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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE TECNOLOGIA
ENGRANHARIA MECÂNICA
PROFESSOR: Gutembergy Ferreira Diniz
ALUNO: Marcos Rodrigues Oliveira

PARAFUSOS DE POTÊNCIA E SUAS APLICAÇÕES

Teresina, 15 de julho de 2023


MARCOS RODRIGUES OLIVEIRA

Estudo dirigido sobre parafusos de potência

Trabalho apresentado na disciplina


Dinâmica das Máquinas II, entregue como
requisito parcial para a composição da
nota.

Prof: Gutembergy Ferreira Diniz

Teresina, 15 de julho de 2023


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Rosca Quadrada, Acme e de Botaréu .....................................................................................6

Figura 2: Macaco de Parafuso de Potência ............................................................................................6

Figura 3: Atuador linear – Type 100 – Baumeister & Schack – elétrico ..................................................7

Figura 4: Projeção de um parafuso de potência .....................................................................................8

Figura 5: Diagrama de forças: (a) levantamento de carga; (b) abaixamento de carga ...........................8

Figura 6: (a) A força normal da rosca; (b) o colar de pressão ................................................................9

Figura 7: Geometria da rosca quadrada ..............................................................................................11


ABREVIATURAS E SIGLAS
𝜋 Massa do veículo com o piloto. [kg]
𝑙 Massa suportada por cada roda. [kg]
𝑑𝑚 Diâmetro médio. [mm]
𝑝 Passo. [mm]
𝐹 Foça axial de compressão. [N]
λ Ângulo de avanço. [graus]
𝑃𝑅 Força para levantar o carregamento. [N]
𝑃𝐿 Força para descer o carregamento. [N]
𝑇𝑅 Torque para levantar o carregamento. [N.mm]
𝑇𝐿 Torque para baixar o carregamento. [N.mm]
𝑓 Coeficiente de atrito entre porca e parafuso
𝑒 Eficiência do parafuso de potência
𝜎 Tensão axial no corpo do parafuso devido ao carregamento [Mpa]
𝜎𝐵 Tensão de apoio. [MPa]
𝜎𝑏 Tensão de flexão na raiz da rosca. [MPa]
𝜏 Tensão de cisalhamento no centro da raiz da rosca. [MPa]
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1. Introdução
Os parafusos de potência, também conhecidos como parafusos de avanço,
são utilizados para converter movimento rotacional em movimento linear em
atuadores, macacos, portões residenciais, fusos de máquinas-ferramentas e
máquinas de reversão de movimento. São dispositivos mecânicos projetados
para suportar altas cargas axiais e transmitir força entre dois elementos.
Na indústria automotiva, os parafusos de potência são amplamente utilizados
em diversas aplicações, como fixação de motores, suspensões. Na indústria
aeroespacial, onde a segurança e a confiabilidade são essenciais, são usados
em montagens de motores, asas e em sistemas de suporte de carga. Em setores
como construção civil, mineração e petróleo e gás, onde máquinas e
equipamentos pesados estão envolvidos, os parafusos de potência são
utilizados para suportar cargas elevadas. Eles são empregados em estruturas
metálicas, fixações de componentes, transpostos e acoplados.
Vantagens: Projeto simples; pode-se obter altas relações de velocidade;
pode ser auto-frenante; possibilidade de construção com elevada precisão.
Desvantagens: Elevado atrito de deslizamento na rosca; baixo
rendimento.
Para a construção de parafusos de potência devemos utilizar aços que
apresentem as seguintes características:
a) Resistência à tração;
b) Resistência à fadiga;
c) Resistência ao desgaste;
d) Boa usinabilidade;
e) Boa estabilidade ao tratamento térmico.
Os materiais mais utilizados para parafusos de potência são:
Aço carbono: ABNT 1040, 1045, 1050. Aços liga: ABNT 4130, 4140,
8620, 8640, 8650. Aços inoxidáveis: AISI 303, 410
Para a porca os materiais deverão apresentar boas características de
deslizamento. O s materiais mais utilizados são: bronze fosforoso, ferro
fundido, ferro cinzento.
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2. Revisão Teórica
Os parafusos de potência mais utilizados comercialmente são os de rosca
quadrada, rosca acme e rosca botaréu.
Figura 1. Roscas quadrada, Acme e de Botaréu.

Fonte: Norton, 2013.

A rosca quadrada (Figura 1a) possui uma maior eficiência e rigidez, além
de eliminar qualquer componente de força radial entre parafuso e a porca,
porém, encontra dificuldades de fabricação. A rosca Acme (Figura 1b) possui um
ângulo de 29°, é utilizada quando o parafuso deve carregar cargas em ambas as
direções. A rosca de botaréu (Figura 1c) é aplicado quando a carga axial na rosca
é unidirecional, pois proporciona maior resistência na raiz.
Figura 2. Macaco de parafuso de potência.

Fonte: Juvinall, 2020.

Uma aplicação bastante comum é como macaco mecânico para levantar


carga, é composto basicamente por um parafuso, uma porca, uma alavanca e o
corpo do dispositivo. Podendo ser acionado pela alavanca enquanto a porca está
fixa, a carga é movimenta através da rotação da alavanca e dependendo do
sentido do acionamento, ela pode elevar ou abaixar o equipamento.
Pode-se utilizar também parafusos de potência em atuadores lineares que
são ideais para todos os tipos de aplicações em que é necessário inclinar,
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levantar, puxar ou empurrar utilizando a força. Eles motorizam a rotação da porca


para transladar o parafuso ou motorizam a rotação do parafuso para transladar
a porca.
Figura 3. Atuador linear – Type 100 – Baumeister & Schack – elétrico.

Fonte: Mercado Livre.

Forças atuantes na porca:


Figura 4. Projeção de um parafuso de potência.

Fonte: Shigley, 2013.

Figura 5. Diagrama de forças: (a) levantamento de carga; (b) abaixamento de carga.


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Fonte: Shigley, 2013.

A inclinação do plano é chamada de ângulo de avanço λ:

tan λ = 𝑙⁄𝜋 𝑑 (1)


𝑚

Somatória de forças horizontais e verticais para levantamento de carga:


∑ 𝐹𝑥 = 𝑃𝑅 − 𝑁𝑠𝑒𝑛λ − f Ncosλ = 0
∑ 𝐹𝑦 = −𝐹 − 𝑓 𝑁𝑠𝑒𝑛λ + Ncosλ = 0 (a)

Somatório de forças horizontais e verticais para abaixamento de carga:


∑ 𝐹𝑥 = −𝑃𝐿 − 𝑁𝑠𝑒𝑛λ + f Ncosλ = 0
∑ 𝐹𝑦 = −𝐹 + 𝑓 𝑁𝑠𝑒𝑛λ + Ncosλ = 0 (b)

Manipulando o sistema (a) obtemos que a força necessária para elevar a


carga:
𝐹(𝑠𝑒𝑛λ+f cosλ)
𝑃𝑅 = (c)
cosλ−f 𝑠𝑒𝑛λ
Manipulando o sistema (b) obtemos que força necessária para baixar a
carga:
𝐹(𝑓 cosλ− 𝑠𝑒𝑛λ)
𝑃𝐿 = (d)
cosλ+f 𝑠𝑒𝑛λ

Dividindo numerador e denominador de (c) e (d) por cosλ e usando a


relação tan λ = 𝑙⁄𝜋 𝑑 , obtemos:
𝑚

𝐹[(𝑙⁄𝜋 𝑑𝑚 )+f ]
𝑃𝑅 = (e)
1−(𝑓𝑙⁄𝜋 𝑑𝑚 )

𝐹[𝑓− (𝑙⁄𝜋 𝑑𝑚 ) ]
𝑃𝐿 = (f)
1+(𝑓𝑙⁄𝜋 𝑑𝑚 )

O torque de parafuso necessário para levantar a carga é:


𝐹𝑑𝑚 𝑙+𝜋 𝑓𝑑𝑚
𝑇𝑅 = (2)
2 𝜋𝑑𝑚 −𝑓𝑙
O torque requerido para abaixamento de carga:
𝐹𝑑𝑚 𝜋 𝑓𝑑𝑚 −𝑙
𝑇𝐿 = (3)
2 𝜋𝑑𝑚 +𝑓𝑙
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Quando um torque positivo é obtido a partir desta equação, diz-se que o


parafuso é autotravante. Assim a condição para travamento automático é:

𝜋 𝑓𝑑𝑚 >𝑙 (4)

Ou

𝑓 > tan λ (5)

O autotravamento é obtido sempre que o coeficiente de fricção de rosca


é igual ou maior que a tangente do ângulo de avanço de rosca.
Para calcular a eficiência do parafuso de potência aplicamos a razão do
torque pra uma situação ideal na qual o atrito é zero e o torque encontrado.
𝐹𝑙
𝑇𝑂 = (g)
2𝜋
A eficiência é :
𝑇𝑂 𝐹𝑙
ℯ= = (6)
𝑇𝑅 2 𝜋 𝑇𝑅

Normalmente, um terceiro componente de torque deve ser aplicado em


aplicações de parafusos de potência. Quando o parafuso é carregado
axialmente, um rolamento axial ou de colar deve ser empregado entre os
membros rotativos e estacionários para suportar o componente axial. Figura.6b
mostra um colar de pressão típico no qual a carga é considerada concentrada
no diâmetro médio do colar dc. Se fc é o coeficiente de atrito do colar, o torque
necessário é
𝐹𝑓𝑐 𝑑𝑐
𝑇𝑐 = (7)
2
A tensão nominal de cisalhamento na torção do corpo do parafuso:
16𝑇
𝜏= (8)
𝜋𝑑𝑟3
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Figura 6. (a) A força normal da rosca é aumentada por causa do ângulo α; (b) o colar
de pressão tem atrito diâmetro dc.

Fonte: Shigley, 2013.

A tensão axial σ no corpo do parafuso devido à carga F, na ausência de


ação de coluna:
𝐹 4𝐹
𝜎= = (9)
𝐴 𝜋𝑑𝑟2

Tensão de apoio:
𝐹 2𝐹
𝜎𝐵 = − = − (10)
𝜋𝑑𝑚 𝑛𝑡 𝑝⁄2 𝜋𝑑𝑚 𝑛𝑡 𝑝

𝑛𝑡 é o número de roscas trabalhando.


A tensão de flexão na raiz da rosca 𝜎𝑏 é encontrado a partir de :

𝐼 (𝜋𝑑𝑟 𝑛𝑡 )(𝑝⁄2)2 𝜋
𝑍= = = 𝑑𝑟 𝑛𝑡 𝑝2 (11)
𝑐 6 24
𝐹𝑝
𝑀= (12)
4
Então:
𝑀 𝐹𝑝 24 6𝐹
𝜎𝑏 = = = (13)
𝑍 4 𝜋𝑑𝑟 𝑛𝑡 𝑝2 𝜋𝑑𝑟 𝑛𝑡 𝑝

A tensão de cisalhamento transversal τ no centro da raiz da rosca devido


à carga F é:
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3𝑉 3 𝐹 3𝐹
𝜏= = = (14)
2𝐴 2 𝜋𝑑𝑚 𝑛𝑡 𝑝⁄2 𝜋𝑑𝑟 𝑛𝑡 𝑝

E no topo da raiz é zero. A tensão de Von Mises σ’ no topo do “plano” raiz


é encontrado identificando primeiro as tensões normais ortogonais e as tensões
de cisalhamento.
Figura 7. Geometria da rosca quadrada útil para encontrar dobras e tensões de
cisalhamento transversais na raiz

Fonte: Shigley, 2013.

Sistema de coordenadas da Fig. 7


6𝐹
𝜎𝑥 = ; 𝜏𝑥𝑦 = 0
𝜋𝑑𝑟 𝑛𝑡 𝑝
4𝐹 16𝑇
𝜎𝑦 = − 2 ; 𝜏𝑦𝑧 =
𝜋𝑑𝑟 𝜋𝑑𝑟2

𝜎𝑦 =0 ; 𝜏𝑧𝑦 = 0
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3. Estudo de Caso
Um parafuso de potência de 25 mm de rosqueado único tem diâmetro de 25
mm, com um passo de 5 mm. Uma carga vertical nesse parafuso alcança um
máximo de 6 kN. Os coeficientes de fricção são 0,05 para o colar e 0,08 para as
roscas. O diâmetro friccional do colar é de 40 mm. Encontre a eficiência global e
o torque para elevar e baixar a carga.
Solução
- Cálculo de l

𝑙 = 𝑁𝑝 = 1𝑥5𝑚𝑚 = 5𝑚𝑚
- O torque de parafuso necessário para levantar a carga é:

𝐹𝑑𝑚 (𝑙+𝜋 𝑓𝑑𝑚 )


𝑇𝑅 = + 𝑇𝑐
2 (𝜋𝑑𝑚 −𝑓𝑙)
6000𝑁(0,025) 0,005+𝜋 (0,08)(0,025)
𝑇𝑅 = + 6,0 = 16,82𝑁. 𝑚
2 𝜋(0,025)−0,08(0,005)

- O torque no colar
𝐹𝑓𝑐 𝑑𝑐 6000(0,05)(0,040)
𝑇𝑐 = = = 6,0 𝑁. 𝑚
2 2
- O torque requerido para abaixamento de carga:

𝐹𝑑𝑚 𝜋 𝑓𝑑𝑚 −𝑙
𝑇𝐿 = + 𝑇𝑐
2 𝜋𝑑𝑚 + 𝑓𝑙
6000(0,025) 𝜋(0,08)0,025−0,005
𝑇𝐿 = + 6,0 = 0,201 + 6 = 6,201𝑁. 𝑚
2 𝜋(0,025)+0,08(0,005)

- A eficiência do parafuso de potência é:


𝑇𝑂 𝐹𝑙 6000(0,005)
ℯ= = = = 0,28
𝑇𝑅 2𝜋𝑇𝑅 2𝜋(16,82)
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4. Conclusão
Portanto, os parafusos de potência exercem um papel essencial em diversos
setores industriais. Seja na transmissão de potência e suporte a cargas
elevadas, sua aplicação abrange desde a indústria automotiva, aeroespacial e
equipamentos industriais pesados.
O projeto de parafusos de potência é algo complexo, necessitando o domínio
profundo de Resistência dos Materiais, Elementos de Máquinas e Ciência dos
Matérias.
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5. Referência

SHIGLEY, J. E.; MISCHKE, C. R.; BUDYNAS, R. G. Projeto de Engenharia Mecânica. Porto


Alegre: Bookman Companhia Editora - Traduzido, 2013.
NORTON, R. L. Projetos de Máquinas - Uma abordagem integrada. 2ª. ed. Porto Alegre:
Bookman Companhia Editora.
JUVINALL, R. C.; MARSHEK, K. M. Fundamentos do Projeto de Componentes de
Máquinas. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2008.
Sites visitados
https://pt.scribd.com

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