O ajudante de acção directa, também designado
por ajudante de lar e centro de dia, é o profissional
a quem é atribuído um conjunto de tarefas ligadas
ao trabalho com pessoas, na sua maioria idosas,
que recorrem a estas instituições.
Podendo eventualmente cuidar de jovens
portadores de doenças várias e/ou com deficiências
profundas que impossibilitem a sua autonomia, a
maior percentagem destes técnicos presta cuidados
a idosos, aqueles que em Portugal mais recorrem
aos seus serviços especializados.
Tudo o que fazem passa pelo contacto directo com
o idoso, quer este se apresente individualmente ou
em grupo, e tem em vista o seu bem-estar.
As competências deste profissional são desde logo
evidenciadas na recepção que faz ao utente no
lar(1) ou no centro de dia(2), e na forma como cria
as condições de acolhimento, apresentando as
instalações(quarto, enfermaria, sala de estar,
refeitório, espaços livres, jardins, etc.) que aquele
irá utilizar durante a sua permanência.
São estes técnicos que asseguram a alimentação
dos utentes, pondo em prática tarefas como:
verificação das marmitas e outros apetrechos
preparados na cozinha, distribuição dos alimentos
segundo as dietas de cada um e controlo das
quantidades de acordo com os hábitos alimentares
dos idosos. Como fazem um acompanhamento
regular de cada um dos casos têm, sempre que
necessário, de auxiliar a pessoa nos seus
movimentos, dando atenção a factores como a
mobilidade e o cansaço. Após as refeições,
recolhem as marmitas e outros utensílios e
entregam-nos na copa para que possa proceder-se
à sua lavagem.
(1) Instituições que prestam cuidados residenciais e pessoais a idosos
que, pela sua situação de grave dependência, isolamento ou falta de
habitação, não podem permanecer em casa.
(2) Instituições que prestam um conjunto de serviços que contribuem para a
manutenção dos idosos no seu meio sócio-familiar.
Outra das atribuições mais importantes prende-se
com a higiene e conforto dos utentes. Para tal têm,
em situações de débil estado físico e/ou psíquico,
de lavar o utente, quer nas casas de banho, quer no
leito, quando aquele se encontra acamado.
Ainda neste âmbito, o técnico faz a gestão dos
stocks de roupas de cama e casa de banho,
requisitando-as com a devida antecedência.
Procede à sua substituição, assim como à do
vestuário, acondicionando as peças de forma a que
possam ser transportadas para a lavandaria.
Finalmente, recebe e controla na rouparia as roupas
lavadas, de acordo com a requisição, e arruma-as
devidamente nos roupeiros da respectiva
enfermaria. Para além disto, coordena a
manutenção da limpeza das instalações.
Tem também de requisitar, receber, controlar e
distribuir os artigos relacionados com a higiene e
conforto os utentes. Quanto a todos os outros
artigos de que o utente necessita, é seu dever
participar na aquisição dos mesmos, colaborando
na compra de vestuário, calçado e outros utensílios
de uso corrente, escolhendo ou dando informações
sobre as características de cada um.
De acordo com as instruções recebidas e os
horários prescritos, administra por vezes
medicamentos, podendo em muitos casos ter de
aplicar cremes medicinais e executar pensos
simples.
Todas as suas acções passam pelo relacionamento
interpessoal e por isso todas elas devem ser
cumpridas tendo em conta os pressupostos
inerentes ao bem-estar e, eventualmente, à
reabilitação do utente. É por isso indispensável que
estes profissionais demonstrem e desenvolvam
competências neste sentido.
Por definição legal (Dec. - Lei n.º 414/99, de 15 de
Outubro), um ajudante de acção directa deve pró -
ceder ao acompanhamento diurno e nocturno dos facto que não deve ser interpretado como um
utentes, dentro e fora dos serviços entrave ao acesso de homens à profissão.
estabelecimentos, guiando-os, auxiliando-os e
estimulando-os através da conversação, detectando
os seus interesses e motivações e participando na
ocupação dos seus tempos livres. Mas o seu
trabalho passa também pelo acompanhamento nas
deslocações, tanto por motivos de saúde (a
Os grandes empregadores destes profissionais são
hospitais ou outros centros de tratamento), como
os lares e centros de dia, tanto os que têm fins
em ocasiões de lazer (passeios, excursões...).
lucrativos como aqueles que pertencem às
Misericórdias e às Instituições Privadas de
Solidariedade Social (IPSS).
Esta é uma profissão que obriga a um perfil de
grande estabilidade emocional e capacidade de
gerar empatia com os utentes. Estes técnicos, para
A nível nacional, os números apontam para 240 mil
além de terem de acompanhar situações de
idosos em situação de isolamento, sendo 54,5%
extrema dependência devem, hoje em dia,
residentes na área da Grande Lisboa. Mas não é só
compreender as várias fases de envelhecimento da
Lisboa que se constitui como mercado de emprego
pessoa, principalmente quando estas evoluem para
para estes técnicos; a procura estende-se por todo
a crescente intensificação dos problemas de saúde
o país, principalmente no litoral, onde há maior
mental ou mesmo para doenças do foro neurológico
concentração demográfica e é também maior o
como são a de Alzheimer ou a de Parkinson.
número de idosos em situação de dependência e
com baixa capacidade económica.
É sobretudo um trabalho colectivo. Os ajudantes de
acção directa dependem hierarquicamente do
Começam também a surgir situações em que estes
director da instituição e são coordenados
técnicos, em vez de prosseguirem na carreira por
diariamente pelos encarregados de sector. Quando
conta de outrem, optam por trabalhar por conta
a instituição dispõe de recursos humanos da área
própria, criando pequenas empresas que
da saúde – médicos (v. Vol. II) e enfermeiros (v.
apresentem soluções alternativas aos idosos.
Vol. II) –, têm de estar aptos a executar o que lhes é
pedido por esses profissionais.

A tendência é para que estas equipas sejam ainda

alargadas de forma a criar uma estrutura de Actualmente, o grau de formação académica
assistência completa, ou seja, as instituições exigido para o acesso à carreira – em instituições
poderem contar com a presença de técnicos como: que se regem pelo Dec.-Lei n.º 419/99 – é o 9.o ano
médicos fisiatras, fisioterapeutas (v. Vol. IV), de escolaridade ou equivalente. Contudo, a
terapeutas ocupacionais, psicólogos (v. Vol. II), «crescente complexidade das tarefas a
assistentes sociais (v. Vol. I) e assistentes desempenhar por um ajudante de acção directa
familiares (v. Vol. III). torna aconselhável optar pela obtenção de
formação de base a partir de um dos cursos que
seguidamente se enunciam:
Os ajudantes de acção directa podem por vezes
prestar serviço no domicílio do utente, podendo,
nestes casos, ter de o fazer individualmente e CURSOS ESCOLAS
desdobrando-se em várias tarefas. Tratando-se de Cursos Tecnológicos Escolas
uma profissão que remeteu, ao longo dos tempos, • Curso Tecnológico de Acção Social(3) Secundárias
para um papel e desempenhos similares ao das Cursos Profissionais Escolas
Área de Trabalho Social e Orientação Profissionais
tarefas domésticas, tem vindo a ser desempenhada • Curso de Animador Sociocultural /Assistente
maioritariamente por mulheres, de Geriatria
• Curso de Animador Sociocultural /Assistente
(3) Curso a iniciar em 2004/2005.
Familiar
 CURSOS ESCOLAS
Centros
Cursos de Aprendizagem
Área de Saúde, Serviços Pessoais de Formação
e à Comunidade Profissional
• Curso de Técnicas Aplicadas aos Serviços do IEFP
Pessoais e à Comunidade
Fonte: ME (DES) / MSST (IEFP)
A formação destes profissionais passa pela
aquisição de conhecimentos na área das práticas
da acção social e também em matérias como:
Saúde e Alimentação, Técnicas de Expressão,
Comunicação, Animação e Lazer, Higiene e
Segurança no Trabalho e Psicologia Social.
Para os lares e centros de dia das Misericórdias e
IPSS, a admissão de pessoal faz-se por concurso
externo e o desenvolvimento profissional da carreira
é composto por duas categorias, a de ajudante de
acção directa e a de ajudante de acção directa
principal. Algumas entidades empregadoras
promovem acções de formação durante o percurso
profissional destes técnicos, por um lado para
adaptar os profissionais mais antigos às novas
exigências da profissão, por outro para contribuir
para a permanente actualização de todos.
São profissionais sujeitos a um horário de trabalho
que se situa entre as 35 e as 40 horas semanais,
repartidas em função dos equipamentos e da
necessidade de assegurar o acompanhamento dos
utentes durante as 24 horas do dia. Têm por isso de
trabalhar por turnos e muitas vezes aos fins-de-
semana e feriados. Diariamente percorrem, vigiam
e zelam por todo o espaço da instituição – salas de
estar, refeitório, cozinha, enfermaria, quartos, casas
de banho, jardins, etc. Muitas são as vezes que se
deslocam para o exterior, ou para acompanhar os
utentes aos mais diversos locais, ou para prestar
serviço domiciliário.
Um ajudante de acção directa ganha em início de
carreira, estando integrado no regime de carreiras
da função pública, €626,87 por mês. No topo da
carreira e como ajudante de acção directa principal
aufere, segundo a tabela salarial em 2002, um
salário mensal entre os €713,76 e os
€915,47.Relativamente aos técnicos que trabalham
no sector privado e/ou por conta própria, os valores
salariais dependem, no primeiro caso, das
características e dimensão do lar ou centro de dia
onde exercem funções; na segunda situação, esses
valores estão ligados à quantidade de pessoas e/ou
instituições às quais prestam serviços, não sendo à
partida quantificáveis, dada a sua diversidade.
Cada vez mais, no nosso país, se assume a
necessidade de promover a estreita ligação entre os
serviços de acção social e os serviços de saúde,
assente na ideia de que é preciso conjugar os
esforços em prol do bem estar do indivíduo durante
toda a sua vida. Crê-se que assim, e através da
aplicação de modernas técnicas, suportadas por
sofisticados equipamentos, se possa contribuir para
a reabilitação de um maior número de pessoas,
muito em particular daquelas que são afectada por
doenças que conduzem a estados de grande
debilidade e dependência.
As instituições serão mais flexíveis e abertas à
comunidade, estando os seus profissionais aptos a
acompanhar no exterior situações de pobreza,
vulnerabilidade e dependência, de modo a que
surjam formas de atenuar a necessidade de os
idosos permanecerem em lares.
A percepção do papel do idoso passa, nesta altura,
por uma reconversão, deixando este de ser visto
como um elemento passivo da comunidade e
obrigando à mudança de atitude por parte das
instituições e dos técnicos que nelas trabalham. Os
perfis profissionais destes técnicos passarão a
combinar a grande polivalência de funções com um
maior investimento na profissionalização e
formação contínua.
Com estas alterações, que pretendem dar ao idoso
a possibilidade de se manter no seu domicílio, se
possível em ambiente familiar, perspectiva-se que Santa Casa da Misericórdia de Sines
no futuro a procura em termos de mercado de Avenida 25 de Abril, n.º 2
trabalho tenda a posicionar-se mais do lado dos 7520-107 SINES
centros de dia, assim como dos centros de Tel.: 269630460
Fax: 269630469
convívio(3),que vão ganhando consistência e C. Electrónico: misericordia.sines@clix.pt
promovendo novas atribuições, quer entre os Santa Casa da Misericórdia do Funchal
técnicos de serviço social, quer entre os idosos. Calçada de Santa Clara, n.º 38
Apesar disto, a responsabilidade dos lares não 9000-036 FUNCHAL
corre o risco de se esgotar, prevendo-se que, num Tel.: 291742941
futuro próximo, estes se mantenham como Fax: 291753650
principais empregadores destes profissionais.
Santa Casa da Misericórdia do Porto
Rua das Flores, n.º 15 ou 5
4050-265 PORTO
Aos ajudantes de acção directa vai ser também Tel.: 222074710
exigida maior participação em todo este conjunto de Fax: 222050116
questões através do desenvolvimento de P. na Internet: www.scmp.pt
competências ao nível da comunicação e C. Electrónico: scmp@scmp.pt
interpretação daquilo que lhes é transmitido e
solicitado, no contexto de um trabalho Sindicato dos Técnicos de Serviço Social
interdisciplinar e integrado. Rua Luciano Cordeiro, n.º 18, 3.o Dto.
1150-215 LISBOA
Tel.: 213537963
Fax: 213537963
Esta é uma profissão de grande responsabilidade e
de grande desgaste físico e psíquico. É também Delegação do Norte
uma profissão que apela à estabilidade emocional Rua Sá da Bandeira, n.º 331, 4.o(sala 47)
de quem a exerce, à forma como reage perante as 4000-435 PORTO
situações geradas pelos utentes. Tel.: 222055244

União das Misericórdias Portuguesas

Acompanhar de perto pessoas que vivem em Calçada das Lages, 12-A
estado de insegurança, medo, angústia, algumas 1900-292 LISBOA
Tel.: 218133072 / 218110540 / 59
com comportamentos agressivos, outras apáticas e Fax: 218121324
sem reacção, todas com carências de vária ordem, P. na Internet: www.ump.pt
é a missão diária de um ajudante de acção directa. C. Electrónico: mp@netcabo.pt
Neste sentido, características como a resistência ao
sofrimento, a tolerância, a compreensão e a
dedicação continuarão, tal como hoje, a constituir-
se como a única forma de estar nesta profissão.

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

Largo Trindade Coelho
Apartado 2059
1102-803 LISBOA
Tel.: 213235000
Fax: 213235060
P. na Internet: www.scml.pt
C. Electrónico: secretaria-geral@scml.pt

Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada

Campo de São Francisco
9500-153 PONTA DELGADA
Tel.: 296287415
Fax: 296628212
C. Electrónico: scmpd-sec@mai.telepac.pt

(4) Espaços de apoio a actividades sócio-recreativas e culturais, organizadas e

dinamizadas
pelos idosos de uma comunidade.