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Pecado Original
O pecado original era o pecado cometido por Adão e Eva, e também se trata do ponto
de partida necessário para que todos nós possamos existir, as relações sexuais. O Homem
contrai o pecado original ao nascer, cresce e adquire capacidade de lutar contra esse e os
outros numerosos pecados, termina a sua vida na terra e será julgado se viverá uma
eternidade no paraíso ou não. O vínculo das pessoas com o pecado de Adão faz com que toda
a humanidade participe do Pecado Original, partilhem igualmente da pena e da culpa. Para se
livrar do pecado original era preciso seguir aos dogmas da igreja, ser batizado criança, fazer o
sacramento. O único ser que é livre do pecado original é Jesus Cristo, pois ele nasceu da
Virgem Maria.
Quem traz essa ideia é Agostinho, que na Idade Média escreve sobre isso, mas
também, tem a noção da necessidade de gerações futuras. Agostinho entende como o
“Processo de propagação progressiva do pecado”, no momento do nascimento o indivíduo
recebe o pecado de deus pais, esse pecado é transmitido e contaminado pelo corpo, gerando
os desejos e as vontades carnais incontroláveis, que no final irá gerar outro indivíduo. Essa
ideia agostiniana é adotada por diversos teólogos com o decorrer dos séculos. O pecado
original era uma privação, uma vontade voltada para o bem e contra os prazeres da carne. “O
pecado se produzia no momento em que parte superior do homem, a razão e a vontade, não
governava a parte inferior do modo como Deus tinha determinado no primeiro homem e
como o primeiro homem não quis mais que fosse.”
A natureza do pecado
O pecado original fez com que surgissem dúvidas e questionamentos sobre a natureza
dos outros pecados. A patrística encontra nesse discurso a resposta para os problemas da
moral cotidiana, o homem que é corrompido por natureza, carrega em si essa corrosão e
continua inevitavelmente reproduzindo esse padrão do primeiro pecado. O texto fala que por
volta do século XII os monges e mestres começam a se interrogar fortemente sobre a natureza
do pecado. O tema é confrontado pela primeira vez na obra Ética de Abelardo, que define a
natureza do pecado em duas vertentes, a do vício e da ação pecaminosa. O vício seria
consequência do pecado original, que gerou a corrupção da alma. Já o ato pecaminoso
consiste no assentimento da vontade humana às tendências viciosas, e por isso, nem sempre
implica a vontade do ser humano, não podem ser imputados à responsabilidade humana, já
que se trata da tendência pecaminosa. “Assim, o pecado nasce, sempre e de todo mundo, de
um ato livre da vontade humana e já aparece completo em sua culpabilidade, antes mesmo de
se traduzir em ação exterior.”
Para os monges, o pecado coincide com o vício, pois corrompe o corpo e a alma do
indivíduo, gerando a tendência de fazer o mal. Para Abelardo o papel da consciência no
pecado é essencial, pois a consciência reconhece as tendências viciosas e éticas do pecado,
ficando a livre escolha do indivíduo. O pecado consiste nas intenções maldosas, que após a
consciência do pecado, nenhuma boa intenção pode voltar atrás. A natureza do pecado como
ato de vontade do ser humano aparece nas definições a partir de Pedro Lombardo, de maneira
particular na escola franciscana. Agostinho define pecado como uma ação, palavra ou um
desejo contrário à lei divina. São Tomás de Aquino e Agostinho dividem opiniões muito
parecidas sobre o pecado, para Tomás, o pecado consiste em um ato desordenado que vai
contra à lei divina, e confrontar a lei divina significa ir contra a racionalidade universal, que é
a marca de Deus no mundo. Tomás diz que o pecado é constituído por dois elementos,
primeiro o ato humano, que se trata do pecado em si, o pensamento a palavra ou a ação, e o
elemento formal, que consiste na transgressão da lei eterna, contra a lei divina regente do
universo. O pecado consiste na infração do que Deus estabeleceu como mandamento ou
interdição. A vontade de Deus é inquestionável e inexplicável, não precisa ser racional ou ter
vínculo com qualquer ordem.
O pecado e os pecados
O caráter remissível dos pecados que a Igreja exerce na cultura medieval mostra que o
poder de perdoar os pecados e prescrever punições era cabível somente à Deus e a Igreja, isso
gera o costume de confessar privadamente e receber um perdão. O momento central da
penitência é em 1215, ano em que o Concílio de Latrão impõe a todos os fiéis a obrigação da
penitência anual. Até nos dias de hoje é posta a obrigação de confissão oral dos erros ao dizer
o pecado para o padre, o penitente deve ser convencido da utilidade da confissão e
anunciação dos pecados, habituado a ouvir os sermões. Para o padre, exige-se a capacidade
de escutar os penitentes, mesmo os mais ignorantes, escutar a confissão total dos pecados.
Para isso, o padre possui manuais de confessores, súmulas penitenciais, ensinamentos sobre
os vícios e as virtudes, etc. O costume de confessar faz com que isso se torne algo da vida
cotidiana, as pessoas pecavam e buscavam perdão, permaneciam no mesmo ciclo de sempre.