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Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B

OFTALMOPEDIATRIA E ESTRABISMO

DESENVOLVIMENTO VISUAL AMBLIOPIA

- “Período crítico” do desenvolvimento visual - Redução da acuidade visual por deprivação


⇒ janela na qual as conexões sinápticas se sensorial ou interação binocular anormal
estabelecem permanentemente: variável (prevalência: 3-5%) → dois olhos normais, mas
aproximadamente 7 anos. um nasce torto/estrabismo, o olho que recebe
a imagem desviada passa a ser suprimido e a
- A criança atinge acuidade visual igual ao
visão começa a baixar automaticamente.
adulto com 7 anos.
- Diagnóstico precoce é essencial para o
- 90% da visão desenvolve-se nos dois
tratamento adequado.
primeiros anos de vida.
- O bebê quando nasce enxerga muito mal,
- Qualquer alteração nessa fase de vida pode
tem uma concentração muito baixa de
acarretar prejuízos ao longo da vida ⇒
cones, noção de profundidade muito baixa,
Ambliopia.
ele passa a desenvolver nos primeiros anos de
vida. O ganho de visão nos primeiros 6 meses
de vida é exponencial.

- Quando realizar a primeira avaliação


oftalmológica do bebê? 1ª avaliação
completa (midríase, dilatação de pupila)
entre 6 meses e 1 ano, desde que o bebê
esteja saudável (sem sintomas) e sem
alterações no teste do olhinho. Até os 3 anos.
- O desenvolvimento psicomotor da criança
durante o primeiro ano está muito associado à
sua capacidade visual. ETAPA DA VIDA X DOENÇAS OFTALMOLÓGICAS

- Patogênese: Complexa interação entre


fatores genéticos e ambientais que modulam
o crescimento ocular.

- Prevenção e controle:

→ Restringir uso de tablet/celular na


infância.

→ 2h/dia de atividade outdoor.

→ Atropina 0,01%.
TRIAGEM ROP (RETINOPATIA DA
→ Óculos e lentes de contato especiais. PREMATURIDADE)

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- Condição potencialmente muito grave que - Pode detectar qualquer doença que causa
pode levar à cegueira total bilateral do bebê. obstrução ao eixo visual (prevalência 3%).
Realizado no berçário, simples.
→ PREMATUROS
- Simples, rápido, indolor, não precisa dilatar a
- Brasil: bebês nascidos com menos de 32
pupila (midríase) ⇒ oftalmoscopia direta.
semanas e/ou com menos de 1500g (crianças
maiores a critério do neonatologista) ⇒ - Teste do reflexo vermelho precisa ser feito
indicado triar para ROP. antes da alta do bebê e precisa ser repetido a
cada 3 meses na consulta do pediatra.
- Precisa de um oftalmologista muito bem
treinado para fazer a triagem. - Não precisa ser feito pelo oftalmologista.
Feito pelo pediatra.
- Acompanhamento até no mínimo 45
semanas de IG ou até vascularização
completa, para bebês prematuros.
CATARATA CONGÊNITA
- A retina acaba a formação somente com 40
- É muito mais grave do que a catarata que
semanas de gestação ⇒ começa no centro e
dá em idosos.
vai se estendendo para a periferia.
- 3:10000 nascidos vivos.
- Quando a vascularização se completa? Por
volta de 40 semanas. - Pode ser uni ou bilateral (mais comum bi).

- Oftalmoscopia indireta com lente + 28D para - Causa mais comum é mutação genética
conseguir ver melhor. autossômica dominante.

- Precisa acompanhar de acordo com cada - Outras infecções: Síndrome de Down,


caso. galactosemia, aniridia, infecções intrauterinas
(STORCH).
- FATORES DE RISCO ROP: prematuridade,
intubação prolongada, transfusões múltiplas. - Pode ter envolvimento total ou parcial do
cristalino.
- TRATAMENTO: acompanha e tem critérios
para tratamento, queima parte vascular com - Fixação pobre, estrabismo, nistagmo.
laser e acaba na retina ⇒ acaba o estímulo
- Investigar sífilis, toxoplasmose, rubéola, CMV,
para o desenvolvimento da doença ⇒ se
herpes, erros inatos.
indicado no tempo correto salva a visão.
Queima a retina periférica, melhor isso do que - Diagnóstico precisa ser precoce ⇒ evitam
perder o centro. ambliopia.

- Se desde o nascimento e unilateral,


tratamento com 6 semanas devido à falta de
desenvolvimento do olho afetado. Bilateral 8 a
TESTE DO OLHINHO (TESTE DO REFLEXO 10 semanas, e logo que opera um olho deve
VERMELHO) operar o outro pelo mesmo motivo do
unilateral.
- Bom para opacidades em geral.

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- TRATAMENTO CIRÚRGICO (com ou sem lente - Tumor intraocular primário mais comum da
intraocular) ⇒ O ideal é operar com até 6 infância, apesar disso ele é muito raro.
semanas ⇒ Quando o bebê nasce com ela,
- 1/17.000.
se cobrir o eixo visual o bebê não vai ter
estímulo. - O principal sinal é a leucocoria (reflexo
vermelho normal, não exclui retinoblastoma).
- O adulto tem que colocar lente, numa
criança nunca coloca antes dos 6-8 meses de - Bebê corre risco de vida.
vida, pois teria risco ⇒ implanta depois.
- Teste do reflexo vermelho enxerga
Enquanto isso usa lente, óculos.
retinoblastoma só quando é muito grande já.
- Em geral, há a remoção do cristalino,
- TRATAMENTO: QT, QT intra-arterial (entra pela
deixando a criança em uso de lente externa.
femural e joga a QT diretamente ali na artéria
- Após a remoção de cataratas de ambos os oftálmica ⇒ é a técnica mais moderna), RT,
olhos, as crianças que tinham imagens com fotocoagulação, crioterapia, braquiterapia,
qualidade similar em ambos os olhos enucleação (tirar o olho), exanteração.
desenvolvem mais frequentemente visão igual
- Aparece até os 2 anos de vida.
em ambos os olhos.
- Começa como uma bolinha e depois vai se
espalhando dentro da camada vítrea e
GLAUCOMA CONGÊNITO avança.

- 1/10000 nascidos vivos, é raro. - Pode acontecer de ter que tirar olho:
enucleação.
- 75% bilateral.

- Aumento da PIO (pressão intraocular) e


consequente perda da acuidade visual (AV). HEMORRAGIAS RETINIANAS

- Buftalmo, lacrimejamento, fotofobia (tríade), - Comum em crianças com algum trabalho de


opacidade de córnea e aumento da parto traumático, ou casos de violência, ou
escavação do nervo óptico. síndrome do bebê sacudido.

- Olho grande. - Acaba sendo reabsorvido em cerca de 10-15


dias de vida. É benigno e com resolução
- Associado a síndromes: Sturge-Weber,
espontânea.
aniridia, disgenesia do segmento anterior, S.
Lowe, S. Pierre-Robin. - Hemorragia em chama de vela,
principalmente em bebê com parto difícil;
- Tratamento cirúrgico.
normalmente reabsorvido nos 15 primeiros dias
de vida, apenas acompanha;

RETINOBLASTOMA

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UVEÍTES CONJUNTIVITES

- É uma inflamação do tecido uveal (pode ser → NEONATAL


por toxoplasmose, sífilis, CMV, rubéola).
- Ocorre em bebê com <28 dias.
→ Toxoplasmose ⇒ afeta a fóvea ⇒
- Incidência: 0,1-24%.
perde a visão bilateral.
- Química (o que usamos para evitar
→ Lesão por toxoplasmose congênita
conjuntivite infecciosa, acontecia muito com
→ Lesão em roda de carroça, muito
o nitrato de prata), bacteriana ou viral.
comum dar essa lesão bem na
localização da mácula, bebê perde a - Credé (nitrato de prata) em 1881 (todo bebê
visão central. Nos adultos não dá essa recebe uma gotinha de nitrato de prata ao
alteração bem no centro da visão, nascimento).
normalmente afeta a visão periférica.
- Profilaxia: nitrato de prata 1%, pomada de
- Atenção para AIJ (Artrite Idiopática Juvenil) eritromicina 0,5% ou tetraciclina 1%,
⇒ acometimento da articulação. Menores de iodopovidona colíria 2,5%.
16 anos, pode ser oligo ou poliarticular e
→ Vitelinato de prata 20% ⇒ Não deve
sistêmica. O olho da criança não aparenta
ser utilizado, não tem eficácia contra os
estar doente! Os tecidos começam a “se
agentes.
grudar” por conta dessa inflamação. Por isso
que tem que ser feito o controle. → Posso pingar leite materno para
curar conjuntivite? O Colostro tem
→ É uma das únicas uveítes
ação mínima bacteriostática, não
assintomáticas, até 25% dos casos. E vai
resolve.
ter FAN positivo.
→ POR CLAMÍDIA

- 1 semana de vida (5-14 dias).


OPACIDADES CORNEANAS
- Principal agente que desencadeia em
- Infecção, má formação, glaucoma.
conjuntivite.
- Podem ser agudas/ transitórias ou
- Diagnóstico por cultura, PCR,
permanentes.
imunofluorescência direta ou ELISA.
- Perde o brilho.
- Associação com pneumonite (4-12 semanas
- Coloboma, aniridia, anoftalmia. de vida)

- Transplante de córnea para bebê não pode, - Tratamento: eritromicina 50mg/kg/dia VO (4


devido ao sistema imune rejeitar facilmente doses diárias por 14 dias) ou azitromicina 20
transplantes. mg/kg/dia (1 dose diária por 3 dias) ⇒ Tratar
os pais também.

→ POR GONORREIA

- Pode levar à cegueira se não tratada.

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- 2-5 dias (até 3 semanas após o nascimento). OBSTRUÇÃO LACRIMAL

- Secreção abundante, perfuração. - Maioria melhora espontaneamente até o 1º


ano de vida.
- Pode causar uma infecção sistêmica: sepse,
meningite e artrite. - Mais comum: obstrução da válvula de
Hasner.
- Diagnóstico: gram e cultura.

- Sempre tratamento sistêmico ⇒ Usa-se


Ceftriaxona 25-50mg/Kg IM ou EV dose única
+ higiene SF + colírio com ação antibiótica.

→ POR HERPES SIMPLEX

- 2 semanas de vida (5-14 dias).

- Formação de vesículas.

- Diagnóstico por cultura, PCR, PL.

- Conjuntivite, ceratite, retinocoroidite e


catarata.

- Tratamento aciclovir sistêmico 60mg/kg/dia


em 3 doses por 14-21 dias. - A tendência é resolver de maneira
espontânea, quando não resolve as vezes
- Profilaxia por 6 meses.
precisa operar para desobstruir.
- Química: 24h após nitrato de prata (até 2
- Tratamento: higiene, massagem, antibiótico
dias).
somente se infecção.
→ OUTRAS CONJUNTIVITES BACTERIANAS
- Sondagem, intubação ou DRC.
- Na maioria das vezes se trata de maneira
empírica porque tem muita chance de
perfuração e de gerar cegueira. DACRIOCISTITE

- S.aureus; S. epidermitis; S. pneumoniae; E.coli; - Contaminação nesses bebês que têm


Serratia sp; obstrução lacrimal.

- Pseudomonas ⇒ 25% das culturas são


negativas.

- Tratamento: higiene com SF e colírio


antibiótico (tobramicina, gatifloxacino,
moxifloxacino ou eritromicina pomada).

- Bactérias que colonizam o trato respiratório


superior.

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- Febre, eritema, dor. - Convergência Fisiológica: tem crianças que


ao compensar a hipermetropia elas ficam
- Precisa tratar com antibiótico EV de acordo
estrábicas ⇒ pode ser secundário ao grau dos
com germe e depois faz cirurgia, espera pelo
óculos na infância. O ideal é tentar corrigir a
menos 1 ano.
hipermetropia primeiro.

→ O estrabismo pode ser acomodativo


DACRIOCISTOCELE ou não. Quando acomodativo eu
consigo corrigir com os óculos. Tira os
- Obstrução proximal e distal do saco lacrimal
óculos e volta a ficar estrábica.
⇒ não tem infecção.
→ Pode ser intermitente e alternante.
Quando alternante, a tendência é não
diminuir a visão, o que é melhor.

- Miopia não se acomoda. Somente


hipermetropia.

- Estrabismo acomodativo o tratamento é uso


de óculos, já os outros são apenas cirúrgicos.
- Tratamento: conservador por 2 semanas
(compressa morna e massagem). - Exotropia: é o desvio divergente. Mais
comum ser intermitente (desvia a todo
momento e retorna ao normal, ou desvia e
PSEUDOESTRABISMO demora um tempão para voltar ao normal).

- Olho um pouco torto é normal nos primeiros - Hipertropias, desvios torcionais.


anos de vida? Sim se nos primeiros 4 meses,
- Estrabismos paralíticos: paralisia do VI, III par
por imaturidade de fixação. Não precisa
craniano.
intervenção, normalmente normaliza com o → III par craniano (oculomotor): reto
crescimento ⇒ condição anatômica. superior, inferior, medial e oblíquo
inferior.
- No pseudoestrabismo pode acontecer de o
→ IV par craniano (troclear): oblíquo
olho cobrir a parte branca do olho, mas não
superior.
há esse desalinhamento.
→ VI par craniano: reto lateral.

ESTRABISMO

- Esotropia: desvio convergente.

- Pode ou não ser acomodativo.

- “Mas esse grau não é muito forte?” ⇒ isso


não existe, eu somente prescrevo o grau de
hipermetropia que a criança tem. PTOSE CONGÊNITA

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- Parâmetro mais importante ⇒ obstrução do OMS


eixo visual, tem que cuidar se o paciente não
- Aproximadamente 7,5 milhões de crianças
vai ter miopia também.
em idade escolar são portadoras de algum
- Idade para intervenção cirúrgica ideal é 3-4 tipo de deficiência visual, mas somente 25%
anos. Única exceção é se estiver obstruindo o delas apresentam sintomas, outros ¾
eixo. necessitam de teste oftalmológico específico.

→ Isso por conta dos músculos - O problema de ser míope são as miopias
(levantador da pálpebra superior, degenerativas, por isso a importância de
inervado pelo III par - é responsável tratar e usar óculos!
pela miose) ⇒ músculo levantador da
pálpebra superior é responsável por
várias funções. PREVENÇÃO E CONTROLE

- Restringir uso de tablet e celular.

ERROS REFRACIONAIS - Atropina 0,01% como forma de profilaxia.

- Hipermetropia > 3.50 D. - Óculos e lentes de contato especiais.

- Miopia > 3.00 D. - Erros refrativos (já não causam ambliopia).

- Astigmatismo > 1.5 D a 90° ou 180°.

→ Anisometropia > 1.5 D.

- HIPERMETROPIA: desatenção, cai com


frequência, pouco interesse em atividades
para perto.

- MIOPIA: aproxima objetos, dificuldade para


longe, pouco interesse em atividades
esportivas.

- ASTIGMATISMO: cefaleia, dificuldade para


longe e perto.

- Diferença de grau entre dois olhos → e isso


pode dar ambliopia. Principalmente nos casos
de hipermetropia.

- Míope geralmente não ambliopia.

- Quando que vou conseguir determinar o


grau da criança? Consigo mensurar por meios
objetivos.

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a) Nem sempre causa, ele alterna


b) RESPOSTA
c) NÃO É ESTRABISMO
d) NÃO

→ a esotropia pode ser acomodativa ou não, mas


na acomodativa se tem correção por uso de óculos.

# C = até os *9 meses de idade

a) 3-4 anos
b) Avascularizada – vasculariza com 40
semanas
c) Teste do olhinho sem midríase
farmacologia
d) RESPOSTA
e) Não pode substituir

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