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A situação do país no final da monarquia

1.
B.
2.
Mediante os dois documentos apresentados, é possível constatar
que relativamente à situação económica em que Portugal se encontrava
em finais do século XIX, a opinião de Afonso Costa e de João Franco é
claramente distinta.
Sendo assim, no documento 1 é visível a posição crítica do deputado
republicano, salvaguardando deste modo que o Governo a partir do artigo
48º, tem como simples finalidade “defender criminosamente os autores e
cúmplices dos crimes anteriormente cometidos”, por outras palavras
pretende transmitir que o Governo compactuou com todos aqueles
elementos que colaboraram para agravar a economia do país, expondo
deste modo a contínua corrupção do Governo e de João Franco, uma vez
que tencionavam defender apenas “tudo quanto interessa à vida da Nação
e se relaciona com o rei e a sua família”. Já no documento 2, o presidente
do conselho de ministros, rejeita o ponto de vista de Afonso Costa,
desvalorizando-o, dado que João considera que o assunto “[dos
adiantamentos à casa real] era de toda a gente conhecido, mas ninguém
julgava que o interesse público pedisse que ele fosse discutido
imediatamente”.
Outro aspeto prende-se com o facto de Afonso evidenciar o seu
descontentamento ao salientar que esta ocorrência do artigo era apenas
uma maneira “de tentar reabilitar a monarquia”. Os princípios deste artigo
iam em contraposição com o que seria benéfico para o povo, visto que a
maior preocupação de João Franco, visava no bem-estar do “rei e da sua
família”, não se interessando pelo “pobre povo”. Com isto, o presidente
discorda da opinião de Afonso, afirmando então que o artigo era
indispensável “para que os orçamentos sejam executados tais como são
votados no Parlamento”, tornando-o numa espécie de salvamento do
orçamento do Estado, o que acabou por não se constatar.
É possível visar a nível do regime utilizado, uma alusão de Costa
para colocar um fim à monarquia, evidenciando que “nem a autoridade
moral que seria a única razão da sua existência”, seria suficiente para a
resguardar do seu fim. Já Franco garante, que a “independência da pátria
e monarquia são duas coisas absolutamente ligadas entre si”, ou seja, a
razão da existência da monarquia era pela “independência da pátria”,
estando desta forma apontado a continuidade do uso deste regime.
Quanto aos “adiantamentos à casa real”, o deputado evidencia
sarcasticamente que “no projeto [dos adiantamentos à casa real] … a
concentração no poder executivo de tudo o que diz respeito à
contabilidade e à sua fiscalização preventiva” acontecia, já que nem os
deputados que representavam o povo, nem o povo em si, tiveram a
oportunidade de exibir oposição à cedência do dinheiro “que a casa real
recebia”. Enquanto que o presidente do concelho explicita que o assunto
“[dos adiantamentos à casa real]”, “era de toda a gente conhecido”, isto é,
que o povo tinha total conhecimento, enunciando da mesma maneira que
“ninguém julgava que o interesse público pedisse que ele fosse discutido
imediatamente”, Franco julgava que o povo não iria querer apresentar uma
opinião contrária, com a aplicação do “sufrágio popular”, sendo
desnecessário para ele e para o Governo alguma argumentação.
Como último tópico, é possível constatar que durante a governação
de Franco, a liberdade do povo é explicita com posições opostas nos dois
documentos. Sendo que no documento 1 é afirmado que “quis-se evitar
que os deputados republicanos discutam”, evidenciando deste modo que o
Governo era “uma arma defensiva de certas entidades”, especificamente
da Monarquia, dado que para os salvaguardar, limitavam os “direitos dos
cidadãos” e utilizavam “ilegitimamente os dinheiros da Nação”,
demonstrando assim a censura da palavra do povo. Já no documento 2 é
sublinhado que embora o presidente do concelho de Ministros fosse
considerado pela maioria como o “inimigo da liberdade”, a sua
administração permitiu que o “país e principalmente os ilustres deputados
republicanos sabem perfeitamente que nunca ninguém gozou de tão
grande tolerância, como têm gozado os cidadãos nestes últimos seis
meses”.
3.
Os republicanos há muito tempo que desejavam pôr um fim à
monarquia, ocorrendo deste modo diversas manifestações no sentido de
agir contra este sistema monárquico.
É possível constatar a partir do documento 1, alguns destes
movimentos, nomeadamente: com a propagação de ideias relativamente
às descabidas medidas que eram tomadas pelo Governo, principalmente
através de “comícios populares [e de] jornais democráticos”; outra ação
prendeu-se com a rejeição ás opiniões demarcadas pelo regime
monárquico, especificamente com a “[dos adiantamentos à casa real]” ou
pelos partidos monárquicos; salienta-se do mesmo modo o estímulo de
revoltas populares, “como não se haveria de revoltar?”; como última ação
adotada pelos republicanos com vista a conquistar o poder, evidenciou-se
com a criação de instituições republicanas, podendo aqui serem
amplamente e livremente analisados e aperfeiçoados, os ideais do partido.

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