Divergencia Socialista Songbook 1

Ná (Maria Regina Laje Guerra), Gato Jair, Fabiana
Figueiredo, John Ulhoa, Rubinho Troll, Roberto Nosso,

Roger Betoneira (in memorian), Délio Esteves, Clode
Franco, Fernando Righi, Eli Mejorado, Yoko Afi, Tibério
França, Frederico Piancastelli, Ana Caetano, Emília
Mendes, Clara Albinati, Rodrigo Ribeiro, Paulo Beto,
Anvil Fx, Minotauro Estúdio, Rozera Produção Musical,
Alexandre Biciati e todos os fotógrafos que, em algum
dia desses 38 anos, clicaram o DS.
1
Idealização: Alessandra Drummond (Aleca A de Alexandria).
Coordenação geral: Silma Dornas (Bijoux O’Hara)
Coordenação Musical e Curadoria: Bruno Verner e Marompas
Produção Musical: Ronaldo Gino (La Table Produtora de Som)
Copista: Alexsander Souza
Projeto Gráfico e Webdesign: Louis Mooren e Rosa Dornas
Textos: Bruno Verner, Gato Jair, Délio Esteves, Cesco Napoli e

Silma Bijoux O’Hara
Social mídia: Letícia Eline
Produção Executiva, Gestão Financeira e Prestação de Contas:

Artmanagers - Drummond Consultoria
Assessoria Jurídica: Drummond, Neumayr, Ragonezzi & Falcão

Advocacia
Banda: Silma Bijoux O’Hara (Voz), Marompas (Baixo), Ana Gusmão

(Voz), Cesco Napoli (Guitarra e Teclado), Ronaldo Gino (Guitarra
e Dadatapes), Mamede ( Bateria), Dota Bones( Baixo), John Ulhoa (
Guitarra)
Luz: Leonardo Pavanello
Som: Pingo
Rodie: Jatobá
Produção Cultural: Fábio Dornas e Vitória Regina
Fotografia: Guto Muniz

VJ: Rosa Dornas
2
Pós-Punk minimal, anti-música, dadatapes, disco-not-disco,
arte pop, poesia sonora, eletrônica lo-fi, canções angulares,
DIY eletro-sambas, CASIO songs sob antropofágismos-
intertextuais [de Oswald de Andrade a Cabaret Voltaire, de
Maiakóvski a Kraftwerk; de Torquato Neto a Júlio Barroso, de
Dolores Duran a Dee Dee Jackson & The B52’s] - ora em estilhaços
experimentais, ora em vertente melódico-existencial - foram (e
são) alguns dos muitos territórios sônico-poéticos habitados
durante a extensa e singular trajetória da inovadora banda
Divergência Socialista (DS).
Formada em Belo Horizonte no

início dos anos 1980 pelo poeta,
pesquisador, músico e um dos
fundadores do coletivo Cemflores,
Marcelo Dolabela (1957-2020) -
letras, vocais, dadatapes – a
partir dos primórdios da banda
Sexo Explícito, o DS surge dentro
de um cenário pós-punk ainda em
constituição na cidade, cuja
estética propunha experimentações
@tiberiofranca
musicais e ações que fugissem do
lugar comum da época. Em sua primeira dentição, inicialmente
com a fotógrafa Fabiana Figueiredo a.k.a Fabiana Andopov (voz),
Gato Jair (voz), Roberto Nosso (guitarra), e os integrantes
do Sexo Explícito (Marompas, Rubinho Troll, John Ulhôa e Roger
Mendonça); e logo em seguida em conjunção planetária-amorosa
com a vocalista e performer Silma Bijoux O’Hara, parceira fiel
de Dolabela ao longo de praticamente todas as formações
seguintes da banda até a sua morte em 2020, o DS se estabelece
como uma entidade experimental pós-tropicalista de verve pós-
punk no efervescente e iconoclástico cenário underground belo-
horizontino dos anos 80 em meio ao tumultuado processo de
redemocratização do país.
3
Atuando ao mesmo tempo
como um coletivo-mutante e
celeiro de novos talentos,
o ‘Divergência’ [como
todos os que passaram pelo
grupo se referiam a banda
carinhosamente] nasce
essencialmente como um
organismo comunal e
aglomerativo; contando
com a participação de
vários músicos, poetas e
compositores de bandas-
irmãs que operavam no
frutífero circuito pós
punk local, e ensaiavam no
mesmo estúdio da Rua Jaspe
@fabiana.figueiredo.sensible no Bairro Santa Tereza.
Integrantes dos grupos
Sexo Explícito, R. Mutt, Ida & Os Voltas, O Último Número,
Albânia Berg, Sustados Por Um Gesto, Os Contras, Corpo Delito,
entre outros; todos, em algum ponto de suas trajetórias
artísticas passaram a integrar o Divergência Socialista como
membros da banda, tornando-se vetores essenciais na articulação
de sua sonoridade e estética musical, e estabelecendo assim,
uma identidade sônica particular (luminosamente promíscua e
prolífica) às suas diversas formações.
É assim que ao longo da primeira
década de existência da banda,
Silma Bijoux O’Hara – voz,
Marompas – baixo (Sexo
Explícito), Rubinho Troll -
bateria, teclados (Sexo
Explícito) e John Ulhôa -
bateria, teclados, programações, @fabiana.figueiredo.sensible
(Sexo Explícito, Pato Fu), Aleca
A. de Alexandria – teclados, drum machine (Ida & Os Voltas e
Albânia Berg), Bruno Verner – programações, guitarra, teclados,
4
voz – (R. Mutt, Ida & Os Voltas, Tetine), Bob Faria - baixo
(Sustados por um Gesto), Carlos Henrique (Tonael Grael) e
Alexandre Gallo (Sustados
por um Gesto), e Waltão -
teclados (Serpente) se
associam a banda, compondo,
tocando, re-semantizando e
expandindo seu repertório em
combinações musicais ao
mesmo tempo distintas, mas
complementares. @fabiana.figueiredo.sensible
Em atividade plena durante a segunda metade da década perdida,
o Divergência se apresenta frequentemente pelo circuito
alternativo de bares, clubes, e universidades em importantes
espaços da cidade na época. Casas noturnas como Canil, Babyork,
os teatros do DCE da UFMG, do DCE da PUC, ICBEU, o legendário
bar Complexo B; casas de shows como Cabaré Mineiro, Crepúsculo
dos Deuses, os bares Trincheira, Incapazes do Nirvana, Objeto
Banana, as lojas Câmbio Negro, o brechó Pó Moderno de O’Hara,
a Boggie Woogie Livros de Dolabela
e Fatinha Lamounier na então
Galeria Praça 7, e as ondas da rádio
alternativa Liberdade FM em Betim,
fizeram todos parte da história da
banda; serviram de palco para
muitos de seus shows, lançamentos,
e planos para o futuro. Ao percurso
da banda soma-se também a
militância de esquerda de Dolabela
desde os anos 1970, e a participação
do DS em comícios e atividades
culturais do PT pela Grande Belo
@fabiana.figueiredo.sensible
Horizonte, além de shows marcantes
em São Paulo (Madame Satã, Ácido
Plástico), Rio de Janeiro (Nau Botanic,); e apresentações em
cidades mineiras como Juiz de Fora (Espaço Cultural) e
Divinópolis (Theatron).
5
Do mesmo modo, esses
fluxos continuariam
posteriormente nas
próximas décadas (1990,
2000, 2010, 2020) com
músicos como Délio
Esteves (Corpo Delito),
Clôde (O Último Número),
o baixista Fernando
Righi, a atriz Ana
Gusmão, a cantora Sylvia @ fredericopiancastelli
Klein, a performer Andréa Dário, o poeta e guitarrista
Francesco Napoli (Carmen Fem, Falcatrua), o baixista Dota Bones
(Os Contras), o guitarrista Ronaldo Gino (Virna Lisi, O Saída,
Radar Tantã), além de Nísio Teixeira, Mamede, Hector Gaete,
Luiz Lourenço, Alexandre Martins (Caveira My Friend) entre
outros que passaram pelas inúmeras formações da banda.
Um pouco ao modo da quadrilha de Drummond ... “João que amava
Tereza, que amava R...” ou “no extenso dial crono-espacial das
modernidades”, como Dolabela teorizava poeticamente os campos
e laços subterrâneos de invenção sonora e poética que enxergava
na cidade em constante
mutação. Isto é, na
trajetória de músicos,
poetas, artistas; suas
ações, suas linguagens
específicas e seus modos
de operar, como um
emaranhado de referências
e influências que
@ fredericopiancastelli
circulavam pela órbita do
Divergência Socialista.
De modo similar, e diria até, em sintonia acidental-conceitual
com organismos pós-punks internacionais como a banda britânica
The Fall conduzida por Mark E. Smith, também famosa por
metamorfosear-se em múltiplas formações e identidades sônicas
ao longo dos seus mais de 40 anos de existência.
6
A discografia do DS não é extensa, devido
a uma série de fatores, dentre eles: os
altos custos dos estúdios de gravação no
passado, bem como a inexistência de
tecnologias que possibilitassem a
democratização do acesso, como na
atualidade. Nos anos 80, a banda
registra duas fitas cassetes; Christine
Keeler (1986), lançada pelo selo-loja de
discos Câmbio Negro Discos e Lilith
Lunaire pelo selo Bomb em 1990. Esses
@ fredericopiancastelli dois únicos álbuns da banda apresentam
boa parte do repertório produzido e
gravado por duas de suas formações clássicas em atividade entre
1986-1988 (1°) e 1988-1990 (2°). A primeira, com Marompas,
Rubinho Troll, John, Silma Bijoux O’Hara e Marcelo, e
posteriormente com Aleca A. de Alexandria e Marompas; e a
segunda, com Bruno Verner, Aleca, Silma e Marcelo. Nestes dois
trabalhos estão inclusos micro-hits do underground mineiro como
“Fahrenheit 451/ Jeanne Seberg” (a.k.a Dada Musik), “Toyo &
Mokurai” (a.k.a ‘O Aplauso’), “Cú de Comunista” [cujo clássico
vídeo da canção é estrelado pelo saudoso cineasta Aron Feldman,
e dirigido por Patrícia Moran], “No No Nuke”, “Colt 45”, além
de tracks como “Thomas Morus Dub/ Aqui & Aqui”, “Cindy and Kate
/ Rímel Broadcasting,” “Duas Inglesas e O Amor”, “Lilith
Lunaire”, “Maysa/Mother No. 851”, “Beatrice Dalle” entre
outras.
Sua primeira fita Christine
Keeler contém minimalismos
e experimentações sonoras
em forte diálogo com a
poesia marginal dos 1970,
incorporando o uso intenso
de ‘dadatapes’ sob vozes,
baixo, casiotone, bateria
acústica e presets
fotógrafe desconhecide eletrônicos. No mesmo K7
estão também versões ao
7
vivo de músicas como “Droga de Partido” e “Cú de Comunista”
gravadas no show “As Armas” em 1984 no DCE da UFMG. Já o segundo
cassete, Lilith Lunaire, apresenta uma pegada eletrônica avant-
pop ‘lírica e junguiana’ com canções angulares de amor, queer-
disco punk, além de ‘Silmúsicas’ como Marcelo definia, e
eletro-sambas (melancólicos ou solares) entrecortados por uma
atmosfera antropofágica-passional com músicas dedicadas à
Maysa Matarazzo, Dolores Duran, Astrud Gilberto, Sylvia Telles,
Thomas Mann, Beatrice Dalle, Cindy Wilson, Kate Pierson,
Camille Claudel, Patrícia Galvão, entre outros. Nessa fase, a
banda passa também a fazer uso de uma instrumentação mais
eletrônica, introduzindo sintetizadores, baterias eletrônicas,
além de um sequenciador e um sampler à sua sonoridade.
Nos anos 2000, foram produzidos ainda dois CDs: Cacograma
(2001) e Substância: Divergência Socialista, Marcelo Dolabela
& Parceiros (2013). Todos esses registros são gravações
independentes.
As canções que compõem o CD Substância, uma espécie de síntese
das produções da banda, são um percurso de Marcelo Dolabela e
seus parceiros nos
conturbados anos 70-
80, mas também nos
anos 90 e 2000. O
álbum inclui canções
gravadas em shows ao
vivo, músicas de suas
duas fitas K7
remasterizadas, além fotógrafe desconhecide
de parcerias de
Dolabela em gravações de bandas e artistas como O Grande Ah
(“Funk Congo”, “Mister Masoch”), Sustados Por Um Gesto (“Eu Te
Amo Nº 145”), Alda Resende (“Trem Fantasma Número 2”), Tetine
(“Mata Hari”), Silvana e A Máquina do Tempo (“Histeria”),
Zanzara (“Maletta’s Raga”), Marcelo Paganini (“Assim Caminha A
Humanidade”) e Caveira My Friend (“Charles Anjo 90”).
8
Herdeira do desdobramento das vanguardas clássicas [futurismo,
dada, surrealismo e modernismo], mas também associada à
cartilha tropicalista de Caetano Veloso, Gil, Os Mutantes, Tom
Zé e Rogerio Duprat, em comunicação direta com a nova música
popular mundial, e pela lógica-sensorial de que é melhor
inventar do que repetir; ou ainda, “experimentar o
experimental” como diria
Hélio Oiticica,
incorporando o faça você
mesmo tanto do punk como
do pós-punk à teoria e a
prática da experimentação
conceitual nos universos
sonoro, textual e
performático; a força
fotógrafe desconhecide
poética e singularidade
do Divergência Socialista
se articulava (e ainda se articula, agora em sua volta,
passados 40 anos) pelo desejo de estabelecer utopias radicais
e poéticas. A pergunta a se fazer é: como evocar a complexidade
de sua história singular como uma entidade pós-punk dada-
futurista (feminina) e antecipadora, atravessada por sons-
silêncios, alimentada pela poesia urbana contemporânea, pelo
legado dos modernismos, pela militância estudantil, por sonhos,
teorias, genealogias sônicas e outros desejos?
Fotos: Frenando Prates
Em uma das últimas vezes que nos falamos em Belo Horizonte,

Marcelo me disse, citando Duchamp: “Não repetir, apesar do bis"
- uma de suas tantas referências em fluxo no seu rizoma teórico-
poético-genealógico sensorial sempre em expansão.
9
Ou ainda, na frequência de Maiakóvski: "Sem forma
revolucionária, não há arte revolucionária".
O DS produziu música de invenção em estado coletivo-bruto,

autodidata: DADAMUSIK de Invenção. Seu legado, e sua trajetória
se refletem no extenso repertório de composições, remakes &
re-takes de suas diferentes fases; e em sua particular leitura
político-existencial-ficcional da realidade e seus simulacros.
Aqui & Aqui, as ilhas engolem o continente. A vida pelos olhos.
Uma hidra de mais de sete cabeças. Ergo em silêncio a cidade
submersa. Dormimos, acordamos e continuamos na utopia.
Bruno Verner, Londres, 1 de setembro de 2022.
10
[primeira até oitava formação]
1. Aída C. Calúnias
2. Antonin Artaud/Desajuizados de Maiores
3. Buda
4. Charles Anjo 90 (Dj)
5. Colt 45
6. Duchamp
7. Fahrenheit 451/Jeanne Seberg (DadamusiK)
8. Man Ray
9. Mata Hari
10. Matsuò B./Dia
11. No No Nuke
12. Toyo e Mokuray (Aplauso)
13. Voodoo Chile #56 (gravada em 2021 e faixa
bônus no substância)
[nona formação]
14. Beatrice Dalle
15. Camille Claudel
16. Cindy & Kate/Rímel Broadcasting
17. Dolores Duran
18. Jean Pierre Léaud/Duas Inglesas e o amor
11
19. Lilith Lunaire
20. Maysa/Mother #851
21. Sylvia Telles/Vida
22. Thomas Mann/A Morte em Veneza – [Eat me]
23. Thomas Morus Dub/Aqui & Aqui
24. Yemanjá in Wonderland
[décima formação]
25. Alice no céu da Amazônia (show matriz
29:00)
26. Assis & eu (show matriz 21:30)
27. Baskerville in Body Type (show matriz
33:25)
28. O Caminho de Muriel (show matriz 49:13)
29. Heidegger’s song (cacograma & substância)
[sem formação fixa]

30. Samba da Vanguarda (gravada em 2020)
As músicas que tem um na frente tem a sua

partitura em braile.
12
[primeira até oitava formação]
1. Aída C. Calúnias
2. Antonin Artaud/Desajuizados de Maiores
3. Buda
4. Charles Anjo 90 (Dj)
5. Colt 45
6. Duchamp
7. Fahrenheit 451/Jeanne Seberg (DadamusiK)
8. Man Ray
9. Mata Hari
10. Matsuò B./Dia
11. No No Nuke
12. Toyo e Mokuray (Aplauso)
13. Voodoo Chile #56 (gravada em 2021 e faixa bônus no
substância)
[nona formação]
14. Beatrice Dalle n°37
15. Camille Claudel
16. Cindy & Kate/Rímel Broadcasting
17. Dolores Duran
18. Jean Pierre Léaud/Duas Inglesas e o amor
13
19. Lilith Lunaire
20. Maysa/Mother #851
21. Sylvia Telles/Vida
22. Thomas Mann/A Morte em Veneza – [Eat me]
23. Thomas Morus Dub/Aqui & Aqui
24. Yemanjá in Wonderland
[décima formação]
25. Alice no céu da Amazônia (show matriz 29:00)
26. Assis & eu (show matriz 21:30)
27. Baskerville in Body Type (show matriz 33:25)
28. O Caminho de Muriel (show matriz 49:13)
29. Heidegger’s song (cacograma & substância)
[sem formação fixa]

30. Samba da Vanguarda (gravada em 2020)
14
15
DIVERGÊNCIA, sim, SOCIALISTA, também.
Por Gato Jair
Com muito orgulho, posso afirmar que fiz parte do
grupo poético-performático-musical originalmente
criado por Marcelo Dolabela entre 1983 e 1984. E com
satisfação imensa recebi há pouco o convite para
escrever sobre tal experiência, quase 40 anos depois,
quando o mesmo/outro grupo retorna, após a morte de
seu fundador em 2020. De fato, são muitas as formações
da /do Divergência Socialista, o que faz jus ao nome
que Dadalobela deu ao seu projeto e à sua realização,
nome que brinca com o de uma vertente das esquerdas do
início dos anos 80 no Brasil: ao invés de Convergência,
Divergência. Uma concepção e proposta radicalmente
democrática, plural e aberta, tanto de política quanto
de arte.
Assim, temos aí uma dica sobre o que Marcelo e eu
mesmo já queríamos realizar, no fim da ditadura: algo
que desafiasse tanto a dita-cuja, então caindo de
podre, depois de quebrar o país durante vinte anos; e
algo que ao mesmo tempo levasse a oposição político-
cultural, principalmente a esquerda de que fazíamos
parte, a repensar e rever sua “caretice”. Ou seja, seus
preconceitos e posições cristalizadas, sobre tudo o
que nos cercava, inclusive o que se fazia no campo da
cultura, principalmente na arte de esquerda. Com tudo
isso, acabamos por criar incompreensões tanto de um
lado quanto de outro, pois se tratava da dialética da
divergência. Por exemplo, com a célebre canção “Cu de
cumunista”, chocante à esquerda pela referência
“cumunista”, que não entenderam; e também à direita,
pela palavra “cu”, execrada de modo moralista. Além do
mais, a letra do Marcelo, equacionava várias siglas,
tanto à esquerda quanto à direita, causando um
necessário desnorteamento.
16
Depois de alguns shows performáticos no DCE
Cultural da UFMG, entre 1983 e 84, uma lembrança
marcante dessa época é a de uma apresentação da
Divergência na Praça do Papa, em BH, com algumas das
chamadas grandes figuras da música mineira, onde fomos
alvejados no palco com latas e até garrafas de cerveja.
Lembro-me também de que alguns shows do grupo, junto
aos do Sexo Explícito, grupo também formado por
Marcelo, de que participei, eram visados pela Polícia
Federal, já desde os nomes das bandas nos cartazes
provocativos, em tempos de final da ditadura. A origem
poética dos grupos era ignorada e também causava
estranhamento. E, por exemplo, quando divulgávamos que
o som da Divergência Socialista era minimalista – termo
relativo à música erudita de vanguarda – acontecia de
aparecer gente dessa área artística que encontrava nos
shows algo inclassificável, que misturava o punk e o
pop, o poético e o performático, a canção brasileira e
as referências estrangeiras não só da música, mas
também da poesia neodadaísta e da política.
Pode levar um pouco mais de tempo, mas as letras
e os agitos de Marcelo Dolabela em sua fundamental
criação no cenário poético-musical-performático do
Brasil ainda serão reconhecidos porque, quase 40 anos
depois, ainda está vivíssima sua Divergência
Socialista. Quanto a mim, só tenho coletivo imenso de
criação (anti)artística, que muito contribuiu para que
eu descobrisse minha própria voz poética e colocasse
meu corpo em cena, junto a tantos amigos e amigas, em
BH, e além.
17
18
Aída C. Calúnias
[Marcelo Dolabela, Marompas, Rubinho Troll]
Recebi o inferno pelo correio

a calúnia te deu uma medalha
19
Aída C. Calúnias
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Divergência Socialista - Todos os direitos reservados.

Transcrição e Edição: Alexsander Souza
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Antonin Artaud / Desajuizado de Maiores
[Marcelo Dolabela, John Ulhôa, Marompas, Silma Bijoux O'Hara]
- não me esqueça
- isto é preciso
- tô perdendo a cabeça
- tô perdendo o juízo
- não se esqueça
- estou preciso
- não não não não não
- não não não não não
23
Antonin Artaud / Desajuizado de Maiores
[Marcelo Dolabela, John Ulhôa, Marompas, Silma Bijoux O'Hara]
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sua cabeça à leilão)
29
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ce não_é bu - da! Quem sa - be mu - da! Vo - sa - be mu - da! Vo -
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ce não_é bu - da! Quem sa - be muda! Vo - ce não_é bu - da! Quem sa - be muda!
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Bat. / œ œ ‰ œJ œ œ ‰ œJ œ œ ‰ œJ œ œ Ó
32
Charles Anjo 90
[Marcelo Dolabela, Aleca, Marompas, Silma Bijoux O'Hara]
68 – hip hop 3 – tempo = 70
o DJ estava louco naquela manhã

o DJ estava rouco naquela manhã
47 mortes em 72 horas
3 noites quentes, 47 mortes
3 noites quentes, 47 mortes
o DJ estava rouco e riscou as canções

notícias populares de última hora
47 mortes sob 40 graus
espremeu deu sangue, notícias populares

a polícia no morro atrás do samba
batuque de bamba, notícias populares
47 mortes, o DJ gritou
47 mortes e podia aumentar

o número de mortes, de bala, de gente
47 mortes e podia aumentar
o número de mortes, de bala, de gente
sex machine, explodiu um gordini

sex machine, explodiu um gordini
estado de sítio, o DJ gritou
escreveu, morreu, o DJ gritou

um mistério invade o supermercado
o juiz covarde pede cuidado
ninguém era polícia; ninguém, vagabundo
33
alguém era polícia; todo mundo, vagabundo
34
Charles Anjo 90
[Marcelo Dolabela, Aleca A. de Alexandria, Marompas, Silma Bijoux O'Hara]
h = 82
#2
Voz & 2 ∑ ∑ ∑ ∑
#2
Órgão de rock & 2 ∑ ∑ ∑ ∑
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Baixo
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Bateria
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35
Divergência Socialista - Todos os direitos reservados. etc.
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ren - ta_e se - te mortes em se - ten - ta_e du - as ho - ras. Três noi - tes quen - tes qua - ren - ta_e se - te mortes! O D
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J_es - ta - va lou - co_e ris - cou as can- ções. No - tí - cias pro - gra - ma - ções de úl - ti - ma hora. Es - pre -
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°? # 2 2
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ren - ta_e se - te mortes em se - ten - ta_e du - as ho - ras. Qua - ren - ta_e se - te mortes sob trin- ta_e seis graus.
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Órgão & • •
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pe - din- do a - ten - ção! no - tí - cias po- pu - la - res. he - li - cóp - te - ros fa - re - jan - do_o mor - ro_a - trás de samba
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ba - tu - que de bam - ba no - tí - cias ur - gen - tes qua - ren - ta_e se - te mortes e po - di - a au - men- tar o
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44
Voz & ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
nú - me - ro de mor - te de ba - la de gen - te.
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Órgão & w
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52
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Voz
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Voz & ¿ ¿ ¿ Œ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ Œ ¿ ¿
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Voz
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64
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Voz
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á - rio_in - va - de um su - per - mer - ca - do._O se - cre - tá - rio co - var - de pe - de cui - da - do.
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72
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Voz
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guém e - ra po - lí - cia; nin - guém va - ga - bun - do. Al - guém e - ra po - lí - cia to - do mundo va - ga - bun - do. O D
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2 2 2 2 2 2 2 2
40
Colt 45
[Marcelo Dolabela, Roberto Nosso]
uma granada é barata
no mercado paralelo
você entendeu a piada
Beirute é pesadelo
uma arma laser

um colt 45
com o Chase Banco
não falo e nem brico
defendendo a minha pele

livrando o meu osso
guilhotina só é crime
se for no meu pescoço
41
Colt 45
q = 140
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Voz &4
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Baixo helicóptero gradualmente deixando
o som menos ruidoso
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q = 140
4 ∑ ∑ ∑ ∑ œ œœœœ‰ œœœ œœ‰
Bateria
Eletrônica
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etc...
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Voz
U - ma gra - na - da é ba - ra - ta no mer- ca- do pa - ra - le- lo vo - cê_en - ten - deu a ci - la da Bei - ru- te_é pe- sa
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Baixo
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etc...
42
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J
de - lo u - ma ar-ma la - ser um colt qua - ren - ta_e cin-co com o Chase Ban - co não fa - lo e nem
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Baixo
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X X X X X X X X X X X X X X X X
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Voz & ¿ ¿Œ Ó ∑ ∑ ∑
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24 µ
Voz & Œ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ‰ ¿J ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ‰ ¿J ¿ ¿ ¿ ¿
de fen - den - do_a minha pe - le li - vran - do o meu os - so gui - lho to - na só é cri - me se for no meu pes
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Baixo
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43
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28
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co - ço
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A‹ B‹
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Voz & ∑ ∑ ∑ ∑
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X X X X X X X X
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3x D.S. fade
Bat. / œ œœœœœ œœœ œœœ ∑ ∑

etc...
44
Duchamp
Te orienta
Poesia
O ocidente
É que te guia
45
Duchamp
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q = 150
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Voz &4 ¿
Te_o- ri - en - ta po - e - si - a
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q = 150
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Voz
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46
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Voz
Te_o- ri - en - ta po - e - si - a O_o - ci - den - te que te gui - a Te_o- ri - en - ta po - e - si - a
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48
Fahrenheit 451 / Jeanne Seberg
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crimetáforaiva
avaraiva
- qual a temperatura?
- r.a.i.v.a.
Jean Seberg
Jean Seberg,
quem viu seu fogo?
Jean iCeci,
cilaDa/da Dada Dada
Dadamusik
Jean iceFire,
facaDa/da Dada Dada
Dadamusik
1986
49
Fahrenheit 451 / Jeanne Seberg
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Voz
4 ∑ ∑
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Baixo
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q = 146
Bateria
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0 0 0 0 4 0 0 0 0 4
0 0 0 3 0 3 3 0 0 0 3 0 0

Transcrição e Edição: Alexsander Souza 50
2
8
Voz & œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ #œ
A - va - rai - va Fo - go - ta - rai - va cri - me - ta - fo - rai - va
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11 1. 2.
Voz & œ œ œ #œ ∑ ∑
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1. 2.
Bat. / ∑ Œ Œ Œ ‰ ∑
QUAL A TEMPERATURA?
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Da - da musik Da - da musik Da - da musik Da - da musik!
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4 4 3 3 4 4 3 3
52
4
35 1.2.3.
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Voz
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Da - da musik Da - da musik! Da - da musik Da - da da!
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Voz & ∑ ∑ ∑ ∑
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4 4 3
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3.
/ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
Bat. œ œ œ œ œ œ œ œ ˙
53
Man Ray
Ray Man on the radio

Man Ray on the radio
(apareça Erik Satie)
Ray Man on the radio

Man Ray on the radio
54
Man Ray
Instruções
Para gradativamente montar a textura de Man Ray, comece com ostinato "a" do acompanhamento e da bateria. Em
seguida, adicione a célula para voz "a" e depois sobreponha as duas células para voz. Retire e retorne livremente com as
células. Desta forma, texturas variadas vão se formar. Mantenha o acompanhamento alternando com liberdade entre os
ostinatos "a" e "b". O acompanhamento "a" repete livremente várias vezes e o "b" 2 ou 4 vezes. A "célula da bateria" entra
aparece gradativamente com mais frequência e sempre alternando entre as peças do instrumento. Para terminar,
permanecem apenas os materiais da bateria e o acompanhamento escrito abaixo.
Efeitos
Modular delay e outros efeitos ao decorrer da performance.
Liberdade para adicionar e modular outros efeitos.
q = 108
œ œ œ œ œ œ œ œ b œ œ œ 4x
OSTINATOS PARA ACOMPANHAMENTO
? 4 ™™ œ œ œ œ œ œ œ œ b œ œ œ ™™ ? 4 ™™ ™™
b
a várias vezes
4 4
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Baixo
CÉLULAS PARA VOZ
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a efeito: delay b
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BATERIA opcional: virada

em qualquer peça
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ostinato
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6
4
célula da bateria da bateria
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é opcional gritar junto com a
Bat. bateria, tocar a bateria ou
apenas gritar.
gritando: um dois três quatro
8 ACOMPANHAMENTO PARA ACABAR
4
apenas acompanhamento e bateria
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Baixo b œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœnb œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ n œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ œœ b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
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12
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Baixo
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171717 17171717171717 17171717 181818 18181818181818 18181818 191919 19191919191919 19191919 202020 20202020202020 20202020
55 os direitos reservados.
Divergência Socialista - Todos
Mata Hari
[Marcelo Dolabela, Música: Marompas, Rubinho Troll]
Era uma vez uma jovem mulher

Marghereta Gertud Zelle
nascida em Leewarden Jamaica
em 7 de agosto de 1956
odiava Bacon e Annie Frank Dolly
seus quadris sabiam algumas danças
Marghereta transou um velho travesti

Ronaldo Goebbels Reagan
da Marinha Mercante Inglesa
depois de lhe roubar toda a roupa
partiu com Josephine Baker pra Paris
(- não não se vá Josephine Bajer

seus filhos morrerão neste inverno)
sem seios e sem banhas
qual era seu segredo?
Humphrey Bogart carinhosamente
a chamava de Agente H 21
idiotas americanos, Castro, Ho Chi Mi

em seu zoológico colecionava negros
Havana Macau Brasília Honolulu
Margareth F. drogada e prostituída
escorpiões entre escorpiões

o jet-set a tratou a bala
liguem para Los Angeles 26875
lá a chamam simplesmente Mara Hari
Mara Hari Mara Hari Mara Hari
1986
56
57
Mata Hari
era uma vez uma jovem mulher (- não não se vá Josephine Baker o jet-set a tratou a bala
Marghereta Gertud Zelle seus filhoes morrerão neste inverno) liguem para Los Angeles 26875
nascida em Laewarden Jamaica sem seios e sem banhas lá a chamam simplesmente Mata Hari
em 7 de agosto de 1956 qual era seu segredo? Mata Hari Mata Hari Mata Rari
odiava Bacon e Annie Frank Dokky Humphrey Bogart carinhosamente a
seus qadris sabiam algumas danças chamava de Agente H 21 1986
(texto-ready-made a partir de um verbete do
Marghereta transou um velho travesti idiotas americanos, Castro, HoChi Wi Dicionário Do Espião Moderno, de Alain Fujol)
Ronaldo Goebbels Reagan em seu zoológico colecionava negros (c/ Rubinho Troll & Mário Santiago)
da Marinha Mercante Inglesa Havana Macau Brasília Honolulu
depois de lhe rouba toda a roupa Margareth F. drogada e prostituída
partiu com Jonephine Baker pra Paris escorpião entre escorpições
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2.
Bat. / ∑ ∑
64
Matsuò B. / Dia [Tatoo age's / Eros Volúpia]
DIASEMPREVISÃOSEMPREREBELDIA
as letras do seu nome

estão gravadas em minha pele
à noite se eu tenho sono
se tenho medo e tenho fome
as estrelas somem
e as letras surgem
as estrelas somem
e as letras urgem
1987
65
Matsuò B. / Dia
q = 166
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71
No No Nuke
no no nuke
niilismo
1917
sobre Odessa
desastre à leste
armas
de Praga à Budapeste
Flores do mal
desastre ao norte
Bufallo Bill
ilhado no norte
72
No No Nuke
G G/B F C
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G G/B F C
9
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73
G G/B F C
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13
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G G/B F C
17
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Voz
Flo - res do mal de - sas - tre_ao nor - te Bu- fal - lo Bill i - lha - do no forte
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G G/B F C
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74
G G/B F C
3
25
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G G/B F C
29
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no no nu - ke ni - i - lis - mo mil no - ve cen - tos e de - zes - se - te
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33
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Voz
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Flo - res do mal de - sas - tre_ao nor - te Bu- fal-lo Bill i - lha - do no forte
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99
Toyo & Mokuray
[Marcelo Dolabela, Marompas, Rubinho Troll, Silma Bijoux O'Hara]
o aplauso solitário de uma única mão

o colapso totalitário som sem coração
a náusea necessária da solidão
uma única mão num aplauso solidário

o lapso incendiário pluma contra o não
1984
100
Toyo & Mokuray
[Marcelo Dolabela, Marompas, Rubinho Troll, Silma Bijoux O'Hara]
q = 120
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som de flauta synth
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2 3 4
106
Voodoo Chile Nº 56
[Marcelo Dolabela, John Ulhõa]
Carmen Miranda em Auschwitz

en las touradas de Madrid
campo minado de kamikazes
Tâmisa, tambores do Tahiti
sabores, camisas de força

você resolve me telefonar
me procurar depois da noite
em Sodoma, em qualquer sabbah
a voz nos rádios, gás nos cabarés

UFOs no céu, trilha no mar
e em Madrid, em las touradas
índio basco busca Bagdad
os carrascos de Auschwitz
os astronautas de Madrid
os morangos minados dos kamikazes
o fantasma do Tahiti
voodoo de Auschwitz
voodoo de Madrid
voodoo voodo
voodoo do Tahiti
1984
107
Voodoo Chile Nº 56
[Marcelo Dolabela, John Ulhôa]
q = 120
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EM BUSCA DO FUTURO: AS PRAIAS DESERTAS QUANDO IREMOS
VER?
POR BRUNO VERNER
Ergo em silêncio a cidade submersa. Papéis sobre a

mesa, a cidade submersa. Aqui adentramos o universo
lírico-junguiano do Divergência Socialista em registro
experimental quase-pop, abrindo espaço para uma nova
Mesopotâmia eletrônica de canções angulares autorais,
disco-not-disco, Silmúsicas, eletro-sambas
malemolentes, mas também atravessando caminhos atonais
populares e venenosos (de Arnaldo Schoenberg a Arrigo
Barnabé), além de outros pós-tropicalismos. De Maysa
Mother No.851 a Dee Dee Jackson, de Beatrice Dalle a
Yemanjá em Wonderland; de Cindy Wilson a Jair
Rodrigues. Quanto vale o show? Deixe que digam, que
pensem, que falem, deixe isso pra lá, vem pra cá o que
tem. Sabíamos: It’s just an illusion. I am your
automatic lover.
Lilith Lunaire foi um momento lunar, eletrônico, solar-

sequencial vivido, sentido e musicado entre 1988 e
1990; de verve luminosa, melancólica, feminina e queer
ao mesmo tempo. Aqui começamos a fazer música
eletrônica pela primeira vez, inicialmente formatados
como um quarteto (Marcelo Dolabela - voz, letras,
samples, Slima Bijoux Ohara – voz, samples, Bruno
Verner – voz, programações, guitarra, piano, Aleca A.
de Alexandria - teclados) e um pouco mais tarde nos
tornamos um trio; munidos de um sintetizador DX 100,
um módulo multi-timbral Roland MT8 - adquiridos
coletivamente pela banda - e um sequenciador MMT8
Alesis.
155
Foram muitas as músicas compostas nessa fase. Três
Tristes Tigres. Músicas que vinham, músicas que
ficavam, músicas que eram testadas em shows; músicas
gravadas em fitas de ensaios, músicas que se perdiam,
músicas que ficaram gravadas somente na memória (tanto
sensorial quanto muscular). Um repertório extenso que
conseguimos mais tarde condensar em 10 faixas para a
gravação da segunda fita cassete intitulada Lilith
Lunaire e lançada pelo selo Bomb em 1990. Perdidos na
cidade entre apartamentos, bares, conversas, amores e
dores, e empenhados na articulação de uma trilha sonora
futurista. Em busca de outros tempos. Pra que odiar?
Amar com o aval dos rivais é mais legal. Entre Camille
Claudel, o outro bando e o bando de Rodin. Entre Astrid
Gilberto, Dolores Duran, Patrícia Galvão, Beatrice
Dalle, Sylvia Telles. A vida pelos olhos. Entre Rita
Lee e a “Fuga Número Dois dos Mutantes”. Entre Rita
Pavone e a Krakatoa ao leste de Java – em outras
palavras, a nossa onda de amor não há quem corte.
Houve ainda lugar para o samba de Zé Keti e Rômulo

Paes: a minha vida é essa, subir Bahia, descer
Floresta. Numa ode à cidade e ao reduto intelectual
belo-horizontino, entre o centro e o bairro. Houve
também lugar para o europeísmo glacial e sintético de
Kraftwerk, para a eletrônica molhada de Georgio Moroder
& Donna Summer, e a luminosidade kitsch-húngara-
italiana de Cicciolina. Todos foram ao parque
industrial do Divergência Socialista de Lilith
Lunaire. [On the radio!]. Pela cara ninguém sabe quem
é o marginal. Entre 1988 e 1990 na companhia de Yoko
Ono, May East, Lili Brick, Brigitte Bardott, Elizete
Cardoso, Thomas Mann, Jean Pierre Léaud e o cinema de
Francois Truffaut. Vens nu com Vênus entre nuvens, as
ilhas engolem, o mar e o continente. Viver e possuir
só bons pensamentos, o toque mais frágil da mão, só o
tempo sente.
156
Assim nasceu a nossa “Pierrot Lunaire” tropical, mas
em forma de canção. O que muitos não sabem, é que sua
primeira versão era uma boa ‘bedroom discothèque’
melancólica, mas acabou virando uma canção. A
distância é o mar, eu vejo a ilha paraíso de Yemanjá.
Nada de viver é deleite, assim você talha o leite, onde
a paixão é a nata. As praias desertas quando iremos
ver? As praias desertas. E antes de mim, antes de você.
Lilith Lunaire, Pierrot Lilith Lunaire. Ainda estamos
respirando.
157
158
Béatrice Dalle
[Bruno Verner, Marcelo Dolabela]
A vida pelos olhos

A vida pelos olhos
A vida pelos olhos
A vida pelos olhos
A vida pelos olhos
A vida pelos olhos
A vida pelos olhos
A vida pelos olhos
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Camille Claudel
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O que amamos perdemos
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Camille Claudel
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180
Cindy & Kate / Rímel Broadcasting
[Bruno Verner, Silma Bijoux O'Hara, Marcelo Dolabela]
I
Cindy and Kate
see you later
I Love you
Cindy and Kate
see you later
I’ll move to you
The principal girls off the USA

dance me down
Dreams off love

dreams
The principal girls off the USA

dance me down
I am your automatic lover
beat beat beat
Krakatoa east of Java

Molten bodies
Fiery Lava!
nothing body fire Lava
like a road you ride me
Cindy and Kate

see you later
II
Ice – true
181
and I scream
Ice – true
in the deep trip
Ice – true
Ice – roll
Ice – true
in the deep trip
182
Cindy & Kate / Rímel Broadcasting
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192
Dolores Duran
fazer terremoto e neblina

navegar sempre em vão
a palavra mais doce
a palavra mais vida
a fina palavra não.
193
Dolores Duran
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D‹/C D‹/F B¨ G A¨(„ˆˆ9)
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la - vra mais do - ce_A pa - la - vra mais vi - da A fi - na pa - la - vra não Fa - zer ter- re - mo - t_e ne - bli - na Na - ve
195
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D‹/C D‹/F B¨ G A¨(„ˆˆ9)

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30
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A‹ D(“2) D‹ G C/G C/F
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Ri - do de Ja - nei - ro Ri - do de Ja - nei - ro Gos - to de vo - cê
B¨Œ„Š7 D‹/C D‹/F B¨
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Voz
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196
Jean Pierre Léaud / Duas Inglesas e o Amor
[Bruno Verner, Silma Bijoux O'Hara, Aleca A. de Alexandria,
Marcelo Dolabela]
Ana e Muriel
Gatilhos de sentimentos
As ilhas engolem
O mar e o continente
Viver e possuir
só bons pensamentos
o toque mais frágil da mão
só o tempo sente
197
Jean Pierre Léaud / Duas Inglesas e o Amor
[Bruno Verner, Silma Bijoux O'Hara,
Aleca A. de Alexandria, Marcelo Dolabela]
G©
q = 140
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199
3
Anne & Muriel,

[gatilhos de sentimentos;
as ilhas engolem
[o mar e o continente;
viver e possuir
[só bons pensamentos:
o toque frágil da mão
[só o tempo sente.
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21 repetir enquanto houver recitativo do poema
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205
Lilith Lunaire
As praias desertas quando iremos ver

As praias desertas
E antes de mim, antes de você, Lilith Lunaire
O mesmo tempo, da mesma procura

Da letra precisa, de toda cultura
Pierrot, Lilith Lunaire
206
Lilith Lunaire
[Marcelo Dolabela, Bruno Verner]
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q = 120
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207
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mes - mo tem - po Da mes - ma pro - cu - ra Da
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222
Maysa / Mother nº 851
que nada. que eu digo.

que nothing. que eu gospel.
que nada. que nothing.
que arte. que vida.
que eu fruta. que pera.
que água. que sangue.
que eu nada. que eu nothing.
que eu. nada. que eu. nothing.
unha que tem. garra que tem.

fera que tem. menina que tem.
fera que tem. menina que tem
Seu sorriso se chama ostra

que arte. que vida.


que arte. que vida.
que eu fruta. que pera.
223
que água. que sangue.
que eu nada. que eu nothing.
que eu. nada. que eu. nothing.

224
Maysa / Mother nº 851
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237
Sylvia Telles / Vida
nada de viver é deleite

tudo de bode
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onde a paixão é a nata
238
Sylvia Telles / Vida
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246
Thomas Mann / A Morte em Veneza
Eat me, eat my beat,

Eat meeee, eat my beat
Sempre com os pés em pressa

De chegar aqui,
Ao fim da poesia, ao fim da poesia
Eat me, eat my beat,

Eat meeee, eat my beat
Vens nu com Vênus entre nuvens,

Vens nu com Vênus entre nuvens
Vens nu com Vênus entre nuvens,
Vens nu com Vênus entre nuvens
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247
Thomas Mann / A Morte Em Veneza
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versão Lilith Lunaire
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Aqui Ninguém
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Aqui Fome
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297
Thomas Morus Dub / Aqui & Aqui
versão Lilith Lunaire
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311
Yemanjá In Wonderland
à distância, é o mar, eu vejo a ilha

verbo perdido, paraíso de yemanjá
final da lenda, da cor, lábios da chinesa
nudez da estepe, mar, luz, o lobo uiva
ao mar, marujo, a água da marina brilha

verso de dido, sorriso, agora já
glória de káli, shiva, aquário da beleza
diva sereia de vermelha pele, ruiva
é o mar de sempre, céu, é o mar depois

elisa o'hara, o céu do sol, a areia
molha a onda, no fogo do mar, a vereda
concha com água, na água, a concha silencia
somos todos sós, sou, e a sós, tolos sóis

brisa saara, o véu corpo, da sereia
azul do tapete, um dia não, lã seda
inunda a, de todo mundo, face vazia
(música: Bruno Afi Verner/1989)
312
Yemanjá In Wonderland
q = 110
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Teclado
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Synth Bass 4
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q = 110
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À dis - tân - cia_é_o mar eu ve- jo_a i - lha ver - bo per - di - do, pa - ra - í - so de_ye- man - já fi-
B D E/B
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nal da - len - da, da - cor, lá - bios da chi - ne - sa nu - dez da este - pe, mar, luz, o lobo ui - va
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3 3 3 3
Voz
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ao mar, ma - ru - jo, a á- gua da ma - ri - na bri - lha ver - so de di - do, sor- ri - so, a- go - ra já
314
B D E/B
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Voz
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gló - ria de ká - li, shiva, a- quá - rio da be - le- za di - va se - rei - a de ver - me - lha - pele, rui - va
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37
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é_o mar de sem - pre, céu, é_o mar de - pois e - li - sa_o' ha - ra, o céu do sol, a_a - rei - a mo lha_a on
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317
Quinta formação. A volta do Divergência. Base pra poesia.
Por Délio Esteves
Fim de século. Quase novo milênio. Um Divergência
eletroacústico básico para a poesia de Dolabela com o
apoio luxuoso da atriz Ana Gusmão, além do vocal
marcante da Silma Bijoux O’Hara. No baixo, Fernando
Righi; na bateria, Clôde Franco; eu na guitarra. Em
alguns shows, tivemos a participação do tecladista
Cláudio.
Uma das primeiras apresentações dessa fase (talvez a
primeira) foi em maio de 2000 num festival patrocinado
por uma marca de cerveja nas estações de metrô de BH*.
Talvez por coincidência, a estação que recebeu o
Divergência foi a da Lagoinha, a 1km de distância da
antiga Fafi-BH. A mesma faculdade em que, por volta de
1992, passei a me encontrar com Marcelo fora do
“ambiente de música”. Em 99, junto com Fernando Righi,
começamos a nos reunir com Dolabela para tentar
aprender as músicas das fases anteriores e começar a
compor novas, sempre abrindo privilegiados espaços
para os “recitais” de poesia. Além de novas versões
para “No no Nuke” e outras da década de 1980, surgiram
composições novas, como Heidegger’ Song, Todos me
odiavam naquele bar, Alice no céu da Amazônia, Caminhos
de Muriel e Assis & Eu.
Nessa fase, também montamos o espetáculo “Loucura
Popular Brasileira”, com uma única apresentação no
então Centro de Cultura de Belo Horizonte, atual Museu
da Moda, ao lado do Maletta. Em 2001, produzimos o CD
“Cacograma”.
318
* Nesse show, um conhecido músico mineiro, que tinha
acabado de voltar de uma turnê no Japão, teria dito
que era um absurdo “uma banda punk” se apresentar no
mesmo palco que ele e avacalhar o som. [“Toquei para
um imperador e não preciso passar por isso.”] Ele
achava que, como constava do roteiro definido pela
produção do festival, o show do Divergência seria um
recital de poesia.
319
Nas vanguardas históricas – futurismo, cubismo,
cubofuturismo, dadá, surrealismo – a questão era: negar /
superar / instaurar. Negar a tradição. Superar a ordem
[artística] vigente. Instaurar novos processos artísticos
[ou anti - artísticos].
Contra a tradição e a arte. Contra a ordem burguesa /
capitalista. Contra o preço mercadológico e usuário. Pois
o gosto reproduzia duas lógicas: uma lógica do bom-gosto;
outra, do bom-preço. Gosto porque vale. Vale, porque gosto.
Essa estrutura triádica [negar / superar / instaurar]
correspondia a ações político-sociais semelhantes.
O fim [ou a passagem] das vanguardas históricas para as
vanguardas tardias esvaziou essa correspondência e
abandonou a utilidade dessa estrutura triádica.
Esse esvaziamento se deu: pela inutilidade [negar / superar
/ instaurar] e pela assimilação do inútil que se queira
negar / superar / instaurar. Negar / superar / instaurar
migrou do campo funcional do fazer artístico para a
possibilidade formal e [apenas] teórica de pensar a
pertinência dessas ações. Houve uma separação entre ação e
reflexão. A ação se encapsulou no fazer artístico. A
reflexão foi devolvida aos paracampos da arte – filosofia,
sociologia, história, psicanálise, análise do discurso,
lingüística, etc. O confronto artístico [ou anti-artística]
se adequaram e, ao mesmo tempo, descartaram possibilidades
que não se adequavam a essa relação de convivência [e auto-
alimentação] mútua.
Do lado da exclusão, sem dúvida, está a poesia, que voltou
a ser um inutensílio na gôndola dos hipermercados, e/ou, às
vezes, matéria-prima para a convivência mútua entre
indústria e produção [cultural, artística e/ou anit-
artística].
À poesia – e, por extensão, aos poetas -, ficou,
paradoxalmente, a pecha de pensar e reorganizar o como
[resistir] no impasse do negar / superar / instaurar.
320
A utopia e conceitos como vanguarda, inovação, ruptura,
invenção, etc. não deixaram de circular, apenas foram
separados [enclausurados] em mosteiros encravados em
longínquas e distantes paragens [a impossível prática
poética – sem preço e com reduzido apreço].
A cada dia, o passado das vanguardas históricas vale mais,
para não valer nada.Tudo tem preço, pois nada mais tem
valor.
Ao não-empregado, ao desempregado, ao excluído, ficou a
missão [impossível] de manter viva e atualizar a estrutura
triádica [negar / superar / instaurar] e ligá-las às suas
correspondentes ações político-sociais. Missão [impossível]
para quem está alijado [excluído] de qualquer possibilidade
de ação e intervenção.
Como sobreviver e como transitar nesse impasse é a questão.
Alguns dirão que não há mais necessidade de pensar a
sobrevivência e o trânsito, pois o mapa já está desenhado,
a segmentação já está configurada, a questão, agora, é de
acomodação e de reposicionamento de produtos nas gôndolas
do hipermercado.
Outros dirão que, nesse novo mapeamento, a poesia [ou uma
certa poesia] virou arqueologia com lugares e discursos
estabelecidos. Não há mais o que fazer, a não ser brincar
e cultivar e cultuar a poesia como inútil jogo-floral ou
freqüentar asilos e clubes [de anciões] de poesia. À poesia
– museu, asilo e exílio [em lugar nenhum]. Ao guerreiro,
que não é mais chamado à luta foi delegado e entregue a
inútil missão de ir à guerra e de lutar. À elite bélica,
medalhas e condecorações.
Nesse paradoxo, ainda está inscrito o gérmen [agora, inútil]
da vanguarda e da utopia, como se a poesia fosse uma ordem
dos templários de um saber e de um fazer ainda útil, porém,
exotérico [axiomático] e esotérico [de iniciados].
A questão é essa. O resto é um [desnecessário] a preço e um
[desvalorizado] preço.
Ana Caetano, Carlos Augusto Novais,
Luciano Cortez e Marcelo Dolabelo
321
322
Alice no Céu da Amazônia
[Marcelo Dolabela, Délio Esteves, Fernando Righi,
Clode Franco, Silma Bijoux O'Hara]
Chuvas ácidas, os olhos vermelhos

as conspirações das noites de insônia
Alice do outro lado do espelho
Alice na Céu da Amazônia
O Chapeleiro Louco e suas moedas

toda a loteria da Babilônia
morcegos e vampiros, cegas marés
A voz do silêncio, o silêncio das guerras,

o remorso da violência anônima,
o osso do corpo, o sal da terra
Alice no Céu da Amazônia.
323
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329
Assis & Eu
Naquele dia antes do mundo acabar,

Assis Valente veio então me visitar,
Bater peneira, xique-xique e cantar...
“Falsa baiana” nesse tom pôde sambar.
Os bons dos meus nem quiseram festejar.

Fecharam em casa e puseram a rezar:
“Ave-Maria” e “Deus-venha-me-ajudar”,
“Se o céu cair onde eu vou me abrigar?”...
Eu e Assis preferimos nem escutar,

Fomos pra Bahia pra jogar um bilhar;
Entre foguete e hecatombe nuclear,
Nossa birita tinha um gosto de amargar...
Lá pelas tantas aparece o Waldemar,

Um bom sujeito, alfaiate exemplar,
Pedi um terno, um pijama, um cocar
Pra eu usar depois que o mundo acabar.
O carnaval já começava a esquentar,

O pessoal pegou rápido o ganzá,
Telecoteco, zunzunzum e blá-blá-blá,
O bom cabrito sabe a hora de berrar.
Eu e Assis preferimos ir viajar

Para a Bahia conhecer qual é o Agá,
Bater cabeça, jogar flor pra Iemanjá,
Botar pimenta no molho do vatapá.
330
Assis & Eu
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Voz
Na - que - le di - a an - tes do mun- do_a - cabar, As - sis Va - len - te vei - o_en- tão me vi si - tar,
Os bons dos meus nem qui - se - ram fes - te - jar. Fe - cha- ram_em ca - sa e pu - se- ram a re - zar:
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Voz
Ba-ter pe nei ra, xi - que - xi - que e cantar... Fal - sa-bai - a - na nes-se tom pô- de sam - bar.
A - ve Ma - ri - a e Deus venha me_a - ju - dar Se_o ceú ca - ir on - de eu vou me a - bri - gar?...
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Eu e As - sis pre - fe - ri - mos nem es - cu - tar
Fomos pra Ba - hi - a pra jo - gar um bi - lhar
En - tre fo - gue - te_e_he - ca - tom - be nu - cle - ar,
Nos - sa bi - ri - ta tinha_um gos - to de a - mar - gar...
332
B‹ E‹ B‹
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23
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Voz
Lá pe las tan - tas a - pa - re - ce_o Wal - de - mar, Um bom su - jei- to, al - fai - a - te e - xem- plar,
O car na val já co me ça- va_a es- quen - tar, O pes - so - al pegou rá - pi- do_o gan - zá,
B‹ E‹
#
25
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Voz
Pe-di umter- no, um pi - ja ma, um co - car Pra eu u -sar de - pois que_o mundo a - ca - bar.
Te - le - co - te - co, zum zum zum e blá - bla - blá, O bom ca bri-to sa - be_a ho - ra de ber - rar.
333
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∑ 4 ∑
Voz 4
Eu e As - sis pre - fe - ri - mos ir vi - a - jar
Pa - ra_a Ba - hi - a co - nhe - cer qual é_o A - gá,
Ba - ter ca - be - ça jo - gar flor pra Ie - man - já
Bo - tar pi - men - ta no mo - lho do va - ta - pá
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∑ 4 ∑
Voz 4
Eu e As - sis pre - fe - ri - mos ir vi - a - jar
Pa - ra_a Ba - hi - a co - nhe - cer qual é_o A - gá,
Ba - ter ca - be - ça jo - gar flor pra Ie - man - já
Bo - tar pi - men - ta no mo - lho do va - ta - pá
335
Baskerville in Body Type

olhos que você não vê
um fantasma esquecido
na tela de tevê
olhos de diamante
cortado à navalha
o medo da humanidade
a visão que não falha
Baskerville
Body Type
Maga Patalógica
Lady Morgana
Lady Madona
E o ofício das feiticeiras
As Bruxas de Salém
As Bruxas de Eastwick
As Bruxas de Blair
336
E‹/B E9 A7(b13) D9 E‹/B E9 A7(b13) D9
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Bas - ker - vil- le Bo - dy Ty - pe o - lhos que vo - cê não vê
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o - lhos de di - a man - te cor - ta - do à na - va - lha
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Electric Guitar
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o me - do da_hu - ma - ni - da - de a vi - são que nun - ca falha
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E‹/B E9 A7(b13) D9 E‹/B E9 A7(b13) D9
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Voz
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Voz
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E‹/B E9 A7(b13) D9 E‹/B E9 A7(b13) D9
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E‹/B E9 A7(b13) D9 E‹/B E9 A7(b13) D9
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338
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29 Vamp, Recitativo fade out
Voz ∑ ∑ ∑ ∑
Baskerville
Body Type
Maga Patológica
Lady Morgana
Lady Madona
E o ofício das feiticeiras

As Bruxas de Salém
As Bruxas de Eastwick
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As Bruxas de Blair
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339
BASKERVILLE'MUSI
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341
RECITATIVO"
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BODY TYPE"
MAGA PATOL+GI
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LADY MADONA"
E O OF CIO DAS"
FEITICEIRAS"
AS BRUXAS DE
SAL=M"
AS BRUXAS DE"
EASTWICK"
AS BRUXAS DE
BLAIR7 M M
342
CA M 7FADE OUT7
M<2
343
Heidegger's Song #1 e 2
palavras escritas
em restos de nuvens
transformam as letras
em pedras de sal
os ventos que vêm
sob os pés da memória
sopram as pétalas
do azul do caos
os anjos que olham
os escombros da história
vão além da lei
do bem e do mal
as palavras da tribo
o nome de Deus
o eterno carimbo
impresso no céu
como falar da verdade

na casa de Sheherazade?
como falar de pecado
na casa de enforcado?
como falar consciência

na casa da violência?
como falar pro poeta
de sua obra completa?
como falar de amor

no lar do torturador?
como falar de cultura
na casa da ditadura?
como falar de ruído

pra quem não tem mais ouvido?
344
como falar poesia
depois do fim da utopia?
345
Heidegger's Song
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la - vras es- cri - tas em res - tos de nu - vens trans - for - mam as le - tras em pedras de
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#
17 3
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3
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sal. Os ven - tos que vêm sob os pés da me - mó - ria so - pram as péta - las
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1.
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do_a - zul do caos. Os an - jos que o - lham_os es - com - bros da_his tó - ria vão a - lém
F©‹ D A D A
#
30 To Coda
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Ó ∑ ∑
da lei do bem_e do mal.
D A F©‹ D
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35
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3 2. 3 3 3
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˙ œ œ œ œ œ œ œ œ
Pa As pa - la - vras da tri - bo o
A B‹ F©‹ D A D A D A
#
39
& # œ œ œ œ œœ ˙ ˙ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
3 3
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no - me de Deus o e - ter - no ca- rim - bo_im-pres - so - no céu.
347
D A D A
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58 livre
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Ó
bem_e do ma wa aaawaaawaa waaw Me chamam lo - bo mau! Eu sou o
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63
‰ Œ ‰ ¿ ¿¿ ¿ Œ Ó ∑ ∑ ∑
1. 2.
& ¿¿ ¿ ¿ ¿¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿
lo-bo mau. Eu sou o tal tal tal tal tal. Eu sou o tal.
348
O Caminho de Muriel
Clode Franco, Silma Bijoux O'Hara]]
O degelo que vem do pólo,

a pele do pesadelo,
teus lábios: Cinecittà.
O relevo que faz o solo,

o vermelho do cabelo,
E revendo o Continente,
caminhos de Muriel,
a fobia do urgente,
do silêncio e do céu.
O segredo que traz a sede,

o espelho na parede,
E revendo o Continente,
caminhos de Muriel,
a fobia do urgente,
do silêncio e do céu.
349
O Caminho de Muriel
[[[Marcelo Dolabela, Délio Esteves, Fernando Righi,
Clode Franco, Silma Bijoux O'Hara]]
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gre- do que traz a sede, o es - pe - lo na pa - re - de O re
le - vo que faz o so - lo, o ver - me - lho do ca - be - lo
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352
353
Conclusão: O Modus Operandi Divergência Socialista
Por Cesco Napoli
Conclusão: assim Dolabela gostava de enunciar o início
de uma conversa, em mais um de seus sagazes bordões.
Artista da linguagem, Dolabela gostava de transitar em
suas diversas possibilidades, se valendo de universos
díspares, do erudito ao marginal, do pop ao
experimental, rompendo com preconceitos da academia,
utilizando dispositivos de toda ordem, misturando
publicidade, experimentalismo, tradição e vanguarda.
Tal modus operandi se mostra radicalmente
experimental, justamente quando mescla seus incomuns
itinerários artísticos com seu copioso caleidoscópio
de referências, que vai da literatura erudita a cultura
pop, em um movimento dialético entre margem e centro.
Este modus operandi, que é a essência do Divergência
Socialista, estava em praticamente todos os projetos
de Dolabela, em publicações, objetos, canções e na
própria personalidade desse amigo que tinha
comportamentos excêntricos, tais como sair sem se
despedir. Simplesmente deixar uma conversa e se retirar
sem formalidades ou satisfações e, no outro dia, agir
normalmente, deixando claro que, com ele, uma convenção
podia ser rompida para que outros modos de se
relacionar pudessem surgir, para além da superficial
formalidade.
Conheci Dolabela no final da década de 1990, quando
minha mãe me indicou um colunista no jornal Hoje em
Dia do qual eu iria gostar. Comecei a ler a coluna do
Dolabela assiduamente todas as semanas até descobrir
que ele era professor da faculdade na qual eu estudava.
Então, tomei coragem e me aproximei dele, que andava
354
sempre lépido pelos corredores, ofereci o CD do Panacea
– a primeira produção musical da minha vida – ao que
ele agradeceu rapidamente e seguiu apressado.
Na semana seguinte, para minha surpresa, o Panacea
havia sido citado em sua coluna e este feliz episódio
ainda veio acompanhado de um convite: integrar a
O.P.E.P - Oficina Provisória de Experimentação
Poética, um grupo que chegou a reunir, além de mim,
Patrícia Ahmaral, Ana Gusmão, Ronaldo Gino, Silma
Bijoux O’Hara e Mary Lisboa. Fizemos performances
poéticas que mesclavam ruído, poesia sonora, teatro,
música pop e experimentalismos, isto é, aquela fórmula
dadadobelística que é o cerne do Divergência.
Em 2004, quando lancei meu primeiro livro de poemas,
Dolabela escreveu a orelha e publicou o texto em sua
coluna, no qual ele ressalta algumas aproximações entre
mim e um tal de Bruno Verner - figura marcante da
segunda fase do Divergência Socialista - nome que me
causou interesse e admiração instantâneos: o
Divergência adentrava aos poucos minha história
musical sem que eu percebesse.
A esta altura, eu já tinha entendido que a década de
1980, quando vivi minha infância, havia sido muito
significativa aqui em Belo Horizonte e isso só
ultrapassou as montanhas depois que João Daniel, ou,
John Ulhoa, deu visibilidade para alguns lampejos da
verve do Divergência Socialista por meio do Pato Fu.
Depois vieram programas de rádio, na extinta rádio
Lagoinha, performances e muita convivência com
Dolabela no Edifício Malleta. Surge então, uma reunião
de artistas que viria a se chamar “Caveira My Friend”,
uma espécie de versão “atualizada” do Divergência
Socialista que reuniu, além de mim, Silma Bijoux
O’Hara, Nísio Teixeira, Luiz Lourenço, Ana Gusmão,
Alexandre Martins, Hector Gaete, Mamede.
355
Esta capacidade do Dolabela de operar com formações
cambiantes e manter uma característica própria é outra
essência presente no Divergência que se tornou uma
banda embrião de outros tantos projetos que circulavam
ao seu redor. Ter feito parte do Divergência se torna
uma característica da cena belorizontina e esse modus
operandi atravessa as décadas até chegar nos anos 10
do século XXI, com uma reunião marcante, o Work In
progress”, mini festival que reuniu artistas que
orbitavam em torno do Divergência e também colocou de
novo a banda nos palcos com nova formação, é claro!
Agora com Ana Gusmão na bateria e Dota no baixo.
Agora o Divergência retorna com uma formação híbrida,
com membros de várias “dentições” como gostava de
dizer Dolabela, de Marompas, Gino até, Ana, Dota,
Silma, Mamede e eu. Neste momento tão especial de
lançamento deste songbook, que faz esse importante
registro para a posteridade desta banda que é base de
toda uma estética artística que marca a história da
música de nossa cidade, o Divergência Socialista
ressurge, reafirmando seu papel medular ao anunciar
uma outra forma de lidar com a música pop. Aquela
esquina menos badalada do outro lado da rua, na qual a
música é uma das possibilidades de linguagens e a
palavra tem a mesma relevância do som.
Dolabela vive em cada execução de suas obras, em cada
leitura de seus textos, em cada lembrança de seus
gestos. As dentições do Divergência continuam
atravessando gerações e reafirmando o modus operante
dadadobelístico. Como dizia Dolabela: e vai piorar!
356
O projeto deste CD é antigo, faz parte da pentalogia
Minimemória, que anunciei no livro Lorem ipsus, de 2006. O
tempo foi me levando para outros caminhos e fui adiando sua
feitura.
Em meus quase quarenta anos de compositor, comecei no
longínquo ano de 1974, compondo com meu conterrâneo Sérgio
Guimarães, tenho por volta de três centenas de canções
próprias, minoria, e parcerias várias.
Na seleção, levei em conta a história, a relevância e a
necessidade de registro, principalmente de material inédito
e, quase sempre, captado em shows e ensaios. Material existe
para, pelo menos, mais dois Substâncias.
Não incluí poemas sonoros nem experimentações, por julgar
que são trabalhos de outra esfera em minha produção. Fiquei
restrito ao universo da canção e, se muito, da para-canção.
Sei que todos, que estão incluídos neste CD, ao ouvi-lo,
pensarão: se fosse hoje, faria diferente. Pertenço a este
todos. São vários sons, momentos e gravações, cada um com
sua especificidade, temporalidade e proposta.
Enfim, ouvi os incontáveis pedidos de cópia desse material,
quis atendê-los. No frigir de sons e no oco-eco do silêncio,
ouvi, em particular, o meu pedido drummondiano, de Triste
Horizonte: Por que você relega, a um segundo plano, um dos
maiores prazeres da sua vida? a saudade cicia e continua,
branda: Volta lá... reúna seus cacos sonoros, seus
cacogramas, suas cacofilias.
Marcelo Dolabela Bhz.maio.2013
357
358
Samba da Vanguarda
versão Samba Da Benção
[Marcelo Dolabela, Silma Bijoux O'Hara, Francesco Napoli]
Esse samba vai pra Marcel Duchamp,

John Cage e Jean-Luc Godard - c/ MD
É melhor ser vanguarda que ser kitsch

a vanguarda é a melhor coisa que existe
é assim a luz da revolução
mas pra ser de vanguarda com beleza
é preciso um bocado de surpresa
é preciso um bocado de surpresa
senão não se faz vanguarda não
Ser vanguarda não é contar nonada

quem age assim não é de nada
a vanguarda é uma forma de expressão
porque vanguarda é a certeza que dança
e a certeza tem sempre uma esperança
a certeza tem sempre uma esperança
de um dia não ser mais certa não
ponha muito furor numa demência

e vai ver que ninguém no mundo vence
a leveza que tem um furacão
porque a vanguarda nasceu lá na utopia
e se hoje ela é pop na poesia
se hoje ela é pop na poesia
ela é dadá demais no coração
Eu, por exemplo, o radical do traço,

Marcelo Dolabela,
poeta e dadamídia, o pop mais dadá de Beagá,
na linha direta de Rimbaud,
359
Saravá!
A bênção, Lygia Clark,
a nossa Mondrian da Alegria,
terra de Hendrix e João Gilberto,
a bênção, Oswald de Andrade,
tu que gritaste com humor todas as
minhas mágoas de amor,
a bênção, Bashô,
a bênção, Tzara,
a bênção, Ezra Mallarmé,
sua bênção, Hélio Oiticica
a bênção, Wladmir Maiakóvski,
a bênção, Safo Ono,
a bênção, meus maus Glauber Sganzerla,
vocês, sobrinhos de Vertov,
a bênção, Tarsila Crepax,
sua bênção Lewis Warhol,
a bênção,
todos os grandes tropicalistas do Planeta,
pop, dadá e antropófago,
lindo como os olhos moles de Pagu,
a bênção, Maestro Luciano Klhiébnikov,
parceiro e amigo querido,
que já viajaste tantas revoluções comigo
e ainda há tantas a viajar,
a bênção, Beüys Lichtenstein,
parceiro cem por cento,
você que une
a ação ao sentimento e ao pensamento,
a bênção, Baden & Vinícius,
amigos novos, parceiros novos,
que fizeram este samba comigo,
a bênção, Maestro Walter Benjamin,
que não és um só,
és tantos,
tantos como o meu fuzil de todos os sins,
inclusive o de Guimarães Joyce,
360
Saravá!
A bênção, que eu vou partir, eu vou ter que dizer a Zeus...
361
Samba Da Vanguarda
versão Samba Da Benção
[Marcelo Dolabela, Silma Bijoux O'Hara, Francesco Napoli]
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7 na segunda repetição, acompanhamento cíclico e canto livre
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É me - lhor ser van - guar - da que ser Kitsch
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Ser van - guar - da não é con - tar no na -
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Po - nha mui - to fu - ror nu - ma de - mên -
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somente segunda vez
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Voz
A van - guar - da_é me - lhor coi - sa que_e - xiste

da quem a - ge as - sim não é de na -
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cia_e vai ver que nin - guém do mun - do ven -
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E. Gtr.
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Voz
É as - sim a luz da re - vo - lu - ção.

da_A van - guar - da_é_u - ma for - ma de_ex - pres - são.
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ce_a le - ve - za que tem um fu - ra - cão
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E. Gtr.
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Mas pra ser de van - guar - da com be - le -

Por - que_a van - guar - da_é_à cer - te - za que que dan -
Por - que_a van - guar - da nas - ceu lá na_u - to - pi
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Voz
za_é pre - ci - so_um bo - ca - do de sur - presa

ça_e_a cer - te - za tem sem - pre_u - ma_es - pe - ran -
a_e se ho - je_e - la_é pop na po - e - si -
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Voz
É pre - ci - so_um bo - ca - do de sur - presa

ça_e_a cer - te - za tem sem - pre_u - ma_es - pe - ran -
a_e se ho - je_e - la_é pop na po - e - si
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Voz
se não não se faz van - guar - da não.

ça de_um di - a não ser mais cer - ta não.
a_e - la_é da - da de - mais363
no co - ra - ção.
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Dei - xa_is - so pra lá, vem pra cá_o quê que tem? Eu não_es
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tou fa - zen - do na - da nem vo - cê tam - bém. Faz
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Divergencia Socialista Songbook 1

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Ná (Maria Regina Laje Guerra), Gato Jair, Fabiana

Figueiredo, John Ulhoa, Rubinho Troll, Roberto Nosso,

Coordenação geral: Silma Dornas (Bijoux O’Hara)

Coordenação Musical e Curadoria: Bruno Verner e Marompas

Produção Musical: Ronaldo Gino (La Table Produtora de Som)

Copista: Alexsander Souza

Projeto Gráfico e Webdesign: Louis Mooren e Rosa Dornas

Textos: Bruno Verner, Gato Jair, Délio Esteves, Cesco Napoli e

Social mídia: Letícia Eline

Produção Executiva, Gestão Financeira e Prestação de Contas:

Assessoria Jurídica: Drummond, Neumayr, Ragonezzi & Falcão

Banda: Silma Bijoux O’Hara (Voz), Marompas (Baixo), Ana Gusmão

Luz: Leonardo Pavanello

Produção Cultural: Fábio Dornas e Vitória Regina

Fotografia: Guto Muniz

Formada em Belo Horizonte no

Fotos: Frenando Prates

Em uma das últimas vezes que nos falamos em Belo Horizonte,

O DS produziu música de invenção em estado coletivo-bruto,

Bruno Verner, Londres, 1 de setembro de 2022.

[sem formação fixa]

As músicas que tem um na frente tem a sua

[sem formação fixa]

Recebi o inferno pelo correio

Divergência Socialista - Todos os direitos reservados.

bi o in - fer - no pe -lo cor - rei - o. A ca - lú-nia te deu u -ma me - da - lha.Re-ce -

bi o in - fer - no pe - lo cor - rei - o. A ca - lú-nia te deu u -ma me - da - lha.Re -ce -

bi o in - fer - no pe -lo cor - rei - o. A ca - lú-nia te deu u -ma me - da - lha.Re-ce -

- não não não não não

- não não não não não

den do_aca be - ça Não me es-que-ça toper-den do_aca be - ça

não não não não

œ œœœœœ œ w œ œ œ œ œ œ œœœœœ œ w œœœœœœœœ

œ œ œ œœ ‰ œœœ ‰ œœœ ‰ œœœ ‰ œœœ ‰ œœ ‰ œœ ‰ œœ ‰ œœ ™™ œ œ œ œ ˙ œœœœœœœ

& ‰ œœJ ‰ œœJ ‰ œœJ ‰ œJ J J J J œJ œJ œJ œJ

não não não não

não não não não

não não não não

Divergência Socialista - Todos os direitos reservados.

ce não_é bu - da! Quem sa - be mu - da! Vo - sa - be mu - da! Vo -

68 – hip hop 3 – tempo = 70

o DJ estava louco naquela manhã

o DJ estava rouco e riscou as canções

espremeu deu sangue, notícias populares

47 mortes e podia aumentar

sex machine, explodiu um gordini

o DJ estava louco naquela manhã

ninguém era polícia; ninguém, vagabundo

# j œœj ‰ ‰ œœj ‰ œœj Œ œœ œœj Œ œœj œœj

2x: efeito overdrive

uma granada é barata

você entendeu a piada

uma arma laser

defendendo a minha pele

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œœœ œ œœœœœ œ œœœœœ œ œœœœœ

Bat. / œ œœœœœ œœœ œœœ ∑ ∑

Te_o- ri - en - ta po - e - si - a O_o - ci - den - te que te gui - a Te_o- ri - en - ta po - e - si - a

°? œ œ œ œ œ œb œ ™ nœ œ ™™ œ œ œ œ œ œ œ œ œœœœ œ œœœ œœœœ œ œœœ

OOOO O OOO ¿¿¿¿ ¿¿¿¿ ¿¿¿¿ ¿¿¿¿ ¿¿¿¿ ¿¿¿¿

Divergência Socialista - Todos os direitos reservados.

¿¿¿¿¿¿¿¿ ¿¿¿¿¿O ¿¿¿¿¿¿¿¿ ¿¿¿¿¿O

¿ ¿¿¿¿¿¿¿ ¿¿¿ ¿¿O ¿ ¿¿¿¿¿ ¿¿ ¿¿¿ ¿¿O

Ray Man on the radio

(apareça Erik Satie)