Sou Surda e não Sabia O documentário ‘Sou Surda e não Sabia’ retrata as dificuldades enfrentadas por Sandrine durante a infância, a luta de sua família ao não aceitar a surdez da menina, e ao mesmo tempo exibe reflexões de especialistas sobre surdez. Através da língua de sinais Sandrine nos mostra momentos felizes vividos com seus pais durante a infância, enquanto a tinham como ouvinte, e relata sobre momentos em que se distanciava do mundo. Em certos momentos, a protagonista O filme nos permite refletir maneiras de ensinar dentro do espaço escolar, respeitando as diferenças e considerando a importância da linguagem de sinais para a comunicação. Outro aspecto importante destacado pelo filme é a variedade de surdez, podendo ser total ou parcial dependendo de cada indivíduo. Para nós, ouvintes, ainda é difícil pensar em soluções que busquem ampliar o acesso à educação e que aumente a inclusão da comunidade surda dentro de um espaço escolar/social, haja vista a pouca visibilidade e importância que é dada ao tema. Como se não fosse o bastante, ainda há aqueles que tratam o problema como tabu e, em muitos casos, coloca-o ‘debaixo do tapete’ deixando de investigar suas origens e maneiras de tornar a vida desta comunidade mais confortável e integrada à sociedade. Apesar desses entraves, o que o Estado Federativo Brasileiro e a Sociedade Civil podem fazer para contornar esses problemas? O Estado Brasileiro possui uma carta constitucional que advoga sobre os direitos e deveres de todos os cidadãos. Abaixo segue o parágrafo que versa sobre o direito à educação. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988) Se todo cidadão é qualificado para ter seu direito à educação assegurado, então por qual razão não encontramos pessoas com deficiência auditiva dentro do espaço escolar?Por que não há qualquer menção à comunidade de surdos? É como se eles não existissem para o Estado. Perceba a gravidade a que está exposta: O ambiente escolar, de pluralidade, de diversidade, de respeito às diferenças e de luta pela da inclusão, não permite que um certo grupo seja integrado, indo, portanto, em desacordo àquilo que foi garantido pela constituição. E ainda piora quando olhamos para escala nacional. De acordo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o censo de 2010 mostra que 6,7% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Dentro desse universo, existem 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva no país, onde 20% são completamente surdos. Se temos mais de 10,7 milhões de dificientes auditivos no país, onde eles estão? Por que nenhuma escola - ou quase todas - não são equipadas com profissionais capazes de integrar a comunidade surda à escola? Apesar da falta de empatia e consideração do poder público, a sociedade civil precisa agir. Em nenhum outro momento da história tivemos tantos recursos auxiliares na participação, integração, comunicação e bem-estar, como nas últimas décadas. Há diversos recursos tecnológicos como, por exemplo, o ‘O Software Vlibras’ que possui uma série de ferramentas. Uma delas serve para a tradução de conteúdos de sites, áudios e textos para Libras e pode ser instalada em computadores, navegadores e celulares. Além disso, podemos citar jogos para o aprendizado de libras, que podem ser usados como gatilho para despertar o interesse dos alunos, visto que vivemos na era virtual onde os adolescentes estão conectados demasiadamente ao virtual, principalmente a jogos eletrônicos. Para além das ferramentas, a sociedade precisa também superar seus preconceitos e entender que um indivíduo portador de qualquer tipo de deficiência ainda é um indivíduo capaz, que merece atenção, carinho e, principalmente, junto à família, deve incentivar e fazer valer o aprendizado da língua dos sinais. REFERÊNCIAS
OCHRONOWICZ, Igor. Sou surda e não sabia. Filme. 2009, França.