pés, punhos, cotovelos, joelhos.
Confira abaixo os golpes do karatê e seus significados!
Ataque com as mãos (te-waza)
 Seiken Tiudan Zuki: Soco no Estômago
 Seiken Jôdan Zuki: Soco no Rosto
 Seiken Guedan Zuki: Soco Baixo
 Seiken Ago Uti: Soco no Queixo
 Seiken Mawashi Uti: Soco Contorno
 Uraken Shômen Uti: Soco invertido Frontal
 Uraken Shita Uti: Soco invertido no Estômago
 Hiji Uti: Cotovelada no Rosto
 Hiji Uti – Oroshi: Cotovelada para Frente
 Hiji Otoshi – Uti: Cotovelada de Cima para Baixo
 Shuto Sakotsu – Uti: Cotovelada na Clavícula
 Shuto Yoku Uti: Cotovelada na Frente
 Shuto Uti – Uti: Gancho no Pescoço
 Shotei Uti – Komi: Ataque Palma da Mão
Defesa com as mãos (uke – waza)
 Jodan Uke: Defesa Superior para Soco
 Tiudan Soto Uke: Defesa de Fora para Dentro
 Tiudan Uti Uke: Defesa de Dentro para Fora
 Guedan Barai: Defesa Inferior
 Tiudan Uti Uke Guedan Barai: Defesa Dupla (cima e baixo)
Ataque com os Pés (Ashi – Waza)
 Mae Keague: Chute Elevado Perna Dura
 Uti Mawashi: Chute de Dentro para Fora
 Soto Mawashi: Chute de Fora para Dentro
 Kin Gueri: Chute Baixo (Ponto Vital)
 Hiza Gueri: Joelhada Frontal
 Mae Gueri: Chute Frontal
 Yoko Gueri: Chute Lateral
 Kansetsu Gueri: Chute Lateral Baixo
 Tiudan Mawashi Gueri: Chute Contorno Parte Mediana
 Jodan Mawashi Gueri: Chute Contorno Parte Superior
 Ushiro Gueri: Chute para Trás
 Tobi Mae Gueri: Chute Frontal Voador
 Tobi Yoko – Gueri: Chute Voador
 Tobi Mawashi Gueri: Chute Contorno Voador
 Tobi Hiza Gueri: Chute Joelhada Voadora
 Tobi Soto Mawashi: Chute de Fora para Dentro Voador
 Tobi Uti Mawashi: Chute de Dentro para Fora Voador
 Ushiro Mawashi: Chute Giratório para Trás
 Kaiten – Soto Mawashi: Chute Giratório de Fora para Dentro
 Kaiten Uti Mawashi: Chute Giratório para Fora

Equipamentos do Karatê
Para as lutas de karatê, cada atleta deve usar o kimono, que recebe o nome de
karate-gi. Ele deve ser branco sem listras, faixas ou bordados pessoais. Além
dele, são obrigatórios alguns equipamentos de proteção.
Figura 11 - O “kimono” de Karatê, o Karategi, deve ser branco e sem listras

De acordo com as regras do karatê, cada karateca tem de usar:


Luvas aprovadas pela Federação Internacional de Karatê (um competidor
usando vermelho e o outro usando azul);
 Protetor bucal;
 Protetor corporal;
 Protetor de seios para atletas do sexo feminino;
 Protetor de canela;
 Protetor de pé aprovado.
No karatê, o protetor genital não é obrigatório. Além disso, o uso de ataduras,
bandagens ou suportes devido a lesões devem ser aprovados pelo árbitro, após o
médico oficial ser ouvido.

Faixas do karatê
 Faixa Branca (Shiro Obi) – Sem graduação (Mu Kyu)
 Faixa Amarela (Kiiro Obi) – 6º Kyu (Rokku Kyu)
 Faixa Vermelha (Aka Obi) – 5º Kyu (Go Kyu)
 Faixa Laranja (Daidaiiro obi) – 4º Kyu (Yon Kyu)
 Faixa Verde (Midori Obi) – 3º Kyu (Sankyu)
 Faixa Roxa ou Violeta (Murasaki Obi) – 2º Kyu (Nikyu)
 Faixa Marrom (Chairo Obi) – 1º Kyu (Ichi Kyu)
 Faixa Preta (Kuro Obi) – 1º Dan (Sho Dan)
As faixas no karatê sinalizam diferentes níveis de desenvolvimento de um atleta
na arte marcial. Os iniciantes utilizam a cor branca, que indica ingenuidade. Já a
faixa para o nível mais avançada é a preta, cor que corresponde à união de todas
as outras.
Para chegar até a faixa preta, um karateca precisa de muito treinamento e
dedicação às técnicas da “arte das mãos vazias”.

Conclusão
Depois de um longo período de inatividade, devido à Segunda Guerra
Mundial, foi fundada a Federação Japonesa de Karaté em 1949. A
partir de 1956, com a introdução da vertente competitiva do karaté,
este tornou-se num desporto com muitos adeptos e bastante praticado
em todo o mundo.
Aproveitei o trabalho para abordar temas mais profundos na história
do Karaté.

FIM!

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