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MAMANGUAPE/PB
2020
WELTON JOHN DOS ANJOS
____________________________________________
Prof. Dr. Fábio Pessoa da Silva – UFPB
Orientador/Presidente
________________________________________________
Profa. Dra. Sandra Maria Araujo Dias – UFPB
Membro da Banca Examinadora
________________________________________________
Profa. Dra. Laurênia Souto Sales – UFPB
Membro da Banca Examinadora
Mamanguape/PB
2020
2
RESUMO
O inglês é considerado uma língua franca pela BNCC e é também obrigatório das instituições
educacionais a partir do ensino fundamental II, no entanto o que se percebe no cenário
nacional é uma aprendizagem insatisfatória do idioma, tendo em vista fatores como a escassez
de políticas públicas que apoiem e invistam em melhorias para a formação dos professores, a
falta de motivação dos alunos e também a falta de oferta do idioma nas séries iniciais e no
fundamental I. Considerando, principalmente, esse último aspecto, o objetivo que rege nossa
pesquisa é investigar a viabilidade do ensino/aprendizagem de língua inglesa nas séries
iniciais e no fundamental I nas escolas públicas. Para tanto, adotamos uma metodologia
qualitativa, cujo instrumento de pesquisa é o questionário, aplicado a quatorze professores de
inglês de escolas públicas, localizadas no interior da Paraíba. Como aporte teórico são usados
autores como Ellis (2004), Luz (2003), Cameron (2001), entre outros que esclarecem acerca
da importância do ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira ainda na infância. São
utilizados também documentos oficiais que norteiam a educação no Brasil como, por
exemplo, a BNCC (2018). Conclui-se com a pesquisa que um considerável número de
professores não possui a formação mínima necessária e/ou adequada para lecionar uma língua
estrangeira e que os professores, participantes da pesquisa, consideram relevante tanto para
suas práticas quanto para o melhor desenvolvimento dos alunos, que o inglês seja ministrado
desde as séries iniciais.
ABSTRACT
English is considered the lingua franca by the BNCC and is also required by educational
institutions from primary education. However, what is perceived in the national scenario is an
unsatisfactory learning of the language, considering factors such as the scarcity of public
policies that support and invest in improvements to teacher training, the lack of motivation of
students and also the lack of language supply in the initial grades of elementary school II.
Considering, mainly, this last aspect, the main objective of our research is to investigate the
feasibility of teaching/learning of the English language in the initial grades in elementary
school I in public schools. Therefore, we adopted a qualitative methodology, whose research
instrument is the questionnaire applied to fourteen English teachers from public schools,
located in the interior of Paraíba. As theoretical contribution are used authors such as Ellis
3
(2004), Luz (2003), Cameron (2001), among others who clarify about the importance of
teaching/learning a foreign language in childhood. Official documents that guide Brazilian
education are also used, such as BNCC (2018). It is concluded with the research that a
considerable number of teachers do not have the minimum necessary and/or adequate training
to teach a foreign language and that the teachers, participants of the research, consider
relevant both for their practices and for the better development of students, that English
should be taught from the initial grades.
1 INTRODUÇÃO
Desse modo, nosso objetivo por meio dessa pesquisa é investigar a viabilidade do
ensino/aprendizagem de língua inglesa nas séries iniciais e no fundamental I nas escolas
públicas. Para tanto, a organizamos em três tópicos em que o primeiro “O ensino de inglês no
Brasil a partir dos documentos oficiais” trata de analisar como o ensino de língua estrangeira
está normalizado em nosso país, a partir dos documentos oficiais bem como verificar se há
regulamentação desse ensino para as séries iniciais e fundamental I; o segundo tópico “A
influência da idade na aquisição de uma segunda língua” problematiza o fator idade para a
aquisição de uma língua estrangeira no contexto escolar; por fim, o terceiro tópico
“Resultados e discussões” são analisados os questionários que constam as perspectivas de
professores de inglês de escolas públicas acerca do ensino/aprendizagem da língua inglesa nas
séries iniciais e no fundamental I.
Para atingir o objetivo proposto partimos de uma metodologia qualitativa, tendo como
instrumento de pesquisa um questionário aplicado a professores de inglês, lotados em escolas
públicas do interior da Paraíba. Como suporte teórico, se adota autores como Ellis (2004),
Luz (2003) e Cameron (2001), etc. que abordam sobre a relevância do ensino/aprendizagem
de uma língua estrangeira a partir das séries iniciais, argumentando que as crianças têm mais
facilidade quanto ao aprendizado, uma vez que, o aparelho fonador ainda está em
desenvolvimento, são mais criativas, não possuem tantos bloqueios em relação a
expressarem-se quanto os adultos, etc. A Base Nacional Comum Curricular (2018) também é
um documento citado e analisado no decorrer da pesquisa, dada sua contribuição para as
diretrizes do ensino de LE em nosso país.
O interesse em relação à temática surgiu a partir de observações do modo como os
alunos percebem e entendem a língua, o inglês. Como professor da rede pública e privada,
pude perceber a discrepância e desigualdade oriundas de uma educação ainda movida por
privilégios. Assim, sendo o inglês um idioma importante para a mudança de panoramas
daqueles que o estudam, é dever do Estado promover uma educação de qualidade e que oferte
a todos a possibilidade de estudá-lo desde as séries iniciais, diminuindo as distâncias entre a
vontade de ascender e as oportunidades para chegar até lá.
Além disso, a não inserção da língua inglesa como componente curricular nas séries
iniciais e no fundamental I é um assunto pouco abordado em pesquisas e, consequentemente,
pouco discutido pelas autoridades e documentos oficiais brasileiros que regem à educação.
Mesmo o inglês integrando expressiva parte da grade curricular das escolas públicas, há uma
lacuna ao negligenciar o ensino a partir das séries iniciais. Sendo assim, propõe-se refletir
sobre sua importância e a necessidade de sua obrigatoriedade em todas as fases da educação
5
bem como os efeitos danosos oriundos da escassez dessa oportunidade nos primeiros anos
destinados a educação das crianças. Para tanto, essas questões começam a ser delineadas no
tópico seguinte, que trata, justamente, das leis e documentos oficiais que regem a educação do
Brasil.
desenvolver um trabalho em apenas uma escola ou com apenas com a língua estrangeira,
tendo que inserir outras disciplinas ou fazer o movimento contrário de (sem formação
adequada) colocar a LE como complemento de carga horária. Ambos os movimentos são
prejudiciais para o desenvolvimento dos alunos, no que diz respeito ao aprendizado de uma
nova língua e, também dos professores, pois eles além de terem que se desdobrar para
conseguir desempenhar com êxito às exigências de sua carga horária (possivelmente em mais
de uma escola ou com mais de uma disciplina), ainda tem que assumir responsabilidades de
componentes curriculares que fogem à sua qualificação enquanto profissional da educação,
desrespeitando-os enquanto professores, cidadãos.
Segundo dados apontados pelo Censo Escolar de 2019, conduzido pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP em relação ao
indicador de adequação da formação docente, na Paraíba, para os anos iniciais do
fundamental, as línguas estrangeiras se configuram com o pior resultado se comparadas às
outras disciplinas, pois das declaradas em turmas de anos inicias, somente 29,3% são
ministradas por professores com formação superior de licenciatura ou uma equivalente na
mesma área da disciplina (INEP, 2020).
Outra perspectiva que se une aos aspectos anteriormente citados são os documentos
oficiais que tratam acerca da educação no Brasil: eles não abarcam o ensino de Inglês para as
series iniciais e para o fundamental I – tendo em vista, que não há obrigatoriedade -, de forma
que a lacuna na legislação vigente da BNCC homologada continua a reforçar o caráter
facultativo de inclusão na matriz curricular, perpetuando o desprestígio e o ensino
inadequado, como vem sendo incluído e conduzido nas escolas regulares brasileiras (LIMA;
BORGHI; NETO, 2019).
A BNCC1 é um documento regido por normas cujo objetivo é a orientação das escolas
acerca da elaboração de seus currículos, propondo um ensino padronizado em todo território
nacional, ainda que não possua ou defina uma estrutura como fixa ou a organização de um
currículo único e/ou específico. Em síntese, ela reúne os aprendizados entendidos como
necessários para o alunado no decorrer de sua trajetória estudantil. A elaboração da BNCC
1
“A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas
e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento
normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)1 , e está orientado pelos princípios éticos,
políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN).” (BRASIL,
2018, p.7)
7
No documento consta que o ensino do Inglês é obrigatório, tão somente, a partir dos
anos finais2 que compreendem o ensino fundamental, ou seja, a partir do sexto ano. Ainda
segundo a Base o Inglês é considerado como uma língua franca, isto é, entre inúmeras outras,
ele é o escolhido como idioma comum utilizado entre falantes de diversas nacionalidades.
Essa mudança de conceito – de Língua Estrangeira (conceito usado pelos PCNS) para Língua
Franca – é uma das propostas da BNCC que visa legitimar a Língua Inglesa não só restrita a
língua de países como Inglaterra, Estados Unidos, etc., mas como, principalmente, a chave
que abre as portas para o mundo globalizado3. Diante disso, crianças e jovens que têm a
2
A BNCC de Língua Inglesa para o Ensino Fundamental – Anos Finais está organizada por eixos, unidades
temáticas, objetos de conhecimento e habilidades. As unidades temáticas, em sua grande maioria, repetem-se e
são ampliadas as habilidades a elas correspondentes. Para cada unidade temática, foram selecionados objetos de
conhecimento e habilidades a ser enfatizados em cada ano de escolaridade (6º, 7º, 8º e 9º anos), servindo de
referência para a construção dos currículos e planejamentos de ensino, que devem ser complementados e/ou
redimensionados conforme as especificidades dos contextos locais (BRASIL, 2018, p.247).
8
elas são programadas para descobrir e desenvolver criativa e intuitivamente as regras pelas
quais se adquirem as línguas.
Halliday (1974) assevera que há crianças que conseguem aprender duas ou até mais
línguas de forma simultânea, caso estejam em contato com elas. E a língua materna se
aprende, sem nenhum aporte metódico e/ou teórico, sendo possível que se aprendam outras
línguas do mesmo modo. Assim, quando mais cedo começa a dedicação ao aprendizado, mais
cedo e com mais êxito se aprendem novas línguas. No entanto, as escolas secundárias, sendo
um dos meios de aprendizado no que tange ao ensino de LE, não são os únicos nem as únicas
maneiras de aprender, uma vez que, o aprendizado não precisa necessariamente estar ligado a
uma instituição de ensino formal, mesmo que seja importante sua valorização. O autor
observa que
Uma vez admitido que a capacidade prática de uma língua pode ser
separada, enquanto finalidade do ensino, de qualquer propósito cultural ou
literário mais amplo, e que quanto mais jovem a criança mais facilmente
adquire o domínio de idiomas estrangeiros, a inferência seguinte é evidente:
a capacidade linguística não somente é um objetivo possível na escola
primária, mas realmente é mais apropriada aí do que na escola secundária. É
possível ir além disso. Observa-se comumente que o sucesso na
aprendizagem de idiomas estrangeiros entre as crianças de escola primária,
dentro de amplos limites, não se relaciona com a “inteligência” do indivíduo.
Parece haver uma capacidade inteiramente separada de comportamento
lingüístico, que não se correlaciona estreitamente com o QI. (HALLIDAY,
1974, p. 297).
ser consideradas também as estratégias, ou seja, os meios pelos quais os alunos constroem e
gerenciam seu próprio percurso de aprendizagem. Há estratégias diretas e indiretas. As diretas
são estabelecidas por outras três estratégias: as de memória, de compensação e as cognitivas;
e as indiretas por estratégias metacognitivas, afetivas e sociais (FERNANDES; CALICCHIO,
2015).
Acerca do processo de aprendizado de línguas, Almeida Filho (2005, p.78) sugere que
as “necessidades, interesses, fantasias e projeções” dos estudantes sejam entendidos como
uma das partes que integra o processo de ensino/aprendizagem de línguas. Considerando, que
as crianças são “pessoas reais com preferências, ideias e visões (e, acrescentamos, crenças)
próprias” (MOON, 2000, p. 6) que se formam e se consolidam a partir da interação social.
Para tanto, um dos métodos utilizados pode ser o comunicativo, como defende
Almeida Filho (2002). Os métodos comunicativos, na percepção do autor, focam em três
aspectos que são o sentido, o significado e a integração entre os sujeitos na LE,
sistematizando o aprendizado em tarefas que apontem para um real interesse e/ou necessidade
dos alunos. Almeida Filho (2005) afirma que os métodos comunicativos, em geral, incluem
uso da oralidade e de carga informativa, simultaneamente, objetivando a criação de situações
favoráveis para desempenhar (de forma real) a comunicação em uma nova língua. O autor
ainda acrescenta a importância de procedimentos metodológicos comunicativos e
compreensíveis, materiais que motivem o aluno a expressar aquilo que deseja, bem como o
uso de trabalhos em pares ou equipes.
A interculturalidade é também um aspecto importante quanto ao ensino do inglês, haja
vista que o aprendizado da língua envolve a inclusão daqueles que a aprendem no mundo
globalizado. Nesse sentido, o inglês concomitante ao contato com um novo idioma
proporciona o conhecimento sobre novos povos, culturas, países, etc. Antunes e Neto (2016)
entendem que a interculturalidade é um dos meios de trabalhar a LE, pois proporciona a
relação entre as línguas, tanto a materna quanto a meta.
Como discutido no tópico anterior, o ensino de uma segunda língua é direcionado,
segundo a BNCC, para os ensinos fundamental II e médio, contudo há um crescente interesse
no ensino/aprendizagem de LE voltado para o público infantil. Dessa forma, mesmo que o
público específico a que se refira não seja o infantil, algumas diretrizes da BNCC podem ser
utilizadas nessa modalidade de ensino:
[...] as práticas de linguagem oral presenciais, com contato face a face – tais
como debates, entrevistas, conversas/diálogos, entre outras –, constituem
gêneros orais nas quais as características dos textos, dos falantes envolvidos
14
e seus “modos particulares de falar a língua”, que, por vezes, marcam suas
identidades, devem ser considerados (BRASIL, 2018, p. 243).
Como a própria BNCC destaca, alguns aspectos devem ser considerados acerca do
ensino de LE para crianças como, por exemplo, a oralidade, atenção, concentração,
criatividade etc. Nessa perspectiva, é importante que os professores compreendam e
considerem as características dessa fase de seus alunos, no planejamento de suas aulas.
A oralidade ganha um local de destaque no aprendizado do inglês, logo os professores
devem realizar atividades em que seus alunos consigam desenvolver um “[...] reconhecimento
das produções orais em Inglês, e que esse contato primário, já na infância, possa familiarizá-
los com outra língua, verbalizando e identificando algumas expressões e palavras em Inglês
[...]” (ANTUNES E VALLE NETO, 2016, p.13).
A oralidade pode se materializar na rotina da sala de aula através de inúmeras
ferramentas e metodologias, como o uso de músicas e rodas de conversas, associações com o
lúdico que permitam que os possam se expressar no idioma meta. Para tanto a BNCC
preconiza que
[...] os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação
Básica são as interações e a brincadeira, experiências nas quais as crianças
podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e
interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens,
desenvolvimento e socialização (BRASIL, 2018, p. 37).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
demais enquanto homens. Seis dos professores estão na faixa etária que engloba dos 25 aos 34
anos de idade, outros seis se encontram dos 35 aos 44 e dois dos 45 aos 59. Para tanto, se
percebe uma margem de professores, relativamente, jovens ministrando a disciplina e, em
grande maioria, mulheres, coincidindo com a margem nacional, segundo dados da pesquisa
realizada pelo Instituto de Pesquisas Plano CDE para o British Council (2015) que verifica
uma porcentagem de 81% das mulheres entrevistadas como professoras de Língua Inglesa.
Em relação às formações, nove dos professores se identificam, claramente, com
formações voltadas ao ensino da Língua Inglesa, sejam elas graduações, especializações ou
pós-graduações. Esses, por sua vez, estão de 5 a 31 anos atuando como professores do
componente curricular supracitado; quatro dos professores responderam de forma
inconclusiva, isto é, que não permite saber com exatidão se sua formação é em inglês, visto
que contestam com respostas tais como “Pós-Graduação em Língua, Linguística e Literatura”,
“Mestrado em Educação”, “Letras”, etc. (esses, por sua vez, afirmam atuar entre 5 e 10 anos
no ensino de Inglês); um professor respondeu que sua formação é em Letras (com habilitações
em Português e Espanhol) atuando há 10 anos com a língua inglesa. Apesar de, tão somente,
um professor expressar claramente que sua formação foge à adequada, no Brasil os
professores que atuam no ensino de Inglês, em geral, possuem um alto nível de escolaridade
se comparadas ao contexto brasileiro. A pesquisa divulgada pelo o British Council (2015)
constata que 87% deles possuem e ensino superior, no entanto uma expressiva parte desses
não tem uma formação específica em Inglês, sendo somente 39% dos casos os que possuem.
Ou seja, uma parcela considerável dos professores que ministram o componente curricular
Inglês possuem formações superiores em outras áreas como Português, Pedagogia, ou mesmo
outras línguas estrangeiras, como é o caso da professora participante desta pesquisa. Uma das
possibilidades que justifiquem essa questão é a de complemento de carga horária, pois, muitas
vezes, as disciplinas de língua estrangeira não são suficientes para atingir a carga horária
suficiente para contratações. Nessa situação, são possíveis dois cenários: o do professor de
inglês completar sua carga horária com outras disciplinas, ou o professor de outro
componente complementar a sua carga com o inglês. Ambas são prejudiciais para a
manutenção da qualidade do ensino.
Na perspectiva do país, esse é um dado também comprovado através do INEP (2020)
que constata os piores resultados em relação à formação de professores de língua estrangeira
nos anos iniciais do ensino fundamental. De acordo com a pesquisa só 36,8% das turmas
possuem professoras cuja formação corresponde a disciplina que ministram, configurando-se
como o pior resultado a nível nacional.
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4
“Infelizmente, poucos alunos demonstram interesse ou vêem como algo importante de ser aprendido. Eles têm
muita resistência quando tentarmos trabalhar a habilidade speaking e se sentem mais à vontade apenas com o
ensino de conteúdos gramaticais. As salas com muitos alunos e apenas 2 horas aula para a disciplina Língua
Inglesa também são fatores que não ajudam”.
5
“Avalio como um processo que tem nos desafiado a cada momento, pois precisamos lidar com uma realidade
difícil pela falta de motivação, pelas condições, muitas vezes, inapropriadas de ensino e aprendizagem”.
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garantias de obrigatoriedade de seu ensino, através de leis e politicas públicas. Então, quais
seriam as motivações que fariam desse ensino de Inglês como LE ineficaz? Ainda que muitos
dos professores participantes da pesquisa apontem o desinteresse dos alunos como fator
preponderante, o problema não se limita a essa questão, tendo em vista que as raízes da falta
de motivação pelo aprendizado de um novo idioma podem estar na carência de uma formação
que comece a se estabelecer na base, isto é, na sua infância bem como de politicas públicas
que valorizem o professor e também o motive e assegure condições dignas de trabalho.
Autores como Luz (2003), Cameron (2001) e outros citados no decorrer da pesquisa
defendem que a criança aprende com mais facilidade se comparada ao adulto por inúmeros
fatores como: o elevado potencial de aprendizado, menor inibição, facilidade de
desenvolvimento da pronúncia, etc. Sendo assim, a pesquisa também busca entender como os
professores entendem a importância do ensino nessa fase, logo quando questionados “Para
você, o ensino de inglês nas séries iniciais do ensino fundamental (1° ao 5º ano) pode
favorecer a aprendizagem dessa língua nas séries seguintes? Por quê?”, todos os professores
concordaram que sim, que o ensino do inglês mais cedo contribui para o melhor
desenvolvimento e aprendizado dos alunos, corroborando os argumentos aqui defendidos.
Diante do questionamento, ainda justificam suas opiniões assertivas em relação à temática,
como podemos ver no quadro abaixo:
Quadro 1- Para você, o ensino de inglês nas séries iniciais do ensino fundamental (1° ao 5º
ano) pode favorecer a aprendizagem dessa língua nas séries seguintes? Por quê?”.
Professores Respostas
Professor 1 Sim, para melhorar o desenvolvimento da
aprendizagem
Professor 2 Sim, porque a criança é mais receptiva , e
capaz de absolver mais rápido um maior
número de vocábulos
Professor 3 Sim, porque quanto mais cedo houver o
contato com a língua estrangeira mais o
aprendiz poderá desenvolver suas
habilidades.
Professor 4 Sim, pois os alunos aprendem o básico e nas
séries seguintes não sentem tantas
dificuldades
Professor 5 Sim. Para que o aluno chegue nas séries
fundamentais sabendo um pouco mais de
Inglês.
Professor 6 Sim, porque nessa fase, os alunos tendem a
se mostrar mais receptivos e motivados para
aprender a língua inglesa. Além disso,
conforme indicam as pesquisas, eles estão
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pesquisa) até os dez anos, ela entenderá os sons desse idioma do mesmo modo que entende os
de sua língua materna. Ou seja, a maturidade do aparelho fonador seria concomitante à
aquisição da língua meta.
Em relação ao questionamento abaixo exposto no quadro 2, todos os professores
concordam que o ensino da língua inglesa deve partir das séries iniciais que formam o
fundamental I.
Quadro 2 - Você acha que o ensino de língua Inglesa deve se tornar obrigatório no currículo
dos anos iniciais do Ensino Fundamental I nas escolas públicas? Por quê?
Professores Respostas
Professor 1 Sim, pelo mesmo motivo dado na resposta
anterior a convivência com a língua
Professor 2 Sim, quanto antes a Língua for apresentada
mais chance de tornar-se um falante fluente
na mesma
Professor 3 Sim, a língua inglesa atualmente deixou de
ser apenas um diferencial no mercado de
trabalho e passou a ser um idioma essencial
no dia-a-dia, o sujeito que tem o domínio de
outro idioma, terá diversas portas abertas, e
não apenas no campo profissional
Professor 4 Sim. É de fundamental importância para sua
formação estudantil
Professor 5 Sim.
Professor 6 Sim, porque quanto mais cedo eles tiverem
contato com a língua inglesa melhor será a
qualidade de aprendizagem dos mesmos e,
dessa forma, estarão mais aptos a cursar as
séries seguintes
Professor 7 Sim, pois é uma disciplina que quanto mais
cedo for aprendida, melhor se desenvolve
Professor 8 Sim. Pela necessidade de melhorar as
habilidades dos alunos antes deles chegarem
ao ensino médio
Professor 9 Sim, pois despertaria um interesse em saber
uma língua estrangeira
Professor 10 Sim. Pode auxiliar o aluno na motivação e na
aprendizagem. Dando uma base maior nas
séries seguintes
Professor 11 Sim, para acabar com a desigualdade, para
que todos os alunos possam vir com a mesma
bagagem e oportunidade
Professor 12 Depende, se isso não sobrecarregar
profissionais
Professor 13 Todo o conhecimento é bem vindo, porque
nessa faixa etária, as crianças já possuem
acesso a LE, mesmo sem saber, através de
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sabiam nem como elas se chamavam em português”; “[..]foi muito boa! As crianças
aprendem bem mais rápido e gostam das aulas pois por serem mais lúdicas nos anos iniciais,
torna-se mais prazerosa”; “[...]as crianças demonstram o interesse bem maior em aprender em
relação aos alinos do fundamental e e medio, como também são mais participativas”;
“Crianças da faixa etária de 7 a 11 têm mais facilidade e curiosidade, quando estimulada, para
aprender uma segunda língua. Achei gratificante”.
As justificativas dos professores em relação a suas experiências no ensino de inglês
para crianças apontam, especificamente, para o que o demonstramos nas falas dos teóricos no
decorrer da pesquisa, isto é, que as crianças têm maior facilidade em aprender um novo
idioma, pois conseguem adquiri-lo com maior agilidade; aprendem no mesmo ritmo em que
vão adquirindo a língua materna; participam mais que os alunos com uma idade maior, pois
não têm vergonha de se expressar; e, em geral, são mais curiosas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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