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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO -

UniFacema
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

PEDRO HENRIQUE PEREIRA COELHO

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE DAS PRINCIPAIS PRAÇAS


NO MUNICÍPIO DE BURITI BRAVO- MA

CAXIAS, MA
2023
PEDRO HENRIQUE PEREIRA COELHO

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE DAS PRINCIPAIS PRAÇAS


NO MUNICÍPIO DE BURITI BRAVO- MA

Artigo científico apresentado a disciplina de Trabalho


de Conclusão de Curso II (TCC II) do curso de
Bacharelado em Engenharia Civil do Centro
Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão
– UniFacema, como requisito para aprovação na
disciplina de TCC II.

Orientador(a): Prof. M.Sc Valney Moura da Silva

CAXIAS, MA
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 6

2. DESENVOLVIMENTO.....................................................................................................7

2.1. MOBILIDADE URBANA...................................................................................................9

2.2. RAMPAS........................................................................................................................ 10

3. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................10

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................11

4.1 PRAÇA JOSÉ COSTA SOBRINHO...............................................................................12

4.1.1 Circulação............................................................................................................. 13

4.1.2 Mobiliário Urbano.................................................................................................14

4.1.3 Estacionamento....................................................................................................15

4.2 PRAÇA CORONEL RAIMUNDO MOREIRA LIMA.........................................................15

4.2.1 Circulação............................................................................................................. 16

4.2.2 Mobiliário Urbano.................................................................................................17

5. CONCLUSÕES................................................................................................................. 18

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 20
ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE DAS PRINCIPAIS PRAÇAS
NO MUNICÍPIO DE BURITI BRAVO- MA

ANALYSIS OF ACCESSIBILITY CONDITIONS OF THE MAIN SQUARES IN THE


MUNICIPALITY OF BURITI BRAVO-MA

Pedro Henrique PEREIRA COELHO1,


Valney Moura da SILVA2

1
Graduando curso de Engenharia Civil – Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão,
Caxias/MA, Brasil; pereira.p.h@hotmail.com
2
Professor Mestre em Engenharia Civil – Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão,
Caxias/MA, Brasil; valneymoura@yahoo.com.br

RESUMO
As condições ofertadas para o deslocamento de pedestres em cidades brasileiras, e em
cidades dos países em desenvolvimento, dificultam a acessibilidade e a mobilidade daqueles
que dependem deste meio para realizarem suas atividades, trazendo prejuízos que influenciam
no processo de exclusão social e em indicadores como o desemprego, o analfabetismo e a
desnutrição. Este trabalho tem como objetivo propor medidas favorecedoras à mobilidade e
acessibilidade de pedestres em áreas urbanas, levando em consideração a interação entre os
elementos do sistema de transportes: o homem, a via, o espaço urbano e o veículo, nos
campos do planejamento e das políticas públicas, dos projetos infra estruturais e operacionais
e da legislação (controle e operação). A base de dados será constituída de informações
qualitativas e quantitativas que, quando tabuladas, mostrarão as facilidades / dificuldades de
circulação e outras externalidades enfrentadas pelos pedestres. Inicialmente foi feita uma
revisão bibliográfica no sentido de estabelecer a conceituação e os parâmetros mais
adequados para a acessibilidade urbana. Desta forma, foi possível identificar as principais
dificuldades referentes à situação dos pedestres e definir um conjunto de ações que podem
contribuir na redução do número de atropelamentos e no aumento dos deslocamentos a pé em
áreas urbanas.

Palavras-chave: Pedestres. Buriti Bravo. Praças


ABSTRACT
The conditions offered for the displacement of pedestrians in Brazilian cities, and in cities in
developing countries, make accessibility and mobility difficult for those who depend on this
means to carry out their activities, bringing losses that influence the process of social
exclusion and indicators such as unemployment, illiteracy and malnutrition. This work aims
to propose measures that favor pedestrian mobility and accessibility in urban areas, taking
into account the interaction between the elements of the transport system: man, road, urban
space and vehicle, in the fields of planning and public policies, infrastructure and operational
projects and legislation (control and operation). The database will consist of qualitative and
quantitative information that, when tabulated, will show the facilities / difficulties of
circulation and other externalities faced by pedestrians. Initially, a bibliographic review was
carried out in order to establish the most adequate concept and parameters for urban
accessibility. In this way, it is possible to identify the main difficulties related to the situation
of pedestrians and define a set of actions that can contribute to reducing the number of
pedestrians being run over and increasing walking trips in urban areas.

Keywords: Pedestrians. Buriti Bravo. Squares


6

1. INTRODUÇÃO

Locomover-se a pé é o modo que proporciona condições de acesso básico a serviços


essenciais, tais como saúde, emprego e educação, e as atividades sociais para pessoas que, na
maioria dos casos, não podem optar por outros meios de transporte. Paralelamente, há o grupo
dos que preferem caminhar pelos benefícios que esta atividade traz à saúde, ou mesmo por
ideologia (não concordar com o uso indiscriminado de automóveis, por exemplo),
(GUERREIRO, 2012).
Neste contexto, por se tratar de um local de livre circulação, as praças devem ser
acessíveis para receber todos os públicos, independentemente de suas deficiências ou
limitações físicas (DORNELES, 2006). “Quando o espaço não é vivenciado, representa uma
barreira ao relacionamento [...] que pode ser pior que os obstáculos físicos” (GUERREIRO,
2012). Deste modo, a acessibilidade diz respeito a todos os indivíduos serem capazes de se
integrar com o ambiente da praça, sem quaisquer impedimentos e barreiras arquitetônicas,
realizando de forma plena e segura suas atividades (PAGLIUCA; ARAGÃO; ALMEIDA,
2007).
Com a realização deste trabalho, esperou-se obter subsídios para que órgãos gestores
possam avaliar as atuais condições de caminhadas encontradas nas áreas urbanas de Buriti
Bravo - MA e utilizar coerentemente a variedade de opções disponíveis para a solução de
problemas que interferem na locomoção de pedestres, proporcionando uma utilização mais
justa do espaço público, contribuindo para a diminuição do número de acidentes e
melhorando as condições de mobilidade e acessibilidade.
Justificou-se o presente trabalho devido a relevância da importância da
sustentabilidade dentro das cidades, pelo fato de que possa existir um melhor planejamento
urbano com padrões acessíveis de modo que possua uma raiz sustentável, ou seja, que
melhore a qualidade de vida dos cidadãos.

2. DESENVOLVIMENTO

No Brasil, dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), conforme o Censo Demográfico 2010, mais de 45,6 milhões de pessoas possuíam,
pelo menos, uma das deficiências investigadas: auditiva, motora, visual, mental/intelectual. A
Região
7

Nordeste apresentou a maior taxa de prevalência de pessoas com pelo menos uma das
deficiências – 26,62%. Tal dado estatístico mostra a importância da acessibilidade e
mobilidade em espaços públicos para que haja a inclusão da pessoa com deficiência e
mobilidade reduzida.
A circulação de pedestres remete-se às necessidades de andar, descansar, olhar e
comer. A rua e suas extensões devem reforçar este caráter de lugar de relação, que garantem
não só a vitalidade do lugar, como sua sustentabilidade e manutenção. O conceito de
mobilidade está relacionado com o deslocamento das pessoas no espaço urbano, que devem
facilitar o percurso das pessoas e não dificultar, com ruas limpas, seguras, arborizadas, pouco
ruidosas, com calçadas amplas, dotadas de mobiliário urbano confortável, iluminação
adequada, sinalização e com total acessibilidade.
A mobilidade e a acessibilidade urbanas são atributos das cidades e representam duas
das mais importantes vantagens comparativas propiciadas pelo espaço urbano, em face de
suas alternativas em termos de localização de atividades e serviços. Nesse contexto, as
principais metrópoles nacionais possibilitam facilidade de contatos que colocam os cidadãos
metropolitanos diante de oportunidades de transações, comunicação social e consumo, não
raro indisponíveis em espacialidades urbanas de menor porte e/ou mais afastados das áreas
mais desenvolvidas economicamente, fato que potencializa a sua atratividade (LOBO et al.,
2010).

As praças públicas exercem desde a antiguidade um papel social, reunindo grande


quantidade de pessoas em um mesmo espaço público para desenvolver desde
atividades políticas, econômicas e religiosas até militares, de acordo com a época e
necessidades de seu povo. Tais zonas livres costumeiramente constituem áreas
verdes em contraste com o ambiente urbano, que além do caráter de preservação
ambiental e de embelezamento das cidades, influenciam diretamente na qualidade de
vida dos habitantes (BARROS; VIRGÍLIO, 2003, p.47).

As praças fazem parte do Plano Diretor de construção planejada de toda cidade, ou


seja, são um elemento fundamental na logística de distribuição territorial em lotes para
alcançar o desenvolvimento econômico e sustentável da cidade (CASSILHA, 2009). Somadas
às demais áreas públicas (ruas e edifícios públicos), as praças devem representar 35% do
território total, com base na Lei Federal 6766/79 de parcelamento do solo urbano.
São muitas as barreiras arquitetônicas encontradas no meio urbano, como escadas
íngremes e sem corrimãos, portas estreitas, degraus na entrada de estabelecimentos, pisos
8

escorregadios. Para ter uma cidade acessível a todos, deve-se respeitar a diversidade física e
sensorial entre as pessoas e as modificações pelas quais passa o nosso corpo, da infância à
velhice. Deve-se pensar sempre na inclusão, com as rampas, calçadas mais largas, sinalização
nas calçadas para deficientes visuais, sinaleira para pedestres e ciclovias. Há ainda as ocasiões
onde o pedestre tem sua mobilidade interrompida por motivos que vão desde a obstrução de
seu campo de visão em travessias ao desrespeito das regras de circulação impostas por leis
(DAROS, 2000), passando por falta de projetos adequados de engenharia de tráfego
(GONDIM, 2001), e de políticas e projetos públicos que amparem os cidadãos no papel de
pedestres (GUERREIRO, 2012).
Por isso e por outros, que as cidades precisam de soluções rápidas para amenizar o
impacto do desenvolvimento. A acessibilidade física, em foco no presente estudo, é
normatizada pelas vias da NBR 9050 de 2020, que “estabelece critérios e parâmetros técnicos
a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade” e do Decreto
Federal n° 5.296/2004, que regulamenta as leis federais n° 10.048/00 e 10.098/00 a fim de
estabelecer prazos e procedimentos referentes à quaisquer ações que envolvam acessibilidade.
Há várias ideias elaboradas por pessoas que estudaram todo o problema da mobilidade
urbana. Mesmo não sendo uma tarefa fácil é possível sim aos poucos transformar nossas
cidades em lugares melhores de se viver, com fácil acesso, segurança e sustentabilidade.
Para Magalhães et al. (2004), existem situações em que a definição de pedestre está
subentendida, transmitindo a ideia de que o conceito de pedestre é claro e invariável. O
Código de Trânsito Brasileiro - CTB (BRASIL – MIN. JUSTIÇA, 1997), por exemplo, não
define o que é um pedestre. Em seus trabalhos, DAROS (2000) e GOLD (2003) definem
pedestres como sendo pessoas que andam a pé no espaço público.
Nota-se que, dentro do grupo de pedestres, existe uma diversidade de usuários que
necessitam de condições diferenciadas para locomoverem-se. Estes usuários têm sido
chamados universalmente de portadores de necessidades especiais de locomoção (VTPI,
2004), e estão subdivididos em categorias que agrupam características similares na maneira
como efetuam seus deslocamentos.
O termo pessoa com deficiência engloba pessoas com restrições físicas, sensoriais e
mentais. Estima-se que entre 12% a 13% da população mundial apresenta algum tipo de
restrição dentre as citadas (MIU, 2002). No Brasil, este número chega a 14,5% (IBGE, 2000).
Estes usuários precisam de uma série de adaptações nos locais onde circulam para exercerem
o direto de ir e vir.
9

Atividades diferentes de caminhar também influenciam nos deslocamentos de


pedestres portadores ou não de necessidades especiais e devem ser consideradas quando se
objetiva facilitar e estender a utilização do espaço público, contemplando a diversidade de
usos. VTPI (2004) recomenda, no planejamento dos espaços urbanos, a consideração de:
• Pessoas paradas ou sentadas;
• Pessoas (geralmente crianças) brincando ou jogando;
• Vendedores;
• Pedestres caminhando em grupo

2.1. MOBILIDADE URBANA

O conceito de mobilidade está relacionado com o deslocamento das pessoas no espaço


urbano, que devem facilitar o percurso das pessoas e não dificultar, com ruas limpas, seguras,
arborizadas, pouco ruidosas, com calçadas amplas, dotadas de mobiliário urbano confortável,
iluminação adequada, sinalização e com total acessibilidade (GOLD, 2003) .
São muitas as barreiras arquitetônicas encontradas no meio urbano, como: escadas
íngremes e sem corrimãos, portas estreitas, degraus na entrada de estabelecimentos, pisos
escorregadios. Para ter uma cidade acessível a todos, deve-se respeitar a diversidade física e
sensorial entre as pessoas e as modificações pelas quais passa o nosso corpo, da infância à
velhice. Deve-se pensar sempre na inclusão, com as rampas, calçadas mais largas, sinalização
nas calçadas para deficientes visuais, sinaleira para pedestres e ciclovias (GUERREIRO,
2012) .
A importância da acessibilidade está na Inclusão Social, sendo que quando a sociedade
modifica a edificação e o ambiente urbano, visando contemplar este aspecto, todas as pessoas
podem ter acesso, além participar juntas e ativamente nos mesmos locais (GOLD, 2003) .
Ao se caminhar pelas ruas das cidades, o que se observa é a presença de vias e espaços
públicos totalmente desprovidos de meios de acessibilidades pra pessoas que apresentem
alguma limitação de movimento.

2.2. RAMPAS

Os espaços públicos são considerados pontos importantes e devem ser livres de


quaisquer obstáculos de forma permanente. O acesso e circulação nesses espaços estão
10

especificados no item 6 na ABNT NBR 9050/2020 e devem ser seguidos para adequação
desses locais.
A norma mencionada diz que a rota acessível é um trajeto contínuo, desobstruído e
sinalizado, que conecta os ambientes externos e internos de espaços e edificações e deve
atender os critérios de acessibilidade para que seja utilizada por todas as pessoas, incluindo
pessoas com deficiência e mobilidade reduzida de forma autônoma e segura.
As rotas acessíveis externas que incorporam estacionamentos, calçadas, faixas de
travessias de pedestres (elevadas ou não), rampas, entre outros elementos de circulação. As
áreas de qualquer espaço ou edificação de uso público ou coletivo devem ser servidas de uma
ou mais rotas acessíveis (NBR 9050, 2020).
As rampas são superfícies de piso com declividade igual ou superior a 5 % e até
8,33% para que seja garantido a acessibilidade. Porém em reformas, quando não houver
possibilidade dessas especificações serem atendidas sua inclinação poderá ser de até 12,5 %
(1:8). Deve possuir largura livre mínima de 1,50m para rotas acessíveis, sendo o mínimo
admissível de 1,20 m (NBR 9050, 2020).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho visou identificar as condições de acessibilidade para pessoas com limitação


de locomoção das principais praças do município de Buriti Bravo – MA, dando destaque às
calçadas, rampas, canteiros e escadas. Essa análise levou em consideração o mapeamento do
município com as condições estruturais de cada praça.
Esses dados estavam relacionados com o acesso às praças em perspectivas variadas
como: corrimão, sinalização para deficientes físicos e/ou visual, adequação a cadeira de rodas
e/ou muletas, estacionamento específico, adequação das vias de acesso. A base de dados será
constituída de informações qualitativas e quantitativas que, quando tabuladas, mostrarão as
facilidades / dificuldades de circulação e outras externalidades enfrentadas pelos pedestres.
Inicialmente foi feita uma revisão bibliográfica no sentido de estabelecer a
conceituação e os parâmetros mais adequados para a acessibilidade urbana. Paralelamente
foram identificados problemas relacionados à mobilidade e acessibilidade urbana. Além disto,
foram realizadas visitas no local determinado para verificação das condições existentes de
acesso a pessoas com deficiência motora. Estas informações serão extraídas das seguintes
fontes:
11

• Consulta a bancos de dados existentes, referentes às externalidades relacionadas com


pedestres (acidentes, banditismo, poluição ambiental, distância dos deslocamentos, condições
das calçadas, medidas adotadas, etc.);
• Análise de projetos implantados em áreas urbanas para a promoção de mobilidade e
acessibilidade de pedestres;
• Visitas in loco buscando avaliar sensorialmente as condições existentes coletadas
nesta fase da realização do trabalho.
A metodologia é do tipo pesquisa de campo, com procedimentos descritivos e
bibliográficos, com abordagem qualitativa e quantitativa que deram respostas às discussões e
análises dos resultados.
Optou-se por restringir a análise à legislação brasileira, levando em consideração às
normas da NBR 9050 (2020) e suas recomendações sobre acessibilidade porque como o
assunto ainda é relativamente novo no país, não há critérios para se avaliar, por exemplo, o
grau de acessibilidade em um município ou realizar um estudo comparativo entre o Brasil e
outros países do mundo neste quesito.
Decidiu-se, ainda, por se ater aos instrumentos normativos federais, pois a legislação
estadual e municipal é bastante vasta, apesar de frequentemente serem mais completas e
abrangentes do que as leis federais. Há, ainda, a dificuldade de se fazer o levantamento de
todas estas referências legais normativas, no âmbito municipal e estadual. Para tanto, foi
realizada uma pesquisa de campo descritiva observacional com a intenção de descrever
características dos ambientes na cidade de Buriti Bravo - MA quanto à acessibilidade em suas
principais praças, tendo como principais instrumentos de análise a NBR 9050 (2020) e
originalmente as leis normativas municipais.

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A concepção e manutenção das áreas urbanas também estão sujeitas as legislações e


normatizações. Este é o campo de atuação dos códigos municipais de obras e posturas,
elaborados para garantir a implantação dos planos diretores regionais e urbanos. As leis
geradas neste processo privilegiam as classes média e alta, mais representadas em sua
elaboração, estipulando padrões de uso do solo e criação de infra-estrutura que favorecem o
transporte motorizado (VASCONCELOS, 2000). Muitas destas legislações são “emendadas”
ou criadas às pressas para justificar investimentos, como afirmam DIMITRIOU e BANJO
(1990).
12

Assim, como no caso das leis de trânsito, o desconhecimento, o desrespeito e a falta de


fiscalização, prejudicam os elementos mais vulneráveis do sistema de transportes. No caso da
relação entre pedestres e códigos de obras e posturas, o principal prejuízo é ser tratado com
um componente menor quando do processo de formulação destas leis, sendo o que mais sofre
com a inobservância das normas de alinhamento dos lotes, dimensionamento dos passeios e
calçadas e ocupação indevida de seus espaços de circulação (GONDIM, 2001).
A seleção das praças foi feita considerando os ambientes de maior utilidade da
população, envolvendo os maiores ambientes de circulação e comércio. Desta forma, foram
escolhidas duas praças para serem analisadas que são : Coronel Raimundo Moreira Lima,
localizada na Rua Duque de Caxias, centro, Buriti Bravo - MA, Praça José Costa Sobrinho,
localizada na R. Da Bandeira -Centro, Buriti Bravo - MA, 65685-000.

4.1 PRAÇA JOSÉ COSTA SOBRINHO

A Praça José Costa Sobrinho está localizada na cidade de Buriti Bravo – MA, no
centro da referida cidade, com o endereço que leva seu mesmo nome. Durante o ano de 2014
a praça passou por uma reforma, mudando praticamente toda a sua estrutura, como pode-se
observar nas imagens abaixo.
Figura 01 – Antiga Praça José Costa Sobrinho

Fonte: Google (2005).


13

Figura 02 – Nova Praça José Costa Sobrinho

Fonte: Google (2023).

4.1.1 Circulação
O piso da praça possui dois tipos de pavimentação: bloco 01 em concreto, blocos 02 e
03 em concreto e basalto. Não possui piso tátil direcional e de alerta que são essenciais para
garantir uma rota acessível. A Tabela 01 apresenta as medidas de largura e inclinação das
rampas de acesso encontradas na praça José Costa Sobrinho. Além disso, o piso da praça
encontra-se irregular, instável e trepidante, dificultando o uso da cadeira de rodas, carrinho de
bebê ou qualquer outro dispositivo de rodas na circulação desse espaço público.

Tabela 01 – Medidas da largura e inclinação das rampas


DADOS COLETADOS ABNT NBR 9050
RAMPA LARGURA INCLINAÇÃO LARGURA INCLINAÇÃO
1 1,19m 18,07% Recomendado: 1,50m Declividade máxima –
2 1,76m 20,60% Mínimo: 1,20m 1:12 ou 8,33%

3 1,23m 18,07%
Fonte: Autor (2023).

Os dados coletados na citada praça mostram que todas as rampas estão com dimensões
fora do padrão estabelecido na norma de acessibilidade NBR 9050. Das rampas analisadas
100% estão com inclinação muito acima da declividade máxima permitida que é de 8,33% até
mesmo quando todas as possibilidades se esgotam e se utiliza 12,5% de inclinação em caso de
reforma e em relação a largura 40% das rampas estão abaixo da largura recomendada pela
norma que é de 1,50m, porém dentro do admissível que é 1,20m.
Dentre as rampas analisadas, uma já está danificada impossibilitando a medição e o
seu uso para ter acesso a praça. A Figura 03 realça a vista de uma das rampas.
14

Figura 03- Rampa Danificada.

Fonte: autor (2023).

4.1.2 Mobiliário Urbano.

Conforme pode ser observado na Figura 04, os lugares disponíveis para descanso têm
um design que gera desconforto para quem o utiliza, pois não possui encosto. O espaço
próximo aos assentos não é considerado como módulo de referência, pois não possuem
dimensões adequadas, enquanto em outros pontos o espaço interfere na circulação das
pessoas.

Figura 04 – Praça José Costa Sobrinho.


Fonte: autor (2023).

Para manter a limpeza da praça só tem disponível quatro lixeiras, separadas para cada
tipo de produto, pois as outras foram removidas. As lixeiras estão sem sinalização adequada,
15

já que possui altura de 1,05m, como pode ser visto na Figura 05, e deveria estar sinalizada
com piso tátil de alerta.
Figura 05 – Lixeiras.

Fonte: autor (2023).


4.1.3 Estacionamento

O estacionamento é realizado na própria via urbana, pois a praça não dispõe de


estacionamento próprio para carros e motos, como pode ser visto na Figura 06.

Figura 06 – Rua Próxima a Praça.


Fonte: Google Maps (2023).
4.2 PRAÇA CORONEL RAIMUNDO MOREIRA LIMA

Esta praça está localizada no centro da cidade de Buriti Bravo – MA, no endereço
que leva seu próprio nome. Recentemente, passou por reformas intensas, como pode ser visto
nas imagens abaixo.
16

Figura 07 – Antiga Praça Coronel Raimundo Moreira Lima

Fonte: Google (2023).


Figura 08 – Nova Praça Coronel Raimundo Moreira Lima

Fonte: autor (2023).


4.2.1 Circulação

O piso da praça é uma mistura de petit-pavé [ou pedra portuguesa] e de concreto com
modelagem que dificulta identificação de piso tátil, conforme mostrado na Figura 09. Os dois
tipos de piso utilizados têm muita textura o que torna trepidante e dificulta a circulação da
pessoa com cadeira de rodas ou que utilize qualquer outro tipo de dispositivo com rodas.
Além disso, não possui nenhum tipo de sinalização tátil direcional ou de alerta.
Figura 09 – Praça Coronel Raimundo Moreira Lima
17

Fonte: Autor (2023).

Os dados coletados mostram que apenas uma das rampas do local estudado está dentro
dos padrões estabelecidos pela NBR 9050/2015 em relação a inclinação máxima permitida e a
largura recomendada, conforme Tabela 02. Das rampas encontradas, 100% estão muito acima
do recomendado que é de no máximo 8,33%.

Tabela 02 – Medidas da largura e inclinação das rampas


DADOS COLETADOS ABNT NBR 9050
RAMPA LARGURA INCLINAÇÃO LARGURA INCLINAÇÃO
1 1,83m 24,44% Recomendado: 1,50m Declividade máxima –
2 1,3m 24,00% Mínimo: 1,20m 1:12 ou 8,33%
3 1,47m 22,90%
Fonte: Autor (2023).

4.2.2 Mobiliário Urbano

Existem dois tipos de assentos nessa praça, o primeiro sem encosto e divisão, um
design que não é confortável e fixado no nível da praça, conforme Figura 10. Em alguns
pontos, o mesmo tipo de assento está fixado em um ponto da praça que não é possível ser
acessado pelo cadeirante, pois tem um desnível de 15cm, conforme ilustra a Figura 11.
Figura 10- Bancos, Rampas, Canteiros e vias da Praça.

Fonte: Autor (2023).


18

Figura 11 – Bancos e via de acesso a Praça.

Fonte: Autor (2023).

Ainda sobre o mobiliário urbano, é possível encontrar lixeiras na praça, porém a


maioria já se encontra deterioradas, como é possível ver na Figura 12.
Figura 12- Lixeiras.

Fonte: Autor (2023).

5. CONCLUSÕES

Com base nos dados analisados, conclui-se que a Praça José Costa Sobrinho e Praça
Coronel Raimundo Moreira Lima possuem desconformidade com os critérios e parâmetros
técnicos dispostos na norma da acessibilidade, ABNT NBR 9050 de 2020, onde estão todas as
diretrizes que devem ser seguidas para que seja garantido o direito da pessoa com deficiência
e mobilidade reduzida de circularem com autonomia e segurança nesse tipo de local.
19

Essas desconformidades estão, também, em desacordo com o Decreto 5.296 de 2004


que assegura a pessoa com deficiência e mobilidade reduzida que os locais de uso público
deverão ser construídos ou reformados de forma que sejam acessíveis a todos. Como é
possível comprovar através dos dados coletados, as rampas que deveriam, em conjunto com
outros fatores, tornar o local acessível se encontram em desacordo com o padrão estabelecido
na NBR 9050/2015. As inclinações estão muito acentuadas dificultando o seu uso de forma
autônoma pelo cadeirante, pois não atende a inclinação máxima permitida na norma. As
larguras das rampas embora estejam aquém do recomendado, estão dentro do admissível.
Conclui-se que, a falta de atendimento aos quesitos da norma e leis pertinentes ao
assunto impossibilita a inclusão da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida, pois a
tentativa de tornar o local acessível foi falha pois, mesmo sendo uma reforma recente, os
critérios da norma que está em vigor há três anos sequer foram levados em consideração para
o projeto das rampas de acesso.
Para que as praças do centro da cidade de Buriti Bravo - MA sejam consideradas
acessíveis é necessário que o projeto seja elaborado por profissional qualificado que conheça
e atenda aos requisitos da norma de acessibilidade e que haja fiscalização necessária na
execução da reforma do local.
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REFERÊNCIAS

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NBR. 9050:2004. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: acessibilidade a


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