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A- Em nosso estudo, buscando uma maior clareza de domínio, identificamos os

acoplamentos como elementos estruturais, ou vínculos, submetidos a cargas de natureza


dinâmica, sendo que esses acoplamentos podem ser rígidos ou flexíveis. Quanto à sua
definição, podemos dizer que acoplamentos são conjuntos mecânicos construídos de
elementos de máquinas, cuja aplicação é feita para a transmissão de movimento de rotação.
Os acoplamentos rígidos, ou fixos, são o tipo de vínculo que tem como função a união
de elementos distintos do conjunto, não permitindo que haja movimento relativo entre eles.
Em outras palavras, o conjunto funciona como uma peça única. O alinhamento da linha de
centro dos eixos acoplados deve ser preciso, para evitar forças laterais e momentos fletores
na montagem do acoplamento.
Os acoplamentos flexíveis, ou complacentes, podem absorver certo desalinhamento
entre os eixos. Esse tipo de acoplamento é dividido em várias subcategorias de acordo com
o desalinhamento tolerado, podendo esse desalinhamento ser do tipo axial, angular, paralelo
ou torcional.
Uma vez conhecidas as definições para acoplamentos rígidos e flexíveis, podemos
exemplificar dois tipos de cada um deles, como solicitado.
Para os acoplamentos rígidos, temos como exemplos:
a) Acoplamentos parafusados: os parafusos Acoplamento rígido com luva ou de
penetram no eixo a fim de transmitir torque e aperto (com chaveta)
forças axiais. Recomenda-se sua utilização
apenas para cargas leves, uma vez que, ao
serem submetidos a vibrações, os parafusos
podem se soltar.

b) Acoplamentos chavetados: podem transmitir


torques elevados. Frequentemente, as chavetas
são combinadas com parafusos, sendo que
estes são posicionados à 90º da chaveta. Devido
à vibração, um parafuso arredondado é utilizado Fonte:https://www.automotioncomponents.co.uk
para cavar o eixo com um buraco raso sob o /media/products/large/one-piece-rigid-
coupling.r3200r.jpg
parafuso.

Como exemplos de acoplamentos flexíveis, temos:


a) Acoplamentos de mandíbula: possuem dois cubos com mandíbulas que se entrelaçam,
através de um separador elastomérico, torcionalmente. Desalinhamentos axiais,
angulares e paralelos são permitidos. As folgas também podem permitir golpes
indesejáveis.
b) Acoplamentos de disco flexível: de modo Acoplamento de disco flexível
similar aos acoplamentos de mandíbula, nesse
tipo de acoplamento os cubos são conectados
através de um disco fabricado em material
elastomérico ou metálico brando. Permitem
desalinhamento axial, angular e paralelo e
possuem certa complacência torcional. No
entanto, diferente do acoplamento de
mandíbula permitem pouco ou nenhum golpe.

Fonte: https://www.directindustry.com/pt/prod/zero-
max/product-14292-596521.html

Alguns casos reais de utilização de acoplamentos são mostrados a seguir:


Acoplamento flexível do tipo mandíbula Acoplamento rígido bipartido utilizado em um
utilizado em um motor CNC redutor suspenso (transportador de correia)

Fonte: https://i.ebayimg.com/images/g/21YAAOSwYxBaS-Gj/s-
l1600.jpg
Fonte: https://www.transmitechredutores.com.br/acoplamento-
rigido-weg-cestari-#!prettyPhoto

Nas aplicações onde se exige o uso de um acoplamento flexível, o processo de


seleção de um elemento pré-fabricado é o mais indicado. Já para acoplamentos rígidos,
embora sua fabricação também possa ser padronizada, é possível projetá-los e fabricá-los,
de forma exclusiva. Nesse caso, no que diz respeito ao estudo de projetos mecânicos, os
acoplamentos podem ser dimensionados de acordo com técnicas de confiabilidade que
visam o combate ou o não-surgimento de falhas por fadiga. Além disso, mesmo que seja
realizada a compra no comércio, é proveitoso analisar os esforços, geralmente de torção, e
a unificação de resistência nos pontos críticos.
B- A depender do projeto e da necessidade de aplicação, mancais de elementos rolantes
podem resistir a cargas radiais, axiais ou a uma combinação de ambas. O sistema real
escolhido foi um torno convencional que apresenta mancal de rolos cônicos na placa de
fixação da peça (destacada na imagem). O mancal de rolos cônicos é ideal para aplicação
nesse sistema pois é projetado para suportar carga axial grande e carga radial. Nesse caso,
a carga axial, apenas em um sentido, se dá devido ao esforço da ferramenta sobre o eixo
(ex.: furação em um mandril). As cargas radiais são inerentes ao sistema devido a sua
montagem.

Fonte:
https://www.cldrolamentos.com.br/blog/rol
amentos/rolamentos-conicos-o-que-e-e-
para-que-serve/

Fonte: https://www.lojadomecanico.com.br/produto/103959/11/612/Torno-Mecanico-500mm-BV20L-550W-220V/153

Para o sistema real apresentado,


temos o modelo físico ao lado com Carga
indicação das forças atuantes. Carga combinada
radial
Em relação à seleção dos
rolamentos, é importante salientar que os
mancais de elementos rolantes são Carga
axial
tipicamente selecionados por meio de
catálogos de fabricantes de acordo com a
aplicação particular. São levadas em
consideração informações como cargas
Fonte: FREITAS, M. Rolamentos. Escola de Engenharia de
estática 𝐶0 e dinâmica 𝐶 aplicadas, São Carlos, 2004
velocidade de aplicação e vida desejada
até a fadiga.
Para a seleção é preciso consultar um catálogo de mancais, selecionar um mancal de
teste e extrair os valores das incógnitas que constam nas equações a seguir, sendo que os
valores de 𝑃 e 𝐿 devem ser encontrados a partir das equações. Além disso, a carga estática
deve ser comparada a 𝐶0 a fim de evitar deformações excessivas.
Equações utilizadas

𝑃 = carga equivalente
𝑋 e 𝑌 = fatores radial e axial,
respectivamente (se relacionam à
habilidade do mancal em acomodar as
Cálculo da carga equivalente
𝑃 = 𝑋𝑉𝐹𝑟 + 𝑈𝐹𝑎 cargas)
(ou combinada)
𝑉 = fator de rotação (é igual a 1 para
um mancal interno rodando)
𝐹𝑟 = carga radial constante aplicada
𝐹𝑎 = carga axial constante aplicada

𝐿 = vida de fadiga expressa em


Cálculo da vida prevista de
𝐶 10/3 milhões de revoluções
fadiga (para um mancal de 𝐿=( )
𝑃 𝐶 = carga dinâmica básica de
rolos)
classificação (definida pelo fabricante)
C- Tensões alternantes:
A maior parte das tensões alternantes têm forma senoidal, em tais tensões os picos
máximos e mínimos são de importante consideração pois daí serão determinados
parâmetros importantes na análise tensão versus tempo como por exemplo tensão máxima,
tensão mínima, tensão média e variação de tensão. Variando-se a tensão média ou a
amplitude de tensão tem-se o efeito da tensão flutuante, tais tensões podem levar um
elemento à fadiga pois provocam a falha antes da resistência última do material e abaixo da
resistência ao escoamento.
No que diz respeito a análise de tensões alternantes alguns gráficos são de
fundamental importância na análise do comportamento do material quando sujeito as
respectivas tensões. Dentre tais gráficos é importante citar o diagrama S-N (Figura C1), a
curva S-N relaciona a tensão aplicada ao material ao número de ciclos até a falha, portanto,
para uma dada faixa de estresse, é possível calcular o número de ciclos qual o material irá
falhar (vida útil do elemento). Ademais, ainda nesta curva, tem-se outros dados importantes:
é possível traçar o limite de resistência a fadiga (abaixo deste limite, teoricamente, a vida útil
do elemento é infinita), a curva pode ser dividia em baixos (maiores tensões cíclicas, falha
ocorre em poucos ciclos) e altos (baixas tensões cíclicas, neste caso tem-se apenas
deformação elástica como consequência das baixas tensões) ciclos de fadiga. Nas regiões
de baixo ciclo ocorrem deformações plásticas e elásticas devido as tensões envolvidas
estarem acima da linha de escoamento e nas regiões de maiores ciclos, devido a tensão ser
menor que a tensão de escoamento, apenas deformação elástica ocorre.
Figura C1

Ademais, outro gráfico importante na análise de falha por tensões alternadas é o


diagrama de Goodman (Figura C2). Tal diagrama relaciona o limite de resistência à fadiga
com a tensão média atuante. A tensão média é plotada no eixo horizontal e as componentes
de tensão traçadas na ordenada, uma linha entre o limite de resistência à fadiga em uma
tensão média igual a zero é traçada em relação ao limite de resistência do material, na região
abaixo da linha de Goodman o elemento estará livre da falha por fadiga. Tal método é
importante para determinar se um elemento terá uma vida infinita. Outras variações do
diagrama de Goodman existem (Figura C3), a linha de Soderberg utiliza a resistência ao
escoamento, linha de Greber resistência à tração.
Além disso existe importantes relações entre tração e compressão no material (Figura
C4), o material será muito mais resistente quando submetido a tensões de compressão como
ilustra a figura C4.
Figura C2 Figura C3

Figura C4

Figura C5
Concentradores geométricos de tensão:
A existência de irregularidades ou descontinuidades como orifícios, sulcos ou
entalhes aumentas as tensões nas proximidades da continuidade gerando concentradores
de tensão diminuindo a resistência a fadiga do elemento (Figura C5). Ademais, o fator de
superfície também irá afetar a resistência à fadiga pois uma superfície bem polida irá implicar
em uma melhor resistência à fadiga devido a menores concentradores de tensão (Figura
C6), além de que uma superfície rugosa poderá alterar as propriedades físicas da superfície
da peça. A dimensão da peça terá importante influência, uma maior área acarretará em
maiores concentradores de tensão e, consequentemente, menor resistência a fadiga.
Figura C5 Figura C6

Tratamento superficial e temperatura:


O valor da temperatura pode alterar aspectos do elemento. Em temperaturas
elevadas tem-se um aumento de tenacidade à fratura e ocorre um declínio da resistência ao
escoamento, logo o escoamento pode ocorrer mesmo antes da falha por fadiga. Em baixas
temperaturas a tenacidade à fratura diminui, altas temperaturas irão desfazer o ponto de
inflexão do gráfico S-N fazendo com que o limite a fadiga caia com o aumento do número de
ciclos. A fluência passará a ser considerada relevante em temperaturas acima de 50% do
valor da temperatura de fusão absoluta do material, tem-se um fator de temperatura.
Os tratamentos superficiais irão provocar tensões residuais como é o caso do
jateamento de esferas e da conformação a frio. No jateamento de esferas ocorrerá um
estado de tensões residuais de compressão e encruamento do material da superfície.

Fadiga de contato:
A fadiga de contato é resultante das tensões de contato geradas entre dois corpos
sob ação de uma força normal. Para tal há duas formas de contato entre os elementos:
conforme quando as superfícies dos corpos em contato se ajustam sem gerar concentração
de tensões pontuais ou lineares, não conforme quando as superfícies dos corpos não
apresentam um perfil semelhante gerando concentrações de tensões pontuais ou lineares.
Figura C7

Como exemplo tem-se a distribuição de tensões para o contato não-conforme de


uma esfera contra um plano considerando um carregamento tangencial e normal:
Figura C8

A quantidade de deformação observada entre os corpos dependerá do Módulo de


Elasticidade (Ε) de cada material, bem como da força aplicada, formulação descrita por
Hertz, nesta formulação Hertz considera que as superfícies consideradas são lisas e isentas
de atrito em seu contato.
Além das condições de contato outros fatores como presença de lubrificantes, dureza
e revestimento são preponderantes na fadiga por contato.
D- Na Figura, tem-se o caso da falha de um rolamento por lascamento devido à fadiga
de contato. Durante seu uso as tensões de contato são cíclicas e induzem solicitações de
cisalhamento que, após determinado número de ciclos, ocorre surgimento de trincas
superficiais ou subsuperficiais que leva a falha do componente por lascamento.

Como exemplo de caso real tem-se as imagens de estágio inicial e avançado de


fadiga de contato em mancais de rolamento. Há dois locais em que as fadigas de contato
ocorrem, um iniciando na região subsuperficial devido a máxima tensão de cisalhamento
que é descrita pelo modelo de Hertz e o outro que se inicia na superfície do componente
relacionado a fatores de concentração de tensões como: qualidade superficial do
componente, marcas causadas por partículas dispersas no lubrificante, etc.
E- Entende-se estabilidade como a capacidade do lubrificante do mancal hidrodinâmico
manter suas propriedades durante o funcionamento do mancal de deslizamento. É possivel
fazer uma avaliação a partir do gráfico coeficiente de atrito “f” versus caracteristica do mancal
“μN/P", abordagem proposta pelos irmãos McKee.

Ao diminuir de viscosidade ocorre aumento do atrito pois o coeficiente de inclinação


da curva seria menor, consequentemente, também iria ocorrer aumento de temperatura e
maior redução da viscosidade do lubrificante, uma baixa viscosidade indica que a película
lubrificante é extremamente fina e pode ocorrer contato metal com metal, portanto maior
atrito, logo o filme de lubrificação é instável. Caso contrário ocorre na direita da curva BA,
uma maior viscosidade representará uma menor inclinação de reta e, consequentemente,
menor coeficiente de atrito, logo o filme lubrificante é estável.
Uma restrição de projeto para manter a lubrificação da película espessa é assegurar
que a caracteristica do mancal seja menor que o respectivo valor:

Dentre as relações entre as variáveis com o número de Sommerfeld é possivel citar


os gráficos de espessura mínima de película, coeficiente de atrito, fluxo de lubrificante e
pressão de película.
No caso da espessura da película é representado a variável espessura mínima de

película 𝑐0 e a taxa de excentricidade são representadas versus o número de Sommerfeld
para valores de comprimento/diâmetro l/d.
𝑟
O gráfico de coeficiente de atrito trata-se da variável de atrito (𝑐 ) 𝑓 versus o número
de Sommerfeld para vários valores de l/d.
O gráfico de fluxo de lubrificante é utilizado na determinação do fluxo de lubrificante
e fluxo lateral
A respeito da pressão da película tem-se que a pressão máxima pode ser estimada
𝑃
pela determinação da taxa de pressão 𝑃𝑚𝑎𝑥 com base no gráfico.
Espessura mínima de película, carta para a variação de espessura mínima de filme e razão de
excentricidade.

Determinação da posição de espessura mínima da película


Coeficiente de atrito

Pressão de película
Fluxo de lubrificante

Razão de fluxo de lubrificante


Fluxo de lubrificante, carta para determinação da posição de término do filme lubrificante e a pressão
máxima no filme

Diagrama polar de distribuição de pressão no filme.


Exercício sobre mancais hidrodinâmicos:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de Máquinas de Shigley: Projeto de


Engenharia Mecânica. 8ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. 1084 p.
NORTON, R. L. Projeto de Máquinas: Uma abordagem integrada. 4ª ed. Proto Alegre:
Bookman, 2013. 1028 p.
Classificação das Cargas nos Rolamentos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=eqj_ute001Y&t=308s&ab_channel=CEGTec-
Educa%C3%A7%C3%A3oProfissional>. Acesso em: 23 de novembro de 2022.

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