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Funções

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por Kerlen E Batista

Uma função tem como características dois campos de valores numéricos, onde um é
consequência do outro. O primeiro campo é o eixo da reta real, posicionado como eixo x no
plano cartesiano, também conhecido como domínio da função e abrange todos os números
reais. Se para cada número real a função têm um valor, então diz-se que a função é contínua
neste valor.
O segundo campo numérico é a imagem da função, ou seja, é a consequência de seu
comportamento. Geralmente a imagem também está contida no conjunto dos números reais,
mas nem sempre isto acontece, como veremos mais adiante. A imagem de uma função
costuma estar contida no eixo y do plano cartesiano.
Para obtermos uma função, tomamos qualquer equação que tenha as variáveis B e C,
isolamos o C e o deixamo-o em função de B, ou seja:

C œ 0 ?8-+9 ./ ÐBÑ 9? 0 ÐBÑ (01)

Agora analisamos o comportamento numérico desta função, tabelando seus valores de


domínio para a imagem e, por fim, analisando seus intervalos para cada caso e plotando o
gráfico da função.
Exemplos:
1. Seja a equação B  #C œ '. Descubra seus intervalos de domínio, de imagem, se ela é
contínua e faça o gráfico da mesma.
Solução:
Em primeiro lugar, temos que transformar a equação acima em uma função do tipo
C œ 0 ÐBÑ. Para tanto, precisamos isolar a variável y dos demais elementos da equação; ou
seja, y ficará sozinho, à esquerda da igualdade.

B  #C œ ' Ê  #C œ '  B Ê #C œ B  ' Ê C œ B' B' "


# Ê C œ 0 ÐBÑ œ # Ê 0 ÐBÑ œ # B  $

Logo, da equação B  #C œ ' temos 0 ÐBÑ œ "# B  $. O próximo passo é tabelarmos os


principais valores do domínio (todos os números reais), dentro de um intervalo de fácil per-
cepção e compreensão. Usaremos aqui o intervalo de -3 a +3. Denota-se ] -3,3 [, ou seja,
aberto a todos os números reais. A tabela a seguir

$ # " ! " # $
* ( & $
# % # $ # # #

O que fizemos aqui foi de substituir os valores do domínio, do -3 ao 3, na equação 0 ÐBÑ.


Não importam quais valores de domínio, esta equação tem um valor de imagem para to-
dos. Ela, portanto, é contínua. Outra forma de representarmos os dados da tabela acima é as-
sim:
ou seja, o domínio pode ser visto como um conjunto, de onde cada um de seus elementos (que
é um número) possui uma correspondência ou relação com outro conjunto, o da imagem.
Para o caso desta equação, tanto o domínio quanto a imagem, estão totalmente contidos
na imensidão infinita dos números reais.
Finalmente, da tabela obtida, ao fazermos o gráfico da função, teremos:

2. Obter os intervalos de domínio, imagem, fazer o gráfico e descobrir se a equação


$B  &C# œ "' é contínua.
Solução: Em primeiro lugar, temos que isolar a variável C para tornar a equação uma
função C œ 0 ÐBÑ :
$B  &C# œ "' Ê &C# œ "'  $B Ê C# œ "'$B
& Ê C œ 0 ÐBÑ œ „É "'$B
&

Muito bem! Agora vamos construir uma tabela contendo os valores de domínio no eixo B
e assim, ordenamos os valores da imagem que irá no eixo C. Vamos ampliar este domínio de -4
a 4:
% $ # " ! " # $ %
„#ß $( „#ß #% „#ß "! „"ß *& „"ß (* „"ß '" „"ß %" „"ß ") „!ß )*

Onde „, à frente de cada resultado, na imagem, significa que há dois valores para cada
número do domínio; um positivo e outro, negativo. O -4, por exemplo, possui dois valores-
imagem: o 2,37 e o -2,37.
Mas... será que esta função é contínua em todo o domínio no eixo B? Se você estender
os valores da tabela acima para 5,6,7, etc, descobrirá que, ao chegar no 6, você cairá em uma
raíz quadrada negativa („È  !ß %). Portanto, o domínio desta função pára no valor 5
(„È!ß # œ „!ß %&), pois, no conjunto dos números reais não existe raíz quadrada de número
negativo. Observe que, para valores abaixo de -4, a função segue normalmente sem nunca nos
surpreender. O domínio da função 0 ÐBÑ œ É "'$B& , portanto, é escrito da forma Ó  _ß &Ó, ou
seja, aberto a todos os valores negativos até o infinito e fechado para valores positivos até o 5.
Já para a imagem, podemos escrevê-la Ó  _ à _Ò ou seja, a imagem nos chega do
infinito negativo, nunca parando e se estende para o infinito positivo.
Conclusão: A função 0 ÐBÑ œ „É "'$B
& NÃO é contínua no intervalo Ò'ß _Ò, do domínio.
Da tabela, a obtenção do gráfico é evidente:

Quanto à natureza da disposição das imagens e do estilo das curvas gráficas, as fun-
ções são classificadas em:

a) SOBREJETIVAS: Para ser sobrejetiva, a função tem que apresentar uma continui-
dade suave, sem quebras ou bicos súbitos. A função acima, do exemplo anterior, é sobrejetiva,
porém a função 0 ÐBÑ œ lBl não é sobrejetiva, porque o gráfico faz um "bico" repetino no zero.
Todas as curvas e retas são sobrejetivas, mas nenhuma condicional a é, pois no ponto da con-
dicionalidade, o comportamento é abrupto.
B#  % =/ B   %
Exemplo: 3. 0 ÐBÑ œ œ não é sobrejetiva.
B  # =/ B $ %

4. 0 ÐBÑ œ 691 B é sobrejetiva. 5. 0 ÐBÑ œ =/8 B e demais funções trigonométricas são


sobrejetivas.

b) INJETIVA: Para ser injetiva, cada ponto do domínio da função poderá ter ape-
nas uma imagem e não mais que isso. As funções raíz-quadrada, circulares e elípticas não
poderão, portanto, serem injetivas, mas uma condicional tal como o exemplo 3, sim. Ah, todos
os pontos do domínio deverão ter imagem para ser sobrejetiva...
Exemplos de funções injetivas: 0 ÐBÑ œ lBl à 0 ÐBÑ œ +B#  ,B  - a +ß ,ß - − lV, polinômios
de terceiro, quarto, ..., n-grau, condicionais,...
Exemplos de funções não-injetivas: 0 ÐBÑ œ ÈB à 0 ÐBÑ œ È $
B ß 0 ÐBÑ œ È8
B a 8 − lR ,

c) BIJETIVAS: Combinam as características das duas funções anteriores. Dos exemplos


anteriormente citados, portanto, nenhum é função bijetiva porque para sê-lo, precisa atender as
condições de sobrejetiva e injetiva ao mesmo tempo.
Exemplos de funções bijetivas: Funções polinomiais de maior expoente ímpar:
0 ÐBÑ œ +B$  ,B#  -B  .à 0 ÐBÑ œ +B&  ÞÞÞà 0 ÐBÑ œ +B(  ÞÞÞ, todas as funções cujos gráficos
são retas: 0 ÐBÑ œ +B  ,, mas as hipérboles do tipo 0 ÐBÑ œ B+ , + − lV ‡ não são bijetivas,
porque elas não são contínuas em B œ ! e 0 ÐBÑ œ !.

Pense e responda: 0 ÐBÑ œ -9= B é bijetiva?

Exercícios: Das equações abaixo, determine o domínio, a imagem, faça o gráfico, clas-
sifique em contínua, não-contínua, sobrejetiva, injetiva ou bijetiva:

a) 0 ÐBÑ œ lBl  " b) 0 ÐBÑ œ lB  "l c) BC  B  " œ !

d) B#  C# œ #& e) -9= B  #C œ " f) #CÞ=/8 B  -9= B œ $


C
g) B$  #C$ œ '% h) B  BC œ !

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