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CARATÊ
Grafia
Outros nomes
s Karaté
Tode
Shimpi-tode
Te-jutsu
Toudi
Toshu
Toshu-jitsu
Toshukuken
Kanji 空手
Hiragana からて
Rōmaji Karate
Informações gerais
Tai sabaki
Kihon
Kumite
Kata
Ne waza
Ukemi waza
Origem
País Ryukyu
Cidade Naha
Shuri
Tomari
Influência
Antecedente(s) Tegumi
Te
Chuan fa
Representação
Projeto artes
marciais · Técnicas · Vocabulário
português europeu
Caraté ou karaté (português europeu) ou caratê (português
brasileiro) (em japonês: 空手;
空手 transl.: karate, AFI: [kɑʀɑtə]) ou caratê-
dô (空手道, transl. karate-dō AFI: [kɑʀɑtədɵ])[a] é uma arte
marcial japonesa desenvolvida a partir da arte
marcial indígena de Oquinaua sob influência da arte da guerra chinesa (chuan
fa),[b] das lutas tradicionais japonesas (koryu) e das disciplinas guerreiras
japonesas (budō).
Naturalmente, seguindo uma linha evolutiva mais ou menos uniforme, tal como
aconteceu com a agricultura, a pesca, a música e outras atividades, as artes
marciais desenvolveram-se como disciplina, surgindo mestres e aprendizes.
Isso, por exemplo, pode ser demonstrado pela existência das falanges gregas,
modelo que se impôs por certo tempo, até ser superado pelas coortes
romanas, e assim anterior e sucessivamente.
Sua jornada o teria levado até o Templo Shaolin e, quando Bodhidharma viu as
condições físicas precárias em que se encontravam os monges daquele sítio,
exortou-os no sentido que a pessoa deveria evoluir por completo,
desenvolvendo o lado espiritual.
A prática dos exercícios evoluiu para um sistema de defesa pessoal, até com o
uso de armas e outros instrumentos, fazendo surgir uma reputação de que os
monges lutadores seriam experts em diversas modalidades e formas de
combate, pelo que se difundiu por toda a China. Os monges de Shaolin não se
isolaram apenas na China e levaram seus conhecimentos religiosos, filosóficos
e marciais para outros recantos, entre estes o Japão.
Em meados do século XVII, uma arte marcial oquinauense[c] sem armas já era
estabelecida, sendo conhecida por "tê" (手 ou ティー, em japonês: te,
em oquinauense: ti). Também é referida como mão de Oquinaua (沖縄手,
em japonês: Okinawa-te, em oquinauense: Uchinaadi), quando surge a figura
de Matsu Higa, renomado mestre de te e kobudo e também experto em chuan
fa, que teria aprendido com mestres chineses. Mas já nesse tempo, a arte
marcial já vinha evoluindo em três formas distintas, radicadas nas três cidades
que as nomearam, Naha-te, Tomari-te e Shuri-te.
Acredita-se que Sensei Higa tenha sido, dentro de seu estilo próprio, o primeiro
a estabelecer um conjunto formal de técnicas e chamá-lo de te. Destacaram-se
mais os estilos de Shuri, por ser a capital, e de Naha, por ser cidade portuária e
mais importante entreposto comercial. Entretanto, posto que tivesse menor
relevo no cenário da época, por ser mormente uma cidade de
trabalhadores, pescadores e campesinos, Tomari, devido a exatamente suas
características, desenvolveu o estilo peculiar e muitas vezes erradamente
confundido com o estilo de Shuri. Ademais, em que pese cada um das cidades
ter seu estilo, elas compartilhavam informações e praticantes.
No fim do século XIX, o caratê ainda era marcado de modo forte por quem o
ensinava, não havia, posto que houvesse similitudes entre as técnicas, um
padrão, o que dificultava sua maior aceitação fora de círculos restritos, porque
era praticado e ensinado num rígido esquema de mestre/aluno.
Nesse meio tempo, sem olvidar altercações sínicas, o cenário político mudou
porquanto da anexação final de Ryukyu, em 1875, por parte do Japão, fazendo
com que o provecto reino se transmutasse na província de Oquinaua. Todavia,
o que poderia ser o fim tornou-se uma oportunidade, pois terminou com o
isolamento da população do arquipélago, incorporados de vez à população
nipônica. E coube a Anko Itosu, um discípulo de Matsumura e secretário do rei
de Oquinaua, usar de sua influência para tentar disseminar a arte marcial.
O mestre via o te não somente como arte marcial mas, principalmente, como
uma forma de desenvolver caráter, disciplina e físico das crianças. Ainda
assim, o mestre julgava que os métodos utilizados até a época não eram
práticos: o te era ensinado basicamente por intermédio do treino repetitivo
dos kata. Então, Itosu simplificou o treino a unidades fundamentais, os kihons,
que são as técnicas compreendidas em si mesmas, um soco, uma esquiva,
uma base, e, além, compilou a série de kata Pinan com técnicas mais simples
e que passariam a formar o currículo introdutório. A mudança resultou na
diminuição, supressão em alguns casos, de táticas de luta, mas reforçou o
caráter esportivo, para benefício da saúde: deu-se relevo a postura,
mobilidade, flexibilidade, tensão, respiraçãoe relaxamento.
Como resultado de seu progresso, Anko Itosu crê ser possível exportar o
caratê para o resto do Japão e, em começos do século XX, passa a
empreender esforços para tanto, mas não consegue lograr sucesso.
A nova correu até Oquinaua, sendo o desafio aceito pelos irmão Motobu,
descendentes da casa real e notórios expertos em artes marciais, além do
caratê, kobudo e gotende. Dirigiram-se eles até o Japão. No dia da luta, tudo
certo o embate foi decidido com apenas um golpe na região do plexo solar. A
vitória foi considerada tão surpreendente que criou alvoroço e despertou de vez
Kenwa Mabuni
Entre 1902 e 1915, sensei Funakoshi viajou com seus melhores alunos por
toda Oquinaua realizando demonstrações públicas de caratê e calhou de o
inspetor de Educação do concelho, Shintaro Ogawa, estava particularmente
interessado no processo seletivo para ingresso nas forças armadas,
preocupado em obter um bom grupo, composto por jovens de boa índoles
(valores) e boa compleição. Ogawa ficou impressionado, que escreveu ao
continente dando as novas.
O mestre sabia que haveria de surgir enorme oposição, haja vista que naquele
período da história das relações entre Japão e China não era dos melhores.
Ainda era muito recente a lembrança da Primeira Guerra Sino-
Japonesa (1894–1895). E até o fim da Segunda Guerra Mundial e da Segunda
Guerra Sino-Japonesa, com a rendição do Japão perante os Aliados,
ocorreram vários incidentes belicosos.
Por outro lado, o caratê beneficiou-se de uma perspectiva que existia, a de que
a luta nativa de Oquinaua, aí incluso o seu kobudo (manipulação de armas),
era simplesmente uma forma de jujutsu ou koryu. Assim se pensava porque
tanto os vários estilos de jujutsu (takenouchi-ryu, daito-ryu etc.) japoneses
quanto o oquinauense valiam-se das mesmas formas técnicas (luta
desarmada, principalmente), diferenciando-se apenas no foco e no
treinamento, ou seja, nada de estranho, se comparado à tradição samurai.
Denominava-se o caratê de tejutsu, o que reforçava esse aspecto.
Jigoro Kano
Posto que mestre Funakoshi pregasse que o caratê era uma arte marcial única,
que as variações nas formas, nos estilos, deviam-se precipuamente às
idiossincrasias e que jamais denominou sua linhagem de estilo, ainda durante
sua existência e persistindo até os dias atuais, o que sucedeu foi uma
proliferação de estilos, escolas e linhagens diferentes.
Da mesma forma como sucedeu com outras artes marciais japonesas, o caratê
foi introduzido no Brasil com a chegada de imigrantes japoneses no começo
do século XX. Mas somente no ano de 1956, o sensei Mitsuke
Harada (Shotokan) instala o primeiro dojô em São Paulo. A esse exemplo
seguiram os mestres Juichi Sagara (Shotokan), em 1957; Seichi
Akamine (Goju-ryu), em 1958; Koji Takamatsu (Wado-ryu); Takeo
Suzuki (Wado-ryu); Michizo Buyo (Wado-ryu); Yoshihide Shinzato (Shorin-ryu);
Takeda, Kimura e Fábio Sensei (Bushi Ryu), em 1992; Akio Yokoyama (Kenyu-
ryu), em 1965.
Até 1985, a CDAM (Comissão Directiva das Artes Marciais), presidida pelo
Comandante Fiadeiro e sob a égide e supervisão do Ministério da Defesa
Nacional, integrava e regulamentava todas as Artes Marciais.
Há, contudo, muitos outros estilos, como maior ou menor renome, como Shindo
jinen ryu, Seiwakai, Shudokan, Toon-ryu, Chito-ryu, Kenyu-ryu, Isshin-ryu etc.
Há ainda alguns estilos que nada mais são do que visões mais tradicionalistas
ou ortodoxas de um estilo, como é o caso do Shotokai, que propala estar
verdadeiramente conectado à escola criada pelo mestre Funakoshi; aqueles
que são uma visão particular e/ou moderna, como o Gosoku-ryu, que é uma
recopilação baseada no Shotokan; ou estilos que são compilações de outros
estilos.
Em termos de artes marciais, há que se notar que a palavra "escola" não tem o
mesmo sentido empregado no uso comum. O caratê é uma arte marcial que se
subdivide em diversos estilos, o Shorin-ryu sendo um dos mais antigos entre
eles. Cada estilo, identificados geralmente pela partícula ryu (流, ryũ?, fluxo), é
uma forma distinta de se praticar uma determinada arte marcial. Nesse sentido,
membros de estilos diferentes terão nomes diferentes
para golpes semelhantes, kata e kihon próprios, diferentes progressões de
faixa, ou nível, e até mesmo metodologias de ensino variadas. O que une os
diferentes estilos é a consciência de que são como galhos de uma
mesma árvore, no caso a arte marcial em questão.
As escolas, kan (館? edifício, casa), por sua vez, são visões particulares de um
determinado estilo. Muitas vezes elas se originam como tributos a mestres
muito graduados e, algumas vezes, acabam se transformando em estilos
propriamente ditos, como foi o caso do estilo Shotokan, que deve ser mais
corretamente chamado de Shotokan-ryu (uma vez que Shotokan seria a Escola
de Shoto e Shotokan-ryu seria o Estilo da Escola de Shoto). Uma "escola",
nesta cércea, não é, portanto, um local de aprendizado de técnica, mas um
conjunto de ideias dentro de um estilo.
Nota-se, portanto, que não existe um padrão ou uma norma para definir os
nomes dos estilos e suas respectivas ramificações. E divergências de
entendimento são naturalmente esperadas, pelo que variações de uma mesma
forma não seria algo insólito e nem as pessoas terem por desiderato trilhar
caminhos distintos, porém dever-se-ia restar cônscio da origem comum.
Esse carácter mais abrangente do caratê é bem visível pela partícula "dō" (道)
de seu nome. Tais princípios, posto que a grande mudança filosófica ocorrida
nas artes marciais japonesas possa ser localizada na transição do século
XIX para o século XX, possuem suas raízes fincadas bem mais no passado.
Historicamente, foi o monge Peichin Takahara quem primeiro a descreve a
filosofia do "dō", do caminho de evolução que são as artes marciais, em
sintonia com os ensinamentos do caratê. Ainda no século XVII, ele descreveu
as três vertentes que, combinadas, culminam na evolução da
pessoa: ijo, fo e katsu.
Samurai
Nesta cércea, o caratê se insere como uma das disciplinas do Bushido, o
código de ética do guerreiro. Assim, o caratê é muito mais do que uma forma
de luta (o "dō" rejeita esta visão limitada), é um modo de vida. Os mestres
prolataram um conceito, o que de nesta arte marcial, além de não existir atitude
agressiva, em caso de embate, nunca o carateca faria o primeiro movimento:
“ 空手に先手無し
Karate ni sente nashi
No caratê não há primeiro movimento (ataque)
”
Quadro sinóptico
Ju waza Go waza
Te waza
Soku waza
Ate waza
Kok
Torite Tai sabaki
yu
Atemi waza
Hoj Ata
o Ker Ts Uc ma
Na Tac Uke un i uki hi waz
Kata Uke Ashi
Ibuk ge hi mi do Tameshi wa wa wa a
me waz sab
i wa wa waz wari za za za
waza a aki
za za a
Kogeki waza
Tate waza
Kansetsu waza
Ne waza
Mestre Itosu possuía um projecto pessoal, que era de introduzir a arte marcial
de Oquinaua em seu sistema de ensino público. Antes dele, grosso modo,
quando se dizia que o mestre tinha transmitido todo o seu conhecimento,
significava que ele tinha ensinado todos os kata que sabia, aí inseridos todos
os aspectos. Não se praticava a luta — kumite — porque o entendimento da
época era que o caratê (como disciplina de combate) era mortal e, portanto,
insuscetível de ser praticado em luta, posto que combinada. Ou, quando era
praticado, as lutas eram uma parte mínima dos exercícios.
Como a modalidade é, antes de tudo, uma arte marcial, exige-se de seu adepto
que pratique os exercícios com dedicação e empenho similares a estar num
campo de batalha: a mente deve estar focada no exercício, de molde a
absorver o movimento/conceito na sua inteireza. Essa atitude é, em verdade,
esperada do carateca perante quaisquer situações do cotidiano, eis que o
caratê é concebido como uma disciplina marcial ética (budo).
Acontece, porém, que o modelo de ensino fulcrado nos kata não se mostra
eficaz quando se trata de promover o ensino do caratê a crianças, como notou
mestre Anko Itosu ainda no século XIX. Foi então que ele particionou
os kata nas técnicas fundamentais e criou os kihon do caratê, adoptando um
modelo mais próximo ao conceito do dõ/tao, que também resta presente
nalgumas artes marciais, como o aiquidô. Da mesma forma, compreendeu-se
que a simulação da luta (que o kata pretende ser) deveria ser praticada, pois já
coloca o carateca em situação de enfrentamento e o prepara de modo mais
eficaz. Destarte foi que surgiu o trinômio em que o caratê hodierno se lastreia.
Kihon (基本?) significa "fundação" ou "fonte" e, nesta lógica, quer dar sustento
ao desenvolvimento do caratê de forma perene e propedêutica. Um kihon é
uma técnica básica, um soco, uma defesa, uma postura, que é repetida pelo
praticante diversas vezes. O escopo é tornar o movimento tão natural que,
quando for executado num kata ou num kumite, não haverá dificuldades e o
aprendizado fluirá.
Kata (型?) significa "forma" ou "modelo". Um kata pretende ser uma luta
simulada, formatada para que o carateca consiga praticar sozinho; são
movimentos coreografados que visam dar desenvoltura frente a situações reais
de enfrentamento, contra um ou vários adversários imaginários. A prática
do kata foi introduzida desde cedo no caratê, quando a influência de mestres
chineses se fez peremptória, desde quando se tratava de luta tipicamente de
Oquinaua (Okinawa-te). Todavia, com a crescente influência dos estilos
oriundos da China, a prática fixou-se de vez.
Kumite (組み手 ou 组手? mãos dadas) representa uma luta, um combate. Seu
nome, sendo traduzido como o encontro das mãos, pretende fazer memento ao
lutador que o embate dar-se-á, pelo menos nos primeiros momentos, em
condições de igualdade. Por conseguinte, deve haver respeito.
O sistema atual que rege a maioria das artes marciais usando kyu ("classe")
e dan ("grau"), foi criado pelo fundador do judô. Kano era um educador e
conhecia as pessoas, sabendo que são muitos os que necessitam de estímulos
imediatamente depois de haver começado a praticar artes marciais. A
ansiedade desse tipo de praticante não pode ser saciada por objetivos em
longo prazo.
Não existe competição no caratê tradicional, mas com o câmbio pelo qual
passou a modalidade, de disciplina marcial pura para esporte e meio de
desenvolvimento físico, paulatinamente algumas entidades passaram a
promover torneios, cujo fito era promover o intercâmbio e a amizade.
Além da crítica sobre o perigos dos golpes, mestres ainda argumentam que as
competições fazem o caratê perder sua essência, como esporte e como arte
marcial, eis que, derivado das próprias normas de proteção aos lutadores, as
entidades vêm limitando o acervo de golpes que se podem utilizar, na verdade,
acenando com um repertório estreito do qual não se pode desviar, sob pena de
desclassificação ou não marcação de pontos. Mas tais técnicas são deveras
eficazes num embate real. Os mestres tradicionalistas dizem que o praticante
pode sair-se muito bem na competição, mas, como essa não admite contacto
maior nem controle verdadeiro das técnicas, ele não terá um ataque potente
nem resistirá a contra-ataques certeiros.
Enfim, estão em choque duas abordagens diferentes do caratê: uns com visão
tradicional, entendendo que se trata de uma arte marcial, cujo objectivo é o
aperfeiçoamento, do corpo, do intelecto, da personalidade etc.; outros, com a
visão desportiva, enxergando o caratê como mais uma modalidade.
Na competição de kata, pontos são concedidos por cinco juízes, de acordo com
a qualidade do desempenho do atleta, de maneira análoga à ginástica
olímpica. São critérios fundamentais para uma boa performance a correta
execução dos movimentos e a interpretação pessoal do kata através da
variação de velocidade dos movimentos (bunkai). Quando o kata é executado
em grupo (usualmente, de três atletas), também é importante a sincronização
dos movimentos entre os componentes do grupo.