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DIREITO CONSTITUCIONAL

META 02

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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

SUMÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02 ................................................................................................... 5

REVISÃO DA DOUTRINA (RESUMO + QUESTÕES) ..................................................................................5


1. NORMAS CONSTITUCIONAIS........................................................................................................................5
1.1. Definição e características das normas jurídicas .............................................................................5
1.2. Classificação das normas: princípios, regras e postulados normativos ..................................5
1.3. Normas constitucionais..............................................................................................................................8
1.4. Características das normas constitucionais .......................................................................................8
1.5. Estrutura Da Constituição.........................................................................................................................9
2. EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS............................................ 10
2.1. Vigência, eficácia e efetividade ............................................................................................................ 10
2.2. Classificação das normas constitucionais........................................................................................ 11
3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ............................................................................................................... 13
3.1. Princípios Constitucionais da dignidade da pessoa humana, legalidade e isonomia ..... 15
4. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRABALHO .............................................................................. 19
4.1. Princípio da dignidade da pessoa humana ...................................................................................... 20
4.2. Princípio da centralidade da pessoa humana na vida socioeconômica e na ordem
jurídica .................................................................................................................................................................... 21
4.3. Princípio da valorização do trabalho e do emprego .................................................................... 21
4.4. Princípio da inviolabilidade do direito à vida ................................................................................. 22
4.5. Princípio do bem-estar individual e social ...................................................................................... 24
4.6. Princípio da justiça social ....................................................................................................................... 25
4.7. Princípio da submissão da propriedade à sua função socioambiental ................................. 26
4.8. Princípio da não discriminação............................................................................................................. 26
4.9. Princípio da igualdade em sentido material ................................................................................... 30
4.10. Princípio da segurança ......................................................................................................................... 30
4.11. Princípio da proporcionalidade e razoabilidade ......................................................................... 32
4.12. Princípio da vedação ao retrocesso social .................................................................................... 32
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 33
GABARITO DAS QUESTÕES ............................................................................................................................ 40

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TEMA DO DIA

Normas constitucionais

Conflitos entre normas

Princípios constitucionais e princípios constitucionais do trabalho

REVISÃO DA DOUTRINA (RESUMO + QUESTÕES)

1. NORMAS CONSTITUCIONAIS

1.1. Definição e características das normas jurídicas

As normas compreendem a forma pela qual o Direito se expressa. As normas jurídicas são

prescrições, mandamentos que se destinam a introduzir a ordem a justiça na vida social. Tem como

características: a) imperatividade, que se traduz pelo caráter obrigatório da norma e pelo dever

jurídico de se submeter a ela; b) garantia, que se manifesta pela existência de mecanismo que

asseguram seu cumprimento ou a imposição de consequências pelo seu descumprimento.1

1.2. Classificação das normas: princípios, regras e postulados normativos

As normas podem revelar-se sob a forma de princípios, regras ou postulados normativos.

Regras e princípios NÃO guardam hierarquia entre si, especialmente diante do princípio da unidade

da Constituição.

Segundo Canotilho, os princípios são fundamento das regras, ou seja, são normas que estão

na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função

normogenética fundamentante.

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BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 190.
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REGRAS PRINCÍPIOS

Grau de abstração reduzido Grau de abstração elevado

Suscetíveis de aplicação direta Carecem de mediações concretizadoras

Podem ser normas vinculativas com conteúdo São standards juridicamente vinculantes

meramente funcional radicados nas exigências de justiça ou na ideia

de direito

Relatos descritivos de condutas a partir dos A previsão dos relatos dá-se de maneira mais

quais, mediante subsunção, chega-se à abstrata, sem se determinar a conduta

conclusão. correta, já que cada caso concreto deverá ser

analisado para que o intérprete dê o exato

peso entre os princípios em choque

São mandamentos ou mandados de definição: São mandados de otimização (Alexy): devem

são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas ser realizados na maior medida do possível.

(tudo ou nada) Podem ser satisfeitos em graus variados, a

depender das possibilidades jurídicas.

Uma das regras em conflito OU será afastada A colisão resolve-se pela ponderação ou

pelo princípio da especialidade, OU será balanceamento de princípios.

declarada inválida.

Ponderação e juízo de adequação em conflitos entre princípios: A aparente

incompatibilidade entre princípios não gera sua revogação. A solução para as antinomias é realizada

em cada caso concreto com base na ponderação, estrutura da seguinte forma:

1) Identificação de normas aplicáveis ao caso;

2) Análise das circunstâncias fáticas e suas repercussões;

3) Atribuição de peso relativo aos princípios envolvidos.

Ressalta-se que a ponderação entre princípios deve ser empregada apenas para a resolução de

casos mais complexos. Realizada a ponderação, há o surgimento de uma norma que contém as

condições pelas quais um princípio prevalecerá sobre outro2.

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NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 147-148.
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Postulados normativos ou metanormas (normas de segundo grau): são normas sobre a

aplicação de normas, ou seja, instituem critério de aplicação de outras normas situadas no plano do

objeto da aplicação. Com o reconhecimento da força normativa da Constituição, a expansão da

jurisdição constitucional e o pós-positivismo, houve o deslocamento da Constituição para todos os

demais ramos do direito, dando origem a uma FILTRAGEM CONSTITUCIONAL. Os postulados são

denominados pela maioria da doutrina, como princípios, mas não têm a mesma função dos

princípios. São normas de segundo grau utilizadas para se interpretar os princípios e regras

constitucionais (normas de primeiro grau).

Podem ser:

 Inespecíficos: ponderação, concordância prática e proibição de excesso; ou

 Específicos: igualdade, razoabilidade e proporcionalidade.

OBSERVAÇÃO:

DERROTABILIDADE (Superabilidade das regras/Defeasibility) – Humberto Ávila propõe

algumas condições necessárias:

 requisitos materiais (ou de conteúdo): a superação da regra pelo caso individual não pode

prejudicar a concretização dos valores inerentes à regra. E explica o autor: “... há casos em que a

decisão individualizada, ainda que incompatível com a hipótese da regra geral, não prejudica

nem a promoção da finalidade subjacente à regra, nem a segurança jurídica que suporta as

regras, em virtude da pouca probabilidade de reaparecimento frequente de situação similar, por

dificuldade de ocorrência ou comprovação”;

 requisitos procedimentais (ou de forma): a superação de uma regra deve ter a) justificativa

condizente — devendo haver a “... demonstração de incompatibilidade entre a hipótese da regra

e sua finalidade subjacente.

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1.3. Normas constitucionais

Ao longo do Século XX, as Constituições passaram a ter reconhecido “status” de norma

jurídica, deixando se ser considerado apenas um documento de conteúdo político (Força Normativa

da Constituição).

A Constituição tem aplicabilidade imediata e direta às situações que prevê, especialmente

no âmbito dos direitos fundamentais. Além disso, diante de seu caráter normativo, serve de

parâmetro de validade de todas as demais normas no ordenamento jurídico (controle de

constitucionalidade).

Por fim, os valores e fins da Constituição devem ser seguidos pelo intérprete do Direito no

momento de estabelecer o sentido e o alcance das normas infraconstitucionais3.

1.4. Características das normas constitucionais

As normas constitucionais apresentam as mesmas características atribuídas às demais

normas jurídicas, como imperatividade e garantia. No entanto, há algumas características

particulares que a diferem das demais4:

a) Supremacia constitucional: as normas constitucionais se encontram em posição e

superioridade em relação a todas as demais normas. Nenhuma lei será considerada válida

se for incompatível com a Constituição (controle de constitucionalidade é instrumento para

se assegurar a supremacia constitucional).

b) Abertura constitucional: há presença maior de cláusulas gerais, que transfere ao

intérprete parte do papel de criação do Direito com base no caso concreto a ser resolvido.

Essa abertura permite a atualização da Constituição pela incorporação de novas

circunstâncias não originariamente previstas.

3
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 198.
4
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 199.
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c) Presença de normas de organização: Parte significativa das normas constitucionais não

são enunciados de normas de conduta, mas de normas de organização, que estabelecem

órgãos e entidades públicas e suas competências.

d) Estrutura das normas de conduta: estabelecem direitos fundamentais ou disposições

programáticas com metas e objetivos a serem alcançados pelo Estado.

e) Dimensão política: a Constituição é uma ponte de ligação entre a política e o direito, entre

o poder constituinte e o constituído.

1.5. Estrutura Da Constituição

Estruturalmente, a CF/88 contém um preâmbulo, nove títulos (corpo) e o Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias (ADCT).

1.5.1. Preâmbulo

Natureza jurídica: Tese da irrelevância jurídica prevalece - o Ministro Carlos Velloso, Relator

da ADI 2.076, após interessante estudo, conclui que “o preâmbulo ... não se situa no âmbito do

Direito, mas no domínio da política, refletindo posição ideológica do constituinte (...). Não contém o

preâmbulo, portanto, relevância jurídica. O preâmbulo não constitui norma central da Constituição,

de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro. O que acontece é que o preâmbulo

contém, de regra, proclamação ou exortação no sentido dos princípios inscritos na Carta (...). Esses

princípios sim, inscritos na Constituição, constituem normas centrais de reprodução obrigatória, ou

que não pode a Constituição do Estado-membro dispor de forma contrária, dado que, reproduzidos,

ou não, na Constituição estadual, incidirão na ordem local...”. Assim, NÃO é norma de reprodução

obrigatória nos Estados, nem pode servir como parâmetro para o controle de constitucionalidade.

A invocação de Deus no preâmbulo não é norma de reprodução obrigatória nas

Constituições Estaduais e leis orgânicas do DF e Municípios. Referida previsão não enfraquece a

laicidade do Estado Brasileiro (STF) - Estado laico não significa Estado ateu.

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O preâmbulo NÃO tem relevância jurídica, NÃO tem força normativa, NÃO cria direitos ou

obrigações, NÃO tem força obrigatória, servindo apenas como norte interpretativo das normas

constitucionais.

1.5.2. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Finalidade: estabelecer regras de transição entre o antigo ordenamento jurídico e o novo, instituído

pela manifestação do poder constituinte originário, providenciando a acomodação e a transição do

antigo e do novo direito edificado.

O ADCT possui normas exauridas (arts. 1º, 4º, §4º, 15), normas dependentes de legislação e de

execução (arts. 10, § 1º, 12, § 1º etc.), normas dotadas de duração temporária expressa (art. 40, por

ex.), dentre outras.

Natureza jurídica das disposições do ADCT: natureza jurídica de norma constitucional – a alteração

das normas do ADCT ou o acréscimo de novas regras dependerão da manifestação do poder

constituinte derivado reformador, ou seja, necessariamente por meio de emendas constitucionais.

Em razão de sua natureza, servirão de parâmetro ou paradigma de confronto para a análise da

constitucionalidade dos demais atos normativos.

2. EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

2.1. Vigência, eficácia e efetividade

Para compreender as disposições sobre os efeitos das normas constitucionais, é necessária a

distinção entre vigência, validade, eficácia e efetividade5:

a) Vigência: insere-se no plano da existência da norma no mundo jurídico. A norma é vigente

se existe e não foi revogada.

5
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 133.
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b) Validade: relação de conformidade entre norma inferior e norma superior, sendo que a

primeira busca fundamento na segunda. Uma norma que não respeita a Constituição não

é válida.

c) Eficácia: é a aptidão para produzir efeitos que lhes são próprios.

d) Efetividade: é a produção concreta de efeitos, ou seja, somente ocorre quanto a norma

cumpre a finalidade pela qual foi criada. Uma norma que não é cumprida por problemas

orçamentários não é efetiva.

2.2. Classificação das normas constitucionais

Como regra geral, todas as normas constitucionais apresentam eficácia, algumas jurídica e

social e outras apenas jurídica. Segundo o Doutrinador José Afonso da Silva, as normas

Constitucionais podem possuir eficácia plena, contida ou limitada:

 Plenas: são as que não necessitam de complementação para que possam produzir efeitos,

tais normas possuem aplicabilidade imediata e integral. Exemplos: arts. 2º, 37, 155, 230, §

2º, CF/88;

 Contidas (ou prospectivas): são as que também possuem aplicabilidade imediata e

integral, por não necessitarem de complementação, no entanto podem ter sua abrangência

reduzida por norma infraconstitucional. O exemplo clássico apontado pela doutrina é a

disposição contida no inciso XIII, do artigo 5º da CF/88 ( “É livre o exercício de qualquer

trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.)

– são autoaplicáveis, mas se inserem na discricionariedade do legislador;

 Limitadas: são as que necessitam de integração por norma infraconstitucional para que

possam produzir efeitos. No entanto, mesmo sem sua regulamentação, tais normas

produzem, mesmo que de forma mínima, efeitos jurídicos, como o de vincular o legislador.
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– José Afonso da Silva entende que há dois tipos de normas limitadas:

o Normas de princípio institutivo ou organizativo: contém o início ou esquema de

determinado órgão, entidade ou instituição, deixando a efetiva criação e estruturação

a cargo de lei ordinária ou complementar. Exemplos: arts. 18, § 2º, 25, 146;

o Normas de princípio programático: normas através das quais o constituinte, ao invés

de regular direta e imediatamente determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes

os princípios a serem cumpridos pelos seus órgãos. Exemplos: art. 6º - direito à

alimentação, à educação. – Tais normas NÃO dispõem de aplicabilidade imediata,

mas possuem carga eficacional, ante o princípio da força normativa da

Constituição.

ATENÇÃO - CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ: a Autora incluiu mais uma espécie na

classificação acima apontada, afirmando a existência de normas constitucionais de eficácia

absoluta ou supereficazes, que são as cláusulas pétreas, ou seja, aquelas normas que não podem

ser retiradas nem mesmo por emenda constitucional.

OBSERVAÇÃO:

Normas constitucionais de eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada = Sugeridas por Uadi

Lammêgo Bulos, as normas de eficácia exaurida, ou esvaída, “... são aquelas, como o próprio nome

diz, que já extinguiram a produção de seus efeitos. Por isso, estão esgotadas, dissipadas, ou

desvanecidas, condicionando, assim, sua aplicabilidade”. São próprias do ADCT (Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias), notadamente aquelas normas que já cumpriram o papel, encargo ou

tarefa para o qual foram propostas. Exemplos: arts. 1.º, 2.º, 3.º, 14, 20, 25, 48 e vários outros do

ADCT.

Classificação por Celso Bastos e Carlos Ayres Britto: diferenciação entre normas de aplicação e

normas de integração. As normas de aplicação têm capacidade de atuação independentemente de

outros normas infraconstitucionais. Por sua vez, dividem-se em normas aplicação irregulamentáveis,

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que não comportam outro tratamento além do constitucional, e regulamentáriveis, que apesar de

incidir diretamente podem ser regulamentadas pelo legislador.

Além disso, as normas de integração dependem da vontade do legislador ordinário para produzir

seus efeitos completos. São divididas em restringíveis e complementáveis. As primeiras

compreendem normas que podem ter seu espectro restringido pela legislação ordinária e devem

prever expressamente essa possibilidade. Já as complementáveis são aquelas que necessitam de

um conteúdo extra para produzir seus efeitos6.

3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

O tema de princípios constitucionais, cobrado no Concurso da Magistratura do Trabalho e no

MPT, é abrangente e se encontra disposto por todo o texto constitucional relacionado a diversos

assuntos, como os princípios que orientam os direitos fundamentais, os princípios da Administração

Pública, da Ordem Econômica e Financeira e tantos outros. Dessa forma, ao longo das rodadas,

abordaremos os princípios mais relevantes que poderão ser cobrados em seu concurso de acordo

com cada tópico de seu edital.

Ademais, os princípios de interpretação das normas constitucionais e das leis serão

abordados na próxima rodada junto do tema de hermenêutica constitucional.

O que são princípios constitucionais? São decididos antes da elaboração do texto

constitucional, no momento de construção das normas. Têm natureza de vetores interpretativos

que imprimem coesão, harmonia e unidade ao sistema jurídico.

ATENÇÃO – É INDISPENSÁVEL A MEMORIZAÇÃO DOS ART. 1º A 4º DA CF/88! Para facilitar

seus estudos para Magistratura do Trabalho e MPT, grifamos os principais dispositivos que

poderão ser cobrados em concursos da área trabalhista!

TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

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NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 138.
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[FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL]

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios

e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou

diretamente, nos termos desta Constituição.

[PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES]

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o

Judiciário.

[OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL]

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer

outras formas de discriminação.

[PRINCÍPIOS QUE REGEM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS]

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes

princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

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VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social

e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana

de nações.

3.1. Princípios Constitucionais da dignidade da pessoa humana, legalidade e isonomia

Conforme salientado, os princípios constitucionais estão dispostos por toda a Constituição

Federal. Nesse sentido, faremos a análise dos princípios da dignidade da pessoa humana, legalidade

e isonomia, sem prejuízo dos demais que se inserem na Carta Magna – e serão tratados nas matérias

específicas:

a) Dignidade da pessoa humana

Define Luis Roberto Barroso que o “princípio da dignidade humana expressa um conjunto de

valores civilizatórios que se pode considerar incorporado ao patrimônio da humanidade. Dele é

extraído o sentido mais nuclear dos direitos fundamentais, para tutela do mínimo existencial e da

personalidade humana, tanto na dimensão física como na moral”.

Pode-se acrescentar também que a dignidade humana possui um enfoque moral,

consistente na máxima de Kant segundo a qual o homem é um fim em si mesmo, e um enfoque

material, relativo à manutenção do mínimo existencial. Decorre do aludido princípio, por exemplo,

a impenhorabilidade do bem de família.

USOS HABITUAIS DA DIGNIDADE HUMANA

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Conforme ensina André de Carvalho Ramos, é possível identificar quatro usos habituais da

dignidade humana na jurisprudência brasileira:

1. Na fundamentação da criação jurisprudencial de novos direitos (também denominado

eficácia positiva do princípio da dignidade humana). Por exemplo, o STF reconheceu o

“direito à busca da felicidade”, sustentando que este resulta da dignidade humana: “O

direito à busca da felicidade, verdadeiro postulado constitucional implícito e expressão de

uma ideia-força que deriva do princípio da essencial dignidade da pessoa humana” (RE

477.554 – Recurso Extraordinário, Rel. Celso de Mello, informativo n. 635).

2. Na formatação da interpretação adequada das características de um determinado direito.

Por exemplo, quando o STF reconheceu que o direito de acesso à justiça e à prestação

jurisdicional do Estado deve ser célere, pleno e eficaz.

3. Criando limites à ação do Estado (também denominada eficácia negativa da dignidade

humana). Por exemplo, a dignidade humana foi repetidamente invocada para traçar limites

ao uso desnecessário de algemas em vários casos no STF (HC 91.952, especialmente o voto

do Rel. Min. Marco Aurélio). O uso de tortura por agentes do Estado foi também

veementemente reprimido pelo STF (HC 70.389, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello).

4. Para fundamentar o juízo de ponderação e escolha da prevalência de um direito em

prejuízo de outro. Como exemplo, é possível citar quando o STF utilizou a dignidade humana

para fazer prevalecer o direito à informação genética em detrimento do direito à segurança

jurídica, afastando o trânsito em julgado de uma ação de investigação de paternidade.

b) Legalidade

O princípio da legalidade significa que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

algo que não esteja previamente estabelecido na própria CR e nas normas jurídicas dela

derivadas. O princípio da legalidade, desta forma, se converte em princípio da constitucionalidade

(Canotilho), subordinando toda atividade estatal e privada à força da Constituição.

OBSERVAÇÕES:

I. Não confunda Legalidade x Reserva Legal: O princípio da reserva legal é um desdobramento da

legalidade, que impõe e vincula a regulação de determinadas matérias constantes na constituição à

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fonte formal do tipo lei. É exemplo de reserva legal também a necessidade de edição de lei

complementar para versar sobre determinada matéria.

II. Acepções do princípio da legalidade:

Para particulares: Somente a lei pode criar obrigações, de forma que a inexistência de lei proibitiva

de determinada conduta implica ser ela permitida.

Para a Administração Pública: O Estado se sujeita às leis, e deve atuar em conformidade à previsão

legal.

c) Isonomia

Segundo bem definiu Rui Barbosa, “a regra da igualdade não consiste senão em quinhoar

desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social,

proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade (...). Tratar com

desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade

real”. Logo, é possível extrair:

 Isonomia formal: Igualdade perante a lei;

 Isonomia Material: Tratar os iguais na medida de sua desigualdade.

IMPORTANTES DECISÕES DO STF SOBRE ISONOMIA:

STF – São inconstitucionais as normas que proíbem homossexuais de doar sangue. Viola o direito à

igualdade e não discriminação proibir que homossexuais doem sangue. Com esse entendimento,

o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de normas com esse teor.

(ADI. 5.543/2020)

STF - A lei que veda o exercício da atividade de advocacia por aqueles que desempenham, direta ou

indiretamente, atividade policial, não afronta o princípio da isonomia. STF. Plenário. (ADI 3541/2014)

É possível estabelecer critérios diferenciadores para admissão de candidato em concursos

públicos?

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A jurisprudência vem admitindo algumas hipóteses de discriminação, podendo ocorrer em relação à

idade, sexo, altura etc., desde que sejam observados dois requisitos:

1) Previsão legal anterior definindo os critérios de admissão para o cargo; e

2) Razoabilidade da exigência, decorrente da natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.

Nesse sentido, já decidiu o STF: A candidata que esteja gestante no dia do teste físico possui o direito

de fazer a prova em uma nova data no futuro.

É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de

sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STF.

Plenário. RE 1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (repercussão geral).

Ações Afirmativas

A Carta Magna busca a igualdade material. Para aplicação do princípio da isonomia, são necessárias

as ações afirmativas, a exemplo: proteção do mercado de trabalho da mulher, cotas de vagas sem

serviços públicos, cotas em universidades, cotas para afrodescendentes. Reserva de vagas para

aprendizes e estagiários. Reserva de vagas de emprego para pessoas com deficiência, dentre outras.

Atenção ao julgado recente: Informativo nº 994 do STF - PRINCÍPIO DA IGUALDADE E PENSÃO

POR MORTE

É inconstitucional lei que preveja requisitos diferentes entre homens e mulheres para que

recebam pensão por morte. É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre

homens e mulheres (art. 5º, I, da CF/88), a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de

outorga de pensão por morte de ex-servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges ou

companheiros/companheiras (art. 201, V, da CF/88). STF. Plenário. RE 659424/RS, Rel. Min. Celso

de Mello, julgado em 9/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 457) (Info 994).

Atenção ao julgado recente: Info. 973 do STF - PRINCÍPIO DA IGUALDADE E SISTEMA DE

COTAS

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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

É inconstitucional lei distrital que preveja percentual de vagas nas universidades públicas reservadas

para alunos que estudaram nas escolas públicas do Distrito Federal, excluindo, portanto, alunos de

escolas públicas de outros Estados da Federação.

Veja que o STF não proibiu o sistema de cotas para alunos de escolas públicas, mas sim para alunos

somente do DF (determinada localidade) violando a isonomia.

No mesmo sentido: STF. Plenário. ADI 4868, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.

Atenção ao julgado recente: Info 985 do STF – ISONOMIA E BENEFÍCIO DO BOLSA FAMÍLIA

O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda, voltado a famílias de todo o País,

de modo a fazer frente a situação de pobreza e vulnerabilidade; logo, não se pode fazer restrição em

relação à região ou ao Estado do beneficiário. Os Estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,

Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte ajuizaram ação cível originária, em face da União, com

pedido de tutela provisória, questionando a redução de recursos do Programa Bolsa Família

destinados à Região Nordeste. O Min. Marco Aurélio (relator) deferiu medida cautelar determinando

que: a) a União disponibilize dados que justifiquem a concentração de cortes de benefícios do

Programa Bolsa Família na Região Nordeste, bem assim dispense aos inscritos nos Estados autores

tratamento isonômico em relação aos beneficiários dos demais entes da Federação. b) não haja

cortes no Programa enquanto perdurar o estado de calamidade pública; c) a liberação de recursos

para novas inscrições seja uniforme considerados os Estados da Federação. O Plenário do STF

referendou a medida cautelar concedida. STF. Plenário. ACO 3359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Marco

Aurélio, julgado em 5/8/2020 (Info 985).

4. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRABALHO

O tema dos princípios constitucionais do trabalho é fundamental para seu concurso da

Magistratura do Trabalho e MPT e exige um estudo atento do candidato.

O que são princípios constitucionais do trabalho? São os princípios que orientam o ramo

trabalhista e foram incorporados pela Constituição Federal de 1988 com destaque para a proteção

da dignidade da pessoa humana e da valorização do trabalho como fundamentos da República

Federativa do Trabalho descritos no art. 1º do texto constitucional.

19
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

É importante ressaltar que os princípios de Direito do Trabalho serão abordados ao longo das

rodadas de Direito Individual e Coletivo do Trabalho. Nesse tópico, serão apresentados os princípios

que constam no texto constitucional e foram retirados do livro Princípios Constitucionais do

Trabalho e Princípios de Direito Individual e Coletivo do Trabalho (autor: Maurício Godinho

Delgado, 5ª edição - 2017, publicado pela editora LTR). Trata-se de importante obra que versa

especificamente sobre o assunto:

a) Princípio da dignidade da pessoa humana;

b) Princípio da centralidade da pessoa humana na vida socioeconômica e na ordem

jurídica;

c) Princípio da valorização do trabalho e do emprego;

d) Princípio da inviolabilidade do direito à vida;

e) Princípio do bem-estar individual e social;

f) Princípio da justiça social;

g) Princípio da submissão da propriedade à sua função socioambiental;

h) Princípio da não discriminação;

i) Princípio da igualdade em sentido material;

j) Princípio da segurança;

k) Princípio da proporcionalidade e razoabilidade;

l) Princípio da vedação do retrocesso social.

4.1. Princípio da dignidade da pessoa humana

Dignidade da pessoa humana: É o princípio maior do Direito Constitucional contemporâneo.

A pessoa humana é o centro da sociedade independentemente de sua posição econômica, social ou

intelectual. O princípio é pautado nos valores que compõe a personalidade e individualidade e

alcança diversos outros princípios como liberdade, segurança, bem-estar, intimidade, respeito, etc.

Dimensão social da dignidade humana: a ordem social é pautada pelo primado do trabalho,

pelo bem-estar e justiça sociais. Dessa forma, é fundamental para o reconhecimento da dignidade

20
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

humana, o trabalho regulamentado na relação de emprego com o direito fundamental ao trabalho

digno.

4.2. Princípio da centralidade da pessoa humana na vida socioeconômica e na ordem jurídica

O princípio da centralidade da pessoa humana na vida socioeconômica e na ordem jurídica é

apresentado por Maurício Godinho Delgado como corolário da dignidade da pessoa humana. Nesse

sentido, a pessoa se tornou o epicentro do ordenamento jurídico.

Declaração de Filadélfia de 1944: apresenta os fins e objetivos da OIT. Nesse documento há

a ênfase de que o “trabalho não é uma mercadoria”. Assim, prevalece o princípio da

desmercantilização contínua e máxima do trabalho. Além disso, a Declaração acrescenta que a

pobreza é um perigo para a prosperidade de todos.

Trabalhador não é mercadoria, mas ocupa a centralidade da vida socioeconômica e da ordem

jurídica.

4.3. Princípio da valorização do trabalho e do emprego

Constituição Federal: “Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união

indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de

Direito e tem como fundamentos: IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;”

Princípio cardeal: o trabalho e o emprego são reconhecidos como essenciais para a afirmação

do ser humana no plano individual e social/familiar. O trabalho é um importante veículo de afirmação

comunitária dos seres humanos.

Essencial à democracia: a existência de um trabalho que assegure a possibilidade de garantir

um mínimo de poder social à população é fundamental para o desenvolvimento do Estado

democrático.

21
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

Direitos sociais (art. 7º a 11 da CF/88): há apresentação de rol de direitos fundamentais

trabalhistas individuais e coletivos.

Ordem econômica e Financeira: deve ser fundada na valorização do trabalho humana e na

livre iniciativa e na busca do pleno emprego (art. 170, I e VIII, CF/88).

Valorização do emprego: O autor Maurício Godinho Delgado salienta que o trabalho sem

regulamentação tende a não gerar ao prestador de serviços vantagens e proteções significativas.

Essa situação somente é alterada diante das previsões normativas do Direito do Trabalho. O

emprego é o principal canal de inserção do trabalhador no mundo capitalista de forma a garantir um

patamar de afirmação social, individual, social, econômica e ética.

Dessa forma, a valorização do trabalho deve ser lida juntamente com a necessidade de se

valorizar o emprego. No âmbito constitucional, há manifestações expressas como na previsão de

busca do pleno emprego do art. 170, VIII.

Relação de emprego: é estrutura de forma a garantir rede de garantias e direitos à pessoa

humana no mercado capitalista, permitindo sua inserção na vida profissional, social e econômica.

4.4. Princípio da inviolabilidade do direito à vida

Inviolabilidade do direito à vida: decorrência também do princípio da dignidade da pessoa

humana, visa proteger a vida humana contra ofensas e violações. Divide-se em:

1) Inviolabilidade física: proteção contra males naturais ou artificiais que são aplicados

à saúde das pessoas humanas.

2) Inviolabilidade moral: proteção contra os malefícios no plano psicológico da pessoa,

que podem trazer inclusive reflexos para o corpo humano e vice-e-versa.

4.4.1. Inviolabilidade física nas relações de trabalho

22
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

Manifesta-se pela proteção da saúde do trabalhador, sendo vedados trabalhados forçados,

infantil e semisservil.

Previsão Constitucional da valorização do direito à vida nas relações de

trabalho

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou

degradante;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e

na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os

ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos

termos da lei:

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de

saúde do trabalhador;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do

trabalho.

4.4.2. Inviolabilidade moral nas relações de trabalho

Proteção contra danos sofridos no patrimônio ético e psicológico do trabalhador. A

inviolabilidade moral é ampla e abrange também o corpo e a higidez que são fundamentais para a

realização do ser humano.

23
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

Acidentes de trabalho e doenças ocupacionais: podem produzir agressões físicas e

psicológicas, além de ter um forte potencial destrutivo para a imagem e afirmação social da pessoa

humana.

OBSERVAÇÃO! É possível que o empregador pessoa física também sofra violações que impactem

em sua inviolabilidade moral, quando ocorrer ofensa injusta cometida pelo empregado.

Dano moral nas relações de trabalho: são diversas as situações de ofensas à inviolabilidade

moral que podem dar origem à necessidade de reparação de danos morais, tais como ofensas física,

assédio moral e sexual, revistas íntimas, limitação ao uso de banheiros, dinâmicas abusivas, dentre

outras.

Atenção! A indenização por dano moral nas relações de trabalho e os limites aos poderes do

empregador serão abordadas de forma completa nas rodadas de Direito do Trabalho.

4.4.3. Inviolabilidade da vida privada e da intimidade

Previsão constitucional: “art. 5º, X, CF/88 - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra

e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente

de sua violação”.

Vida privada e intimidade nas relações de trabalho: conflito entre poderes do empregador e

direitos dos trabalhadores. Há necessidade de adequar, de forma razoável, proporcional e justa

dessa zona de tensão existente. Não princípio ou direito absoluto, que deverão ser analisadas em

cada caso concreto.

4.5. Princípio do bem-estar individual e social

Bem-estar individual e social: “segundo esse princípio constitucional, as pessoas humanas

têm a justa expectativa de vivenciarem um patamar mínimo de bem-estar individual e social,

24
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

cabendo à ordem jurídica, às políticas públicas e, no que lhe for pertinente, à sociedade civil criarem

condições objetivas para o adequado alcance desse patamar”7.

Art. 3º, CF/88: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa

do Brasil:

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,

idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Aplicação ao âmbito trabalhista: o rol do art. 6º da CF/88 que traça os direitos sociais é

especialmente dirigido ao fim de assegurar o bem-estar:

Art. 6º, CF/88: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o

trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a

proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na

forma desta Constituição.

Além disso, o art. 7º da CF/88 traz rol com diversos direitos trabalhistas que visam à melhoria

das condições de vida dos trabalhadores e é meio de concretização do princípio do bem-estar.

Patamar mínimo de civilização: deve ser assegurado para a concretização do princípio do

bem-estar. A Constituição Federal reforça o princípio ao determinar a construção de uma sociedade

fraterna, pluralista e sem preconceitos, uma sociedade justa, livre e solidária, além de uma ordem

econômico e financeira fundada na valorização do trabalho e da livre iniciativa.

4.6. Princípio da justiça social

Fundamento constitucional: A Constituição prevê como fundamento da República os valores

sociais do trabalho e estabelece como objetivos fundamentais construir uma sociedade livre, justa e

solidária e erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.

7
DELGADO, Maurício Godinho. Princípios Constitucionais do Trabalho e Princípios de Direito Individual e Coletivo
do Trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 56).
25
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

No âmbito da Ordem Econômica e Financeira, há menção expressa à observância da justiça

social. Por fim, a Ordem Social deve ser pautada pelo bem-estar e justiça sociais nos termos do art.

193 da CF/88.

Conceito: Independentemente das aptidões, talentos e virtudes das pessoas, todos devem

ter acesso às utilidades essenciais existentes.

Justiça social e Direito do Trabalho: o princípio da justiça social age como instigador para o

desenvolvimento do Direito do Trabalho, já que esse ramo do direito é voltado para concretizar o

acesso de utilidades essenciais aos trabalhadores.

4.7. Princípio da submissão da propriedade à sua função socioambiental

Direito à propriedade privada: é reconhecimento e protegido constitucionalmente. No entanto,

essa propriedade deve se atentar à sua função social e ambiental. O lucro deve ser alcançado sempre

com a valorização das pessoas e também do meio ambiente, inclusive o do trabalho.

Violações do meio ambiente de trabalho: prática de degradação das relações sociais, de

“dumping social” e de destruição do meio ambiente violam a função socioambiental da propriedade

estabelecida na CF/88.

4.8. Princípio da não discriminação

Conceito de não discriminação: não se admite tratamento diferenciado às pessoas em razão

de fator injustamente desqualificante. “Discriminação é a conduta pela qual se nega a alguém, em

função de fator injustamente desqualificante, tratamento compatível com o padrão jurídico

assentado para a situação concreta vivenciada. O referido princípio nega validade a essa conduta

discriminatória.8”

8
DELGADO, Maurício Godinho. Princípios Constitucionais do Trabalho e Princípios de Direito Individual e Coletivo
do Trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 63.
26
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

Diferenças entre não discriminação e isonomia:

a) Não discriminação: é princípio de resistência às condutas que são consideradas

gravemente censuráveis. É o piso mínimo de civilidade.

b) Isonomia: é princípio mais amplo e impressivo, que ultrapassa a noção de não

discriminação e busca igualizar o tratamento jurídico a pessoas que tenham pontos de

contato entre si.

Não discriminação e isonomia no Direito do Trabalho: há diferenças entre os princípios, que

podem ser observados nos exemplos a seguir:

a) Exemplo de não discriminação: vedação ao tratamento desigual à empregada em

desfavor do empregado pelo fato de ela ser mulher.

b) Exemplo de isonomia: direitos iguais reconhecidos aos empregados e aos avulsos.

São trabalhadores diversos que não se confundem, não havendo tratamento

discriminatório entre eles. Por aplicação da isonomia, houve a previsão de direitos e

tratamento jurídico igualitário.

Direito e não discriminação: o direito deve se valer de regras negativas para combater a

discriminação no contexto social. Para a efetivação da democracia, é necessário a implementação de

sociedade de inclusão social com a redução de tratamentos discriminatórios.

Constituição Federal de 1988: é o documento mais importante a prever normas para

combate à discriminação, especialmente no contexto da relação de emprego.

NORMAS CONSTITUCIONAIS DE COMBATE À DISCRIMINAÇÃO

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

(...)

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação.

27
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

Art. 5º (...)

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades

fundamentais;

Art. 7º. (...)

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de

admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de

admissão do trabalhador portador de deficiência;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os

profissionais respectivos;

Parâmetros gerais de proteções antidiscriminatórias na seara trabalhista: o autor Maurício

Godinho Delgado divide as discriminações em dois grandes grupos: discriminações em geral e

discriminações com impactos diretos na temática salarial.

A) Discriminações em material salarial: envolvem a temática da equiparação salarial,

preterição de promoção em empresas com quadro de carreira, salário do substituto

provisório e diferenças salariais de empregados e terceirizados.

B) Discriminações em geral: envolvem tipos diversos e variados de trabalhadores e de

situações contratuais e, muitas vezes, podem inclusive ter reflexos salariais. No entanto,

diferenciam-se das discriminações anteriores, pois o foco da discriminação não é o

aspecto salarial.

Proteções antidiscriminatórias tradicionais: são vedadas distinções salariais e de

contratação pautadas pelo sexo, idade, nacionalidade, estado civil, cor e critérios de admissão

conforme vinha previsto na CLT e Constituições de 1946 e 1967.

28
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

Constituição de 1988: alargou consideravelmente as proteções antidiscriminatórias que

eram previstas:

a) Discriminação contra a mulher: apesar de leis anteriores vedarem discriminação em

função de sexo ou gênero, a cultura prevalecente permitia a conduta discriminatória no

mercado de trabalho e na própria relação de emprego. A CF/88 não dá margem a práticas

discriminatórias, mesmo aquelas com roupagem de tutela da mulher na sociedade.

Nesse sentido, dispõe o texto constitucional:

Art. 7º, XX, CF/88: “a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante

incentivos específicos, nos termos da lei.”

Importância da Lei nº 9.029/1995: Na seara de combate à discriminação, especialmente

de gênero, é indispensável a leitura da Lei nº 9.029/1995. No âmbito de proteção do

trabalho da mulher, a lei veda qualquer prática discriminatória e impede a exigência de

declarações, exames e demais medidas atinentes à esterilização ou estado de gravidez.

b) Discriminação contra o trabalhador com menos de 18 anos: A CF/88 veda tratamento

diferenciado em razão da idade no tocante à diferença de salários, exercício de funções e

ao critério de admissão. Permite-se tratamento diferenciado ao menor de 18 anos com

contrato de aprendizagem. Há vedação de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a

menores de 18 anos e a qualquer trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição

de aprendiz a partir dos 14 anos.

c) Discriminação contra o estrangeiro: a vedação à discriminação em razão da

nacionalidade constava expressamente na Constituição de 1946, mas foi suprimida na

Constituição de 1967. A CF/88 resgatou essa vedação expressamente. Assim, os

dispositivos da CLT que trazem tratamento diferenciado ao estrangeiro não foram

recepcionados pela Constituição atual.

29
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

d) Discriminação contra a pessoa com deficiência: o art. 7º, XXXI, CF/88 inovou ao

prever a: “proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de

admissão do trabalhador portador de deficiência.” É possível mencionar como

decorrência dessa previsão a garantia de cotas de pessoas com deficiência nas empresas

com 200 empregados ou mais nos termos do art. 93 da Lei nº 8.213/1991.

e) Discriminação em decorrência do tipo de trabalho: Nos termos do art. 7º, XXXII,

CF/88, há “proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os

profissionais respectivos.”

f) Isonomia entre empregados e trabalhadores avulsos: “igualdade de direitos entre o

trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso (art. 7º, XXXIV,

CF/88).

4.9. Princípio da igualdade em sentido material

Igualdade em sentido formal: criação no constitucionalismo do Século XVIII e é conhecida

como igualdade perante a lei. Concretiza-se com a garantia abstrata e formal de isonomia entre as

partes, tidas como seres idênticos, independentemente de suas condições de poder e riqueza.

Igualdade em sentido material: é a igualdade que surge ao longo do Século XX e é

manifestada pela máxima: “tratar com igualdade os iguais e desigualmente os desiguais, nas

medidas das desigualdades.”

Igualdade no Direito do Trabalho: é instrumento para efetivação dos direitos individuais e

sociais no plano das relações de caráter material.

4.10. Princípio da segurança

Princípio da segurança (visão tradicional): era encarado como ferramenta para a

manutenção da desigualdade de poder e de riqueza ao longo da história do Direito.

30
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

Princípio da segurança (visão recente): após a inserção da noção de igualdade material nas

Constituições Ocidentais, a segurança passou a servir como instrumento para se concretizar esse

princípio.

Conceito: “refere-se à sensação e garantia de higidez física, psíquica, jurídica e institucional

assegurada pelo Direito às pessoas na vida social9”.

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Preâmbulo da CF/88: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em

Assembleia Nacional Constituinte, para instituir um Estado Democrático, destinado

a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o

bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma

sociedade fraterna ...”

Art. 5º, “caput”, CF/88: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes (...)

Art. 6º da CF/88: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,

a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta

Constituição

Delgado, Mauricio Godinho. Princípios Constitucionais do Trabalho e Princípios de

Direito Individual e Coletivo do Trabalho (p. 90). Edição do Kindle.

9
DELGADO, Maurício Godinho. Princípios Constitucionais do Trabalho e Princípios de Direito Individual e
Coletivo do Trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 89.
31
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

4.11. Princípio da proporcionalidade e razoabilidade

Princípio da proporcionalidade: prevê o emprego dos “meios necessários, adequados, na

correta e equânime medida, para alcançar fins lícitos.” “A diretriz da proporcionalidade lida, em

síntese, com noções de pertinência, conformidade, compatibilidade, adequação, ponderação,

equilíbrio, todas certamente utilizadas, em seu conjunto, no exame de normas, medidas e fatos

postos a exame da autoridade jurisdicional.” 10

Proporcionalidade no Direito do Trabalho: é princípio voltado às relações de poder existente

na vida social, especialmente naquelas organizadas de forma hierarquizada, tal como se verifica na

relação de emprego. A proporcionalidade será usada para se verificar a regularidade ou não de

condutas e omissões na relação entre empregado e empregador no âmbito do contrato de trabalho.

Princípio da razoabilidade: “dispõe o princípio da razoabilidade que as condutas humanas

devem ser avaliadas segundo um critério associativo de verossimilhança, sensatez e ponderação.

Não apenas verossimilhança, viabilidade aparente, probabilidade média; mas também, ao mesmo

tempo, sensatez, prudência, ponderação.”11

Direito do Trabalho: o princípio da razoabilidade é amplamente aceito e aplicado na seara

trabalhista.

4.12. Princípio da vedação ao retrocesso social

Vedação ao retrocesso social: “ordem jurídica encontra-se obstada a criar ou ratificar normas

e institutos que concretizem ou instiguem a piora ou degradação do patamar civilizatório atingido,

em certo momento histórico, pelas condições sociais caracterizadores de certa sociedade e Estado.

Pelo princípio, em síntese, proíbe-se a criação ou ratificação de normas jurídicas que propiciem o

retrocesso social em determinada sociedade civil e sociedade política.”12

10
DELGADO, Maurício Godinho. Princípios Constitucionais do Trabalho e Princípios de Direito Individual e
Coletivo do Trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 94.
11
DELGADO, Maurício Godinho. Princípios Constitucionais do Trabalho e Princípios de Direito Individual e
Coletivo do Trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 96.
12
DELGADO, Maurício Godinho. Princípios Constitucionais do Trabalho e Princípios de Direito Individual e
Coletivo do Trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 97.
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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

Direito do trabalho: é ramo do direito voltado à elevação das condições de trabalho nas

relações sociais, há forte presença do princípio da vedação ao retrocesso social.

QUESTÕES PROPOSTAS

01. (FCC – Juiz do Trabalho/2017) Em relação a sua eficácia jurídica, as normas de eficácia contida

a) produzem efeitos plenos na ausência de lei que contenha sua eficácia.

b) são ineficazes na ausência de lei regulamentadora.

c) não são autoaplicáveis.

d) não podem ser restringidas por lei.

e) são ineficazes na ausência de política pública.

02. (TRT 15 – Juiz do Trabalho Substituto 15ª Região/2010) Quanto à aplicabilidade das normas

constitucionais é correta afirma:

a) as de eficácia contida têm aplicação imediata, mas se submetem à atuação restritiva nos termos

em que a lei infraconstitucional estabelecer;

b) com a sistemática prevista pela Constituição Federal de 1988 não existe mais a distinção entre

normas constitucionais de eficácia contida e limitada;

c) as de eficácia contida têm aplicabilidade apenas indireta e mediata, pois dependem de norma

ulterior;

d) as normas de eficácia contida têm aplicabilidade integral;

e) nenhuma das anteriores.

03. (TRT 14 – Juiz do Trabalho Substituto 14ª Região/2013) Analise as assertivas abaixo e após

marque a única alternativa correta.

I. É programática, com eficácia integrativa, a norma constitucional que a todos assegura o direito à

saúde mediante políticas sociais e econômicas, visando à redução do risco de doença e de outros

agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e

recuperação.

II. A liberdade de atividade profissional está contida em norma constitucional de eficácia direta,

mediata e integral.
33
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

III. Através do mecanismo da interpretação conforme a Constituição, é possível compatibilizar uma

norma jurídica infraconstitucional que comporte pluralidade de sentidos, buscando aquele que

melhor se adeque ao preceito constitucional correspondente ao tema.

IV. O direito à greve encontra-se plasmado em norma constitucional de caráter institutivo.

a) Apenas o item I é verdadeiro.

b) Apenas o item II é verdadeiro.

c) Apenas o item III é verdadeiro.

d) Apenas o item IV é verdadeiro.

e) Todos os itens são falsos.

04. (MPT – Procurador do Trabalho/2015) A respeito do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias (ADCT), analise os seguintes enunciados:

I. O ADCT determinou que os territórios federais do Amapá, Roraima e Rondônia fossem

transformados em Estados, bem como fosse criado o Estado de Tocantins por separação do então

Estado de Goiás.

II. O ADCT concedeu anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da

promulgação da Constituição da República de 1988, foram atingidos por atos de exceção praticados

pelo Estado.

III. O ADCT facultou aos Estados a estatização das serventias do foro judicial, assim definidas em lei,

respeitados os direitos dos titulares à época da promulgação da Constituição da República.

IV. Aos Procuradores da República investidos no cargo antes da data de promulgação da

Constituição, foi facultada, pelo ADCT e nos termos de lei complementar, a opção, de forma

irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Federal e da Advocacia- Geral da União.

Marque a alternativa CORRETA:

A) apenas as assertivas 1 e 3 estão corretas;

B) apenas as assertivas 2 e 4 estão corretas;

C) apenas a assertiva 4 está correta;

D) todas as assertivas estão incorretas.

E) Não respondida.

34
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

05. (MPT – Procurador do Trabalho/2012) A propósito do Preâmbulo da Constituição da República,

é CORRETO afirmar, segundo a doutrina majoritária, a Constituição da República e a jurisprudência

do Supremo Tribunal Federal:

A) Traduz uma pauta de valores constitucionais, nos campos social, político, econômico, entre outros,

com poder normativo suficiente para vincular o aplicador da norma e, segundo o Supremo Tribunal

Federal, para afastar, por vício de inconstitucionalidade, lei que não se adeque ao seu conteúdo

axiológico.

B) Serve de parâmetro interpretativo dos preceitos constitucionais, além de proclamar os princípios

da Constituição da República, havendo grande divergência doutrinária sobre sua força normativa.

C) O preâmbulo impõe expressamente como valores supremos o exercício dos direitos sociais e

individuais, a liberdade, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade, a fraternidade e a justiça.

D) O preâmbulo impõe como valores superiores a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa

humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.

E) Não respondida.

06. (MPT – Procurador do Trabalho – MPT/2017) Assinale a alternativa INCORRETA:

(A) A Constituição de 1988 é estruturada mediante princípios e regras jurídicas, ambos com natureza

normativa. Há, em seu interior, princípios constitucionais amplos, mas que ostentam também

importante repercussão no campo das relações trabalhistas. A seu lado, existem princípios jurídicos

eminentemente trabalhistas, e que foram incorporados pela Constituição.

(B) Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do Trabalho, foram

incorporados pela Constituição da República. Os princípios constitucionais que colocam a pessoa

humana no vértice e no centro da ordem jurídica não podem, tecnicamente, ser englobados no rol

dos princípios constitucionais do trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou

teleológica, na Constituição Federal.

(C) A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de 1988,

estruturando-se como um princípio jurídico de, pelo menos, dupla dimensão: a igualdade em sentido

formal, oriunda do antigo constitucionalismo; e a igualdade em sentido material, de impacto

profundo e abrangente na Constituição da República.

35
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

(D) Os direitos trabalhistas apresentam natureza de direitos individuais e sociais daqueles que vivem

de seu trabalho empregatício e de outras relações sociojurídicas equiparadas, como o trabalho

avulso. Nessa medida, ostentam também o caráter de direitos fundamentais da pessoa humana.

(E) Não respondida.

07. (MPT – Procurador do Trabalho – MPT/2017) A Constituição da República de 1988:

I - Robusteceu as chamadas normas-princípios, que constituem os preceitos básicos da organização

constitucional.

II - Definiu os objetivos fundamentais do Estado e orientou a compreensão e interpretação do

ordenamento constitucional pelo critério do sistema de direitos fundamentais.

III - Ao enfatizar o postulado da solidariedade social, condicionou a autonomia individual em prol do

coletivo.

Assinale a alternativa CORRETA:

(A) Apenas a assertiva I está correta.

(B) Apenas as assertivas I e II estão corretas.

(C) Apenas a assertiva III está correta.

(D) Todas as assertivas estão corretas.

(E) Não respondida.

08. (TRT 1 – Juiz do Trabalho Substituto 1ª Região/2016) Foi um dos princípios extraídos de

Montesquieu, em sua obra O Espírito das Leis, mais especificamente no capítulo sobre a Constituição

da Inglaterra, que se acha expresso na Constituição de 1988 e que é considerado cláusula pétrea:

a) Autonomia do Poder Judiciário.

b) A Federação.

c) A soberania popular.

d) A separação dos Poderes.

e) A autonomia dos Estados da Federação.

09. (TRT 3 – Juiz do Trabalho Substituto 3ª Região/2013) Na literalidade da Constituição de 1988,

não se inclui entre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

a) Construir uma sociedade livre, justa e solidária

b) Garantir o desenvolvimento nacional

c) Promover a dignidade da pessoa humana

d) Erradicar a pobreza e a marginalização

e) Reduzir as desigualdades sociais e regionais

10. (TRT 2 – Juiz do Trabalho Substituto 2ª Região/2013) No que tange aos princípios

fundamentais da Constituição Federal de 1988, aponte a alternativa incorreta:

a) São princípios relativos à existência, forma e tipo de Estado, o princípio republicano e o princípio

federativo.

b) São princípios relativos à organização da sociedade o princípio da livre organização social e o

princípio da solidariedade.

c) São princípios relativos à vida política, o princípio da cidadania e do pluralismo político.

d) São princípios relativos ao regime democrático, o princípio da soberania popular e o princípio da

representação política.

e) São princípios relativos à prestação positiva do Estado o princípio do desenvolvimento nacional e

o da prevalência dos direitos humanos

11. (TRT 21 – Juiz do Trabalho Substituto 21ª Região/2010) Nas suas relações internacionais, a

República Federativa do Brasil rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios:

a) prevalência dos direitos humanos; coercitividade das decisões das Cortes Internacionais de Justiça;

repúdio ao racismo e defesa da paz;

b) concessão de asilo político; repúdio ao racismo; solução pacífica dos conflitos e intervenção

motivada;

c) autodeterminação dos povos; solução negociada dos conflitos; concessão de asilo político e

intervenção motivada;

d) igualdade entre os Estados; independência nacional; prevalência dos direitos humanos e

vinculação coercitiva às decisões das Cortes Internacionais de Justiça;

e) nenhuma das respostas está correta.

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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

12. (TRT 6 – Juiz do Trabalho Substituto 6ª Região/2010) Entre os objetivos fundamentais da

República Federativa do Brasil situam-se, entre outros, os seguintes:

a) Construir uma sociedade livre e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; promover os

valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

b) Construir uma sociedade livre e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; a prevalência dos

direitos humanos.

c) Garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais; a dignidade da pessoa humana.

d) Construir uma sociedade livre e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza

e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.

e) A defesa da paz; garantir o desenvolvimento nacional; promover o bem de todos, sem preconceitos

de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

13. (CESPE – Juiz do Trabalho Substituto 1ª Região/2010) Com relação aos princípios

constitucionais, à eficácia das normas constitucionais e à sua interpretação, assinale a opção correta.

a) Pelo princípio da conformidade funcional, a contradição entre princípios deve ser superada por

meio da redução proporcional do âmbito de alcance de cada um deles ou pelo reconhecimento da

preferência ou prioridade de certos princípios em relação a outros.

b) Considerando que a técnica da interpretação conforme tem por finalidade possibilitar a

permanência no ordenamento jurídico de leis ou atos normativos que possuam valor interpretativo

compatível com a CF, o intérprete não pode, a pretexto da aplicação da referida técnica, declarar a

inconstitucionalidade parcial do texto impugnado.

c) Na ordem jurídica nacional, o princípio da isonomia tem por exclusivo destinatário o legislador,

que não pode estabelecer discriminações entre pessoas que mereçam idêntico tratamento legal.

d) Pelo princípio da força normativa da CF, às normas constitucionais deve ser atribuído o sentido

que maior eficácia lhes conceda.

e) As normas constitucionais de eficácia limitada admitem restrições quanto à sua aplicabilidade, as

quais podem ser concretizadas por lei infraconstitucional ou pela incidência de normas da própria

CF.

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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

* PREZADOS ALUNOS, PARA MELHOR APROVEITAMENTO DA RESOLUÇÃO DE QUESTÕES


O GABARITO SEGUE EM LISTA NA PRÓXIMA PÁGINA.

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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 02

GABARITO DAS QUESTÕES

1. A

2. A

3. C

4. C

5. B

6. B

7. D

8. D

9. C

10. A

11. E

12. D

13. E

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