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O início do documentário já ilustra bem o que viria a ser aquele dia, repressão policial, violência,
perseguição, tortura. Logo de início já é exposto o claro interesse estadunidense de exercer
influência no Brasil, e um documento que narrava, detalhadamente, como seria esquematizado o
golpe à democracia brasileira, por ser um país de um potencial econômico e político vastíssimo.
Com a ajuda de financiamentos e apoios promovidos pelos Estados Unidos, como a entrega de
armas gás lacrimogênio e um porta-aviões, conspiradores conseguiram arquitetar o golpe militar ao
governo de João Goulart. Jango fugiu para o Rio Grande do Sul, deixando o posto de presidência
vago. Um golpe rápido e simples, fomentado pela mídia patrocinada pelos Estados Unidos, obteve
amplo apoio popular de uma burguesia agropecuarista e vasta classe média.
Esse aparente crescimento econômico não era sentido por todos os brasileiros, o “milagre”
aconteceu só para os mais abastados, aprofundou as disparidades econômicas e trouxe uma falsa
sensação de crescimento econômico real do Brasil, pois, o progresso não era sentido por todos os
brasileiros, as mercadorias eram importadas e investidas no setor comercial, então não se via um
crescimento industrial nacional, o que se via eram poucos e, principalmente, os Estados Unidos,
saírem no lucro e no desenvolvimento em si. A “independência” voltava aos tempos antes da
própria Independência do Brasil. Cada vez mais dependíamos do mercado externo, dos produtos
industrializados americanos, o que ocorre até hoje. O Brasil, que poderia ser uma das potências
globais mais promissoras, é hoje exportador de produtos agrícolas e matéria-prima, remetendo ao
pacto colonial.
Costa e Silva assinou o AI-5, que entrou em vigor somente no governo Médici, e teve como
estopim a passeata dos 100 mil, onde morreu um estudante em consequência da violenta repressão.
Habeas Corpus estava banido, tortura física e psicológica em interrogatórios foram permitidas, o
sequestro de pessoas a qualquer hora do dia para fins investigativos se tornou algo comum, censura
prévia a todos os meios de comunicação, com destaque para músicos e artistas, e a proibição de
aglomerados de pessoas.
O AI-5 era o golpe dentro do golpe, para perpetuarem-se no poder, prender, exilar, torturar e matar
opositores, para preservar a dita “democracia”. Com o auxílio do DOPS e do DOI-CODI, havia o
monitoramento de supostos grupos de esquerda e de repressão. Como muito bem ilustrado no
documentário, não faltam documentos que provem o desumano apoio dos Estados Unidos a esse
ilegítimo regime. O país tropical, abençoado por Deus, estava mais voltado ao exorcismo.
O Dia Que Durou 21 Anos traz estudiosos e figuras importantes que presenciaram e viveram nesse
período tão sombrio da nação e expõem documentos, filmagens e áudios que evidenciam a tamanha
relevância dos Estados Unidos na política brasileira e o quão caótico, corrupto e anti-democrático
foi o período de transição entre o governo do Jango e a Ditadura Militar no Brasil.