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INTRODUÇÃO

Os surdos no decorrer da história sempre foram tratados de forma diferenciada, mas nem
sempre da forma correta, eram deixados de lado, diagnosticados com outros tipos de
deficiência, escondidos, isolados, algumas vezes literalmente trancados em casa por vergonha
ou por acharem que eles eram imbecis, incapazes e motivo de vergonha. Há menos de um
século o Código Civil considerava os surdos como absolutamente incapazes por não
conseguirem exprimir sua vontade. Estes deveriam ser representados por alguém que o juiz
tivesse determinado para adquirir, extinguir e exercer direitos ou contrair obrigações.
Atualmente o surdo tem conquistado o seu espaço, mas ainda existem limitações impostas, a
exclusão ainda ocorre em um grau bastante elevado, os surdos são ainda considerados muitas
vezes como limitados, como fracassados. Infelizmente a posição de dominadores e dominados
prevalece criando uma distância entre esses indivíduos e o restante da sociedade, uma pré-
disposição que leva a crer numa relação de dependência do aluno, do controle e poder por
parte dos profissionais.

Pode-se dizer que o impulso para comunicação é algo universal, no caso das pessoas surdas,
esta comunicação acontece através da Língua de Sinais, utilizada há muito tempo, não se tem
um relato específico de como ou quando exatamente ela surgiu. O fato dessa língua ser
natural para o surdo, mostra que ela precisa ser aceita e utilizada não só por eles, mas pela
família, pelos amigos e pela sociedade em geral, existem muitos casos em que o próprio surdo
sequer tem conhecimento de que esta língua existe e sua família tampouco.

PROCESSO HISTÓRICO

Pode-se dizer que no Brasil, segundo Barboza (1995) os primeiros sinais de que a Educação
Especial começou a ser vista foi em 1835 quando o deputado Cornélio Ferreira apresentou um
projeto de lei à Assembleia visando o cargo de professor de primeiras letras para os surdos-
mudos e os cegos, entretanto a história da Educação Especial tem relatos mais conhecidos a
partir do século XIX quando foram criados em 1854, o Imperial Instituto de Meninos Cegos,
atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e em 1857, o Instituto dos Surdos-Mudos, atual
Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. Aqui no Brasil a
defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas portadoras de deficiência é algo
muito recente, começando através de medidas isoladas, individuais ou em grupo, a conquista
e o reconhecimento de alguns direitos dos portadores de deficiências são elementos que
podemos identificar como parte integrante de políticas sociais a partir deste século.
(MAZZOTA, 2005)

A inclusão não se dá apenas com um professor, mas uma prática da escola como um todo; a
escola deve estar preparada para que a inclusão aconteça de fato e não apenas de nome.
Inclusão só no papel não irá formar nada e nem ninguém, é claro que o professor tem uma
contribuição de muito mais peso, mas se a inclusão não ocorrer de forma coletiva, então ela
não aconteceu.

Historicamente o trabalho com o deficiente auditivo passou por várias mudanças, mas
nenhuma delas buscou de fato beneficiar o aluno surdo. Sabe-se que a língua de sinais é o
melhor meio e o que mostra significativos resultados para o ensino destes. Atualmente
trabalhar com surdos parece algumas vezes algo sem relevância, pesado ou comparado ao
comum (trabalho com alunos ouvintes). Pode-se dizer que tal situação, que essas dificuldades
se dão, em função do despreparo dos educadores atuantes em classes de ensino regular.

Muitos professores recebem alunos surdos sem saber a língua de sinais, sem conhecer o
trabalho com deficientes auditivos, sem preparo para lidar com esta situação, em muitos casos
existe um pré-conceito que impossibilita qualquer trabalho ou mesmo a ideia de realizar este
trabalho. O professor precisa ter consciência do trabalho com o surdo, precisa vê-lo como
capaz e não criar uma barreira de preconceito antes mesmo de ter contato com esses alunos. É
preciso que o surdo seja visto além da sua surdez, ele precisa ser visto como alguém que pode
e deve aprender desde que haja credibilidade na sua capacidade para isso.

O SURDO NA SOCIEDADE

A língua de sinais representa um papel expressivo na vida do sujeito surdo,conduzindo-o, por


intermédio de uma língua estruturada,ao desenvolvimento pleno. Harrison (2000) refere que
essa língua fornece para a criança surda a oportunidade de ter acesso à aquisição de
linguagem e de conhecimento de mundo e de si mesma. A forma de comunicação por sinais,
além de qualificar a destreza e cognição de deficientes auditivos, abrange portas para um
outro patamar de linguagem a ponto de proporcionar um acesso a vida num todo, assim como
o conhecimento do seu próprio ser.

A discussão sobre surdez, educação e língua de sinais vem sendo ampliada nos últimos anos
por profissionais envolvidos com a educação de surdos, como também pela própria
comunidade surda. Segundo Moura (2000), a educação e inserção social dos surdos
constituem um sério problema, e muitos caminhos têm sido seguidos na busca de uma
solução. Neste sentido, Góes (1999) afirma que a língua de sinais será necessária para que haja
condições mais propícias à expansão das relações interpessoais, constituindo o funcionamento
cognitivo e afetivo, promovendo a constituição da subjetividade.

LEGISLAÇAO DA PESSOA SURDA

Há cerca de 21 anos, entrou em vigor a legislação brasileira sobre a inclusão de pessoas com
deficiência no mercado de trabalho, na qual a lei n°8.112, de 11 de dezembro de 1990, que diz
que todo concurso público deve ter reservado 20% de suas vagas para portadores de
necessidades, e na lei n°8.213 de 24 de julho de 1991, define que toda empresa com mais de
100 funcionários deve ter uma cota para a pessoa com deficiência que pode variar de 2 a 5%
(BRASIL, 1999 a; 1999 b). Mesmo depois que as leis entraram em vigor, os portadores de
deficiência (PPDs) continuavam com dificuldade para se ingressar no mercado de trabalho, e
com isso o Ministério Público do Trabalho passou a fiscalizar de maneira mais rigorosa,
chegando até a punir as empresas que não cumprissem a lei.

CONSDERAÇÕES FINAIS

Apesar de a legislação colaborar para ampliação de oportunidades de acesso ao mercado de


trabalho para os portadores de necessidade, quando nos voltamos para realidade nos
deparamos com barreiras obscuras e com alto grau de dificuldade, que parte tanto da empresa
empregadora, como também do portador que será contratado.
Analisando o conceito de inclusão, segundo Sassaki, chega-se a um entendimento de que para
alcançar uma sociedade inclusiva, esta precisa passar por processos de adaptação, tanto os
que são considerados normais, tanto os que serão incluídos, pois a inclusão é uma parceria
que depende de ambas as partes, pois é um processo que gerará dificuldades, porém atinge-se
o objetivo esperado quando todos compreendem que se deve focar na solução e não nos
problemas para que a oportunidade seja distribuída a todos sem discriminação.

O trabalho pode ter um significado psicológico para um indivíduo, pode se tornar uma fonte de
realização pessoal, formação de identidade e de relacionamento com outros indivíduos. Esse
trabalho influencia no comportamento, na rotina e em suas relações afetivas. De acordo com
Giddens (1997, p.578), “podemos definir o trabalho como a realização de tarefas que
envolvem o dispêndio de esforço mental e físico, com o objectivo de produzir bens e serviços
para satisfazer necessidades humanas”. A inclusão do surdo no mercado de trabalho é um
tema que merece destaque. A integração do surdo no mercado de trabalho faz com que ele
adquira sua independência econômica se sinta produtivo dentro da comunidade em que vive.
Apesar da alegação das empresas de que falta qualificação por parte dos portadores de
deficiências, o outro lado também é verdadeiro: as empresas não sabem como incluir os
trabalhadores deficientes.

A primeira barreira que o indivíduo surdo encontra ao tentar se inserir no mercado de trabalho
é a comunicação. O empregador vai encontrar resistência na hora de contratar, pois
desconhece as capacidades profissionais destas pessoas e não sabem que surdos são capazes
de exercer qualquer função, desde que devidamente treinados, orientados e acompanhados.

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