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Equipamentos Dinâmicos

Turbinas a
Vapor 3
As turbinas a vapor são máquinas cuja fun- crítica. A energia térmica é conduzida do pon-
ção é transformar energia térmica em energia to de geração ao local de uso através de linhas
mecânica. Conforme citado anteriormente, (tubulações) isoladas termicamente para mi-
uma turbina a vapor é um equipamento acio- nimizar perdas e acidentes. Inevitavelmente,
nador, ou seja, sempre acionará outros equi- ocorrem condensações localizadas nas linhas
pamentos como bombas, compressores, gera- e este condensado é retirado por purgadores
dores e outros. ou drenos. Importante: a injeção de condensa-
do em turbinas faz que elas sejam danificadas.
O vapor é classificado em três classes de
energia que são alta, média e baixa. A classe
de alta energia tem temperatura entre 450 e
500ºC e pressão entre 85 a 110 kgf/cm2, em-
pregada em turbinas de grande potência. A
classe de média energia tem temperatura entre
260 e 290ºC e pressão entre 16 a 18 kgf/cm2,
destinada a turbinas de pequena potência. A
classe de baixa energia tem temperatura entre
120 e 150ºC e pressão entre 3 a 5 kgf/cm2, não
usada para turbinas.
A entrada de vapor em uma turbina é cha-
mada de admissão, e a saída de exaustão. Em
turbinas de grande potência, a admissão será
sempre de vapor de alta energia e a exaustão
poderá ser de média energia ou condensação
total. Em turbinas de pequena potência, a ad-
missão será sempre de vapor de média ou alta
energia e a exaustão será de baixa energia.
Turbina a vapor acionando uma bomba centrífuga.
Fonte: AUTOR
3.1 Princípio de funcionamento
A energia térmica tem a água como meio Quando o vapor, devido à expansão, em-
de propagação. A água é submetida a um ge- purra diretamente o pistão de uma máquina
rador de vapor (caldeira ou resfriador de pro- alternativa, a energia térmica do vapor é con-
cesso), através de bomba centrífuga multies- vertida em energia mecânica diretamente.
tágios, onde recebe energia ganhando tempe- Numa turbina, esta mesma transformação é
ratura e pressão, passando do estado líquido conseguida, passando, entretanto, por um es-
para vapor. Sabe-se que a água muda de esta- tágio intermediário. O vapor, ao escapar por 23
do físico tanto quando tem sua temperatura um bocal, forma um jato de alta velocidade, e
aumentada, se a pressão for modificada – para a força do jato produz energia mecânica. Con-
o entendimento disso revise os conteúdos de forme a ação do jato de vapor, as turbinas po-
física sobre diagrama de estado e temperatura dem ser de impulsão ou de reação.
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Se o bocal é fixo, o jato pode empurrar
um anteparo móvel. Caso o anteparo seja fi-
xado na periferia de um rotor tem-se, basica-
mente uma turbina de impulsão.

3.1.1 Percurso do vapor


a) Turbina de Impulsão
Na turbina de impulsão, o bocal, em
número de um ou mais, estará na parte
fixa (corpo), provocando uma expan-
são do vapor, que perde pressão e ga-
nha velocidade. O jato que sai do bo-
cal vai direto à periferia do rotor, onde
estão as palhetas. Nestas, a pressão do
vapor é mantida e a velocidade cai.

Princípio de funcionamento de turbina a vapor de reação.

Expandindo-se num bocal, a energia do


vapor é convertida em velocidade e exerce uma
força. A reação dessa força move o bocal. Se
o bocal for montado na periferia de um rotor e
o suprimento de vapor foi feito, tem-se basi-
camente, uma turbina de reação.

Bocal de carga – turbina de impulsão.

Nas turbinas de impulsão, os bocais são


distribuídos em torno de um anel e o vapor
entra lateralmente nas palhetas.
O vapor é alimentado através de diversos
bocais divergentes e atinge as palhetas do rotor,
cedendo-lhe energia. Como regra, os bocais
de turbinas de impulsão não alimentam de va-
por toda a periferia do rotor, e, conseqüente-
mente, num dado instante, apenas parte das
palhetas estão sob a ação do vapor. A queda
total de pressão do vapor ocorre quando atin-
ge as palhetas. Por outro lado, neste ponto, o
vapor atinge sua máxima velocidade à custa
da queda de pressão. A energia cedida pelo
vapor ao rotor ocorre, então, às custas da di-
minuição da velocidade do vapor, ou seja, em
função de sua energia cinética.
24 Para se obter boa eficiência, o vapor deve
ceder grande parte de sua energia ao passar
pelo rotor. Essa cessão de energia acarreta uma
grande velocidade do rotor, de forma que pou-
Princípio de impulsão. cos materiais podem resistir à força centrífuga
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desenvolvida. Uma solução para o problema é
fazer com que o vapor ceda sua energia em
vários estágios. Isto se consegue utilizando
uma série de palhetas móveis, entre as quais
se inserem palhetas fixas que servem de guia
do vapor de um estágio para seguinte. No caso
de uma turbina de dois estágios, a velocidade
do valor decresce durante a passagem pelo
primeiro estágio, permanece constante na fi-
leira de palhetas fixas e decresce no segundo
estágio até o vapor da exaustão.

Bocal de carga – turbina avapar de um estágio.

O vapor deve ser admitido a todas as par-


tes da periferia porque, devido à queda de pres-
são, possíveis vazamentos de vapor podem
ocorrer para os espaços nos quais não existe
Bocal de carga – turbina a vapor dois estágios. vapor. Tendo vários estágios, isto é, vários
Observação: Esta turbina pode ser considerada de um está-
rotores, é pequena a queda de pressão por es-
gio, dependendo da literatura. tágio, resultando em serem pequenas as for-
ças atuantes sobre as palhetas, ao contrário do
que ocorre com a turbina de um estágio.
b) Turbina de Reação
Na turbina de reação, os bocais móveis
formados por palhetas dispostas na pe-
riferia do rotor. Um conjunto adjacen-
te de palhetas estacionárias dirige o
vapor por essas palhetas móveis. A
expansão ocorre nos dois conjuntos de
forma que as turbinas de reação traba-
lham, basicamente, como de impulsão
e reação. Comercialmente, o termo tur-
bina de reação aplica-se às turbinas nas
quais há substancial expansão do va-
por nas partes móveis.
A diferença essencial entre as turbinas
de impulsão e reação é que na turbina
de impulsão nenhuma queda de pres-
são do vapor ocorre quando da passa-
Bocal de carga – turbina de reação multiestágio.
gem pela palheta, enquanto na turbina 25
de reação há queda de pressão nessa c) Turbinas Mistas
passagem. Devido a isso, existe uma São as turbinas que utilizam simulta-
diferença de pressão entre cada lado das neamente os dois princípios de ação e
lâminas fixas e estacionárias. reação.
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Turbina a vapor
multiestágios.
d) Turbinas de vários estágios Fonte: Catálogo
AKZ.
Na sucessão de estágios de uma turbi-
na, o tamanho das palhetas cresce com 3.1.2 Composição
a queda de pressão a fim de que o es- Uma turbina a vapor, de pequena potên-
paço seja suficientemente grande para cia, é composta pelas seguintes partes, con-
o progressivo aumento do volume de forme figura a seguir:
vapor. – mancais,
A expansão pode ser feita até a con- – conjunto rotativo,
densação do vapor, (turbina de conden- – selagem,
sação), ou até um determinado valor em – carcaça,
que o vapor sai superaquecido (turbina – sistema de controle de velocidade,
de contra-pressão). Podemos também – sistema de desarme,
efetuar retirada de vapor em estágio in- – sistema de lubrificação,
termediário (turbina de extração). – sistema de refrigeração.
Rotativo
Selagem

Mancais
Desarme
Sistema de controle
de velocidade

Composição de
uma turbina a vapor
Sistema de lubrificação de pequena
Sistema de potência.
refrigeração Fonte: Catálogo
Worthington.

3.1.3 Conjunto rotativo 3.1.4 Sistema de controle de velocidade e


O conjunto rotativo é composto pelo eixo desarme
e por elementos agregados, tais como selagem, O sistema de controle de velocidade é cha-
sistema de controle de velocidade e sistema mado de regulador ou de governador, e o sis-
de desarme. tema de desarme é chamado de “trip”, válvula
de fechamento rápido, válvula garganta ou
válvula main stop. O funcionamento de am-
bos baseia-se em força centrípeda.
26 A variação de rotação do conjunto rotativo
é diretamente proporcional à quantidade de
vapor injetada na turbina para uma determi-
nada carga. Para chegar até a roda da turbina,
Conjunto rotativo de uma turbina a vapor de pequena potência.
Fonte: Catálogo Worthington. Que tal rever seus conceitos de física?
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o vapor percorre o caminho passando pela vál- da mola existe um sistema de alavancas que,
vula de admissão da linha, pela válvula de ad- agindo sobre uma válvula, controla o fluxo de
missão da turbina, chamada de válvula parcializa- vapor para a turbina.
dora, e pela válvula de fechamento rápido. Suponhamos que a turbina esteja em sua
velocidade normal, com determinada carga. Se
a carga diminuir, a velocidade da turbina au-
menta e os pesos, devido ao aumento da força
centrífuga, forçam a base da mola para cima.
Este deslocamento é levado à válvula de con-
trole que, diminuindo a abertura de entrada de
vapor, faz com que a turbina volte a operar na
velocidade inicial.
Quando a força do sistema mecânico não
é suficiente para o acionamento da válvula
parcializadora, usa-se um sistema hidráulico.

Sistema de Controle de Velocidade e Sistema de Desarme de


uma Turbina a Vapor.
Fonte: AUTOR.

Braço do
Entrada regulador
de vapor

Válvula de Válvula
desarme parcializadora

Sistema de Controle de Velocidade e Sistema de Desarme de


uma Turbina a Vapor
Fonte: Catálogo Worthington.

3.1.5 Regulador
A turbina a vapor é máquina projetada para
trabalhar à “velocidade constante”, entretan-
to, a velocidade varia com as variações de car-
ga. Quando a carga diminui, a velocidade para
uma mesma vazão de vapor aumenta e a ten- Regulador “Wooward”
dência é disparar a turbina. No caso contrário,
Braço do regulador
a tendência é a redução progressiva da veloci-
dade até a paralização total da turbina. O “re-
gulador” é um sistema cuja função é manter
Carcaça
constante a velocidade de rotação, durante
qualquer variação da carga ou do vapor. O re-
gulador, que pode ser mais ou menos elabora-
do, atua na válvula de admissão de vapor a
fim de corrigir qualquer tendência de variação
da velocidade da turbina.
Numa de suas formas mais simples, os re-
guladores de velocidade constam de pesos
montados sobre um sistema articulado que gira
com velocidade proporcional à velocidade do 27
eixo da turbina. Devido à rotação, a força cen- Válvula
trífuga age sobre os pesos, tendendo a deslocá- parcializadora
los para a periferia do sistema. Nesse desloca-
mento, uma mola é comprimida. Ligado à base Regulador Hidráulico. Fonte: Catálogo Worthington.
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O sistema de desarme é dotado de uma mola Um descontrole de velocidade ocorrerá
e um gatilho. A mola é comprimida e o gatilho basicamente pelos seguintes motivos:
armado. Caso a velocidade seja ultrapassada – emperramento do sistema;
de um determinado limite, o gatilho é desar- – desajuste na regulagem;
mado, fazendo a mola fechar a válvula e inter- – excesso de folgas nas articulações.
romper a entrada de vapor na turbina. Um desarme indevido poderá ocorrer por:
– redução acentuada na carga da máqui-
na acionada;
– desgaste no engate.
Em uma turbina a vapor, pode-se ter vi-
bração excessiva graças aos seguintes moti-
vos principais:
– condição operacional inadequada:
– presença de condensado.
– falha mecânica:
– desbalanceamento;
– desalinhamento;
– folgas inadequadas;
– outros.
Pode ocorrer ruído excessivo em uma turbi-
na a vapor, pelos seguintes principais motivos:
– danificação dos mancais;
– roçamento.
Vazamentos podem também ser detecta-
dos em uma turbina a vapor, principalmente,
devido aos seguintes motivos:
– vazamento de óleo:
Entrada de vapor Massa de
– dreno mal fechado;
desarme – nível acima do normal;
– labirinto danificado;
– respiro obstruído.
– vazamento de vapor:
– selagem danificada;
– desgaste em labirintos;
– passagem em válvula de segurança;
Carcaça do sistema
de desame
– falha em juntas.
Dentre os fatores que podem promover
Sistema de desarme de uma turbina a vapor. aquecimento excessivo nos mancais, estão:
Fonte: Catálogo Worthington. – falta de lubrificação;
– excesso de lubrificação;
3.1.6 Principais problemas em turbinas a vapor – falha no sistema de refrigeração.
Uma turbina a vapor poderá apresentar A perda de eficiência em uma turbina ocor-
problemas em seu funcionamento. Estes po- rerá, basicamente, pelos seguintes motivos:
derão ocorrer em função da condição opera- – vapor fora de especificação;
cional imposta à turbina ou em função de fa- – vazamento excessivo de vapor;
lha mecânica. Uma condição operacional ina- – sujeira nas rodas da turbina.
dequada poderá resultar em falhas mecâni-
cas. Os principais problemas que constituem 3.1.7 Operação de turbinas a vapor
falhas mecânicas e poderão tornar uma turbi- A operação de uma turbina a vapor com-
28 na indisponível a um processo são: descon- põe-se das fases de partida, acompanhamento
trole de velocidade, desarme indevido, vibra- e parada.
ção excessiva, ruído excessivo, vazamentos, A partida pode ser manual ou automática.
aquecimento excessivo dos mancais e perda Para partida manual, é necessário observar os
de eficiência. seguintes passos:
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– garantir lubrificação adequada;
– garantir circulação da água de refrige-
ração;
– drenar condensado em todos os pontos
durante aquecimento;
– armar desarme;
– abrir válvula de exaustão;
– aquecer;
– colocar em giro lento usando desvio
(“by pass”) da válvula de admissão;
– partir, abrindo a válvula de admissão e
fechando o desvio.
Para colocar uma turbina a vapor em con-
dições de partida automática, é preciso obser-
var os mesmos passos da partida manual.
Para o acompanhamento, seguir os pas-
sos constantes na operação de bombas centrí-
fugas.
Os passos que devem ser executados para
a parada de uma turbina a vapor são os seguintes:
– desarmar;
– fechar a válvula de admissão;
– drenar condensado em todos os pontos;
– fechar válvula de exaustão.

Anotações

29
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Compressores 4
Os compressores, assim como as bombas, que uma bomba mergulhada dentro do líqui-
são equipamentos utilizados na manipulação do e cuja finalidade é a homogeneização do
dos fluidos. Quando o fluido é um líquido, a líquido pela circulação.
máquina empregada é uma bomba, enquanto Uma bomba de vácuo também é um com-
que, no caso da manipulação de um gás, a pressor, pois manipula gases que saem pela sua
máquina empregada é um compressor. descarga com uma pressão superior à da suc-
Bombas e compressores são construídos ção. O termo bomba de vácuo é reservado aos
com base nos mesmos princípios de funciona- compressores que succionam de uma pressão
mento, e as diferenças entre eles são decor- inferior à atmosférica e descarregam a uma
rentes das distinções existentes nas proprie- pressão atmosférica. Uma bomba de bicicleta
dades dos líquidos e gases. Estas diferenças também é um compressor, uma vez que o flui-
são de dimensões, sistemas de vedação e ve- do manipulado é um gás, o ar.
locidades de operação, que decorrem da me-
nor densidade, da compressibilidade, da ex- 4.1 Tipos de compressores
pansibilidade e difusão dos gases. Desta for- Como as bombas, os compressores são
ma, seria impróprio ou impraticável o empre- classificados, de acordo com o princípio de
go de uma bomba para bombear um gás e a funcionamento, nos tipos seguintes:
utilização de um compressor para o bombea- – Dinâmicos:
mento de um líquido. – Centrífugos;
No estudo das bombas, foi verificada a – De Fluxo Axial.
impossibilidade de uma bomba centrífuga – De deslocamento positivo:
bombear um gás. As inconveniências nos de- – Rotativos;
mais casos serão constatadas posteriormente.
– Alternativos.
O compressor, como a bomba, aumenta a
Os compressores centrífugos são os mais
pressão do fluido que está sendo bombeado.
importantes, e, como as bombas centrífugas,
Um ventilador é um compressor, pois, o ar que
utilizam o princípio da força centrífuga (Figu-
está descarregando tem uma pressão um pou-
ra abaixo).
co superior ao ar que está sendo succionado.
O mesmo acontece com o exaustor.
Em muitos casos, o compressor não pos-
sui tubulação de sucção, como em um exaus-
tor, uma vez que o próprio recinto de onde
succiona serve de reservatório de sucção para
o exaustor. É um arranjo semelhante a uma
bomba centrífuga vertical, instalada dentro de
uma piscina. Em outros casos, não existe ne-
cessidade de tubulações de sucção e descarga
ou mesmo de carcaça do compressor. Assim,
um ventilador, em geral, só possui um rotor,
30 uma vez que este já está totalmente mergulha-
do no fluido e não há necessidade de tubula-
ções e corpo, para a condução do escoamento.
O ventilador funciona de forma análoga a um
misturador de um tanque, que nada mais é do Compressor centrífugo.
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Os compressores de fluxo axial, são semelhantes aos compressores centrífugos, com a dife-
rença de que as pás são retorcidas de forma que o gás, ao sair do rotor, toma um escoamento
paralelo ao eixo (escoamento axial). Existe um tipo de bomba que corresponde a este tipo de
compressor. É a bomba de fluxo axial.

Compressor de fluxo axial.

Os compressores rotativos são baseados no mesmo princípio das bombas rotativas.

Compressor rotativo.

Já os compressores alternativos (figuras a seguir) baseiam-se no mesmo princípio das bom-


bas alternativas.

31

Compressor alternativo.
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constituída de anéis de labirinto, depende de
dois fatores principais:
– Da folga entre a aresta do anel e o eixo;
– Do quanto é aguçada a aresta do anel.

Compressor alternativo – detalhe de uma válvula.

Anel de labirinto.

A selagem com anel de carvão, consiste


em um ou mais anéis de carvão em secções de
Compressor alternativo – percurso do fluído bombeado. 90° ou 120°, mantidos junto ao eixo com pe-
quena folga, por meio de molas. Este tipo de
4.2 Compressores centrífugos selagem também funciona baseado na perda
Nos compressores centrífugos, são encon- de pressão do gás em escoamento através de
trados os mesmos elementos vistos no estudo pequenas folgas.
de bombas centrífugas. Os elementos consti-
tuintes de um compressor centrífugo são os
seguintes:
– Rotor (com um ou mais estágios);
– Eixo;
– Corpo (com ou sem difusores);
– Câmara de Vedação (uma ou duas);
– Mancal;
– Acoplamento (com ou sem redução de
velocidade);
– Camisas de Refrigeração;
– Anéis e Luvas de Desgaste.
As ventoinhas e ventiladores centrífugos,
que produzem baixas pressões de descarga,
Anel de carvão.
são, em geral, de rotor aberto, de apenas um
estágio e sem difusores. Entre os compresso-
res centrífugos, que desenvolvem elevadas Outro tipo de selagem também utilizado
pressões de descarga, os tipos mais usados são nos compressores centrífugos é um equivalente
de rotor fechado, de vários estágios com ao selo mecânico, chamado de selagem por
difusores no corpo. contato, que acarreta um vedamento muito
severo. Em alguns casos, estes tipos de veda-
A câmara de vedação constitui uma das
mento são empregados aos pares e em con-
partes mais importantes e críticas de um com- junto com sistemas de selagem. O sistema de
pressor centrífugo. Vários tipos de selagem são selagem pode consistir na injeção de um gás
empregados, dentre os quais os mais comuns (hidrogênio, por exemplo), entre dois elemen-
32 são, o de anel de labirinto e o de anel de carvão. tos de vedamento. O gás injetado, em geral,
A selagem com anel de labirinto, funcio- possui uma pressão superior ao manipulado
na baseada na perda de pressão do gás que é pelo compressor, de forma a penetrar no inte-
obrigado a passar por diminutas folgas anula- rior de compressor. O gás do compressor não
res. O vazamento da câmara de vedamento, vaza para o meio ambiente (Figura a seguir).
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Selagem por contato.

A lubrificação no compressor centrífugo gás, abaixo do limite mínimo de capacidade,


é necessária para os mancais e, em alguns ca- o compressor não satisfaz à pressão do siste-
sos, para os elementos de selagem. Quando o ma (linhas e vasos da descarga) no qual está
compressor utiliza a lubrificação apenas para descarregando. Isto causa uma série de escoa-
os mancais, o sistema de lubrificação é relati- mentos alternados. O compressor fornece gás
vamente simples. ao sistema e depois recebe o mesmo gás de
Em muitos casos, o compressor possui volta do sistema. Entre os métodos utilizados
uma bomba principal de óleo e outra auxiliar, para a eliminação da pulsação são encontra-
respectivamente, uma com acionamento elé- dos os seguintes:
trico e outra acionada à turbina a vapor. Os – Instalação de válvula de escape para o
acionadores operam sob controles de pressão, meio ambiente na linha de descarga. P/
de forma que, quando a bomba principal não Soprador de ar;
fornece óleo na pressão de trabalho, a unidade – Instalação de desvio para reciclo;
entra em operação. – Regulagem da vazão.
Em outros casos, a bomba principal de Quanto mais pesado o gás, mais elevado
óleo está acoplada diretamente ao eixo do com- é o limite mínimo de capacidade, e, quanto
pressor. Este arranjo possui vantagens e des- mais estágios possui o compressor, mais alto
vantagens. Quando o compressor opera conti- é o limite mínimo de capacidade. Assim, quan-
nuamente, é mais prático o uso de duas bom- to mais pesado o gás e quanto maior o número
bas externas, pois o desarranjo da bomba prin- de estágios, mais estreita é a faixa de capaci-
cipal não acarreta em parada do compressor. dade para operação estável.
Quando não há a possibilidade do óleo A variação da velocidade do rotor acarre-
lubrificante do compressor ficar contaminado ta um aumento da capacidade, um aumento de
com o gás que está sendo manipulado, os siste- pressão maior do que o da capacidade e um
mas de lubrificação do compressor e do acio- aumento de consumo de energia ainda maior.
nador são combinados em um único. O limite mínimo de capacidade também va-
ria, com a variação da velocidade do rotor (Fi-
4.2.1 Características do compressor centrífugo gura a seguir).
A pressão de descarga do compressor cen-
trífugo, a uma dada velocidade do rotor, da
mesma maneira que no caso da bomba centrí-
fuga, aumenta com a elevação da densidade
do fluido. A elevação da densidade do gás pode
ser obtida, além da mudança do gás, pelo au-
mento da pressão de sucção, ou redução da
temperatura de sucção.
Uma característica peculiar ao compres- 33
sor centrífugo é a existência de um limite de
capacidade, abaixo do qual o compressor en-
tra em pulsação e começa a vibrar e apresen-
tar ruído. Por efeito da compressibilidade do Conseqüências da variação da velocidade do rotor.
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Com acionador de velocidade variável, a 4.4.2 Controle do compressor alternativo
regulagem da velocidade do rotor resulta em Quando o gás, para sucção do compres-
várias condições estáveis de operação. Quan- sor, é regulado a fim de resultar numa pressão
do o acionador é de velocidade constante, a de sucção menor, as conseqüências são:
regulagem pode ser feita na sucção ou na des- – a razão de compressão aumenta;
carga. “A regulagem na válvula de descarga, – a quantidade de gás que é descarrega-
não é aconselhada, pois o controle na sucção do em cada percurso é menor;
do compressor resulta em menores perdas de – a densidade do gás na sucção é menor;
energia.” – a vazão diminui;
Esta regulagem é a mais simples e prática – a temperatura de descarga sobe.
para os compressores centrífugos. Este méto- Quando nem toda a vazão do compressor
do possui a vantagem de não alterar as condi- é necessária, o excesso pode ser recirculado
ções da descarga do compressor, como no caso por um contorno (by-pass), da descarga para a
da regulagem pela descarga. sucção. Normalmente, o reciclo deve ser res-
A refrigeração do compressor resulta em friado, a não ser que a razão de compressão
economia de energia e baixa temperatura de seja muito baixa, a vazão do contorno muito
descarga. pequena, ou o contorno funcione por pouco
Nos gráficos de compressores, uma carac- tempo (nas partidas por exemplo).
terística nova é encontrada, a razão de com- Num cilindro comercial, é inevitável a
pressão. A razão de compressão é a razão en- presença de uma folga na cabeça. No final do
tre a pressão de descarga e a pressão de suc- movimento de descarga, um pouco de gás é
ção. A razão de compressão é muito mais sig- retido no espaço da folga. No movimento da
nificativa do que a altura de elevação para os sucção, esta quantidade de gás que estava na
compressores e, por isso, mais usada. pressão de descarga tem que se expandir à pres-
são de sucção, para que haja abertura das vál-
4.3 Compressor de fluxo axial vulas do cilindro. Logo, até que esta situação
Estes compressores possuem muito boa seja atingida, não há entrada de gás no interior
eficiência, dando grandes vazões com baixas do cilindro. Durante este tempo, o êmbolo pode
pressões. ter percorrido 15% do curso. O resultado final
é que menos gás será admitido no cilindro,
aproximadamente 85% a 60% (PdV1 = PsV2).
4.4 Compressores rotativos
A vazão destes compressores é pratica-
mente contínua e sem pulsação. No tipo de
lóbulos, praticamente não há compressão den-
tro da máquina, mas sim contra a pressão do
sistema na descarga. O volume variável da folga.

Com este processo da variação das folgas,


4.4.1 Compressores alternativos pode-se diminuir a capacidade do compresor
Geralmente, o cilindro é de ação dupla e
alternativo (Figura a seguir).
refrigerado, para reduzir as dilatações e absor-
ver parte do calor produzido na compressão.
Na compressão em vários estágios, cada
um destes ocorre em um cilindro separado, e
o gás é resfriado entre os vários estágios da
compressão. A compressão em vários estágios
resulta, além de menor consumo de energia,
também em redução de temperatura. Uma tem-
peratura elevada provoca problemas com
a lubrificação do cilindro e do êmbolo.
O compressor alternativo, como uma má-
34 quina de deslocamento positivo, produz o
mesmo volume contra qualquer pressão (den-
tro dos limites de resistência mecânica do con-
junto). A vazão do compressor é proporcional
à velocidade da máquina. Câmara de refrigeração.
Equipamentos Dinâmicos
Quando um compressor entra em opera-
ção, em paralelo, num sistema já em funcio-
namento, é necessário tirar a carga da máqui-
na. Um compressor alternativo pode ficar sem
carga pela abertura do contorno.

Anotações

35
Equipamentos Dinâmicos

Lubrificação
Os equipamentos estáticos não possuem
5
tes, com movimento relativo, chamados de
movimento contínuo em seus componentes, mancais; e a segunda, o desenvolvimento de
porém, podem ter algum tipo de movimento películas separadoras das partes com movi-
esporádico. Os equipamentos dinâmicos pos- mento relativo, chamadas de lubrificantes.
suem movimentos contínuo, rotativo e/ou al- Recordando a Física: A força de atrito é
ternativo em seus componentes. Em um equi- dada pela multiplicação entre a força normal e
pamento, o movimento será em alguns dos o coeficiente de atrito. O coeficiente de atrito
componentes, enquanto os demais permane- poderá ser dinâmico ou estático, sendo este
cerão estáticos e, com isso, tem-se movimen- maior, conforme mostra o gráfico abaixo. O
to relativo entre as partes. atrito e seu respectivo coeficiente de atrito po-
derá ser de deslizamento, rodagem, rolagem
5.1 Atrito ou de furação (ver Figura 5.1).
Devido ao movimento relativo, tem-se
atrito entre as partes. O atrito quase sempre é
indesejável, pois provoca a perda de energia,
desgaste e geração de calor.
A redução do atrito passou a ser uma es-
tratégia interessante para economia de ener-
gia e aumento da vida útil dos equipamentos.
Ao longo dos anos, foram desenvolvidas duas
ações para redução do atrito, sendo a primei- Coeficientes de atrito estático e dinâmico.
ra, a construção de elementos de máquinas com Fonte: ZECHEL, Rudolf e outros. Molykote. München-GmbH:
minimização da área de contato entre as par- Molykote, 1995.

36

Figura 5.1 – Coeficientes de atrito.


Fonte: ZECHEL, Rudolf e outros. Molykote. München-GmbH: Molykote, 1995.
Equipamentos Dinâmicos
5.2 Mancais Na maioria dos equipamentos dinâmicos
Os mancais têm a função, simultâneamente, os mancais são lubrificados à óleo ou graxa.
de suportar um subconjunto de máquina e de A lubrificação à graxa destina-se a mancais
restringir os graus de liberdade, permitindo de rolamento, enquanto a lubrificação a óleo
apenas liberdade de rotação ou deslocamento ocorre tanto em mancais de rolamento quanto
linear. A maior aplicação dos mancais é na em mancais de deslizamento. Existem exceções
sustentação de conjuntos rotativos em equi- que, porém, não serão tratadas neste texto.
pamentos dinâmicos, ou seja, transmitem for- No caso de lubrificação à graxa, é neces-
ças. Os mancais classificam-se em rolamento sário periodicamente fazer a reposição/reno-
e deslizamento. Os mancais de rolamento são vação do lubrificante para a manutenção de
mais baratos e práticos, porém apresentam li- suas propriedades físico-químicas. A reposi-
mitações de rotação, de carga e dimensional. ção é feita com bomba através do pino
Os mancais de deslizamento, caros e aplica- graxeiro. É necessário cuidar com a quantida-
dos a máquinas de grande porte ou onde a con- de de graxa, pois o excesso provoca aqueci-
fiabilidade é crítica, apresentam limitações mento extremo no mancal.
para equipamentos verticais. Ambos são mon-
tados em caixas, chamadas de caixa de mancal.

Pino graxeiro.
Fonte: O AUTOR

Em alguns casos de equipamentos estáti-


cos, como válvulas, a colocação da graxa pode
ser a pincel.
Transmissão de forças de reação e ação pelo filme de lubrifi-
cante, mancais e dentes das engrenagens.
Fonte: O AUTOR

Haste de alvula lubrificada a graxa.


Fonte: O AUTOR
Mancal de rolamento. Caixa de mancal.
Fonte: ZECHEL, Rudolf Fonte: O AUTOR
e outros. Molykote. No caso de lubrificação a óleo, existem
München-GmbH: quatro formas de garantir que o lubrificante
Molykote, 1995.
esteja presente entre as partes deslizantes ou
rolantes: por imersão, por salpicamento, por
pescagem ou por injeção pressurizada. Por
imersão, é necessário que o nível do óleo atin-
ja as partes em contato. Por salpicamento, o
óleo é espalhado/forçado por um anel
salpicador fixado ao eixo. Por pescagem, o
óleo é “pescado” de um nível mais baixo e 37
deslocado até um nível mais alto através de
um anel pescador. Este é movimentado por
Mancal de deslizamento, tipo de pedestal.
atrito ao eixo e arrasta consigo o óleo deposi-
Fonte: CATÁLOGO GLYCO DO BRASIL. tando-o na parte superior do eixo. Por injeção
Equipamentos Dinâmicos
pressurizada, existe uma bomba que fornece Para a eliminação da contaminação e ma-
energia ao óleo e, através de tubulações, é lan- nutenção do nível do óleo, existe um sistema
çado no ponto necessário. automático, chamado copo nivelador de óleo.
Para a expulsão da contaminação existe um
dreno, visto que os cantaminantes são mais
pesados e vão para o fundo. A reposição é fei-
Deslizamento ta enchendo-se o copo e recolocando-o no ca-
chimbo. Para um adequado funcionamento
Anel
pescador desse sistema, é necessário um respiro, ou seja,
manter a pressão atmosférica no interior da
caixa de mancais.

Rolamento

Mancal de deslizamento e de rolamento de uma turbina a vapor.


Fonte: O AUTOR

O nível do óleo lubrificante deve ser sem-


pre mantido constante. Para tanto, é verifica-
do, externamente, através de visores de nível.
O nível de óleo pode ser alterado para mais
em caso de contaminação e para menos em
caso de vazamentos. Uma contaminação po-
derá ocorrer por entrada de água ou gás na cai-
Manutenção do nível e
xa de mancal ou por partículas sólidas prove- descontaminação do óleo
nientes de desgaste dos mancais ou de fonte lubrificante.
Fonte: O AUTOR
externa. Existem elementos próprios para fa-
zer a vedação dos mancais, dentre os quais
estão retentores, labirintos e diversos tipos de
anéis de feltro ou borracha.
5.3 Lubrificantes
Labirinto Os lubrificantes, não serão tratados neste
texto, sob o ponto de vista técnico, visto que o
presente curso destina-se ao treinamento de
operadores e não de lubrificadores.

5.4 Rotina diária de lubrificação


A rotina é imprescindivelmente diária e
Visores de nível
deve ser aplicada a todos os equipamentos di-
Formas de visão do nível de óleo: visor tipo olho, visor tipo nâmicos. Geralmente, é feita por um lubrifi-
coluna.
Fonte: CATÁLOGO GLYCO DO BRASIL, O AUTOR cador, mas, também, fora do horário adminis-
trativo, deve ser feita pelo operador de área. A
rotina compõe-se das seguintes tarefas:
– Verificação do estado (aparência) do óleo,
e completar níveis quando necessário;
– Verificação de vazamentos, temperatu-
ras, ruídos, e se possível determinar as
causas;
– Drenagem de água dos depósitos de
38 mancais de bombas e turbinas;
– Verificação dos equipamentos, se estão
codificados com plaquetas de óleo e
Vedação de caixa de graxa, se os visores estão limpos e os
mancal por retentor.
Fonte: O AUTOR respiros desentupidos;
Equipamentos Dinâmicos
– Observação sobre os lubrificantes em 5.5 Lubrificação de turbinas a vapor
uso, se estão perfeitamente codificados. Existe uma exceção em turbinas a vapor
Para a realização de rotina de lubrifica- com regulador de velocidade mecânico. Exis-
ção, existe uma organização de suprimento de tem três copos de óleo, sendo dois para os
óleo lubrificante. O óleo é armazenado em mancais LA e LOA e um para o mecanismo
tambores e codificado. Uma vez colocado em de controle de velocidade.
recipientes menores, estes também seguem Importantíssimo: os copos de óleo dos
com o mesmo código. E, em cada caixa de mancais têm a função de manter o nível
mancal, existe uma etiqueta de alumínio com de óleo, enquanto o copo do regulador fun-
o código do lubrificante que ali é usado. Des- ciona por gotejamento e tem a função de
sa forma, garante-se a correta colocação do fornecer lubrificante ao mecanismo de
lubrificante. regulagem de velocidade. Portanto, o copo
do regulador sempre terá seu nível dimi-
nuído ao longo do tempo.

Copo do
mancal LA

Copo do
regulador
(gotejador)
Copo do
mancal LOA

Copos de óleo lubrificante em turbina a vapor com regulador


Tambores de óleo. mecânico.
Fonte: O AUTOR Fonte: O AUTOR

Anotações

Recipientes menores para óleo.


Fonte: O AUTOR

Etiqueta

39

Etiqueta para cada ponto de inserção de lubrificante.


Fonte: O AUTOR
Equipamentos Dinâmicos

Ejetores 6
6.1 Restrição no escoamento 6.2 Ejetor
A queda de pressão de um fluído em es- O funcionamento de um ejetor, é baseado
coamento através de uma tubulação, como já na transferência de energia, provocada pelo
foi estudado, aumenta ao longo da tubulação. choque de um jato de fluido à alta velocidade
A variação da pressão sofre alteração quando (fluido acionador), contra outro fluido (fluido
é introduzida uma restrição na tubulação. arrastado), parado ou à baixa velocidade. Isto
Na figura a seguir a restrição é resultante resulta em uma mistura de fluidos a uma velo-
da colocação de um disco com um orifício cen- cidade intermediária e reduzida, de forma a
tral. O valor da pressão começa a cair nas pro- originar numa pressão final superior à pressão
ximidades da restrição, caindo abruptamente inicial do fluido mais lento.
logo depois dela. Continua a cair, alcança um O jato de fluido a alta velocidade é produ-
mínimo e depois sobe lentamente, até atingir zido pela passagem de um fluido de pressão
certo valor. Este valor é um pouco inferior ao elevada através de um bocal.
obtido no mesmo ponto quando não havia res- As partes essenciais de um ejetor são as
trição. Assim, o valor da pressão, em conse- seguintes:
qüência da introdução da restrição, no caso um – Bocal; e – Difusor.
orifício, sofre uma queda brusca, atingindo O bocal serve para transformar a elevada
posteriormente um mínimo e depois uma re- pressão do fluido acionador, em alta velocidade.
cuperação lenta sem, contudo, alcançar o va- O difusor é uma câmara de mistura e ser-
lor mínimo primitivo. ve para transformar a velocidade residual em
pressão.
Nas proximidades do bocal, é criada uma
região de alta velocidade – baixa pressão que
provoca a sucção do fluido arrastado, de for-
ma a se misturar com o fluido acionador.
Restrição no escoamento.

A velocidade do fluido ao passar pelo ori-


fício sofre um efeito inverso ao da pressão. Há
um aumento considerável da velocidade do
fluido ao passar através do orifício.
Quando a restrição na tubulação é forma-
da por um bocal, o fenômeno é semelhante. O
aumento de velocidade é obtido pela absorção
de uma certa quantidade de energia do fluido.
Esta absorção de energia é tanto mais alta quan-
to maior a velocidade do fluido.

40

Restrição tipo bocal. Partes do ejetor.


Equipamentos Dinâmicos
O fluido acionador pode ser um líquido
ou um gás e o fluido arrastado pode ser um
líquido ou gás, sendo passiveis todas as com-
binações, de líquido arrastando gás, de gás ar-
rastando líquido, etc.
O termo edutor é geralmente reservado
para os casos de ejetores com líquidos tanto
como fluido acionador, como fluido arrastado.
Fluidos muito utilizados como acionadores são
o ar comprimido e o vapor d’água sob pressão.

6.3 Usos do ejetor


O ejetor apresenta as particularidades se-
guintes:
– Não tem partes móveis;
– É de construção simples;
– Necessita pouca manutenção;
– Simples operação;
– Manipula grande quantidade de gás;
– Necessita de um fluido acionador de
alta pressão.
O ejetor é muito prático nos casos em que
as necessidades são intermitentes e necessita-
se um equipamento barato, quando a corrosão
é crítica e quando deseja-se uma combinação
de aquecimento e bombeamento, ou uma
combinação de mistura e bombeamento. Além
de utilização para mistura e bombeamento, o
ejetor pode ser empregado para a criação de
vácuo.

Anotações

41
Equipamentos Dinâmicos

Leitura
Complementar 1
Cavitação
7
Extraído do livro: FALCO, Reinaldo de. Bombas indus- de didática, vamos iniciar nosso estudo apre-
triais. Rio de Janeiro: McKlausen Editora Ltda., 1992,
p. 115 –117. sentando a conceituação tradicional.
Cavitação é, seguramente, um dos tópicos
mais importantes no estudo de bombas. Esta 7.2 Conceituação clássica de cavitação
importância se reflete não só na necessidade É o fato aceito tradicionalmente que, se a
de um adequado entendimento do fenômeno pressão absoluta em qualquer ponto de um sis-
para execução de projeto ou seleção do equi- tema de bombeamento atingir valor igual ou
pamento, bem como para solução de diversos inferior à pressão de vapor líquido, na tem-
problemas operacionais dele decorrentes. peratura de bombeamento, parte deste líqui-
Objetivando oferecer ao leitor uma se- do se vaporizará. Vamos supor que as bolhas
qüência didática, abordaremos inicialmente a formadas continuem em trânsito com o líqui-
discrição do fenômeno de cavitação para, em do bombeado. Nestas condições, quando esta
seguida, já de posse dos conceitos fundamen- mistura atingir alguma região onde a pressão
tais, particularmente para o estudo de cavita- absoluta for novamente superior à pressão de
ção em bombas. vapor do líquido na temperatura de bombea-
mento, haverá o colapso das bolhas com re-
7.1 Descrição do fenômeno de cavitação torno à fase líquida. Entretanto, como o volu-
O entendimento da cavitação foi moder- me específico do líquido é inferior ao volume
namente bastante ampliado pelo conhecimen- específico do vapor, o colapso das bolhas
to da influência da tensão superficial do líqui- implicará a existência de um vazio, proporcio-
do e da presença de impurezas no desenvolvi- nando o aparecimento de onda de choque, con-
mento do fenômeno. Entretanto, por facilida- forme ilustrado na figura a seguir.

42

Colapso de bolha em três situações características.


Equipamentos Dinâmicos
Na realidade, a penetração de líquido na
depressão originada pela deformação da bo-
lha produz um microjato na ocasião do colap-
so. Desta forma, o efeito é mais severo quan-
do o colapso ocorre em local junto ou próxi- Cavitação em tubo venturi.
mo à superfície metálica. Neste caso, o micro-
jato incide diretamente sobre a superfície en- No caso particular das bombas centrífu-
quanto que, no caso de bolhas que colapsam gas, a região de mínima pressão, crítica para
na corrente líquida, o impacto é transmitido efeito de análise de cavitação, é a entrada
através de ondas de choque. (olho) do impelidor. Nesta região a pressão é
Esta seqüência de acontecimentos pode ser mínima, pois o líquido ainda não recebeu ne-
facilmente visualizada pelo escoamento de um nhuma adição de energia por parte do impeli-
líquido através de um tubo venturi. Neste caso, dor e teve sua energia reduzida pelas perdas de
a velocidade máxima e, conseqüentemente a carga na linha de sucção e entrada da bomba.
pressão mínima, ocorrem na garganta do tubo. Na hipótese de aparecimento de bolhas
Então, se formos aumentando a vazão, chega- nesta região, o colapso se dará naquela onde a
remos a uma situação em que a pressão de pressão for novamente superior à pressão de
vapor é atingida na garganta, propiciando o vapor, provavelmente no canal do impelidor
início da cavitação. É interessante notar que o ou, posteriormente, na entrada da voluta ou
colapso das bolhas ocorre em região logo após canal das pás difusoras, dependendo do tipo
a garganta do tubo venturi. de bomba.

Região para início da cavitação (entrada do impelidor) (Secção 2).

7.3 Comparação entre cavitação e 7.4.1 Barulho e vibração


Estes dois inconvenientes são provocados,
vaporização fundamentalmente, pela instabilidade gerada
É interessante observar que, na vaporiza- pelo colapso das bolhas.
ção convencional, o aparecimento de bolhas é
resultante de aumento de temperatura com a 7.4.2 Alteração das curvas características
pressão mantida constante, enquanto que na A alteração no desempenho é devida à di-
cavitação o mesmo fato ocorre com redução ferença de volume específico entre o líquido e
de pressão, mantida a temperatura constante. o vapor, bem como à turbulência gerada pelo
fenômeno. Esta alteração das curvas caracte-
7.4 Inconvenientes da cavitação rísticas é mais drástica no caso de bombas cen- 43
Os principais inconvinientes da cavitação trífugas. Neste caso, tendo em vista que o ca-
são barulho, vibração, alteração das curvas nal de passagem do líquido é mais restrito, a
características e danificação do material. Va- presença de bolhas influencia consideravel-
mos estuda-los nesta ordem: mente o desempenho do equipamento.
Equipamentos Dinâmicos

Influência de bolhas no canal de escoamento de diferentes tipos de bombas


a) Bomba centrífuga; b) Bamba de fluxo misto; c) Bomba axial.

Desta forma, supondo que uma determinada bomba centrífuga instalada em um sistema
cavita quando opera em uma vazão (Q), as suas curvas características fogem do comportamento
normal.

Queda nas curvas características de uma bomba centrífuga.

Então, o ponto real de operação será o ponto (2) e não o ponto (1), apresentando, em conse-
qüência, queda na vazão, carga e eficiência esperada. O equacionamento da cavitação e a efetiva
determinação da vazão a partir da qual haverá cavitação em uma bomba instalada em um siste-
ma será objeto de estudo posterior. Não obstante, da análise efetuada até este momento, é possí-
vel notar que o início da cavitação depende das condições de sucção do sistema pois, quanto
menor for a altura manométrica de sucção hs, mais viável será o aparecimento de pressão P igual
ou menor que a pressão de vapor Pv na temperatura de bombeamento no olho do impelidor.
Se considerarmos ainda que a velocidade de entrada do líquido na bomba e a perda de carga
entre o flange e sucção e o olho da bomba aumentam com a vazão, poderemos concluir que o
início da cavitação e conseqüente queda nas curvas características ocorrerão em vazões menores
44
à medida que hs diminui, isto é, à medida que as condições de sucção se tornem mais críticas.
Equipamentos Dinâmicos

Curvas características para diversas condições de sucção.

Um outro fato que merece consideração é que as alteração possíveis efetuadas no diâmetro
externo do impelidor, permanecendo inalteradas as condições de sucção, não afetam o compor-
tamento das curvas características quanto à cavitação.

Curvas características para diferentes diâmetros externos de impelidor e mesmas condições de sucção.

Em bombas de fluxo misto, tendo em vista o canal de escoamento ser mais amplo, existe
uma queda gradual das curvas características antes da verticalização das curvas ter efeito, con- 45
forme mostra a figura a seguir.
Equipamentos Dinâmicos

Curvas características para bomba de fluxo misto em diferentes condições de sucção.

Finalmente, no caso das bombas axiais, não se caracteriza um canal de escoamento fechado.
Nestas a influência é gradual, não existindo um ponto definido de queda nas curvas característi-
cas conforme mostra a seguir.

Curvas características para bomba de fluxo axial em diferentes condições de sucção.

7.4.3 Danificação do material


É o fato que, quando uma bomba opera implica, dependendo da posição relativa da
por um certo tempo em cavitação, haverá da- bolha em relação à superfície metálica, em um
nificação do material adjacente à zona de co- microjato ou onda de choque atingindo o ma-
lapso das bolhas, sendo a quantidade de mate- terial. Esta ação mecânica é a principal res-
46 rial perdido dependente das características do ponsável pela danificação do mesmo. Este fato
material e da severidade da cavitação. O me- fica bastante evidente se considerarmos que
canismo através do qual a danificação ou per- uma grande quantidade de bolhas colapsa em
da de material tem efeito, merece uma análise pequeno intervalo de tempo nas proximidades
adicional. Inicialmente, o colapso das bolhas da região afetada.
Equipamentos Dinâmicos
Cada bolha tem um ciclo entre crescimen- Esta evidência implicou necessidade de
to e colapso da ordem de poucos milésimos uma análise mais profunda do fenômeno pois,
de segundo e induz altíssimas pressões que como comprovado por Knaap e Pearshal, lí-
atingem concentradamente a zona afetada. quidos puros e homogêneos podem resistir a
Para se ter uma idéia deste processo, Shepherd valores bastantes altos de pressão negativa ou
menciona que este ciclo é repetido numa fre- tensão, sem cavitar. Desta forma, se as opera-
qüência que pode alcançar a ordem de 25 000 ções industriais fossem realizadas apenas com
ciclos por segundo enquanto que Knaap, em líquidos puros e homogêneos, cavitação seria
função de diversos estudos teóricos e experi- um fenômeno desconhecido e sem significân-
mentais existentes, sugere a ordem de grande- cia prática porque só ocorreria em circunstân-
za de 1000 atm como pressão provavelmente cias muito especiais de velocidades tremen-
transmitida às superfícies metálicas adjacen- damente altas ou de altas temperaturas. Entre-
tes ao centro de colapso das bolhas. Um se- tanto, na realidade isto não acontece e a cavi-
gundo aspecto que merece atenção é que, ten- tação normalmente inicia quando a pressão do
do em vista o caráter cíclico do fenômeno, as sistema em um ponto atinge valores da ordem
ações mecânicas repetidas na mesma região da pressão de vapor. Este fato levou à conclu-
metálica ocasionam um aumento local de tem- são de que impurezas devem estar presentes
peratura. Wheeler menciona a possibilidade de no líquido ocasionando a diminuição de sua
ocorrerem aumentos de temperatura local de resistência à tensão. Realmente, em quase to-
até 800oC no material adjacentes ao colapso dos os casos práticos, os líquidos não se apre-
das bolhas. Desta forma, este aumento de tem- sentam em uma forma pura mas contamina-
peratura funciona como facilitador da danifi- dos por gases. Estas impurezas, comumente
cação do material pois altera a sua resistência chamadas de núcleos, são as responsáveis pela
mecânica através de modificação estrutural. diminuição da resistência à tensão e propiciam
o início da cavitação.
7.5 Cavitação, erosão e corrosão Então, quando a pressão atinge um valor
Gostaríamos neste ponto de enfatizar que, crítico, próximo à pressão de vapor, o que real-
como visto no item anterior, a deterioração do mente acontece é a oportunidade para o cres-
material devido à cavitação nada tem a ver com cimento de bolhas já existentes no seio do lí-
os desgastes provenientes de erosão ou corro- quido. Assim sendo, o início da cavitação se-
são. Como sabemos, a erosão decorre da ação ria melhor definido como sendo o aparecimen-
de partículas sólidas em suspensão sendo to de bolhas macroscópicas a partir de bolhas
deslocadas em velocidade. Por outro lado, cor- microscópicas ou núcleos existentes como
rosão em bombas decorre normalmente de in- impureza no seio do líquido quando a pressão
compatibilidade do material com o líquido, atinge um valor crítico. O restante do proces-
propiciando reação química destrutiva, ou da so de cavitação se comporta de acordo com o
utilização de materiais muito afastados na ta- modelo clássico com os inconvenientes da
bela de potencial, em presença de um líquido cavitação dependentes do colapso das bolhas
que aja como eletrólito, propiciando a oportu- e de suas conseqüências.
nidade de uma ação galvânica. Não obstante,
nada impede que estes fenômenos coexistam 7.6.1 Pressão crítica para o início da cavitação
em um determinado sistema acelerando o pro- Do que foi visto conclui-se que seria alta-
cesso de deterioração do material. mente interessante uma determinação efetiva
da pressão mínima a partir da qual um sistema
7.6 Conceituação moderna de cavitação apresentaria cavitação.
A teoria clássica estipula que a cavitação Lamentavelmente, as tentativas realizadas
inicia quando em qualquer ponto do sistema a no sentido de equacionamento das forças em
pressão é reduzida ao valor da pressão de vapor ação sobre uma bolha não conduziram a equa-
do líquido na temperatura de operação. Na reali- ções de aplicação prática posto que eram de-
dade, o problema não é tão simples, pois, para pendentes de variáveis não mensuráveis no dia
que uma cavidade possa ser criada há necessida- a dia industrial. Apenas como contribuição ao 47
de de ruptura do líquido e esta ação não é medi- entendimento didático do problema apresen-
da pela pressão de vapor e sim pela resistência à tamos, a seguir, uma análise simplificada das
tensão, correlacionada à tensão superficial do lí- condições de equilíbrio estático de uma bolha
quido na temperatura de operação. esférica. Para isto, consideremos que o líquido
Equipamentos Dinâmicos

contem núcleos de vapor, gás, ou ambos e que


o início da cavitação ocorrerá quando estes
núcleos ficarem instáveis e crescerem a valo-
res macroscópicos devido à queda da pressão
do líquido a nível crítico.

Equilíbrio estatístico de forças em uma bolha esférica.

As condições para tal crescimento podem ser estabelecidas a partir do equilíbrio estático das
forcas internas e externas atuantes no núcleo esférico. Internamente temos as forcas produzidas
pelas pressões parciais do vapor e do gás dentro do núcleo, enquanto que externamente, tenden-
do a conter o crescimento do núcleo, temos a pressão ambiente do líquido e a pressão devido à
tensão superficial na interface núcleo/líquido. Adotemos a seguinte simbologia:

A equação está plotada na figura a seguir para duas condições diferentes de gás contido na
bolha.
Pode-se observar que, para pressões ambientes maiores que a pressão crítica, a bolha se
comporta de uma forma estável com seu crescimento contido, enquanto que para pressões
ambientais iguais ou inferiores à crítica, teremos o crescimento instável da bolha. Na curva
superior a presença de gás é maior, o que mostra que a pressão crítica para início da cavitação
aumenta com a quantidade de gás presente.

48

Condições de equilíbrio estático para duas bolhas de diferentes condições de gás contido.
Equipamentos Dinâmicos
Lamentavelmente a equação e similares Então, a energia em termos absolutos no
não permitem o cálculo preciso da pressão crí- flange de sucção seria:
tica pois, além de estar baseada em hipóteses
simplificadoras, normalmente não conhece-
mos o valor da constante (K) e do raio da bo- Onde: Pa = pressão atmosférica local
lha (R). Entretanto, ela permite qualitativamen-
te entender a influência da presença de gases e Se desta energia subtrairmos a parcela
verificar que apesar da pressão crítica não ser correspondente à perda de carga (hfi) entre o
exatamente igual à pressão de vapor, este va- flange de sucção e o olho do impelidor, obte-
lor pode ser utilizado para fins práticos. Esta remos a energia em termos absolutos neste
hipótese é particularmente aceitável se con- último.
siderarmos que normalmente será utilizado
coeficiente de segurança adicional.
Finalmente, como nosso objetivo é deter-
7.7 Análise da cavitação em bombas minar a pressão mínima no olho do impelidor
Existem dois aspectos a serem estudados precisaremos subtrair deste valor a parte cor-
no que concerne à cavitação em bombas. O respondente à energia cinética absoluta no
primeiro, que constitui o objetivo principal, é mesmo, (V12/ 2 g), e uma parcela da energia
determinar as condições que devemos satisfa- cinética relativa, (l Vr12 / 2 g), que correspon-
zer para evitar o fenômeno – o que é normal- de a uma queda de pressão local (perda de car-
mente conseguido. O segundo aspecto á apre- ga) devido à aceleração sofrida pelo fluido ao
sentar procedimentos que atenuam os efeitos entrar propriamente no olho do impelidor. Con-
da cavitação, caso seja impossível ou imprati- siderando que a cavitação inicia quando esta
cável evitar a sua existência. pressão mínima é igual à pressão de vapor, a
Para isto procederemos ao equacionamen- equação do início da cavitação toma a seguin-
to do fenômeno. Nesta análise consideraremos te forma:
que a cavitação normalmente tem origem na
entrada (olho) do impelidor, devido à insufi-
ciência do sistema em manter, naquela região,
uma pressão acima da crítica. Como explica-
do no item anterior, adotaremos para fins prá-
ticos o valor da pressão de vapor do líquido na
temperatura de bombeamento como pressão
crítica.

7.8 Equacionamento da cavitação em


bombas Observando a equação acima, verificamos
que o primeiro membro não depende da bom-
Consideremos o sistema de sucção na fi-
ba, só dependendo das características do sis-
gura a seguir:
tema e do líquido bombeado. Este membro
abaixo, repetido, recebe comumente a deno-
minação de NPSH disponível e é interpretado
fisicamente como sendo a energia absoluta por
unidade de peso existente no flange de suc-
ção, acima da pressão de vapor.

Sistema de sucção e entrada da bomba. O termo NPSH é proveniente de nomen-


clatura inglesa constituindo as iniciais de Net
Vimos anteriormente que a altura mano- Positive Suctins Head.
métrica de sucção (hs) representação a energia Continuando a observar a equação, veri- 49
manométrica por unidade de peso existente no ficamos que o segundo membro da equação
flange de sucção e era expressa por: não depende das características do sistema, só
dependendo daquelas da bomba e, sob certos
aspectos, do líquido bombeado. Este membro
Equipamentos Dinâmicos
abaixo repetido, recebe comumente a denomi- Vfs = velocidade média do líquido no
nação de NPSH requerido e é interpretado fi- flange de sucção.
sicamente como sendo a quantidade mínima Pfs = pressão manométrica no flange de
de energia absoluta por unidade de peso aci- sucção.
ma da pressão de vapor, que deve existir no g = peso específico na temperatura de
flange de sucção para que não haja cavitação. bombeamento.

7.9 Curva NPSHr x vazão


Observando a equação acima, verificamos
que o NPSH requerido é função de velocidade
e conseqüentemente, para uma mesma bom-
ba, aumenta com a vazão.
Ilustração típica de sistema de sucção.
Esta informação é normalmente forneci-
da pelo fabricante para cada uma das bombas
de sua linha de fabricação através das curvas
de NPSH requerido versus vazão, conforme
7.11 Critérios de avaliação das condições
ilustrado na figura a seguir. de cavitação
O nosso problema, então, é calcular o
NPSH disponível para a vazão de operação
pretendida e comparar com o valor do NPSH
requerido tirado da curva NPHS requerido x
vazão fornecida pelo fabricante.
Falamos que o NPSH disponível deve ser
maior que o requerido; resta definir esta mar-
gem de segurança.
De um modo geral, a margem usada na
pratica é de 2 ft (0,6m) de líquido; então:
NPSHdisponível >
= NPSHrequerido + 0,6 m de líquido
Curva de NPSH requerido versus vazão.
Nesta oportunidade cabe recordar a análi-
se da influência de impurezas no início da ca-
7.10 Cálculo do NPSH disponível vitação. Desta forma, em condições desfavo-
Considerando o sistema da figura a seguir, ráveis, seria desejável um maior rigor quanto
o NPSH disponível pode ser calculado por: à margem de segurança.

7.11.1Cálculo da vazão máxima permissível de


uma bomba em um sistema
O critério expresso pela equação acima
permite verificar as condições de cavitação
para uma determinada vazão. Entretanto, se ob-
servarmos a equação abaixo repetida, veremos
que o NPSH disponível é função das perdas
na linhas de sucção e conseqüentemente da
vazão bombeada.
onde:
hs = altura manométrica de sucção.
Ps = pressão manométrica no reservató- Assim sendo, se arbitrarmos valores de
rio de sucção. vazão e computarmos os correspondentes va-
50 Zs = altura estática de sucção. lores NPSH disponível, tendo em vista que as
hfs = perdas na linha de sucção. perdas crescem com a vazão, os valores resul-
Pa = pressão atmosférica local. tantes serão decrescentes com o aumento da
Pv = pressão de vapor na temperatura de mesma. Desta forma, se plotamos estes valo-
bombeamento. res em função da vazão, a conseqüente curva
Equipamentos Dinâmicos
NPSH disponível versus vazão será decrescen- ao valor da altura estática de sucção máxima
te conforme ilustrado na figura a seguir. (Zs máx.) que a bomba pode aceitar, conforme
ilustrado na Figura a seguir.

Curva de NPSH disponível x vazão.

Considerando que a curva de NPSH re-


querido versus vazão é crescente, a intersecção
destas curvas determinará a vazão máxima de
uma bomba em um sistema (como na figura a Altura estática de sucção.
seguir). Esta é a vazão correspondente ao iní-
Neste caso, já considerando a margem de
cio da cavitação e queda nas curvas caracte-
segurança entre o NPSH disponível e o NPSH
rísticas conforme anteriormente ilustrado na
requerido, a altura estática máxima (Zs máx.)
figura anterior.
seria determinada a partir da equação.

Normalmente, este critério só é utilizado


Vazão máxima para efeito de cavitação. em instalações cujo reservatório de sucção é
atmosférico (Ps = 0) e em instalações de bom-
É interessante notar que não é possível beamento d’água. Neste caso o valor da altura
estabelecer regra geral para determinar a va- máxima de sucção é, eventualmente, forneci-
zão máxima pois a mesma bomba em outro do pelo fabricante.
sistema teria vazão máxima diferente devido
à variação da curva do NPSH disponível. Desta 7.12 Fatores que modificam o NPSH
forma, a queda nas curvas características se disponível
daria em vazões diferentes para diferentes sis- Se observarmos a equação para cálculo do
temas ou condições de sucção, conforme an- NPSH disponível, veremos que a alteração de
teriormente ilustrado na figura anterior. Por ou- determinadas variáveis pode distorcer comple-
tro lado, bombas diferentes em um mesmo sis- tamente o resultado final. Assim sendo, con-
tema também acarretariam vazões máximas di- vém analisarmos a influência dos seguintes fa-
ferentes devido à variação da curva do NPSH tores:
requerido. Finalmente, é importante frisar que – altura estática de sucção (Zs);
a vazão máxima assim determinada correspon- – altitude do local de instalação;
de à vazão máxima teórica para efeitos do iní- – temperatura de bombeamento do líquido;
cio de cavitação. A vazão máxima permissí- – tipo de líquido bombeado;
vel do ponto de vista prático seria aquela que – tipo de entrada, diâmetro, comprimen-
mantivesse a diferença de 2 ft (0,6m) entre o to e acessórios da linha de sucção;
NPSH disponível e o NPSH requerido. – vazão;
Um outro critério eventualmente usado – pressão no reservatório de sucção (Ps).
para fixar o limite de operação de uma bomba
em um sistema, quanto à cavitação, é a cha- 7.12.1Altura estática de sucção (Zs)
mada altura máxima de sucção. Variando a altura estática de sucção (Zs) 51
variará o valor do NPSH disponível. Como
7.11.2 Altura máxima de sucção devemos analisar as condições críticas, NPSH
Este valor, eventualmente dado por fabri- disponível mínimo, utilizaremos a altura está-
cantes como meio de limitar as condições per- tica mínima no caso de Zs positivo e a altura
missíveis de sucção, corresponde teoricamente máxima no caso de Zs negativo.
Equipamentos Dinâmicos
7.12.2 Altitude do local da instalação donando, por enquanto, a possibilidade de in-
Variando a altitude variará a pressão at- fluência do líquido bombeado, os seguintes
mosférica e portanto o NPSH disponível. Para fatores merecem apreciação:
bombas instaladas acima do nível do mar po- – possibilidade de redução da perda na
demos considerar uma diminuição da pressão entrada da bomba (hfi);
atmosférica de 1 in.Hg para cada 1000 ft de – possibilidade de redução das velocida-
altitude. des absoluta e relativa no olho do im-
pelidor (V1) e (Vr1);
7.12.3 Temperatura de bombeamento – uso do indutor;
Quanto maior a temperatura maior a pres- – variação da rotação.
são de vapor, influenciando também no peso Vamos analisa-los nesta ordem.
específico e na perda de carga através da vis-
cosidade. 7.13.1 Possibilidade de redução da perda na
entrada da bomba (hfi)
7.12.4 Tipo de líquido bombeado Esta possibilidade é explorada pelos fa-
Eventualmente, uma mesma instalação bricantes através de projeto de canal de entra-
pode trabalhar com mais de um líquido. É ne- da hidronicamente adequado e cuidado com o
cessário verificar o caso crítico, NPSH dispo- grau de acabamento.
nível mínimo, analisando os valores da pres-
são de vapor, peso específico e viscosidade dos 7.13.2 Possibilidade de redução das velocidades
produtos. absoluta e relativa no olho do impelidor (V1) e (Vr1)
A velocidade (V1) pode ser reduzida atra-
7.12.5 Tipo de entrada, comprimento, diâmetro vés de aumento da área de entrada do impeli-
e acessórios da tubulação de sucção dor tendo em vista que V1 = Q/área de entrada
É necessário ter em mente que qualquer do impelidor. Entretanto, a análise não pode
alteração nas características físicas da tubula- ser feita tão simplesmente, pois além de cui-
ção de sucção ou nos acessórios – instalação dados necessários com a hidrodinâmica da suc-
de um filtro ou válvula de pé, por exemplo – ção, a variação da área de entrada também
modificam o valor do NPSH disponível. implica variação da velocidade relativa con-
forme ilustrado na figura a seguir.
7.12.6 Vazão
Naturalmente, alteração na vazão de opera-
ção implica alteração na perda de carga de suc-
ção e conseqüentemente no NPSH disponível.

7.12.7 Pressão no reservatório de sucção (Ps)


Tem influência direta no valor de NPSH
disponível.

7.13 Fatores que modificam o NPSH


requerido e procedimentos para melhorar
o desempenho das bombas quanto à
cavitação
Naturalmente, a preocupação fundamen-
tal quanto a minimizar o NPSH requerido é
do fabricante. Entretanto, é interessante tam- Diferentes condições de olho de impelidor.
bém para o usuário alguma noção do proble-
ma. Para isto observemos a equação abaixo Assim sendo, a análise deve considerar tam-
repetida: bém a influência em Vr1. Por exemplo, podemos
verificar a variação de Vr1, com o diâmetro maior
52 (d2) da sucção através da seguinte equação:

Logicamente, qualquer fator que altere os


valores dos componentes da equação resulta-
rá em modificação do NPSH requerido. Aban-
Equipamentos Dinâmicos
Assim sendo, para valores conhecidos de
Q, d1 e N resulta um gráfico similar ao ilustra-
do na figura a seguir.

Indutor visto isoladamente e no con-


junto de uma bomba centrífuga (Cor-
tesia da Worthington S. A).

O principal objetivo do indutor é funcio-


nar como auxiliar do impelidor principal, re-
Variação de Vr1 com d2. duzindo o NPSH requerido pela bomba (ilus-
trada na figura a seguir). O indutor, é ofereci-
do em grande número de projetos como com-
A velocidade relativa na sucção pode ser
ponente opcional.
também reduzida através da utilização de pás
guias na entrada do impelidor. Este procedi-
mento gera uma pré-rotação e o aparecimento
da componente periférica da velocidade abso-
luta na entrada do impelidor (Vu1), conforme
ilustrado na figura a seguir.

Curvas características de uma bomba centrífuga com e sem


indutor (Cortesia da Worthington S.A.).

7.13.4 Variação da rotação


Se observarmos a última equação citada
no item 7.8 veremos que o NPSH requerido
varia com o quadrado da rotação.
NPSH requerido a N2
Verificamos que Q a N e H a N2. Este
fato, associado ao expresso pela equação aci-
ma permite as seguintes considerações:
Pré-rotação no olho do impelidor.

– Na determinação da curva de NPSH re-


querido versus vazão, para uma rota-
Notar que este procedimento apresenta o ção diferente da original há necessida-
inconveniente de reduzir a capacidade de trans- de de considerar a variação de ambos –
ferência de energia. Neste caso, de acordo com NPSH requerido e Q – com a rotação.
a teoria do impelidor, temos:
H = (U2Vu2 – U1Vu1)/gc. – Tendo em vista que, como regra geral,
Q a N e H a N2, é preferível usar rota-
7.13.3 Uso do indutor ções altas, pois, para um mesmo ponto 53
O indutor (Figura a seguir) nada mais é de trabalho, conduzem a bombas me-
que um rotor normalmente axial ou de fluxo nores e, provavelmente, sem conside-
misto, colocado na frente do impelidor con- rar características especiais de projeto,
vencional de uma bomba. a um menor custo.
Equipamentos Dinâmicos
Entretanto, considerando a equação an-
terior, é usual a utilização de menores rota-
ções em situações onde as condições de suc-
ção são desfavoráveis como, por exemplo, nas
bombas de condensado.
– Finalmente, considerando que o NPSH
requerido e H são proporcionais ao
quadrado da rotação, é possível definir
o parâmetro adimensional (sTHOMA)
também conhecido como

Anotações

54
Equipamentos Dinâmicos

Leitura
Complementar 2 8
Extraído do livro: FALCO, Reinaldo de. Bombas indus- 8.1.3 Curva ascendente/descendente (Drooping)
triais. Rio de Janeiro: McKlausen Editora Ltda., 1992,
p. 115–117.
Nesta curva a carga na vazão zero é me-
nor que a desenvolvida para outras vazões (Fi-
gura abaixo).
8.1 Variáveis características em bombas
centrífugas
8.1.1 Curva carga (H) x vazão (Q)
Carga de uma bomba, pode ser definida
como energia por unidade de massa ou ener-
gia por unidade de peso que a bomba tem con-
dições de fornecer ao fluido para uma deter-
minada vazão. Embora a definição usando
massa como grandeza fundamental seja mais Curva ascendente/descendente (Drooping).

consistente para análises teóricas, existe uma


tradição no campo prático de bombas no sen- 8.1.4 Curva altamente descendente (Steep)
tido de usar energia por unidade de peso. As- É uma curva inclinada em que existe uma
sim sendo, as curvas de cargas versus vazão grande diferença entre a carga desenvolvida
fornecidas pelos fabricantes, normalmente, na vazão zero (shutoff) e a desenvolvida na
vazão do projeto (Figura abaixo).
apresentam a carga com uma das seguintes
unidades:

kgf x m lbf x ft
=m ou = ft
kgf lbf

A curva ‘carga x vazão’ recebe diferentes


denominações de acordo com a forma que
apresenta, assim temos:
Curva altamente descendente.
8.1.2 Curva inclinada (Rising)
Nesta curva a carga aumenta continuamente 8.1.5 Curva plana (flat)
com a diminuição da vazão (Figura abaixo). Nesta curva a carga varia muito pouco com
a vazão, desde o shutoff (vazão zero) até o
ponto de projeto (Figura abaixo).

55

Curva inclinada (Rising). Curva plana.


Equipamentos Dinâmicos
a) Curvas tipo estável 8.2.2 Potência absorvida pela bomba (Potabs)
São aquelas em que para uma determi- É a potência que a bomba recebe ou ab-
nada carga temos uma só vazão (Exem- sorve do acionador (motor, turbina, etc.). Ana-
plo: tipos A, C, D). logamente à potência cedida, a potência ab-
b) Curvas tipo instável sorvida pode ser expressa como:
São aquelas em que a um determinado
valor de carga pode corresponder duas
ou mais vazões (Exemplo: tipo B)

8.2 Curvas de potência absorvida x


vazão
De modo geral, a nossa preocupação é com E as correspondentes fórmulas preparadas
a potência absorvida pela bomba, pois esta é a seriam:
potência requerida do acionador e, portanto,
usada na sua seleção. Entretanto é importante
fazer distinção entre as seguintes potências.
– Potência útil cedida ao fluido (Potc)
– Potência absorvida pela bomba (Potabs)

8.2.1 Potência útil cedida ao fluido (Potc)


Novamente, dependendo da escolha da
grandeza básica como sendo massa ou peso, a
potência cedida (Potc) pode ser escrita como:
Potc = rQH, onde H é usado em energia/
massa.
Potc = gQH, onde H é usado em energia/
peso.
São muito usadas, no cálculo da potência
cedida, as seguintes fórmulas preparadas:
Finalmente, a curva de ‘potência absorvi-
da versus vazão’, normalmente fornecida pelo
fabricante do equipamento, toma a seguinte
forma (Figura a seguir).

Curva pot. Absorvida x vazão.

8.3 Curva rendimento total (h) x vazão (Q)


O rendimento total (h) pode ser definido
56 como h = hH . hv . hm. Uma outra forma de
defini-lo é:
Potc
h = Potência útil cedida ao fluido =
Potência absorvida pela bomba Potabs
Equipamentos Dinâmicos
A curva de ‘rendimento versus vazão’, a Uma terceira maneira muito usual de apre-
ser fornecida pelo fabricante do equipamento, sentar as curvas características é ilustrada na
é ilustrada na Figura a seguir. figura a seguir. Neste caso, o rendimento e a
potência absorvida são fornecidos na forma de
curvas de isorendimento e isopotência, respec-
tivamente. Vemos pela primeira vez que na
realidade é possível gerar uma família de cur-
vas através da alteração do diâmetro externo
do impelidor. Na realidade, isto também seria
possível através de variação da rotação.

Curva de rendimento versus vazão.

8.4 Formas de apresentação das curvas


características
As ‘curvas carga x vazão’, ‘potência ab-
sorvida x vazão’ e ‘rendimento x vazão’ apre-
sentadas anteriormente, são normalmente for-
necidas em conjunto, conforme mostra a Fi- Família de curvas características (Cortesia da Gould Pumps
Inc.).
gura a seguir.

8.5 Características do sistema


A curva de ‘carga da bomba versus va-
zão’ nos diz claramente a energia por unidade
de peso que a bomba é capaz de fornecer ao
fluido em função da vazão. Entretanto, para
que possamos determinar o ponto de trabalho,
torna-se necessário determinar qual a energia
por unidade de peso que o sistema solicitará
de uma bomba em função da vazão bombea-
da. A esta sua característica dá-se o nome de
Curvas características para bombas centrífugas. altura manométrica do sistema. É representa-
da pelo mesmo símbolo (H) utilizado para car-
Uma outra forma de apresentar a curva de ga da bomba. Esta energia por unidade de peso
rendimento é mostrada na figura abaixo onde, solicitada pelo sistema é então, para cada va-
para um par de valores Q x H, determina-se o zão, função da altura estática de elevação do
valor do rendimento (h). No exemplo dado fluido, da diferença de pressões entre a suc-
para o par Q1 – H1 o rendimento seria obtido ção e a descarga e das perdas existentes no cír-
por interpolação entre h3 e h4. culo.
Assim sendo, para uma determinada va-
zão, se considerarmos a Figura a seguir, a bom-
ba deve fornecer uma carga suficiente para
compensar a altura manométrica do sistema,
ou seja:
– compensar a altura geométrica (h)

– compensar a diferença de pressões (Pd – 57


Ps)

– compensar as perdas na sucção e des-


carga
Curvas características para bombas centrífugas.
Equipamentos Dinâmicos

Sistema de bombeamento.

Portanto, voltamos a frisar que carga é uma a quantidade de energia por unidade de peso
característica da bomba enquanto que a altura já existente na sucção (ponto 1), o resultado
manométrica é uma característica do sistema, só poderá ser a altura manométrica total, ou
apenas devendo-se considerar que a carga ex- seja, a quantidade de energia por unidade de
pressa em medida linear nos diz a altura ma- peso que o sistema solicita para que possa ser
nométrica que a bomba é capaz de vencer em conseguida uma determinada vazão, ou em
determinada vazão. outras palavras, a carga que uma bomba insta-
lada neste sistema deverá fornecer.
8.5.1 Conceituação da altura manométrica do Então se dispusermos de meios para cal-
sistema cular hs e hd, teremos calculado o H.
Acabamos de ver o que se entende por al-
tura manométrica, que representamos pela le- 8.5.2 Calculo de altura manométrica de sucção (hs)
tra H devido à sua correspondência com a car- Tendo em vista que hs representa a ener-
ga da bomba. Resta-nos agora saber como gia manométrica por unidade de peso existen-
calculá-la. Para este efeito consideramos no- te no flange de sucção, duas alternativas exis-
vamente a Figura acima. tem para seu cálculo. A primeira alternativa
A altura manométrica total (H) será então consiste em aplicar o teorema de Bernoulli
calculada através da fórmula H = hd – hs, onde: entre um ponto tomado na superfície livre do
H = altura manométrica total, ou seja, a ener- reservatório de sucção e o flange de sucção da
gia por unidade de peso que o sistema solicita bomba, isto é:
da bomba para uma determinada vazão, sendo
utilizadas as unidades:  Energia por unidade   Perda na linha de 
hs = de peso no ponto de  − sucção para a vazão 
 tomada de sucção   considerada 
   
– hs = altura manométrica de sucção, ou
seja, a quantidade de energia por uni- A segunda alternativa consiste em medir
dade de peso já existente no flange de localmente a quantidade de energia por unida-
sucção (ponto 1) para uma determina- de de peso existente no flange de sucção. Na-
da vazão. turalmente, esta alternativa só pode ser utili-
– hd = altura manométrica de descarga, zada mediante um teste quando a instalação já
ou seja, a quantidade de energia por uni- está funcionado. Neste caso, teríamos:
dade de peso que deve existir no flange
de descarga (ponto 2) para que o fluido
alcance o reservatório de descarga nas
58 condições exigidas de vazão e pressão.
A fórmula H = hd – hs torna-se, então de
bastante simples entendimento, pois se da
quantidade de energia por unidade de peso que
deve existir no recalque (ponto2) subtrairmos
Equipamentos Dinâmicos
Apresentamos a seguir uma série de aplicações (Figuras a seguir) do cálculo de hs para
diferentes configurações de linhas de sucção.

Cálculo de hs para sistema com reservatório de sucção pressurizado.

Cálculo de hs para sistema com reservatório de sucção aberto para a atmosfera.

Cálculo de hs para sistema com nível de líquido no reservatório de sucção abaixo da linha de centro de sucção da bomba.

Símbolos usados nas fórmulas de hs 8.5.3 Cálculo da altura manométrica de


descarga (hd)
Zs = altura estática de sucção Como sabemos, hd representa a energia
Ps = pressão manométrica no reserva- manométrica por unidade de peso que deve
tório de sucção existir no flange de descarga para que o fluido
hfs = perda de carga na linha e acessórios atinja o ponto final de descarga atendendo as
de sucção incluindo a perda na condições do processo. Desta forma, analoga-
entrada da tubulação mente ao utilizado no cálculo do hs, duas al-
ternativas se apresentam. A primeira consiste
hs = suction head (valor positivo de hs) em aplicar o teorema de Bernouilli entre o
(–hs) = suction lift (valor negativo de hs) flange de descarga e o ponto final de descar-
Pb = pressão medida no flange de suc- 59
ga, isto é:
ção (manométrica)
 Energia por unidade   Perdas na linha de 
Vb = velocidade média computada no hd =  de peso no ponto final  −  recalque para a vazão 
flange de sucção (manométrica) de descarga  considerada 
   
Sistema de bombeamento
Equipamentos Dinâmicos
A segunda alternativa consiste em medir
localmente a quantidade de energia por unida-
de de peso no flange de descarga. Mais uma
vez, cabe ressaltar que esta alternativa, natu-
ralmente, só pode ser usada mediante um tes-
te quando a instalação já está funcionando.
Neste caso, teríamos:

Apresentarmos a seguir, uma série de apli-


cações do cálculo de hd (Figuras a seguir) para
diferentes configurações de linha de recalque. Cálculo de hd para a descarga livre.

Cálculo de hd para reservatório de recalque pressurizado. Cálculo de hd considerando o efeito de sifão.

60

Cálculo de hd para reservatório de recalque aberto para a


atmosfera. Cálculo de hd considerando o efeito de sifão.
.
Equipamentos Dinâmicos
Símbolos usados nas fórmulas de hd
Zd = altura estática de descarga
Pd = pressão manométrica no reservató-
rio de descarga
hfd = perda de carga na linha e acessórios
da descarga incluindo a perda na
saída do líquido da tubulação
Pc = pressão manométrica medida no
flange de descarga
g = peso específico
Vc = velocidade no flange de descarga
g = aceleração

Cálculo de hd com reservatório de descarga abaixo de linha


de centro da bomba.

8.5.4 Cálculo da altura manométrica total (H)


Estamos agora em condições de determinar a altura manométrica total do sistema.Para isto,
basta calcular hd e hs e obter a diferença, conforme exemplo a seguir. Considerando o sistema
ilustrado na Figura abaixo.

Então:

onde:
Ds – diâmetro da linha no flange de
sucção
Dr – diâmetro da linha no flange de
recalque
Usando a segunda alternativa de cálculo,
o valor da altura manométrica (H) é obtido Neste caso a fórmula aplicada seria:
através dos valores das pressões e velocida-
des nos pontos b e c; neste caso, é possível
determinar diretamente a diferença entre as
quantidades de energia por unidade de peso
nestes pontos. Este método encontra aplica- 61
ção quando já existe a instalação pois, neste
caso, manômetros forneceriam as pressões em
b e c enquanto que as velocidades seriam fa-
cilmente obtidas por:
Equipamentos Dinâmicos
Na equação anterior consideramos que os – De posse dos pares de valores (Q, H)
pontos b e c estão na mesma horizontal; caso resta-nos apenas locar os pontos e
houver diferença sensível de cotas, esta dife- constituir uma curva que apresenta uma
rença deve ser considerada e adicionado (Zc – Zb) forma semelhante à da Figura a seguir.
ao valor computado pela equação.

8.6 Determinação da curva do sistema


Denominamos por curva do sistema uma
curva que mostra a variação da altura mano-
métrica total a vazão ou, em outras palavras,
mostra a variação da energia por unidade de
peso que o sistema solicita em função da va-
zão. Para determinar a curva do sistema, va-
mos considerar a situação geral ilustrada na
Figura anterior. Como vimos, a altura mano-
métrica total pode ser expressa por: Curva do sistema.

8.7 Determinação do ponto de trabalho


Se locarmos a curva no sistema, no mes-
mo gráfico onde estão as curvas característi-
cas da bomba, obteremos o ponto normal de
trabalho na interseção da curva Q x H da bom-
ba com a curva do sistema, conforme mostra a
O procedimento, em detalhes, será então Figura a seguir.
o seguinte:
– Fixam-se arbitrariamente valores de va-
zão, em torno de seis, estando entre es-
tes a vazão zero e a vazão com a qual
desejamos que o sistema opere.
Objetivando a cobertura de uma ampla
faixa de vazão, as quatro vazões res-
tantes devem ser fixadas da seguinte
forma:
– duas de valor inferior à vazão preten-
dida para operação
– duas de valor superior à vazão
pretendida para operação
– Observando a equação abaixo, vemos
Ponto de trabalho (QT, HT, PT, hT).
claramente, que para a vazão zero,
Então, a bomba teria como ponto normal
de trabalho:
– Para as demais vazões, a determinação – vazão (QT)
de H é feita somando ao valor do H – carga ou head (HT)
estático a perda de carga do sistema – potência absorvida (PotT)
para cada vazão.
– rendimento da bomba no ponto de tra-
– Então poderemos determinar a corres-
balho (hT)
pondência entre os valores de Q e H.
Deve-se considerar que existem diversos
recursos para modificar o ponto de trabalho e
62
deslocar o ponto de encontro das curvas Q x H
da bomba e do sistema.
Equipamentos Dinâmicos
08. Em uma injeção de selagem (flushing) que
Exercícios opera com produto quente é necessário um
01. O Operador detectou que por algum moti- resfriador para a redução da temperatura. Qual
vo um a bomba encontra-se parada e sem a a principal falha que pode ocorrer nesse siste-
proteção do acoplamento. Qual a atitude a ser ma e qual a conseqüência dessa falha?
tomada?
09. Em uma bomba que opera com querosene
02. O Operador passou ao lado de uma bomba de aviação está havendo contaminação da cai-
e acidentalmente enroscou, derrubou e quebrou xa de mancal com água. Quais as possíveis
o copo de óleo lubrificante da caixa de mancais causas desse problema?
desta. A bomba reserva está removida para
manutenção e, consequentemente, se esta for 10. Quais os cuidados devem ser observados
parada implica em uma parada da UNIDADE ao partir uma bomba centrífuga?
DE CRAQUEAMENTO. Além disso, o fato
se deu em uma Sexta-feira às 22:00 horas. 11. Uma bomba acionada por uma turbina está
Nesse caso: com baixa pressão de descarga. O
Qual a solução que o operador deve adotar? que pode ser feito na turbina, a nível operacio-
Caso o operador abandone o local e não nal, para aumentar a pressão de descarga?
avise ninguém, o que poderá ocorrer nos pró-
ximos dias? 12. Uma bomba acionada por uma turbina está
operando em carga plena com fluido (líquido)
03. Uma bomba dosadora (alternativa) foi bastante viscoso, determinando abertura total
completamente revisada inclusive seu filtro de da válvula parcializadora. Em algum momen-
sucção foi limpo e o tanque que fornece pro- to, veio um bolsão de gás na bomba e em se-
duto ao sistema está com nível adequado. guida verificou-se que a bomba parou. Por que
Ocorre que o nível do tanque não baixa. O a bomba parou?
que está ocorrendo?
13. Quais os cuidados devem ser observados
04. Foi detectado que um mancal de uma bom- ao partir uma turbina a vapor?
ba está excessivamente quente (800C na parte
inferior). Como você verifica se o sistema de 14. Houve suspeita de vazamento de gás, no
refrigeração está resfriando esse manca!? C-2501-A, da câmara de compressão para o
cárter. Um técnico de manutenção solicitou
análise do óleo e, baseado no resultado desta,
05. Foi detectado que um soprador de forno determinou a troca do óleo imediatamente. Que
parou por que caiu a zero a vazão de ar. O ope- variável (fator) considerada para essa tomada
rador da área foi avisado pelo rádio para veri- de decisão?
ficar o soprador no local. Este verificou que o
motor está funcionando em rotação normal. 15. Uma bomba alternativa com acionador a
Novamente, confirmou via rádio com pai- vapor parou (cessou seu movimento). O que
nel que a vazão é zero. Então, observou que o pode ter ocorrido?
eixo do soprador está parado. Qual a falha me-
cânica que ocorreu?
16. Quais cuidados devem ser observados ao
partir uma bomba dosadora?
06. Foi observado que em uma bomba que ope-
ra com gaxetas está vazando produto (resíduo 17. Uma bomba de fuso helicoidal (volumétrica),
de vácuo). Como a bomba tem flushing com recentemente submetida à revisão total, está
diesel deveria vazar diesel. Considere que a operando e não atinge a pressão de descarga
bomba possui folgas adequadas e as gaxetas esperada. O que está ocorrendo no sistema?
foram recentemente ajustadas. Por que está 63
vazando produto? 18. Uma bomba centrífuga estava com vazão
normal e repentinamente perdeu vazão. Que
07. Qual a consequência da obstrução de um ação do operador pode ter ocorrido para de-
filtro de selagem? sencadear tal fato?
Equipamentos Dinâmicos
19. Qual a diferença entre um compressor cen-
trífugo e uma bomba centrífuga?

20. Qual a diferença, em termos de aplicação,


entre um compressor centrífugo e um compres-
sor alternativo?

21. Em um compressor centrífugo aberto, foi


observada a existência de quatro impelidores
com diâmetros diferentes. Por que existem
quatro impelidores e por que seus diâmetros
são diferentes?

22. Um compressor alternativo de dois está-


gios perdeu eficiência e apresenta ruído no
cabeçote do primeiro estágio. Qual é a falha
mecânica provável?

23. Em um compressor centrífugo para com-


pressão de gás de processo, nota-se a existên-
cia de dois sistemas de óleo. Um sistema é
destinado à lubrificação. Qual a finalidade do
outro?

Referências Bibliográficas
MATTOS, Edson Ezequiel; FALCO, Reinaldo
de. Bombas Industriais. 2. ed. Rio de Janei-
ro : McKlausen, 1992.
KARASSIK, I. J.; CARTER, R. Centrifugal
Pumps. McGraw Hill Book Company, 1960.
KARASSIK, I. J.; KRUTZSCH, W. C.;
FRAZER, W. H.; MESSIAN, J. P. Pump
Handbook. McGraw Hill Book Company,
1976.

Anotações

64
Equipamentos Dinâmicos

65
Equipamentos Dinâmicos

66
Equipamentos Dinâmicos

No UnicenP, a preocupação com a construção e reconstrução do


conhecimento está em todas as ações que são desenvolvidas pelos pró-
reitores, diretores de Núcleos, coordenadores de Cursos e professores.
Uma equipe coesa e unida, em busca de um só objetivo: a formação do
cidadão e do profissional, que é capaz de atuar e modificar a sociedade
por meio de suas atitudes. Preparar este cidadão e este profissional é uma
responsabilidade que esta equipe assume em suas atividades no Centro
Universitário Positivo, que envolvem, principalmente, as atividades em
sala de aula e laboratórios, bem como a utilização contínua dos recursos
disponibilizados pela Instituição em seu câmpus universitário. Esta equipe
trabalha em três núcleos básicos da área de graduação – Núcleo de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Núcleo de Ciências Biológicas e da
Saúde, Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas – além das áreas de pós-
graduação e de extensão.
O UnicenP oferece em seus blocos pedagógicos 111 laboratórios, clínicas
de fisioterapia, nutrição, odontologia e psicologia, farmácia-escola,
biotério, central de estagio, centro esportivo e salas de aula, nos quais é
encontrada uma infra-estrutura tecnológica moderna que propicia a
integração com as mais avançadas técnicas utilizadas em cada área do
conhecimento.
67
Equipamentos Dinâmicos

Principios Éticos da Petrobras


A honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, o
decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios
éticos são os valores maiores que orientam a relação da
Petrobras com seus empregados, clientes, concorrentes,
parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demais
segmentos da sociedade.

A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentes


de competitividade e lucratividade, sem descuidar da
busca do bem comum, que é traduzido pela valorização
de seus empregados enquanto seres humanos, pelo
respeito ao meio ambiente, pela observância às normas
de segurança e por sua contribuição ao desenvolvimento
nacional.

As informações veiculadas interna ou externamente pela


Companhia devem ser verdadeiras, visando a uma
relação de respeito e transparência com seus
empregados e a sociedade.

A Petrobras considera que a vida particular dos


empregados é um assunto pessoal, desde que as
atividades deles não prejudiquem a imagem ou os
interesses da Companhia.

Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado do


julgamento, considerando a justiça, legalidade,
competência e honestidade.

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