Esta seção tem por tema “Infecção, Traumas e Urgência” e é dividida em
sete capítulos. De maneira geral, os capítulos tratam do papel da urologia em doenças, traumas e infecções. O primeiro deles (o 31) trata especificamente das Infecções Urinárias. Inicialmente, mostra-se que há muito interesse em relação ao tema por parte dos médicos, e pesquisadores têm se dedicado ao tema para entender melhor sua epidemiologia, patogênese, prevenção e tratamento e, com isso, grandes avanços foram atingidos. A definição de infecção urinária colonização de bactérias na urina que originam infecções no trato urinário. Podem ocorrer em ambos os sexos e a sua ocorrência pode ter relação com alguns fatores, como no caso de mulheres, ter estreita relação com o fato de serem sexualmente ativas, ou pH vaginal. Também podem ter relação com outras comorbidades, tais como diabetes. Quanto à sua patogênese, Infecção urinária desenvolve-se fundamentalmente por via ascendente, sempre em decorrência do desequilíbrio entre virulência bacteriana e as chamadas defesas naturais do organismo. Quanto ao tratamento, é preciso considerar alguns fatores para se introduzirem medicamentos. A indicação terapêutica baseia-se na interação hospedeiro-bactéria, traduzida inúmeras formas de manifestações da ITU. Em relação ao agente, algumas características são importantes: absorção, metabolismo e mecanismo de excreção renal, taxa de fluxo urinário, cinética de micção e distribuição medicamentosa. Assim, tratamentos para cistites agudas, pielonefrites agudas e bacteriúria assintomáticas são diferenciadas. O capítulo 32 trata das Doenças Sexualmente Transmissíveis (as chamadas DSTs). Ressalta-se, além das chamadas “moléstias clássicas”, como sífilis, algumas doenças como hepatite e de infecções por protozoários e virais, como vírus da imunodeficiência humana (HIV) e papilomavírus (HPV). Ressalta-se, ainda, que no Brasil ainda há maior incidência no Nordeste, e alguns de repercussões mais sérias, como o Recife, no caso da infecção por HPV e câncer de colo uterino. A população negra é aquela que mais tem índice de HPV, além de os usuários de drogas injetáveis podem contrair hepatite B, C, HIV, sífilis e HTLV. Alguns sintomas auxiliam na detecção de DSTs. Seriam eles: corrimento vaginal, uretrite, úlcera genital, dor pélvica e verrugas. Diante deles, pode-se pedir exames específicos, como de clamídia, HPV ou HIV. E, por sua vez, após a análise de aspectos específicos dos exames, tais como o agente etiológico, o período de incubação, e assim, obter o diagnóstico e o possível. Para a prevenção, o urologista deve orientar sobre sexo seguro e fornecer informações aos pacientes mais jovens, aos pacientes maduros que serão tratados de disfunção erétil e também aos viajantes a áreas críticas para DST no Brasil e no mundo, alertando inclusive sobre o perigo do “turismo sexual” (p. ex., algumas cidades e áreas metropolitanas da Região Nordeste, Europa Oriental, países escandinavos e toda a Ásia) O capítulo 33 trata da Tuberculose Geniturinária. A contaminação / contato inical acontece através da via respiratória, O contato inicial é sempre por via respiratória, com proliferação do bacilo e formação do complexo primário de Ghon (gânglio satélite) e disseminação hematogênica aos diversos órgãos. A Tuberculose renal e a ureteral ocorre por reativação de um foco metastático localizado no córtex, próximo aos vasos sanguíneos que circundam o glomérulo. Acometimento renal bilateral ocorre em 20%. Os sintomas de intensidade e de tempos variáveis, destacando-se nictúria seguida de polaciúria, geralmente sem disúria. Também pode ocorrer hematúria macroscópica em 10% dos casos e cólica renal é rara (ocorre por desprendimento de calcificação renal ou ureteral, ou ainda por descida de coágulo). Queda no estado geral, anemia, hipertensão arterial, dor em flanco e palpação do rim em casos de doença extensa podem ser detectadas a partir de exames físicos gerais. Exames físicos complementares podem ser feitos para urocultura, urina tipo I, tomografia, ressonância e arteriografia. Em continuidade do capítulo 33, o capítulo 34 trata sobre o traumas geniturinários. Trauma geniturinário representa 10% de todos os traumas no serviço de emergência do HC-FMUSP e o rim é o órgão mais envolvido por traumas fechado e penetrante. Traumas de ureter e de bexiga são mais raros, pois as lesões de bexiga representam menos de 2% das lesões abdominais que requerem cirurgia e, em geral, associam-se a traumas de alta energia e com outras lesões severas concomitantes. O trauma renal é diagnosticado através da tomografia computadorizada. Quanto ao tratamento, tem se optado pelo tratamento mais conservador, incluindo internação hospitalar em unidade de terapia intensiva, repouso e acompanhamento de perto com seguimento clínico e exames de imagem, quando indicados. Outra abordagem seria a arteriografia associada à embolização arterial ou com colocação de stents. Há também o trauma ureteral. O exame radiológico padrão-ouro para diagnóstico de lesão traumática de ureter é a pielografia retrógrada. Esse procedimento permite não somente diagnosticar, mas também quantificar a extensão da lesão. O tratamento se dá de acordo com a extensão da lesão: vai desde intervenções cirúrgicas mais simples a o autotransplante renal com translocação do rim à área pélvica e reimplante ureterovesical. Por fim, há os traumas vesicais (na bexiga) e genitais (trauma do pênis). Os traumas vesicais podem ser Lesões não penetrantes, contusas ou fechadas: contusão, ruptura extraperitonial, ruptura intraperitonial e lesão mista. O diagnóstico é através da uretrografia retrógrada. O tratamento clássico para lesão extraperitoneal de bexiga é o conservador, por meio de sondagem vesical de demora por dez dias associada a antibióticos. Já o tratamento para Pacientes com múltiplas lesões, hematúria maciça, lesão próxima ao colo vesical, grande lesão única ou grande quantidade de coágulos intravesicais deveriam ser submetidos a tratamento cirúrgico para reparo da lesão. Sobre os traumas genitais, referem-se a lesões no pênis, essas são mais fáceis de serem identificadas, sendo somente clínicos. O tratamento de fratura de pênis consiste na ráfia da túnica albugínea, abordada através de incisão subcoronal com desenluvamento do pênis. Lacerações ou avulsões de pele são submetidas a desbridamento, a circuncisão, quando necessário, e a fechamento primário do defeito. O tratamento de ferimentos penetrantes de pênis consiste basicamente em ráfia da túnica albugínea, irrigação abundante e antibioticoterapia, com excelentes resultados. O escroto agudo se caracteriza pela dor aguda escrotal com ou sem inchaço e eritema em criança ou em adolescente deve ser sempre reconhecida como emergência. O capítulo 35 trata de Urgências urológicas, tais como escroto agudo e priapismo. O priapismo pode ser classificado de baixo fluxo, alto fluxo e recorrente. Priapismo é uma condição rara e deve ser encarada como emergência, podendo resultar em disfunção erétil se o tratamento for protelado. Numa sociedade litigiosa, pode ser motivo para demandas médico legais. Portanto, tratamento imediato do priapismo de Urgências Urológicas: Escroto Agudo e Priapismo baixo fluxo deve ser a regra, enquanto observação cabe ao priapismo de alto fluxo, com intuito de preservar a função erétil do indivíduo Por fim, o capítulo 36 trata de reconstrução urogenital. A reconstrução urogenital tem como objetivo principal restabelecer o adequado esvaziamento do trato urinário inferior. Cirurgia para correção de estenose de uretra deve ser bem indicada. Tem-se como exemplo a uretrotomia interna, uretroplastia anastomótica e uretroplastia com utilização de enxertos.