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INÍCIO !

POLÍTICA

ESTADO LAICO?

Ao defender igrejas abertas,


AGU cita 3 trechos da Bíblia
e nenhum da Constituição
Pastor presbiteriano, André Mendonça falou após
o voto do relator Gilmar Mendes, em julgamento
no plenário do STF

Daniel Giovanaz
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
07 de Abril de 2021 às 15:16

André Mendonça, advogado-geral da União e ex-


ministro da Justiça - Agência Brasil

O advogado-geral da União (AGU) André


Mendonça citou três trechos da Bíblia e nenhum
da Constituição Federal ao se posicionar, nesta
quarta-feira (7), em defesa da autorização para
atividades religiosas presenciais mesmo durante a
pandemia.

A AGU foi ouvida como entidade interessada


em julgamento no plenário do Supremo Tribunal
Federal (STF) e abordou o tema com base no
argumento da liberdade de crença.

Pastor presbiteriano e ex-ministro da Justiça,


Mendonça foi descrito pelo presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) como "terrivelmente
evangélico".

O primeiro trecho da Bíblia citado por ele durante


sessão do STF foi do livro Atos dos Apóstolos,
capítulo 2.

"Registra-se ali, após Jesus confiar ao apóstolo


Pedro ser a pedra fundamental da sua igreja, que
os cristãos, no capítulo 2, diariamente
perseveravam no templo, partiam o pão de casa
em casa, tomavam suas refeições em conjunto,
louvando a Deus e contando com a simpatia do
povo", disse Mendonça.

Em seguida, emendou o capítulo 5, lembrando


cristãos que eram "recolhidos à prisão" –
criticando o impedimento dos cultos presenciais
por prefeitos e governadores.

Por fim, o AGU citou o evangelho de Mateus:


"Jesus Cristo, conforme relata São Mateus, disse:
'Por onde estiverem dois ou três reunidos em
meu nome, aí estarei em nome deles'."

:: Leia também: Só no Mato Grosso, covid já


matou 16 pastores da igreja Assembleia de
Deus ::

A Constituição Federal de 1988 foi citada apenas


tangencialmente, sem mencionar trechos
específicos. André Mendonça disse que as medidas
de fechamento de templos são autoritárias e
arbitrárias, e que, ao fazê-lo, os governantes
estariam "rasgando a Constituição".

"Deus tenha piedade de nós", concluiu o AGU.

Segundo pastores ouvidos esta semana pelo


Brasil de Fato, todo rito litúrgico pode ser feito
de forma remota, online, sem nenhum prejuízo à
comunhão ou à prática religiosa. A prioridade,
segundo os entrevistados, deveria ser a defesa da
vida.

O Brasil é um Estado laico, conforme diferentes


legislações, desde 1890, quando se consolidou a
separação entre Estado e Igreja Católica.

O julgamento foi a plenário depois de uma


decisão liminar do ministro Kassio Nunes, na
semana passada, que proibiu prefeitos e
governadores de vetarem a realização de cultos
presenciais. A liminar foi derrubada, na segunda-
feira (5), por Gilmar Mendes, que se baseou em
uma decisão de 2020 do STF que atribuiu aos
estados e municípios a edição de medidas
restritivas para prevenir a disseminação do
coronavírus.

Edição: Poliana Dallabrida

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