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BR MD Dinamicos Parte 2
BR MD Dinamicos Parte 2
Turbinas a
Vapor 3
As turbinas a vapor são máquinas cuja fun- crítica. A energia térmica é conduzida do pon-
ção é transformar energia térmica em energia to de geração ao local de uso através de linhas
mecânica. Conforme citado anteriormente, (tubulações) isoladas termicamente para mi-
uma turbina a vapor é um equipamento acio- nimizar perdas e acidentes. Inevitavelmente,
nador, ou seja, sempre acionará outros equi- ocorrem condensações localizadas nas linhas
pamentos como bombas, compressores, gera- e este condensado é retirado por purgadores
dores e outros. ou drenos. Importante: a injeção de condensa-
do em turbinas faz que elas sejam danificadas.
O vapor é classificado em três classes de
energia que são alta, média e baixa. A classe
de alta energia tem temperatura entre 450 e
500ºC e pressão entre 85 a 110 kgf/cm2, em-
pregada em turbinas de grande potência. A
classe de média energia tem temperatura entre
260 e 290ºC e pressão entre 16 a 18 kgf/cm2,
destinada a turbinas de pequena potência. A
classe de baixa energia tem temperatura entre
120 e 150ºC e pressão entre 3 a 5 kgf/cm2, não
usada para turbinas.
A entrada de vapor em uma turbina é cha-
mada de admissão, e a saída de exaustão. Em
turbinas de grande potência, a admissão será
sempre de vapor de alta energia e a exaustão
poderá ser de média energia ou condensação
total. Em turbinas de pequena potência, a ad-
missão será sempre de vapor de média ou alta
energia e a exaustão será de baixa energia.
Turbina a vapor acionando uma bomba centrífuga.
Fonte: AUTOR
3.1 Princípio de funcionamento
A energia térmica tem a água como meio Quando o vapor, devido à expansão, em-
de propagação. A água é submetida a um ge- purra diretamente o pistão de uma máquina
rador de vapor (caldeira ou resfriador de pro- alternativa, a energia térmica do vapor é con-
cesso), através de bomba centrífuga multies- vertida em energia mecânica diretamente.
tágios, onde recebe energia ganhando tempe- Numa turbina, esta mesma transformação é
ratura e pressão, passando do estado líquido conseguida, passando, entretanto, por um es-
para vapor. Sabe-se que a água muda de esta- tágio intermediário. O vapor, ao escapar por 23
do físico tanto quando tem sua temperatura um bocal, forma um jato de alta velocidade, e
aumentada, se a pressão for modificada – para a força do jato produz energia mecânica. Con-
o entendimento disso revise os conteúdos de forme a ação do jato de vapor, as turbinas po-
física sobre diagrama de estado e temperatura dem ser de impulsão ou de reação.
Equipamentos Dinâmicos
Se o bocal é fixo, o jato pode empurrar
um anteparo móvel. Caso o anteparo seja fi-
xado na periferia de um rotor tem-se, basica-
mente uma turbina de impulsão.
Turbina a vapor
multiestágios.
d) Turbinas de vários estágios Fonte: Catálogo
AKZ.
Na sucessão de estágios de uma turbi-
na, o tamanho das palhetas cresce com 3.1.2 Composição
a queda de pressão a fim de que o es- Uma turbina a vapor, de pequena potên-
paço seja suficientemente grande para cia, é composta pelas seguintes partes, con-
o progressivo aumento do volume de forme figura a seguir:
vapor. – mancais,
A expansão pode ser feita até a con- – conjunto rotativo,
densação do vapor, (turbina de conden- – selagem,
sação), ou até um determinado valor em – carcaça,
que o vapor sai superaquecido (turbina – sistema de controle de velocidade,
de contra-pressão). Podemos também – sistema de desarme,
efetuar retirada de vapor em estágio in- – sistema de lubrificação,
termediário (turbina de extração). – sistema de refrigeração.
Rotativo
Selagem
Mancais
Desarme
Sistema de controle
de velocidade
Composição de
uma turbina a vapor
Sistema de lubrificação de pequena
Sistema de potência.
refrigeração Fonte: Catálogo
Worthington.
Braço do
Entrada regulador
de vapor
Válvula de Válvula
desarme parcializadora
3.1.5 Regulador
A turbina a vapor é máquina projetada para
trabalhar à “velocidade constante”, entretan-
to, a velocidade varia com as variações de car-
ga. Quando a carga diminui, a velocidade para
uma mesma vazão de vapor aumenta e a ten- Regulador “Wooward”
dência é disparar a turbina. No caso contrário,
Braço do regulador
a tendência é a redução progressiva da veloci-
dade até a paralização total da turbina. O “re-
gulador” é um sistema cuja função é manter
Carcaça
constante a velocidade de rotação, durante
qualquer variação da carga ou do vapor. O re-
gulador, que pode ser mais ou menos elabora-
do, atua na válvula de admissão de vapor a
fim de corrigir qualquer tendência de variação
da velocidade da turbina.
Numa de suas formas mais simples, os re-
guladores de velocidade constam de pesos
montados sobre um sistema articulado que gira
com velocidade proporcional à velocidade do 27
eixo da turbina. Devido à rotação, a força cen- Válvula
trífuga age sobre os pesos, tendendo a deslocá- parcializadora
los para a periferia do sistema. Nesse desloca-
mento, uma mola é comprimida. Ligado à base Regulador Hidráulico. Fonte: Catálogo Worthington.
Equipamentos Dinâmicos
O sistema de desarme é dotado de uma mola Um descontrole de velocidade ocorrerá
e um gatilho. A mola é comprimida e o gatilho basicamente pelos seguintes motivos:
armado. Caso a velocidade seja ultrapassada – emperramento do sistema;
de um determinado limite, o gatilho é desar- – desajuste na regulagem;
mado, fazendo a mola fechar a válvula e inter- – excesso de folgas nas articulações.
romper a entrada de vapor na turbina. Um desarme indevido poderá ocorrer por:
– redução acentuada na carga da máqui-
na acionada;
– desgaste no engate.
Em uma turbina a vapor, pode-se ter vi-
bração excessiva graças aos seguintes moti-
vos principais:
– condição operacional inadequada:
– presença de condensado.
– falha mecânica:
– desbalanceamento;
– desalinhamento;
– folgas inadequadas;
– outros.
Pode ocorrer ruído excessivo em uma turbi-
na a vapor, pelos seguintes principais motivos:
– danificação dos mancais;
– roçamento.
Vazamentos podem também ser detecta-
dos em uma turbina a vapor, principalmente,
devido aos seguintes motivos:
– vazamento de óleo:
Entrada de vapor Massa de
– dreno mal fechado;
desarme – nível acima do normal;
– labirinto danificado;
– respiro obstruído.
– vazamento de vapor:
– selagem danificada;
– desgaste em labirintos;
– passagem em válvula de segurança;
Carcaça do sistema
de desame
– falha em juntas.
Dentre os fatores que podem promover
Sistema de desarme de uma turbina a vapor. aquecimento excessivo nos mancais, estão:
Fonte: Catálogo Worthington. – falta de lubrificação;
– excesso de lubrificação;
3.1.6 Principais problemas em turbinas a vapor – falha no sistema de refrigeração.
Uma turbina a vapor poderá apresentar A perda de eficiência em uma turbina ocor-
problemas em seu funcionamento. Estes po- rerá, basicamente, pelos seguintes motivos:
derão ocorrer em função da condição opera- – vapor fora de especificação;
cional imposta à turbina ou em função de fa- – vazamento excessivo de vapor;
lha mecânica. Uma condição operacional ina- – sujeira nas rodas da turbina.
dequada poderá resultar em falhas mecâni-
cas. Os principais problemas que constituem 3.1.7 Operação de turbinas a vapor
falhas mecânicas e poderão tornar uma turbi- A operação de uma turbina a vapor com-
28 na indisponível a um processo são: descon- põe-se das fases de partida, acompanhamento
trole de velocidade, desarme indevido, vibra- e parada.
ção excessiva, ruído excessivo, vazamentos, A partida pode ser manual ou automática.
aquecimento excessivo dos mancais e perda Para partida manual, é necessário observar os
de eficiência. seguintes passos:
Equipamentos Dinâmicos
– garantir lubrificação adequada;
– garantir circulação da água de refrige-
ração;
– drenar condensado em todos os pontos
durante aquecimento;
– armar desarme;
– abrir válvula de exaustão;
– aquecer;
– colocar em giro lento usando desvio
(“by pass”) da válvula de admissão;
– partir, abrindo a válvula de admissão e
fechando o desvio.
Para colocar uma turbina a vapor em con-
dições de partida automática, é preciso obser-
var os mesmos passos da partida manual.
Para o acompanhamento, seguir os pas-
sos constantes na operação de bombas centrí-
fugas.
Os passos que devem ser executados para
a parada de uma turbina a vapor são os seguintes:
– desarmar;
– fechar a válvula de admissão;
– drenar condensado em todos os pontos;
– fechar válvula de exaustão.
Anotações
29
Equipamentos Dinâmicos
Compressores 4
Os compressores, assim como as bombas, que uma bomba mergulhada dentro do líqui-
são equipamentos utilizados na manipulação do e cuja finalidade é a homogeneização do
dos fluidos. Quando o fluido é um líquido, a líquido pela circulação.
máquina empregada é uma bomba, enquanto Uma bomba de vácuo também é um com-
que, no caso da manipulação de um gás, a pressor, pois manipula gases que saem pela sua
máquina empregada é um compressor. descarga com uma pressão superior à da suc-
Bombas e compressores são construídos ção. O termo bomba de vácuo é reservado aos
com base nos mesmos princípios de funciona- compressores que succionam de uma pressão
mento, e as diferenças entre eles são decor- inferior à atmosférica e descarregam a uma
rentes das distinções existentes nas proprie- pressão atmosférica. Uma bomba de bicicleta
dades dos líquidos e gases. Estas diferenças também é um compressor, uma vez que o flui-
são de dimensões, sistemas de vedação e ve- do manipulado é um gás, o ar.
locidades de operação, que decorrem da me-
nor densidade, da compressibilidade, da ex- 4.1 Tipos de compressores
pansibilidade e difusão dos gases. Desta for- Como as bombas, os compressores são
ma, seria impróprio ou impraticável o empre- classificados, de acordo com o princípio de
go de uma bomba para bombear um gás e a funcionamento, nos tipos seguintes:
utilização de um compressor para o bombea- – Dinâmicos:
mento de um líquido. – Centrífugos;
No estudo das bombas, foi verificada a – De Fluxo Axial.
impossibilidade de uma bomba centrífuga – De deslocamento positivo:
bombear um gás. As inconveniências nos de- – Rotativos;
mais casos serão constatadas posteriormente.
– Alternativos.
O compressor, como a bomba, aumenta a
Os compressores centrífugos são os mais
pressão do fluido que está sendo bombeado.
importantes, e, como as bombas centrífugas,
Um ventilador é um compressor, pois, o ar que
utilizam o princípio da força centrífuga (Figu-
está descarregando tem uma pressão um pou-
ra abaixo).
co superior ao ar que está sendo succionado.
O mesmo acontece com o exaustor.
Em muitos casos, o compressor não pos-
sui tubulação de sucção, como em um exaus-
tor, uma vez que o próprio recinto de onde
succiona serve de reservatório de sucção para
o exaustor. É um arranjo semelhante a uma
bomba centrífuga vertical, instalada dentro de
uma piscina. Em outros casos, não existe ne-
cessidade de tubulações de sucção e descarga
ou mesmo de carcaça do compressor. Assim,
um ventilador, em geral, só possui um rotor,
30 uma vez que este já está totalmente mergulha-
do no fluido e não há necessidade de tubula-
ções e corpo, para a condução do escoamento.
O ventilador funciona de forma análoga a um
misturador de um tanque, que nada mais é do Compressor centrífugo.
Equipamentos Dinâmicos
Os compressores de fluxo axial, são semelhantes aos compressores centrífugos, com a dife-
rença de que as pás são retorcidas de forma que o gás, ao sair do rotor, toma um escoamento
paralelo ao eixo (escoamento axial). Existe um tipo de bomba que corresponde a este tipo de
compressor. É a bomba de fluxo axial.
Compressor rotativo.
31
Compressor alternativo.
Equipamentos Dinâmicos
constituída de anéis de labirinto, depende de
dois fatores principais:
– Da folga entre a aresta do anel e o eixo;
– Do quanto é aguçada a aresta do anel.
Anel de labirinto.
Anotações
35
Equipamentos Dinâmicos
Lubrificação
Os equipamentos estáticos não possuem
5
tes, com movimento relativo, chamados de
movimento contínuo em seus componentes, mancais; e a segunda, o desenvolvimento de
porém, podem ter algum tipo de movimento películas separadoras das partes com movi-
esporádico. Os equipamentos dinâmicos pos- mento relativo, chamadas de lubrificantes.
suem movimentos contínuo, rotativo e/ou al- Recordando a Física: A força de atrito é
ternativo em seus componentes. Em um equi- dada pela multiplicação entre a força normal e
pamento, o movimento será em alguns dos o coeficiente de atrito. O coeficiente de atrito
componentes, enquanto os demais permane- poderá ser dinâmico ou estático, sendo este
cerão estáticos e, com isso, tem-se movimen- maior, conforme mostra o gráfico abaixo. O
to relativo entre as partes. atrito e seu respectivo coeficiente de atrito po-
derá ser de deslizamento, rodagem, rolagem
5.1 Atrito ou de furação (ver Figura 5.1).
Devido ao movimento relativo, tem-se
atrito entre as partes. O atrito quase sempre é
indesejável, pois provoca a perda de energia,
desgaste e geração de calor.
A redução do atrito passou a ser uma es-
tratégia interessante para economia de ener-
gia e aumento da vida útil dos equipamentos.
Ao longo dos anos, foram desenvolvidas duas
ações para redução do atrito, sendo a primei- Coeficientes de atrito estático e dinâmico.
ra, a construção de elementos de máquinas com Fonte: ZECHEL, Rudolf e outros. Molykote. München-GmbH:
minimização da área de contato entre as par- Molykote, 1995.
36
Pino graxeiro.
Fonte: O AUTOR
Rolamento
Copo do
mancal LA
Copo do
regulador
(gotejador)
Copo do
mancal LOA
Anotações
Etiqueta
39
Ejetores 6
6.1 Restrição no escoamento 6.2 Ejetor
A queda de pressão de um fluído em es- O funcionamento de um ejetor, é baseado
coamento através de uma tubulação, como já na transferência de energia, provocada pelo
foi estudado, aumenta ao longo da tubulação. choque de um jato de fluido à alta velocidade
A variação da pressão sofre alteração quando (fluido acionador), contra outro fluido (fluido
é introduzida uma restrição na tubulação. arrastado), parado ou à baixa velocidade. Isto
Na figura a seguir a restrição é resultante resulta em uma mistura de fluidos a uma velo-
da colocação de um disco com um orifício cen- cidade intermediária e reduzida, de forma a
tral. O valor da pressão começa a cair nas pro- originar numa pressão final superior à pressão
ximidades da restrição, caindo abruptamente inicial do fluido mais lento.
logo depois dela. Continua a cair, alcança um O jato de fluido a alta velocidade é produ-
mínimo e depois sobe lentamente, até atingir zido pela passagem de um fluido de pressão
certo valor. Este valor é um pouco inferior ao elevada através de um bocal.
obtido no mesmo ponto quando não havia res- As partes essenciais de um ejetor são as
trição. Assim, o valor da pressão, em conse- seguintes:
qüência da introdução da restrição, no caso um – Bocal; e – Difusor.
orifício, sofre uma queda brusca, atingindo O bocal serve para transformar a elevada
posteriormente um mínimo e depois uma re- pressão do fluido acionador, em alta velocidade.
cuperação lenta sem, contudo, alcançar o va- O difusor é uma câmara de mistura e ser-
lor mínimo primitivo. ve para transformar a velocidade residual em
pressão.
Nas proximidades do bocal, é criada uma
região de alta velocidade – baixa pressão que
provoca a sucção do fluido arrastado, de for-
ma a se misturar com o fluido acionador.
Restrição no escoamento.
40
Anotações
41
Equipamentos Dinâmicos
Leitura
Complementar 1
Cavitação
7
Extraído do livro: FALCO, Reinaldo de. Bombas indus- de didática, vamos iniciar nosso estudo apre-
triais. Rio de Janeiro: McKlausen Editora Ltda., 1992,
p. 115 –117. sentando a conceituação tradicional.
Cavitação é, seguramente, um dos tópicos
mais importantes no estudo de bombas. Esta 7.2 Conceituação clássica de cavitação
importância se reflete não só na necessidade É o fato aceito tradicionalmente que, se a
de um adequado entendimento do fenômeno pressão absoluta em qualquer ponto de um sis-
para execução de projeto ou seleção do equi- tema de bombeamento atingir valor igual ou
pamento, bem como para solução de diversos inferior à pressão de vapor líquido, na tem-
problemas operacionais dele decorrentes. peratura de bombeamento, parte deste líqui-
Objetivando oferecer ao leitor uma se- do se vaporizará. Vamos supor que as bolhas
qüência didática, abordaremos inicialmente a formadas continuem em trânsito com o líqui-
discrição do fenômeno de cavitação para, em do bombeado. Nestas condições, quando esta
seguida, já de posse dos conceitos fundamen- mistura atingir alguma região onde a pressão
tais, particularmente para o estudo de cavita- absoluta for novamente superior à pressão de
ção em bombas. vapor do líquido na temperatura de bombea-
mento, haverá o colapso das bolhas com re-
7.1 Descrição do fenômeno de cavitação torno à fase líquida. Entretanto, como o volu-
O entendimento da cavitação foi moder- me específico do líquido é inferior ao volume
namente bastante ampliado pelo conhecimen- específico do vapor, o colapso das bolhas
to da influência da tensão superficial do líqui- implicará a existência de um vazio, proporcio-
do e da presença de impurezas no desenvolvi- nando o aparecimento de onda de choque, con-
mento do fenômeno. Entretanto, por facilida- forme ilustrado na figura a seguir.
42
Desta forma, supondo que uma determinada bomba centrífuga instalada em um sistema
cavita quando opera em uma vazão (Q), as suas curvas características fogem do comportamento
normal.
Então, o ponto real de operação será o ponto (2) e não o ponto (1), apresentando, em conse-
qüência, queda na vazão, carga e eficiência esperada. O equacionamento da cavitação e a efetiva
determinação da vazão a partir da qual haverá cavitação em uma bomba instalada em um siste-
ma será objeto de estudo posterior. Não obstante, da análise efetuada até este momento, é possí-
vel notar que o início da cavitação depende das condições de sucção do sistema pois, quanto
menor for a altura manométrica de sucção hs, mais viável será o aparecimento de pressão P igual
ou menor que a pressão de vapor Pv na temperatura de bombeamento no olho do impelidor.
Se considerarmos ainda que a velocidade de entrada do líquido na bomba e a perda de carga
entre o flange e sucção e o olho da bomba aumentam com a vazão, poderemos concluir que o
início da cavitação e conseqüente queda nas curvas características ocorrerão em vazões menores
44
à medida que hs diminui, isto é, à medida que as condições de sucção se tornem mais críticas.
Equipamentos Dinâmicos
Um outro fato que merece consideração é que as alteração possíveis efetuadas no diâmetro
externo do impelidor, permanecendo inalteradas as condições de sucção, não afetam o compor-
tamento das curvas características quanto à cavitação.
Curvas características para diferentes diâmetros externos de impelidor e mesmas condições de sucção.
Em bombas de fluxo misto, tendo em vista o canal de escoamento ser mais amplo, existe
uma queda gradual das curvas características antes da verticalização das curvas ter efeito, con- 45
forme mostra a figura a seguir.
Equipamentos Dinâmicos
Finalmente, no caso das bombas axiais, não se caracteriza um canal de escoamento fechado.
Nestas a influência é gradual, não existindo um ponto definido de queda nas curvas característi-
cas conforme mostra a seguir.
As condições para tal crescimento podem ser estabelecidas a partir do equilíbrio estático das
forcas internas e externas atuantes no núcleo esférico. Internamente temos as forcas produzidas
pelas pressões parciais do vapor e do gás dentro do núcleo, enquanto que externamente, tenden-
do a conter o crescimento do núcleo, temos a pressão ambiente do líquido e a pressão devido à
tensão superficial na interface núcleo/líquido. Adotemos a seguinte simbologia:
A equação está plotada na figura a seguir para duas condições diferentes de gás contido na
bolha.
Pode-se observar que, para pressões ambientes maiores que a pressão crítica, a bolha se
comporta de uma forma estável com seu crescimento contido, enquanto que para pressões
ambientais iguais ou inferiores à crítica, teremos o crescimento instável da bolha. Na curva
superior a presença de gás é maior, o que mostra que a pressão crítica para início da cavitação
aumenta com a quantidade de gás presente.
48
Condições de equilíbrio estático para duas bolhas de diferentes condições de gás contido.
Equipamentos Dinâmicos
Lamentavelmente a equação e similares Então, a energia em termos absolutos no
não permitem o cálculo preciso da pressão crí- flange de sucção seria:
tica pois, além de estar baseada em hipóteses
simplificadoras, normalmente não conhece-
mos o valor da constante (K) e do raio da bo- Onde: Pa = pressão atmosférica local
lha (R). Entretanto, ela permite qualitativamen-
te entender a influência da presença de gases e Se desta energia subtrairmos a parcela
verificar que apesar da pressão crítica não ser correspondente à perda de carga (hfi) entre o
exatamente igual à pressão de vapor, este va- flange de sucção e o olho do impelidor, obte-
lor pode ser utilizado para fins práticos. Esta remos a energia em termos absolutos neste
hipótese é particularmente aceitável se con- último.
siderarmos que normalmente será utilizado
coeficiente de segurança adicional.
Finalmente, como nosso objetivo é deter-
7.7 Análise da cavitação em bombas minar a pressão mínima no olho do impelidor
Existem dois aspectos a serem estudados precisaremos subtrair deste valor a parte cor-
no que concerne à cavitação em bombas. O respondente à energia cinética absoluta no
primeiro, que constitui o objetivo principal, é mesmo, (V12/ 2 g), e uma parcela da energia
determinar as condições que devemos satisfa- cinética relativa, (l Vr12 / 2 g), que correspon-
zer para evitar o fenômeno – o que é normal- de a uma queda de pressão local (perda de car-
mente conseguido. O segundo aspecto á apre- ga) devido à aceleração sofrida pelo fluido ao
sentar procedimentos que atenuam os efeitos entrar propriamente no olho do impelidor. Con-
da cavitação, caso seja impossível ou imprati- siderando que a cavitação inicia quando esta
cável evitar a sua existência. pressão mínima é igual à pressão de vapor, a
Para isto procederemos ao equacionamen- equação do início da cavitação toma a seguin-
to do fenômeno. Nesta análise consideraremos te forma:
que a cavitação normalmente tem origem na
entrada (olho) do impelidor, devido à insufi-
ciência do sistema em manter, naquela região,
uma pressão acima da crítica. Como explica-
do no item anterior, adotaremos para fins prá-
ticos o valor da pressão de vapor do líquido na
temperatura de bombeamento como pressão
crítica.
Anotações
54
Equipamentos Dinâmicos
Leitura
Complementar 2 8
Extraído do livro: FALCO, Reinaldo de. Bombas indus- 8.1.3 Curva ascendente/descendente (Drooping)
triais. Rio de Janeiro: McKlausen Editora Ltda., 1992,
p. 115–117.
Nesta curva a carga na vazão zero é me-
nor que a desenvolvida para outras vazões (Fi-
gura abaixo).
8.1 Variáveis características em bombas
centrífugas
8.1.1 Curva carga (H) x vazão (Q)
Carga de uma bomba, pode ser definida
como energia por unidade de massa ou ener-
gia por unidade de peso que a bomba tem con-
dições de fornecer ao fluido para uma deter-
minada vazão. Embora a definição usando
massa como grandeza fundamental seja mais Curva ascendente/descendente (Drooping).
kgf x m lbf x ft
=m ou = ft
kgf lbf
55
Sistema de bombeamento.
Portanto, voltamos a frisar que carga é uma a quantidade de energia por unidade de peso
característica da bomba enquanto que a altura já existente na sucção (ponto 1), o resultado
manométrica é uma característica do sistema, só poderá ser a altura manométrica total, ou
apenas devendo-se considerar que a carga ex- seja, a quantidade de energia por unidade de
pressa em medida linear nos diz a altura ma- peso que o sistema solicita para que possa ser
nométrica que a bomba é capaz de vencer em conseguida uma determinada vazão, ou em
determinada vazão. outras palavras, a carga que uma bomba insta-
lada neste sistema deverá fornecer.
8.5.1 Conceituação da altura manométrica do Então se dispusermos de meios para cal-
sistema cular hs e hd, teremos calculado o H.
Acabamos de ver o que se entende por al-
tura manométrica, que representamos pela le- 8.5.2 Calculo de altura manométrica de sucção (hs)
tra H devido à sua correspondência com a car- Tendo em vista que hs representa a ener-
ga da bomba. Resta-nos agora saber como gia manométrica por unidade de peso existen-
calculá-la. Para este efeito consideramos no- te no flange de sucção, duas alternativas exis-
vamente a Figura acima. tem para seu cálculo. A primeira alternativa
A altura manométrica total (H) será então consiste em aplicar o teorema de Bernoulli
calculada através da fórmula H = hd – hs, onde: entre um ponto tomado na superfície livre do
H = altura manométrica total, ou seja, a ener- reservatório de sucção e o flange de sucção da
gia por unidade de peso que o sistema solicita bomba, isto é:
da bomba para uma determinada vazão, sendo
utilizadas as unidades: Energia por unidade Perda na linha de
hs = de peso no ponto de − sucção para a vazão
tomada de sucção considerada
– hs = altura manométrica de sucção, ou
seja, a quantidade de energia por uni- A segunda alternativa consiste em medir
dade de peso já existente no flange de localmente a quantidade de energia por unida-
sucção (ponto 1) para uma determina- de de peso existente no flange de sucção. Na-
da vazão. turalmente, esta alternativa só pode ser utili-
– hd = altura manométrica de descarga, zada mediante um teste quando a instalação já
ou seja, a quantidade de energia por uni- está funcionado. Neste caso, teríamos:
dade de peso que deve existir no flange
de descarga (ponto 2) para que o fluido
alcance o reservatório de descarga nas
58 condições exigidas de vazão e pressão.
A fórmula H = hd – hs torna-se, então de
bastante simples entendimento, pois se da
quantidade de energia por unidade de peso que
deve existir no recalque (ponto2) subtrairmos
Equipamentos Dinâmicos
Apresentamos a seguir uma série de aplicações (Figuras a seguir) do cálculo de hs para
diferentes configurações de linhas de sucção.
Cálculo de hs para sistema com nível de líquido no reservatório de sucção abaixo da linha de centro de sucção da bomba.
60
Então:
onde:
Ds – diâmetro da linha no flange de
sucção
Dr – diâmetro da linha no flange de
recalque
Usando a segunda alternativa de cálculo,
o valor da altura manométrica (H) é obtido Neste caso a fórmula aplicada seria:
através dos valores das pressões e velocida-
des nos pontos b e c; neste caso, é possível
determinar diretamente a diferença entre as
quantidades de energia por unidade de peso
nestes pontos. Este método encontra aplica- 61
ção quando já existe a instalação pois, neste
caso, manômetros forneceriam as pressões em
b e c enquanto que as velocidades seriam fa-
cilmente obtidas por:
Equipamentos Dinâmicos
Na equação anterior consideramos que os – De posse dos pares de valores (Q, H)
pontos b e c estão na mesma horizontal; caso resta-nos apenas locar os pontos e
houver diferença sensível de cotas, esta dife- constituir uma curva que apresenta uma
rença deve ser considerada e adicionado (Zc – Zb) forma semelhante à da Figura a seguir.
ao valor computado pela equação.
Referências Bibliográficas
MATTOS, Edson Ezequiel; FALCO, Reinaldo
de. Bombas Industriais. 2. ed. Rio de Janei-
ro : McKlausen, 1992.
KARASSIK, I. J.; CARTER, R. Centrifugal
Pumps. McGraw Hill Book Company, 1960.
KARASSIK, I. J.; KRUTZSCH, W. C.;
FRAZER, W. H.; MESSIAN, J. P. Pump
Handbook. McGraw Hill Book Company,
1976.
Anotações
64
Equipamentos Dinâmicos
65
Equipamentos Dinâmicos
66
Equipamentos Dinâmicos
68