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CURSO MÉDIO EM TEOLOGIA | Rogério de Sousa

Sumário
Antropologia Bíblica.......................................................................................... 3
Introdução .................................................................................................... 3
A Criação do Homem ........................................................................................ 4
Introdução .................................................................................................... 4
I – Sua natureza corporal .......................................................................... 4
II – Sua natureza psicológica ..................................................................... 5
III – Sua natureza espiritual ....................................................................... 7
A faculdade do discernimento .................................................................. 8
A faculdade da perspicácia ....................................................................... 9
A faculdade do juízo.................................................................................. 9
A faculdade da transcendência ................................................................. 9
IV – Sua queda .............................................................................................. 9
A Criação da Mulher ....................................................................................... 10
Introdução .................................................................................................. 10
I – Sua originalidade e Ingenuidade ........................................................ 11
II – Sua dor e esperança .......................................................................... 12
O Projeto de Deus para a Humanidade .......................................................... 13
A Solidão do Homem e a presença da Mulher ............................................ 13
Os perigos da sedução ................................................................................ 14
Conclusão ................................................................................................... 15

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Antropologia Bíblica 3

Antropologia Bíblica
Introdução

Deus nos criou em etapas. Primeiro formou nosso corpo do pó da terra.


Depois soprou o fôlego de vida em nossas narinas. Por último nos fez
almas viventes. São necessários três verbos para a criação de um único
ser (formar, soprar e fazer). Tudo ficou muito bom, dizem as Escrituras.
Não haviam doenças e anomalias no primeiro estado da criação. Mas não
estamos mais no primeiro estado. A tragédia do mal nos alcançou (quando
nossos pais pecaram) e trouxeram a morte aos filhos. Infelizmente
nascemos em estado de pecado, e lutamos por vencer, mas no final, somos
vencidos.
Podemos lutar (e devemos), pois Deus enviou Cristo ao mundo afim de
nos recuperar do estado de morte e nos passar ao estado de vida. Mas
nossa luta é um processo onde batalhamos uma batalha por vez. Tudo
pode ser curado! O corpo, a alma e o espírito. Mas o passo a passo não
pode ser ignorado. É preciso formar o corpo, soprar o fôlego e tornar-se
em alma vivente.
Deus criou o corpo humano do pó da terra. Biólogos, Químicos,
Antropólogos, Psicólogos e Filósofos são unanimes em dizer que a saúde
do corpo está ligada diretamente com os fatores genéticos, nutricionais,
ambientais, emocionais e culturais. Nesse aspecto nos convém pensar
esses fatores um a um, começando com o biológico e nossa herança
genética até chegarmos ao fator cultural.
Geneticamente somos um composto químico de oxigênio, carbono,
hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro,
magnésio e ferro. Todos estes elementos químicos estão presentes no pó
da terra, de onde Deus nos formou. Isto nos mostra que estamos ligados
diretamente ao chão e devemos manter nossa consciência terrena
equilibrada com os valores desta vida, começando com a adequação de
nosso corpo aos limites da natureza que Deus nos concedeu.

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A Criação do Homem 4

A Criação do Homem

Introdução

Adão foi o primeiro ser humano criado por Deus. Antes de sua criação o
mundo estava aos cuidados das oito espécies de anjos reveladas nas
Escrituras, a saber: Querubins, Serafins, Arcanjo, Anjos, Tronos,
Dominações, Principados e Potestades. Os anjos foram criados um a um,
formam castas diferentes e não podem gerar descendência.
Adão, no entanto, foi criado único e com a faculdade reprodutora,
podendo gerar descendência. Somente ele recebeu a imagem e a
semelhança de Deus e o poder total para dominar sobre os peixes do mar,
e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo
o réptil que se move sobre a terra (Gênesis 1:26).

I – Sua natureza corporal

Adão foi criado do pó da terra e seu corpo é um composto químico de


oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio,
enxofre, sódio, cloro, magnésio e ferro. Recebeu um corpo de carne, que
lhe permitia nadar, correr, comer, dormir e se reproduzir. Ele não era
imortal, pois dependia de consumir diariamente os frutos do jardim do
Éden, ricos em carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas e minerais. Para
manter-se vivo eternamente, Adão teria que se alimentar regularmente do
fruto da Árvore da Vida, que ficava no centro do Jardim.
A cor da pele, a compleição dos ossos, a textura do cabelo, o tamanho dos
membros. Tudo vem programado em nossa genética, desde o princípio da
criação. As alterações que ocorreram não apontam para uma evolução ou
involução, e sim, para as variáveis desta existência e de nossa árvore
genealógica. Podemos pensar em anomalias genéticas derivadas de falhas
na formação congênita das pessoas, mas isto não indica evolução ou
involução. Deus formou o corpo humano em estado de natureza, isto é,
para viver com naturalidade e em equilíbrio com o mundo a seu redor.

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A Criação do Homem 5

II – Sua natureza psicológica

O termo que em português chamamos de alma, vem do latim “anima”,


algo que recebe a vida natural, soprada pela natureza. Os latinos
entendiam que homens, animais, plantas, rios, montanhas e tudo o que há
no mundo participam do mesmo sopro de vida e formam uma só realidade
cósmica, interdependentes e eternas. Os gregos também pensavam algo
parecido, mas avançaram para a além dos latinos definindo a alma como
uma entidade independente do mundo.
Diziam que a psique era uma materialização da mente universal, que se
desprendeu do espírito e buscou sua própria autonomia existencial. Ela
seria a consciência do ser, independente do corpo de carne. Os hebreus,
no entanto, diziam que a alma somente existe enquanto o corpo vive,
portanto, morrendo o corpo, morre a alma. As ciências biológicas não
consideram a alma como uma entidade que habita um corpo.
Elas reduzem a alma a um composto físico-químico-orgânico
impulsionado por ondas elétricas. Enquanto a máquina humana está em
perfeito funcionamento, os sinais vitais enviam informações neuronais ao
cérebro e o corpo responde com inúmeros movimentos. A alma é matéria,
composta por uma rede de neurotransmissores nervosos, com sangue,
água, oxigênio e eletricidade. É a consciência, o pensamento, o
raciocínio, a memória, a inteligência e o juízo trabalhando em conjunto
para dar ao homem a habilidade em viver no mundo. A fé cristã não
despreza as concepções paralelas de alma, mas sustenta uma ideia
original que se distancia do materialismo científico, do reducionismo
hebraico, do maniqueísmo grego e do naturalismo latino.
O Novo Testamento apresenta a alma em ligação indissociável do
espírito. O que acontece a um, acontece a outra. São realidades imateriais
em união siamesa, habitando o corpo e o preservando dos males, agindo,
inclusive, para lhe curar as feridas. Ela não dorme, mas dá ao corpo a
assistência de um vigilante, podendo despertá-lo em qualquer situação de
perigo. É eterna e quando se vê impossibilitada em permanecer no corpo,
deixa-o para seguir ao mundo das almas.

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A Criação do Homem 6

As Escrituras ensinam que Deus soprou o espírito no primeiro homem e


ele se tornou “alma vivente”. A diferença entre espírito e alma está em
sua natureza. Quando em estado original, o espírito humano estava em
Deus. Ao ser soprado, o espírito deixou o estado natural e assumiu um
estado existencial. Qual é a diferença? Em estado natural o espírito vive
para Deus somente, sem contato com o mundo exterior, mas em estado
existencial ele sai de Deus para conceder vida para a alma e entrar em
contato com o mundo material. O espírito não pode permanecer em estado
natural depois de sair de Deus. Ele torna o elo entre Deus e a alma. Ele é
a consciência sobre as coisas de Deus e do coração humano. A alma é a
consciência das coisas do mundo e do coração.
A união siamesa entre alma e espírito nos garante consciência da
eternidade e da temporalidade, das coisas invisíveis e das tangíveis, dos
sentimentos e dos pensamentos, dos projetos e das ações. Alma e espírito
são aliados do corpo para garantir ao ser humano uma vida plena, cheia
de vida, força e energia para vencer todas as crises, traumas, dilemas e
moléstias. Os três agindo em harmonia e de forma coordenada podem
sublimar a existência humana, levando o ser a experimentar as bem-
aventuranças do mundo de Deus.
Adão possuía as faculdades mentais em perfeito estado de
funcionamento. Gênesis 2:16,17 diz que ordenou o Senhor Deus ao
homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da
árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, porque no
dia em que dela comeres, certamente morrerás. Esta ordem pertence a um
alto grau de ética, demonstrando que Adão era dotado de grande
inteligência moral, semelhante a de um jurista ou um legislador.
Em seguida Deus trouxe todos os animais a Adão, para este ver como lhes
chamaria. E tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu
nome. E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o
animal do campo (Gênesis 2:19,20). Para classificar cada ser em sua
própria espécie e lhe batizar, a inteligência carece de um alto grau de
memória. Não é fácil distinguir entre mais de 8 milhões de espécies de
animais terrestres, sem contar pássaros e peixes.

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A Criação do Homem 7

Ao final da tarefa, Adão dormiu, e quando acordou viu Eva junto a si, e
lhe teceu um poema, dizendo: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne
da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi
tomada. (Gênesis 2:23). Sua poesia demonstra humor, elegância,
sensibilidade e paixão. O senso estético é natural e se cheio de emoção.
Sua mente funcionava em plena harmonia e suas vontades estavam sob o
controle de seus pensamentos. Era dotado de habilidades racionais para
analisar, julgar, criticar e argumentar.
III – Sua natureza espiritual

Não haviam conflitos espirituais entre Adão e Deus. As Escrituras dizem


que todos os dias o Senhor visitava o jardim e mantinha plena comunhão
com o casal humano. Deus é Espírito e não pode ser percebido, senão
pelo espírito humano, que é inseparável de sua alma.
Adão era um adorador e o jardim era o templo. Sua adoração consistia em
cuidar do jardim, com os animais dentro e sua esposa. Uma adoração
doméstica, sem ritualismos ou formalidades. Não haviam prescrições
litúrgicas, pois a linguagem do Espírito é o Amor.
Os materialistas não acreditam que os homens possuam um espírito
autônomo, que habite o corpo. Ensinam que a vida humana se restringe à
materialidade do corpo, com seu sistema nervoso e o organismo
biológico. Quando os impulsos vitais cessam e consciência se apaga, não
resta alternativa, senão enterrar o cadáver, enquanto os vivos continuam
a lutar para não morrer.
Mas as Escrituras ensinam outra realidade aos homens. Deus soprou o
espírito para dentro do corpo humano, pelas narinas de Adão, e nos
tornamos almas viventes. É fundamental para a saúde da alma que se
estabeleça a distinção entre corpo e espírito, corpo e alma, espírito e alma.
São realidades distintas.
O corpo vem do pó da terra e recebe da alma os impulsos de vida. A alma
recebe do espírito seu fôlego de vida. E o espírito recebe vida de Deus.
Um está ligado ao outro, mantendo a unidade com a fonte: Deus.

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A Criação do Homem 8

Mas quando aceitamos a ideia materialista, cortamos o fio condutor entre


a consciência espiritual e a saúde da alma. E todos os conceitos que
absorvemos influenciam em nossa maneira de agir, pensar e existir. O
espírito humano veio diretamente do fôlego de Deus, portanto, está em
harmonia perfeita com o mundo espiritual que só pode ser percebido
espiritualmente. Sabemos, todavia, que o espírito também adoece, tanto
quanto o corpo, mas os males que o atingem são de outra natureza, muito
perigosos e dificilmente identificáveis.
O diabo atua no mundo espiritual com maior facilidade que no mundo
físico, e tira proveito de sua natureza demoníaca para encetar doenças
severas ao espírito dos homens, começando pela cegueira para as coisas
espirituais, agindo como o deus deste século que cegou o entendimento
dos incrédulos (2º Co 4.4).
Mas não devemos imaginar que o diabo tenha maior força que o espírito
humano, soprado diretamente por Deus nos homens. Na verdade, o
espírito é uma fortaleza, dotado de faculdades e virtudes poderosas e
suficientes para manter o demônio do lado de fora. As principais
faculdades do espírito são estas: discernimento, perspicácia, juízo e
transcendência.
Explicaremos cada uma delas e você perceberá que o espírito só fica
doente depois que as muralhas de sua fortaleza são derrubadas, e o diabo
sabe que precisa mudar de ataque a cada investida, pois o espírito humano
tem um poder de restauração muito grande e de ação rápida.
A faculdade do discernimento é uma habilidade espiritual que nos
permite perceber a presença da maldade nas pessoas que nos cercam e
nos alerta sobre as intenções de engano e sedução nas palavras delas. As
religiões costumam tratar esta presença com o nome de “energia
negativa”, como se uma sombra se projetasse sobre estas pessoas
tornando o ambiente ruim e propício para o mal.

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A Criação do Homem 9

A faculdade da perspicácia é uma habilidade para investigar as fontes das


verdades que nos chegam constantemente. Ela nos fortalece para persistir
na busca do bem, sem nos contentar com “meias verdades” ou
superficialidades da mentira.

A faculdade do juízo é uma habilidade em separar e distribuir as verdades


e mentiras de maneira crítica, categorizando cada decisão em seu devido
grau de importância e procurando devolver em justa medida o bem e o
mal que recebemos ou praticamos.

A faculdade da transcendência é uma habilidade do espírito em pairar


acima das circunstâncias e objetos de nosso interesse com o fim de tomar
posse da situação e agir com maior liberdade sobre as escolhas e decisões
da existência.

IV – Sua queda

Não sabemos quanto tempo Adão viveu sem pecado. Pensamos que no
jardim do Éden não havia preocupações com a idade, a saúde ou qualquer
sofrimento. A ausência destas mazelas devia causar um sentimento de
serenidade e tranquilidade, muito próximo da monotonia e da quietude
existente no mundo natural.
Certo dia Eva surgiu com uma novidade. Ela havia comido o fruto da
árvore da ciência do bem e do mal, mas continuava viva. A morte era
desconhecida e o casal não tinha ideia de como isto se processaria. Adão
sabia que deveria repreender Eva e cabia a ele reestabelecer a ordem das
coisas. Mas Adão também comeu do fruto.
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que
estavam nus.
Gênesis 3:7

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A Criação da Mulher 10

A Criação da Mulher
Introdução

Em Eva estão presentes algumas importantes características da


feminilidade, o que nos convém atentar, pois as Escrituras fazem clara
distinção entre macho e fêmea, homem e mulher, concedendo a cada um
seu próprio lugar na ordem da criação.
Deus criou Adão e Eva com sexualidade distinta, um do outro. Ambos
são humanos, mas ao homem Deus concedeu virilidade e à mulher
sensualidade. Em estado de natureza homem e mulher se atraem
mutuamente, iniciando um relacionamento heterossexual que
compreende as fases de namoro, noivado e casamento.
As culturas humanas modificam o tempo e a forma em que este
relacionamento acontece. O corpo humano sofre modificações biológicas
que lhe fazem percorrer a linha da infância, puberdade, juventude,
maturidade e velhice. Isto leva em torno de sessenta e setenta anos. Assim
que os hormônios da puberdade retiram a criança do mundo infantil, é
possível inserir o adolescente nas discussões sobre a sexualidade,
respeitando sua estrutura psicológica.
Homem e Mulher se complementam e a sexualidade de ambos assumem
polaridades diferentes, tanto por força de atração quanto por repulsão,
para que o estado de natureza mantenha o equilíbrio necessário para
manter a vida conjugal por uma vida inteira. Mas a sexualidade humana
é um fenômeno extravagante e com dificuldade se mantém em estado de
natureza.
Eva foi iludida pelo diabo, e sua atitude em comer do fruto proibido foi
um ato ingênuo, mas não irresponsável. Não sabemos quanto tempo
esteve ela no jardim, ao lado de Adão, mas sabemos que sua natureza
feminina foi instrumentalizada pela serpente afim de atingir Adão.

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A Criação da Mulher 11

I – Sua originalidade e Ingenuidade

Eva foi uma mulher criada para ser matriz de todas as mulheres. Não
havia uma forma feminina antes dela para que Deus copiasse. Embora
seu corpo seja humano, como o de Adão, sua compleição física é
diferente, assim como seu organismo e sua psicologia.
Em linguagem bíblica, a mulher foi criada para o homem, com a
finalidade de lhe ser uma ajudadora idônea, ou seja, que melhorasse as
obras do homem, junto com ele. Não havia igualdade de gênero. Nem de
identidade ou de personalidade. Ambos eram distintos e se completavam
com suas diferenças. “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e
apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. (Gênesis
2:24,25)
Estranhamos que Eva estivesse próxima da árvore do conhecimento do
bem e do mal, a sós com a serpente, sendo que havia uma ordem expressa
para que não se comesse daquele fruto, portanto, deveria ser mantida uma
distância considerável entre ela e a árvore.
A entrevista com a serpente foi desastrosa, pois com poucas palavras o
diabo conseguiu seduzi-la a comer do fruto proibido, com uma promessa
mentirosa de torná-la entendida em todas as coisas, semelhante a Deus.
Foi ingênua, não percebendo a artimanha de satanás. Não desconfiou que
uma das criaturas do jardim estava servindo como instrumento de engano,
com palavras aliciantes e insinuadoras. O diabo é um encantador e possui
a índole de um feiticeiro, praticando magia e liberando seu veneno oculto
em suas palavras.
Após comer do fruto, junto com Adão, foram abertos os olhos de ambos,
e conheceram que estavam nus (Gênesis 3:7). Nenhum conhecimento lhe
foi acrescentado, senão a decepção de enxergar a própria nudez e a
vergonha diante de seu marido. Também experimentou o desespero e
procurou se cobrir com folhas de figueira, vestimentas inúteis
semelhantes as fantasias de carnaval. O que queriam eles? Se disfarçar de
árvore?

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A Criação da Mulher 12

II – Sua dor e esperança


Eva foi banida do jardim e perdeu sua casa, o maior temor das mulheres.
Para onde ir? O que fazer? Por onde recomeçar? Como retornar ao
jardim? Deus lhe deu um enigma, uma profecia de redenção. Ela teria
filhos, e um deles venceria a serpente, retomando o direito de voltar ao
paraíso perdido. Mas quando seria isto? Como se daria?
À mulher disse Deus: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua
conceição. Com dor darás à luz filhos, e o teu desejo será para o teu
marido, e ele te dominará.
Gênesis 3:16
A dor de Eva seria multiplicada grandemente. Ela lamentaria eternamente
ter cedido à sedução da serpente, e dali em diante desconfiaria de todos e
sua natureza se transformaria em sedutora, antes de ser iludida. Seus
filhos lhe trariam dores, desde a gestação até seus últimos dias, lhe
causando tristeza e angústias, assim como ela causou no coração de Deus.
Por último, Eva e suas filhas passariam a vida inteira desejando o amor
dos homens, mas seriam penalizadas com a dominação, sendo rebaixadas
a uma posição de sujeição. Não haveria mais reciprocidade entre os
corações. Um misto de paixão, decepção, amor e revolta fariam parte da
história das mulheres.
Deus concedeu fertilidade a Eva, e logo lhe nasceram filhos. Caim e Abel.
Um desses esmagaria a cabeça da serpente e abriria o caminho de volta
ao paraíso, o jardim das delícias, o Éden de Deus. Mas sua esperança foi
adiada, pois o diabo tomou conta de Caim e o levou a cometer o primeiro
homicídio. O que será que Deus queria dizer com a sentença dada à
serpente?
Maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do
campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua
vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua
semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis
3:14,15

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O Projeto de Deus para a Humanidade 13

O Projeto de Deus para a Humanidade

O projeto de Deus para a vida Humana é perfeito! No ato da criação ficou


estabelecido que homem e mulher seriam feitos à imagem e semelhança
de Deus, com autoridade para dominar o lar em que vivem, seja sobre as
pequenas coisas ou os grandes problemas. Enquanto o casal se mantém
em conformidade com o projeto original da criação as coisas da vida
recebem a benevolência do Senhor e o lar é abençoado, mas quando a
vida conjugal se desvia para longe de seu propósito as dores do mundo se
multiplicam.
Deus abençoou a vida conjugal! Este é o projeto original! Que o lar dos
filhos de Deus seja um lugar de alegria, paz e conforto. Não se trata de
um ambiente neutro, onde não exista conflito, e sim, de uma casa em que
o casal sustente sua responsabilidade pela construção da família, tendo
Deus como o Pai de todos, em devida honra e amor.
Fertilidade e prosperidade são dois sinais da benevolência de Deus. Não
é agradável que homem e mulher façam seus planos excluindo o outro de
sua companhia. Sabemos que cada um tem seus próprios afazeres, por
isso, não dá para ficar grudado o tempo todo um ao outro. Mas também
sabemos que um constrói a alegria do outro, o que exige um mínimo de
ligação e propósito conjugal. O que um faz para si, faz pelo outro. O que
é feito em casa, é para prosperidade da casa!

A Solidão do Homem e a presença da Mulher

O SENHOR Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só;


farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”.
O homem, criado à imagem e semelhança de Deus experimenta uma
solidão existencial que o acompanha por toda a vida, a menos que
encontre alguém que lhe auxilie e corresponda. Para fixar na alma do
homem sua carência por uma mulher, o Criador o deixou na primeira
infância em companhia dos bichos da natureza.

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O Projeto de Deus para a Humanidade 14

Todos os animais viviam em pares – macho e fêmea – mas para o homem


não havia quem lhe completasse. A solidão do homem é uma aflição na
alma, pois nada fora do homem o completa. Trabalho, estudos, amizades,
guerras, conquistas e toda a materialidade das coisas estão distante do
interior do coração. Mesmo que alguém procure substituir o amor
conjugal por outros amores, jamais experimentará o aconchego que
somente o casamento pode proporcionar.
Deus criou a fêmea do homem e a qualificou para ser auxiliadora e
correspondente. Em termos simples, a mulher é a aperfeiçoadora das
obras do homem. Em tempos de emancipação da mulher, seguindo as
filosofias dos ateus que estabelecem os padrões da mundanidade acima
do valor da Palavra de Deus, é necessário retomar o projeto original de
Deus para o casal, onde marido e mulher não competem para superar o
outro em suas guerras, mas se unem em amor para a construção de um lar
cristão, onde Deus é presente na consciência e no coração.
A solidão do homem é um estado de alma, que somente a presença da
mulher pode aliviar. Estar presente não significa estar ao lado, e sim, estar
no coração, assim como marcar presença diante dos olhos e ao alcance
dos braços. Não é uma invasão de privacidade, e sim, uma preocupação
com o bem-estar de quem se ama. É preciso cuidar, sem oprimir. Abraçar,
sem machucar. Gostar, sem aprisionar.

Os perigos da sedução

O SENHOR Deus perguntou então à mulher: “Que foi que você


fez?” Respondeu a mulher: “A serpente me enganou, e eu comi”.
Homem e mulher convivem diuturnamente em casamento, por toda a
vida. É inevitável que a rotina se instaure no lar e cada um se aplique a
atividades de distração e entretenimento pessoais. Mas não estamos sós
no mundo. Tem mais gente lá fora, com outras prioridades, totalmente
diferente dos valores do Reino de Deus. Serpentes sedutoras que se
enroscam no galho das árvores, procurando flertar com pessoas ociosas e
distraídas para com suas prioridades conjugais.

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O Projeto de Deus para a Humanidade 15

A mulher de Adão flertou com o perigo e foi seduzida pelo sedutor. A


cobra do Éden representa toda e qualquer sedução que torne a pessoa
negligente com suas responsabilidades conjugais. Eva poderia ficar a sós
com a serpente? Não sabia ela que a cobra era perita na arte da sedução –
a mais astuta entre todas as criaturas da terra? Por que lhe deu ouvidos?
É justamente o encanto do mistério que seduz a razão.
A serpente enganou Eva! Como se deu isto? Com palavras apenas. Nada
de verdadeiro. Nada de real. Nada de concreto. Apenas palavras
inculcadas, levantando suspeitas contra a bondade de Deus e o perigo do
mal. O diabo lhe disse que Deus não era tão bom assim, nem o pecado
tão mal. Levantou a dúvida, ao ponto de lhe induzir a corrigir Deus e
Adão. Ela comeu do fruto, e não morreu (de imediato). Então levou o
fruto a Adão em demonstração de que seu temor da morte não era real e
que sua teologia estava equivocada.
Adão ouviu a voz de Eva, pois ela representava o presente de Deus ao
homem. Como poderia estar viva, depois de comer o fruto? Será que Deus
estava brincando com sua capacidade de julgar o bem e o mal? Adão,
ofendido com a ordem de Deus se alimenta do fruto proibido e a partir
desse momento irá cobiçar todas as coisas proibidas do mundo. Sua fome
será insaciável, buscando satisfação no pecado.

Conclusão

Adão teve relações com Eva, sua mulher, e ela engravidou e deu
à luz Caim. Disse ela: “Com o auxílio do SENHOR tive um filho
homem”. Voltou a dar à luz, desta vez a Abel, irmão dele. Abel
tornou-se pastor de ovelhas, e Caim, agricultor. Novamente Adão
teve relações com sua mulher, e ela deu à luz outro filho, a quem
chamou Sete, dizendo: “Deus me concedeu um filho no lugar de
Abel, visto que Caim o matou”.
Observamos que Adão apenas mantém relação íntima com Eva, mas não
celebra o nascimento dos filhos. A mulher demonstra que é o SENHOR
quem lhe auxilia na concepção dos filhos, e lhes encaminha os primeiros
passos na presença de Deus.

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O Projeto de Deus para a Humanidade 16

Caim e Abel servem ao Senhor, cada um de maneira diferente, com frutos


da terra ou com ofertas do rebanho. Mas um dos filhos se desencaminha
seguindo o exemplo do pai, que se desviou e jamais retornou à comunhão.
Mas Abel seguia os passos de Eva, a adoradora.
Os filhos passam por grandes dilemas em absorver o exemplo dos pais e
a natureza humana está propensa a se deixar levar pela indisciplina e o
abandono dos bons princípios. A psicologia das crianças procura admirar
o herói e imitar exemplos. Os pais enfrentam grandes angústias com seus
filhos, mas estão em posição de autoridade sobre eles, tanto para educar
quanto para disciplinar.
Adão se ausenta do destino final de sua familia. Ele é apenas um
reprodutor da espécie, vivendo 930 anos sem deixar uma só palavra de
ensino a nenhum de seus descendentes. O fracasso do Éden o
desmoralizou, de tal forma que deixou a humanidade livre para seguir o
pecado (ou não). O casal deve tomar cuidado com a publicação de seus
erros diante dos filhos, pois de uma forma ou de outra as crianças irão se
referenciar nos atos dos pais.
Eva concebeu um terceiro filho a quem chamou de Sete. Ela também
celebrou o nascimento deste menino, renovando suas forças diante de
uma tragédia em família. Deus fortalece a maternidade da mulheres, as
quais podem restaurar sua casa, mesmo diante das ruínas. O marido pode
ter se entregue aos vícios e ao desprezo das coisas, mas a esposa recebeu
de Deus a virtude para o recomeço e reconstrução do lar. Olhar para o
Senhor é fundamental para que a familia seja salva.
Eva gerou filhos e filhas para Adão, mas nenhum deles concretizou a
profecia messiânica, pois esta somente se cumpriria quatro mil anos
depois. Suas dores se multiplicaram muito, vendo um de seus filhos morto
e o outro fugindo para não mais voltar. Somente quando Maria, uma de
suas filhas recebeu a visita do Espírito Santo, o jardim foi recuperado.

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