Você está na página 1de 2

Resenha crítica: TAVARES, A. P. S.

 et al. Cuidados de suporte renal: uma


atualização da situação atual dos cuidados paliativos em pacientes com DRC.
J Bras Nefrol. v. 43, n.1, p 74-87, 2021. DOI: 10.1590/2175-8239-JBN-2020-
0017. https://www.bjnephrology.org/en/article/kidney-supportive-care-an-
update-of-the-current-state-of-the-art-of-palliative-care-in-ckd-patients/. Acesso
em: 29 dez. 2022.

Em suma, o artigo ressalta a chamada Doença Renal Crônica (DRC)


enquanto problema de saúde pública, por conta da incidência, prevalência e
impactos. Por conta disso, recomendam-se cuidados paliativos.

Inicialmente, contextualiza-se a história dos cuidados paliativos, a qual


remonta à retirada de tratamentos feitos através da diálise em casos de
pacientes com comorbidades graves. De acordo com a Organização Mundial
de Saúde, os cuidados paliativos tendem a melhorar qualidade de vida de
pacientes que enfrentam o risco de morte, além de seus familiares. Ela ainda
preserva a dignidade humana e auxilia na tomada de decisões compartilhadas.

A DRC ocasiona uma série de problemas de ordem física e psicológicas.


Além disso, a morte da parcela da população que passa por transplantes renais
e diálise – embora estas aumentem expectativas de vida – é crescente. Assim,
os cuidados paliativos, principalmente em estágios mais avançados da
enfermidade, são cruciais.

Devem ser avaliados os sintomas e, assim, estabelecer o tipo de


tratamento mais adequado, e deve-se considerar a expectativa de vida desses
pacientes, com ou sem diálise. Avaliam-se, assim, características como
prevalência, intensidade e impacto que cada sintoma na qualidade de vida,
para então traçar estratégias e as ferramentas multidimensionais adotadas. Por
exemplo: se um paciente apresentar sintomas como constipação, deve-se
administrar medicações específicas, como Bisacodil, além de se recomendar
acrescentar fibras à dieta. Ou, no caso de distúrbios de sono, avaliar se há
suspeita de apneia do sono, para que se realize um exame (polissonografia),
ou se há necessidade de se administrar uma medicação.

Há, ainda, a necessidade de se determinar os prognósticos, trabalhar a


habilidade de comunicação – pois geralmente as conversas são de teores
delicados e difíceis, sendo necessário ser hábil e humano na abordagem dos
assuntos –; realizar um planejamento antecipado do tratamento – que
esclarece as preferências sobre cuidados no fim da vida -; a adoção ou não de
um tratamento conservador abrangente – pelo qual o paciente opta pela não
realização de diálise -; opção por diálise paliativa ou convencional e a tomada
de decisões compartilhadas, que englobam a equipe, o paciente e os
familiares. Por fim, o gerenciamento da tomada de decisão de interrupção ou
não de uma diálise e os cuidados de fim de vida e as abordagens terapêuticas.

A temática abordada no artigo é de extrema relevância dada à sua


delicadeza de abordagem. Os cuidados paliativos renais demandam não
somente conhecimentos específicos, mas a capacidade analítica de cada
situação e quadro dos pacientes, bem como uma visão humanizada e que
englobe não somente esses, mas também aos seus familiares, visando a
qualidade de vida de ambos. O papel do enfermeiro, neste caso, é o de
gerenciar todos os procedimentos e traçar estratégias para os cuidados de um
paciente, além de mediar a comunicação entre a equipe médica, a família e o
paciente.

Você também pode gostar