Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Artigo - Gestão Democrática No DF
Artigo - Gestão Democrática No DF
Distrito Federal:
Reflexos na Qualidade da Gestão
Jovandir Botelho de Andrade *
RESUMO
* Jovandir Botelho de Andrade é professor da SEEDF, mestrando em Ciências da Educação pela Universidad Americana del
Paraguay e atual diretor do CED 01 do Cruzeiro.
Quadro 1. Modelos de escolha de diretores escolares vivenciados no Distrito Federal entre 1957 e 2014.
Modelo de
Processo seletivo com
escolha do Eleição direta Lista tríplice com indicação Eleição direta
eleição
diretor
- Redução da participação - Redução da participação - Ampliação da participação
- Participação de alunos
dos alunos (maiores de 14 dos alunos (maiores de 16 dos alunos (maiores de 13
maiores de 13 anos;
anos); anos); anos);
- Representação paritária
- Representação paritária -Supressão da representação - Supressão da
dos segmento e de servidores
dos segmentos; paritária; representação paritária;
Conselho e comunidade;
Escolar - Estabelecimento de - Sem estabelecimento de - Estabelecimento de - Estabelecimento de
periodicidade de reuniões; periodicidade; participação no PDAF; participação no PDAF;
- Consultivo, deliberativo,
- Deliberativo, normativo e - Sem detalhamento do - Consultivo, deliberativo, mobilizador, fiscalizador e
fiscalizador; papel do conselho; mobilizador e supervisor; representativo da
comunidade escolar;
- Autonomia das escolas na - Autonomia das escolas na
- Não previa PPP: - Não previa o PPP;
Projeto gestão do projeto educativo; elaboração do PPP;
Político- - Conselho responsável por - Apresentação de proposta - Apresentação de Plano de - Apresentação de Plano de
Pedagógico mecanismos para garantir a pedagógica por candidatos trabalho por candidatos para Ação por candidatos à
participação; para a lista tríplice; a lista tríplice; eleição;
Descentrali- - Sem regulamentação da
- Instituição do Programa de
zação descentralização;
- Sem regulamntação da Decentralização
Administrati- - Previsão de gestão - Ampliação do PDAF.
descentralização; Administrativa e Financeira
va e conjunta da escola pela
(PDAF);
Financeira direção e conselho escolar;
CEF 01 do
Sim Sim Sim/Sim 4,3/4,6/5,4/5,7/5,3***
Total de eleitores Percentuais de pais e Cruzeiro
Escola Ano
votantes responsáveis votantes CEF 02 do
Sim Sim Sim/Sim 3,3/4,0/3,6/4,2/3,7****
Cruzeiro
CED 01do 2012 570 eleitores 28 votantes – 4,9% EC 04 do
Sim Sim Sim/Sim 4,3/4,5/5,3/5,9/5,7
Cruzeiro 2013 671 eleitores 17 votantes – 2,5¨% Cruzeiro
Vale ressaltar que mesmo com os índi- Em relação aos anos iniciais do Ensino
ces menores na última avaliação do IDEB, as es- Fundamental, na rede pública de ensino do DF,
colas da Região Administrativa do Cruzeiro, em o IDEB aferido aumentou em relação a 2011 de
sua maioria, ainda se mantem acima da média 5,4 para 5,6, superando a meta projetada de 5,5.
das escolas brasileiras.
Quanto aos anos finais do Ensino Fun-
Verificou-se que o IDEB não é consenso damental, o DF manteve o mesmo índice de
nas escolas pesquisadas como um instrumento 2011 – 3,9, não alcançando a projeção de 4,1
relevante de avaliação das escolas. Uma profes- e ficando como décimo entre os 27 Estados,
sora entrevistada defende que o IDEB não dife- sendo que apenas oito deles alcançaram a meta
rencia “alunos que vêm de outro Estado, de ou- projetada.
tra escola ou com problemas de alfabetização”
quando avalia. No Ensino Médio, mesmo não tendo
alcançado a projeção de 3,6, o DF dá sinais de
O IDEB - Índice de Desenvolvimento recuperação. Após a estagnação do IDEB para
da Educação Básica -, criado para medir a qua- esta etapa no período de 2007 a 2009, seguido
lidade do aprendizado nacional e estabelecer de queda em 2011, o DF supera a tendência de
metas para a melhoria do ensino, é calculado declive e avança com o aumento do índice em
com base no rendimento escolar (aprovação, 0,2%. O DF alcançou 3,3 e se mantém entre os
reprovação e abandono), cujo dados são obti- doze Estados com melhores resultados.
dos, anualmente, por meio do Censo Escolar
da Educação Básica - Educacenso. Ele também Uma característica dos pleitos para esco-
leva em consideração para seu cálculo a média lhas dos gestores é que nem todas as escolas da RA
do desempenho dos estudantes em testes de Cruzeiro participaram do processo eleitoral de
Português e Matemática (Prova Brasil), apurado 2012 e 2013 com mais de uma chapa concorren-
pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educa- do aos cargos. Na maioria das escolas, a escolha se
ção Básica – SAEB. deu em chapa única, o que se percebe através do
quadro 5, a seguir. Em 2013, os diretores ou se ele-
Os resultados mais recentes - referentes geram novamente, ou foram sucedidos pelos seus
ao ano de 2013 e divulgados em 2014 - mos- vice-diretores do mandato de 2012.
tram uma média de 4,6 para os anos iniciais do
Ensino Fundamental; de 4,0 para os anos finais Verificou- se que houve a participação de
do Ensino Fundamental e de 3,6 para o Ensino 69% da comunidade escolar na elaboração dos
Médio. Em 2005, as médias eram mais baixas: Projetos Políticos Pedagógicos – PPP’s das escolas
3,8; 3,5 e 3,4, respectivamente. Em 2007, elas da Região Administrativa do Cruzeiro (Gráfico 1).
cresceram para 4,2, 3,8 e 3,5. Nos últimos qua-
35% 65%
Não
7% Não soube 20%
58% responder 15% 15%
Sim
Sim 35% Não soube
1 20% responder 1
58% Não
2
65%
2
3 3
7%
É possível afirmar que as escolas não estão A comunidade escolar participou da ela-
conseguindo uma boa divulgação dos resultados boração da lista de prioridades para aplicação
do IDEB alcançados nas avalições nacionais, pois dos recursos repassados pelo governo às escolas,
65% dos pesquisados marcaram “não sei” quando considerando que 21% dos respondentes afirma-
perguntado se a sua escola divulga os resultados ram ter participado (Gráfico 5). Foram adotadas
do IDEB (Gráfico 4). estratégias diferentes para elaboração das atas de
prioridades, mas nas entrevistas prevaleceu a afir-
Gráfico 3. O segmento que você integra participou mação de que as prioridades “são tiradas em reu-
da definição de projeto de combate ao abandono/ nião do conselho escolar”, órgão representativo da
reprovação escolar? comunidade escolar.
21%
22% Não Entre os entrevistados, é unanimidade
57% 21% que o processo de escolha dos gestores das esco-
Não soube las públicas foi bem aceito pela comunidade es-
responder Sim 1
sua vez disse: “não sei..., não sei nem a nossa clas-
sificação”.
HORA, Dinair Leal da. Gestão Democrática na Escola: Artes e Ofícios da participação coletiva.
Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico. Campinas SP. Papirus Editora. 18ª
edição. 2011.
LÜCK, Heloísa. et.al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 5º Ed. DP&A, São Paulo,
2001.
MENDES, Carolina Soares. Como os modelos de escolha de dirigentes incidem na gestão escolar.
Brasília. Dissertação de Mestrado - UNB. 2012.
PARO, Vitor. Gestão Escolar, Democracia e qualidade do Ensino. São Paulo. Ed. Ática. 2007.
VIEIRA, Sofia Lerche. Educação Básica, política e gestão da escola. 2ª edição.Brasília. Liber Livros.
2009.
http://www.se.df.gov.br/educacao-df/rede-part-conv/440-censo-2012.html, acessado em 20 de ju
lho de 2014.
http://www.se.df.gov.br/educacao-df/rede-part-conv/450-censo-escolar-2013.html, acessado em 20
de julho de 2014.