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Entrevista n°1

Nascida 03/08/76, Superior completo, Especialização em nefrologia e em administração


hospitalar, concluiu a formação em 2003, atua como enfermeira assistencial da UTR há 5
anos, porém já atuou anteriormente no período de 2004 á 2007 na UTR. O aspecto positivo é
que é o tratamento que a gente tem para a manutenção da vida e qualidade de vida dos
pacientes em estágio terminal da doença renal crônica, outra questão é o vinculo que o
paciente tem com a unidade, que os profissionais veem outros aspectos não só da doença
renal, paciente tem um tratamento diferenciado de outras situações que não seja relacionada
com a doença como a diabetes a pressão alta, há um controle dessas doenças de base, outro
aspecto positivo é o vinculo que a gente tem com esses pacientes é muito importante para a
sobrevida deles e para nós profissionais também, pois esse vinculo vai melhorar na
assistência. E negativo ainda nós temos muito pouco centro de dialise acho que precisa
trabalhar bem na base na atenção primária para buscar esses pacientes em uma situação
melhor, para que não chegue só em urgências dialíticas. Negativos é isso, que ainda tem
poucas vagas e também os riscos da hemodialise como todo tratamento tem os riscos de
contaminação, principalmente infecções de sitio, do cateter, e da própria fistula, e outro
negativo são as intercorrências que ocorrem durante a hemodiálise os pacientes
descompensam hemodinamicamente, as complicações que eles tem as doenças
cardiovasculares, principalmente AVC, e infarto.
A gente vivencia quase que diariamente questões de infecção, muito caso de ataque cardíaco
supraventricular, tem pacientes que fazem muita hipotensão, hipoglicemia, câimbras durante a
hemodiálise, então são essas intercorrências.
A instabilidade hemodinâmica, a infecção do sitio, do cateter ou da fístula, outra coisa é que
eles perdem muito a via de acesso, tem muita dificuldade de acesso, são pacientes que ficam
anos em hemodiálise, ou já foi paciente que já teve transplante e perdeu enxerto ai quando
eles voltam para hemodiálise a rede venosa deles estão muito prejudicadas. O maior problema
que temos é com o acesso, tem muitas intercorrências relacionadas a isso, perda de fistula, do
funcionamento delas ai tem que se submeter a uma nova cirurgia para a confecção de outra
fistula, cateteres que não funcionam, talvez por obstrução ou cateter não deu certo naquela
veia ai tem que tentar outra veia.
Para nós da enfermagem aqui é um dos setores, uma das áreas em que o enfermeiro desconta
porque a gente tem muita autonomia, a gente tem oportunidade de ver o pacientenão só com a
função renal, a gente consegue cuidar desse paciente tendo uma visão holística para o
paciente, nós monitoramos os exames mensais que são rotina, monitora as medicações que os
paciente fazem uso. A gente faz uma ponte com o enfermeiro do transplante a gente sempre
sabe os pacientes que estão na linha que estão coletando sangue para transplantes, isso é papel
do enfermeiro. Outra coisa muito importante que fazemos o trabalho que é o cuidado com o
tratamento da agua, faz todo monitoramento do tratamento da agua da UTR, fazemos coletas
da agua diariamente e uma vez por mês fazemos coletas para analise microbiológica, isso tudo
é muito rico, exige conhecimento é muito especifico e a maioria das enfermeiras aqui todas
nós somos especialistas e isso ajuda muito na conduta, na conduta médica, a gente passa as
intercorrências para os médicos, fazemos as sugestões de condutas, isso é muito gratificante,
pro enfermeiro para nosso trabalho tem um reconhecimento aqui por parte dos médicos, e dos
próprios pacientes eles tem uma segurança uma confiança, também temos equipe
multiprofissional aqui temos TO, assistente social, nutricionista tudo especifico do setor. Isso
é muito gratificante e da uma maior segurança para o tratamento do paciente.

Entrevista n°2
Nascida 26/02/79 Superior completo especialização em gestão UTI, e praticas integrativas
formou-se no curso técnico em enfermagem em 2009, e Enfermagem em 2017, atua como
técnica de enfermagem na UTR há 20 anos.
Em relação ao cuidado com o paciente os aspectos negativos para mim o procedimento é o
próprio problema, ter que lidar com essa questão da pessoa ter que fazer a hemodiálise 3
vezes na semana 4 horas por dia, ter que lidar com isso junto com o paciente pra mim o
negativo é viver isso junto com eles e positivo do cuidado é a convivência que a gente tem
com eles, essa proximidade criação de vinculo, é totalmente diferente de outro setor, tem
pacientes que estão aqui desde quando entrei, então a gente se conhece há 20 anos, esses laços
para mim são bastante importantes, a gente aprende muito com eles, em relação ao
procedimento em si, negativo é eles depender das maquinas,depender de cateter que não
funciona, depender de fistula que não funciona, isso é o negativo de trabalhar aqui, isso
atrapalha a gente fazer o nosso trabalho, do técnico principalmente. Se uma fistula não
funciona, uma maquina não ta funcionando, se um cateter não esta funcionando isso para a
gente é oque é mais difícil de lidar, porque isso tudo dando certo o procedimento vai tranquilo
positivo relacionado ao procedimento é que é bem mais tranquilo o setor, acho que para
enfermagem é muito positivo estar em um setor assim que não tem tanta demanda de carga
de trabalho pesada, você não pega tanto peso, não tem muito rodizio de paciente, o serviço é
bem técnico então você já sabe bem oque você deve fazer não tem muita mudança, chega a
ser positivo e negativo isso porque a gente perde um pouco da vivencia la fora se você for
trabalhar em uma UTI, sem nunca ter trabalhado e ter ficado somente na UTR, você tem que
começar tudo do zero, você tem que aprender tudo denovo.
Já presenciei diversas complicações, passagem de cateter, fistula que já chega com sitio de
infecção, cateter sem ponto, por exemplo sem fixação por mais que faça o curativo, aquele
cateter sem ponto pode sair.
As principais intercorrências é relacionadas ao acesso, tanto fistula quanto ao cateter.

Entrevista n°3
Nascida 05/06/1997 , ensino médio completo, concluiu curso técnico em enfermagem em
2018, atua na UTR há um ano e meio.
Aspectos positivos que o paciente necessita realmente desse tratamento e eu sinto que eu faço
parte da vida desses pacientes, por eles serem pacientes crônico todas semanas eles
necessitam estar aqui, então a gente faz muito parte da vida deles por mais que por fora a
gente não esteja, mas a demanda que eles trazem pra gente de fora a gente precisa participar
infelizmente ou felizmente nós temos que estar aqui, para dar a mão para eles isso eu acho um
aspecto positivo, porque a gente esta fazendo o nosso melhor para ele e eles sentem isso tem
uma gratificação muito grande em relação a isso. Os aspectos negativos para o paciente é que
ele é crônico ele precisa estar aqui, então ele não tem disponibilidade para viagens, para curtir
a vida, para comer qualquer coisa, para beber qualquer coisa, principalmente para beber, eles
tem uma restrição muito grande, então eu acho que isso deve ser muito ruim, eu não gostaria
de passar por essa situação.
Já vivenciei complicações como hipotensão, hipoglicemia, parada cardíaca, varias situações
indesejadas. As principais intercorrências são as hipotensões, a troca de volume é muito
grande, que entra e que sai então isso faz com que a pressão arterial deles caia, e também tem
a hipoglicemia, e câimbras tem paciente que até choram devido as câimbras.

Entrevista 4
Nascida em 26/04/ 1986, superior completo, mestrado e doutorado, concluiu a graduação em
2008, atua na UTR como enfermeira assistencial há 10 anos.
Os aspectos positivos é que a hemodiálise é um substituto muito eficiente do rim, com certeza
insuficiente comparado ao próprio órgão mas eu acho que deve ser o único órgão que tem
uma maquina que substitua e que permite o paciente viver sem o órgão. Aqui temos pacientes
que precisaram tirar os dois rins e que vivem bem através da hemodiálise então acredito que
seja uma tecnologia maravilhosa de substituição parcial do funcionamento do rim e tem varias
coisas que não conseguem complementar principalmente na parte hormonal, ou de estimulo
da medula, mas acho que é uma possibilidade do paciente viver anos a mais do que o
organismo dele permitiria pela insuficiência renal, a hemodiálise ela é rápida se o paciente
tem uma necessidade urgente de hemodiálise você com um acesso em veias centrais, jugular
ou femural você passa um acesso o paciente consegue fazer hemodiálise em questão de
minutos que ele esta dentro de um hospital, hemodiálise é uma modalidade eficiente, rápida e
com resultado imediato, a gente observa paciente que dependendo da causa se é congestão ou
se é potássio em questão de 1 a 2 horas a gente resolve o problema do paciente, tira ele da
eminencia de morte, acho a hemodiálise um tratamento fundamental, uma tecnologia
excelente, porém que precisa de reparo de ajustes, que precisa ser menos agressiva, precisa se
estender a toda população porque tem muitos locais que não tem o acesso, então o paciente
tem que viajar 3, 4 horas para ter o tratamento, como é um atendimento complexo, requer
vários critérios, agua tratada, pessoal especializado, maquinas, local adequado profissionais
capacitados, médico, enfermeiro, técnico . como existe muita tecnologia humana, e material,
não é qualquer lugar que tem então o paciente muitas vezes precisam viajar, isso é muito
desgastante, isso inclusive prejudica a sobrevida do paciente que tem que passar por essa
complicação. Entaõ acho que seria um melhor acesso do paciente no tratamento, talvez ser
menos agressivo, talvez ter um método um pouco mais brando de fazer essa depuração nas
escórias nitrogenadas existem hoje modalidades assim, mas são muito caras o SUS não paga
de hemodiálise diárias de menos tempo, porque atualmente a gente faz três vezes na semana
com duração de 4 horas, existem algumas exceções que o paciente faz três horas e meia,
alguns pacientes 2 vezes na semana, mas se o paciente quiser fazer todos os dias em menos
tempo ele não consegue pelo SUS, uma desvantagem também é o tempo em que ele fica preso
na maquina, dificilmente esse paciente vai conseguir viajar, trabalhar, ele ter a sua liberdade,
ele pode ate conseguir viajar, fazer as coisas, mas ele tem que programar com muita
antecedência, pro local que ele for precisa ter o tratamento de hemodiálise, então não é pra
qualquer lugar que ele pode ir, outra questão é que é muito caro, o paciente precisa estar ou
pelo SUS ou pelo plano de saúde, é um tratamento muito caro, acho que isso é uma
desvantagem, mas devida a complexidade do tratamento é compreensível o preço, outra
desvantagem é a instabilidade que causa no paciente, variação de pressão, de glicemia, até a
própria diluição das escórias nitrogenadas, elas podem causar ao paciente a sindrome do
desiquilíbrio, o paciente pode apresentar cefaleia, náusea, vomito, por conta dessa queda
abrupta, eles estão acostumado com os níveis altos, dialisa abaixa muito, eles tem mal estar
por isso, por ter sido eficaz, então também pode causar esse mal estar, o fato também de
poucos profissionais conhecerem, poucos profissionais sabem manusear uma maquina,
poucos profissionais de nível superior tem especialização, não tem formação capacitada para
isso, muitos são formados na pratica do dia a dia, então isso também é uma desvantagem,
outra desvantagem é a questão do acesso, muitos pacientes tem muito acesso central, ou eles
usam cateter duplo-lumen cateter de shilley, ou permicat, e isso é ruim para o paciente porque
é uma porta de entrada para infecções, infecção de conecção linha, endocardite, e isso é muito
perigoso. Existe o padrão de escolha que é a fistula arteriovenosa, mas ai depende do
cirurgião vascular confeccionar a fistula, então isso é um problema também, dependemos de
outra especialidade para promover o acesso, e isso é um problema, não somente aqui como
em outras instituições da nossa cidade, e aqui por ser referencia a gente recebe paciente
referenciado de todos outros serviços do hospital e de outras cidades também, quando o
paciente para a fistula, ou quando o cateter do paciente esta obstruído ninguém mais consegue
acesso nesse paciente, então isso é uma grande desvantagem, a via de acesso para
hemodiálise. A fistula demora para fazer, precisa de agendar bloco cirúrgico, necessita de
profissional especializado, até mesmo os próprios vasculares, nem todos sabem fazer a fistula,
então você ter um vascular capacitado pra fazer fistula boa não é fácil de encontrar, então tem
sido um problema desde que entrei aqui, isso já tem dez anos, e acho que sempre foi um
problema, e as consequências do acesso também para o paciente tem paciente que já precisou
desligar a fistula, porque ela não funcionava, abria ferida, muitas complicações, os dedos
cianóticos, o braço com aspecto de estar pesando mais, muito edemaciado, paciente com
muita dor, não conseguia levantar o braço, então é uma complicação que pode ter na fistula,
pode ter alteração de inervação, tem varias consequências o acesso da fistula, mas ele é o de
primeira escolha. O cateter de shilley, ou permicat, são acessos rápidos, que já funcionam
assim que o medico passa ele funciona, porem por outro lado tem muita complicação por ele
pela infecção, e também pode induzir a esteanose do vaso, e o vaso tendo esteanose você não
consegue depois uma nova punção naquele vaso, você vai falhando acessos nesse paciente. E
o paciente vai ficando sem acesso, ai a melhor alternativa para esse paciente é o transplante,
então essa é uma desvantagem que eu vejo também, a questão do acesso, e a limitação da
alimentação desse paciente e a ingesta de liquido, é um paciente que necessita ter muita
restrição alimentar, hídrica, porque a maquina não consegue, tirar tudo o liquido e filtrar o
sangue de uma maneira efetiva sem causar desconforto para o paciente, muitos não sentem
nada, mas o paciente precisa de ter uma dieta pela condição da insuficiência renal, e pela
própria maquina.
A hemodiálise pode causar hipotensões, severas ao paciente, porque ele tem que perder aquele
peso, os eletrólitos então ele pode causar hipotensão, hipoglicemia, náuseas, vômitos, pode
causar a síndrome do desiquilíbrio, por complicação da dialise, se a gente tiver uma agua
contaminada, ou se o cateter ta contaminado o paciente pode ter uma infecção de corrente
sanguínea, ou ele pode ter uma flebite por causa das fistulas, se não for realizada uma assepsia
adequada, se o paciente não tiver um higiene também adequada, o paciente pode ter uma
parada cardíaca se ele fizer uma hipotensão severa, ele pode ter um rompimento da fistula, ele
pode ter uma hemorragia importante, ter falhas de acesso e ter uma esteanose importante,
pode ter trombose decorrente do acesso, principalmente de cateter, por conta da fistula ele
pode ter a síndrome do compartimento como se roubasse sangue só para o circuito da fistula,
e a mão faltar irrigação, ele pode ter um cianose de extremidades, pode ter linfedema, tem a
questão estética para o paciente que as vezes é complicado, tem paciente que tem a fistula
baixa sem elevação, e tem pacientes que tem aneurisma, pseudoneurisma, quem usa cateter
dependendo da posição ele fica visivel, as pessoas ficam olhando, para a higiene do paciente é
complicado porque ele não pode molhar o acesso se for cateter, o cateter ele tem que proteger
para tomar banho, não pode tomar aquele banho completo de aspersão, tem que ser com
chuveirinho, ele não pode entrar em piscina, não pode entrar no mar, no rio, até o próprio suor
já prejudica porque solta o curativo, então tem essas limitações do acesso, tem as limitações
da alimentação, da ingesta hídrica, se ele comer demais ou beber demais, quando vai
programar isso na maquina para retirar, o paciente passa mal, náuseas, vômitos, hipotensão,
se não for feito uma heparinização adequada do sistema o paciente pode ter o sistema
coagulado, o paciente perde aquele sangue, mesmo fazendo tudo direito ainda pode ficar
resquícios de sangue no sistema e o paciente tem uma anemia crônica, ele já vai ter anemia
porque o rim não ta estimulando a produção de eritropoietina, então esse paciente já tem um a
tendência a anemia, e ainda sempre fica um resquício de sangue no sistema do paciente, então
a gente ainda tira um pouco de sangue desse paciente no sistema, então favorece mais a
anemia desse paciente, então essa é outra complicação que pode ter por causa da hemodiálise,
além do medo da morte, do medo deles de passar mal e ninguém ver, as vezes de não confiar
do profissional que esta na sala, porque é uma relação de confiança, eles estão aqui três vezes
na semana e o profissional cuidando deles, tem profissionais que eles acham mais
capacitados, e outros que eles não acham, tem profissional que atende com mais atenção
outros nem tanto, então isso mexe muito com o paciente, ele sente que a vida dele ta na mão
do profissional, então emocionalmente isso tem uma carga muito grande, tem paciente que
são muitos nervosos, que é agressivo, mas acredito que isso seja medo e insegurança, por
mais que a gente tente, suprir isso, a gente ve que tem alguns pacientes que passam por esta
situação. Uns tem vergonha de fazer o tratamento, muitos não gostam de contar para vizinhos,
pra familiar, que fazem o tratamento, acho que por uma questão de capacidade de
independência, ou achando que pode morrer a qualquer momento, existem varias questões.
As principais intercorrências é a hipotensão, eles pegam muito peso e a gente tenta tirar esse
peso desse paciente pra ele ir embora pra casa, hipoglicemia, náuseas, vômitos, tremores que
pode estar relacionada a uma bacteremia por infecção de cateter, ou por infecção de fistula,
câimbras, eles tem muitas câimbras nas pernas, no abdômen.
Consideração que acho muito interessante e importante vocês fazerem pesquisa nessa área de
nefrologia, que nos temos poucas pessoas interessadas nessa área, poucas pessoas que passam
em estagio no setor. Parabens pela pesquisa.

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