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VIDA INDEPENDENTE:
MUDANÇAS E IMPACTOS
SOCIAIS
RELATÓRIO
Centro de Apoio à Vida Este trabalho é o resultado da sistematização e
Independente da ADM Estrela compilação de dados recolhidos durante a
Guarda | Belmonte | Covilhã | Fundão execução do Projeto-Piloto Modelo de Apoio à
Junho de 2023 Vida Independente, visando apresentar
conclusões e estratégias, tendo como pano de
fundo o impacto social do Projeto.
Ação de
Sensibilização
Guarda | 29 de
Maio de 2019
09 Introdução
10 Apresentação
13 Descrição do Projeto
Í 15 Diagnóstico de Necessidades
17 Atividades Previstas
20 Ações de Formação
27 Recursos Humanos
29 Matriz de Impacto
43 Ações de Formação
I 55
53 Conceção do Produto Final
Testemunhos
56 Pessoas Destinatárias de Assistência Pessoal
C
78 Assistentes Pessoais
104 Familiares
E 138 Conclusões
141 Funcionamento e Estruturas de Apoio
05
03 DE DEZEMBRO DE 2019
Apresentação do CAVI da ADM Estrela no dia
Internacional da Pessoa com Deficiência | Covilhã
Introdução
NOTAS PRÉVIAS
O presente trabalho é o resultado da sistematização e
compilação de dados recolhidos durante a execução do Projeto-
Piloto Modelo de Apoio à Vida Independente, cofinanciado pelo
Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, tendo como
Organismo Intermédio o Instituto Nacional para a Reabilitação, IP.
PONTO DE PARTIDA
Em janeiro de 2019, o CAVI da ADM Estrela
propôs-se a apoiar 10 pessoas, no Concelho da
Guarda. Atualmente, são 19 as pessoas
apoiadas por este CAVI, nos Concelhos da
Guarda, Belmonte, Covilhã e Fundão.
09
Modelo de Apoio à Vida Independente
Fonte: www.inr.pt/vida-independente
MAVI | Apresentação
O Decreto-Lei nº 129/2017, de 9 de outubro, aprova o
programa "Modelo de Apoio à Vida Independente"
(MAVI), define as regras e condições aplicáveis ao
desenvolvimento da atividade de assistência pessoal,
de criação, de organização, de reconhecimento e de
funcionamento de Centros de Apoio à Vida
Independente (CAVI), bem como os requisitos de
elegibilidade e o regime de concessão dos apoios
técnicos e financeiros dos projetos-piloto de assistência
pessoal.
10
ADM Estrela - Associação Social e Desenvolvimento
Fonte: www.admestrela.pt
ADM | Apresentação
A ADM Estrela – Associação Social e Desenvolvimento é
uma IPSS – Instituição Particular de Solidariedade
Social – fundada em dezembro de 1989, com sede em
Vale de Estrela – Guarda, reconhecida como pessoa
coletiva de utilidade pública e ONG PD – Organização
Não Governamental para Pessoas com Deficiência.
Tem como princípios a solidariedade social, a promoção
e o desenvolvimento de atividades sociais de
beneficência, de inclusão social e comunitária, da
igualdade de oportunidades entre homens e mulheres,
da saúde, de educação, formação e aperfeiçoamento
profissional.
A ADM Estrela pretende assumir um papel social de
reconhecido valor no que respeita ao apoio junto das
populações que apresentam maior vulnerabilidade
social e tem vindo a aumentar a sua oferta no que
279 221 579 concerne ao apoio social e intervenção junto das
populações.
admestrela@admestrela.pt
Atualmente, a ADM Estrela desenvolve a sua atividade
Tv. da Rua da Fontinha, nº 14
nos territórios de Guarda, Pinhel, Castelo Branco,
6300-569 Guarda
Manteigas e Lisboa, abrangendo as mais diversas áreas
www.admestrela.pt
de intervenção: Infância e Juventude, Pessoas Idosas,
facebook.com\admestrela Pessoas com Deficiência ou Incapacidade, Educação,
Formação Profissional e Empreendedorismo, Família,
youtube.com\@admestrela2841
Comunidade e Intervenção Social e Cooperação
instagram.com\@admestrela Internacional e Desenvolvimento, beneficiando mais de
400 pessoas em todos os seus territórios.
11
Equipa Técnica do CAVI
Ângelo Miguel Barata | Sónia Barata | Joana Jorge (sub.)
CAVI | Apresentação
O CAVI da ADM Estrela disponibiliza assistência
pessoal a 19 pessoas, distribuídas pelos Concelhos de
Guarda (14), Covilhã (3), Belmonte (1) e Fundão (1),
maioritariamente, com alterações das funções
motoras (12) e com uma média de apoio semanal de
31horas, asseguradas por 19 assistentes pessoais.
12
DESCRIÇÃO DO
PROJETO
Esta secção do trabalho visa apresentar o
diagnóstico de necessidades a partir do qual se
estruturou o projeto, bem como as diferentes
atividades programadas e metas inicialmente
estabelecidas.
DIAGNÓSTICO DE
NECESSIDADES
Fontes: Carta Social - www.cartasocial.pt
| Diagnóstico Social do Concelho da Guarda – www.cm-guarda.pt
| Plano de Desenvolvimento Social da Guarda - www.cm-guarda.pt
15
Atividades previstas
São financiadas as atividades decorrentes do exercício das atribuições dos Centros de Apoio à Vida
Independente, no âmbito da organização e funcionamento dos serviços de assistência pessoal (nº 2 do
Artigo 21º do DL nº 129/2017, de 9 de outubro), concretizadas em atividades com a classificação infra.
Metas
Concretizar 10 Planos
Constituir uma bolsa de 40
Individualizados de
assistentes pessoais
Assistência Pessoal
Disponibilizar assistência
pessoal para 10 pessoas
Constituição da Equipa do
Contratar 10 assistentes CAVI com dois técnicos,
pessoais com formação em Gestão e
Psicologia
19
AÇÕES DE
FORMAÇÃO
Esta atividade engloba todos os conteúdos
relacionados com a formação de assistentes
pessoais, designadamente, as ações de formação
inicial e de formação contínua de assistentes
pessoais, com base no pressuposto da criação de
uma Bolsa de 40 Assistentes Pessoais.
Metas
Realizar duas ações de Ajustar os conteúdos
formação inicial (50h) para formativos à realidade do
20 formandos/as cada CAVI
Realizar o levantamento
das necessidades
formativas
20
Encontros, Seminários,
Workshops, Ações de
Divulgação
O Projeto incluía iniciativas nas tipologias de Ação de
Sensibilização, divulgação e debate sobre vida independente,
Encontros de Benchmarking, Seminários e Encontros
Interpares, com os seguintes objetivos:
Ações de sensibilização - divulgar o projeto e difundir os
seus princípios orientadores, alcançando grupos
estratégicos fundamentais para a promoção da
autodeterminação, participação e inclusão das pessoas com
deficiência.
Encontros de Benchmarking - promover o diagnóstico de
necessidades, partilha de conhecimentos, mobilização de
recursos e definição de estratégias para melhoria das
condições e promoção da vida independente.
Encontros interpares - método de partilha de
experiências, de aprendizagem e de
resolução de problemas na condução da
assistência pessoal. Ação de Sensibilização sobre o MAVI | UBI - 2023
Seminários - apresentar as conclusões e Locução realizada por pessoas com deficiência
estratégias, incluindo o testemunho de
pessoas apoiadas e/ou suas famílias.
Metas
Realizar dois
Seminários
Realizar seis
Promover cinco
Encontros de
Encontros Interpares
Benchmarking
22
Conceção do
Produto Final
No âmbito desta atividade encontrava-se programada a
sistematização e compilação dos dados, necessidades,
observações, conclusões, iniciativas, estratégias e propostas
que viessem a ser recolhidos nas diferentes atividades do Projeto e,
designadamente, no contexto dos Seminários e Ações de
Sensibilização, nos Encontros de Benchmarking e de Interpares.
Metas
Compilar e sistematizar
Editar e reproduzir um
dados de cada uma das
documento final
atividades
Obter contributo de
pessoas destinatárias de
assistência pessoal
Reunir contributos de
Recolher informação de
equipa(s) técnica(s) e/ou
assistentes pessoais
outros parceiros
24
Cartaz do 1º Recrutamento de Assistentes Pessoais
Abril de 2019
Cartaz do 2º Recrutamento de AP
Setembro de 2019
Cartaz do 3º Recrutamento de AP
Março de 2021
Cartaz do 4º Recrutamento de AP
Outubro de 2021
Cartaz do 5º Recrutamento de AP
Janeiro de 2022
Cartaz do 6º Recrutamento de AP
Abril de 2022
Cartaz do 7º Recrutamento de AP
Junho de 2022
Cartaz do 8º Recrutamento de AP
Novembro de 2022
José Carlos Correia
Gestor | Coordenador do CAVI (janeiro a abril de 2019)
Joana Jorge
Socióloga | Técnica (agosto de 2022 a abril de 2023)
RECURSOS HUMANOS
Para execução das atividades previstas e nos termos do Decreto-Lei nº 129/2017, de 9
de outubro, foram afetos dois técnicos à Operação com diferentes qualificações
académicas e profissionais e com importante background e know-how na área de
trabalho objeto de candidatura.
Fruto de contingências internas e externas à Organização, o Projeto contou com a
colaboração de quatro técnicos/as distintos/as.
27
Matriz de
Impacto
Encontro
Interpares
Guarda | Julho de
2020
Matriz de Impacto
COM O OBJETIVO DE COMPREENDER OS
RESULTADOS DO PROJETO, O CAVI
PROPÔS-SE A AVALIAR O IMPACTO
SOCIAL DO MAVI.
Para melhor compreensão dos resultados e identificação de
oportunidades e mais-valias, o CAVI propôs-se avaliar o impacto
do MAVI nos diferentes stakeholders.
Os resultados obtidos irão permitir reforçar a transparência e a
corresponsabilização de todos os stakeholders, fornecendo
informações essenciais para a sensibilização de todos/as para
as questões da inclusão e da vida independente.
A partir do Modelo Teórico da Teoria da Mudança, estabeleceu-
se a inclusão social das pessoas com deficiência como desafio
central para este Projeto, segundo a hipótese de impacto de
que, se desenvolvermos (1) atividades de assistência pessoal
que contribuam para reduzir ou minimizar a dependência das
pessoas com diversidade funcional face a terceiros, bem como
para incrementar as oportunidades de acesso a serviços,
formação e emprego e (2) ações de sensibilização e de
benchmarking que contribuam para uma mudança de
paradigma na abordagem da diversidade funcional e (3)
atividades interpares que contribuam para consolidar o
sentimento de pertença social e identificar necessidades na
comunidade; então, teremos (1) mais oportunidades de acesso a
serviços, emprego e formação, (2) mudança de mentalidades na
visão sobre a pessoa com deficiência, (3) pessoas com
deficiência mais autodeterminadas e, como tal, conseguiremos
promover a inclusão social das pessoas com deficiência.
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
A avaliação do impacto social permitirá
compreender se os resultados esperados foram
alcançados e se o impacto pretendido foi,
efetivamente, conseguido. Os resultados desta
avaliação serão detalhados após a descrição
das atividades desenvolvidas.
32
Matriz de Impacto
MUDANÇAS
RECURSOS ATIVIDADES RESULTADOS IMPACTO
INTERMÉDIAS
Recursos Humanos Assistência Pessoal Aumento das respostas Maior participação social
(comunitárias) para dos cidadãos com
(Equipa Técnica;
Aumento da rede de Integração
Pessoas Ações de suporte socioprofissional das Inclusão Social
pessoas com deficiência
Destinatárias de Sensibilização e Independência na gestão
Mais oportunidades de
Infraestruturas e Redução de
inclusiva
Equipamentos institucionalizações
33
Atividades
Desenvolvidas
| Resultados
Esta secção do trabalho visa apresentar as
atividades desenvolvidas, nas diferentes tipologias
da Operação, e os respetivos resultados, no que
respeita ao cumprimento das metas
estabelecidas.
Funcionamento e
Estruturas de Apoio
RESULTADOS
RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE
PESSOAS DESTINATÁRIAS
RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE
| CONDIÇÕES DE ADMISSÃO
Cumpridas as condições de elegibilidade
ASSISTENTES PESSOAIS
elencadas pelo Art.º 10º do DL nº 129/2017,
O processo de recrutamento e seleção de assistentes
consideram-se como condições de admissão ao
pessoais conheceu duas formas distintas:
serviço de assistência pessoal disponibilizado pelo
Até abril de 2021, o recrutamento de assistentes
CAVI da ADM Estrela (1) a vontade expressa da
pessoais funcionava mediante a publicação,
pessoa, (2) residência no Concelho da Guarda
durante determinado período, da receção de
(exceções previstas em Regulamento Interno) e (3)
candidaturas para a função de assistente pessoal.
necessidade de assistência pessoal
De seguida, os/as candidatos/as eram sujeitos/as
a uma entrevista de seleção e avaliação de
| PROCESSO DE AVALIAÇÃO/SELEÇÃO competências, após a qual eram integrados/as em
formação inicial e, posteriormente, colocados/as
A Equipa Técnica do CAVI, por intermédio de
em Bolsa de Assistentes Pessoais, à consideração
entrevista(s) e com recurso à Escala CANS,
da pessoa destinatária de assistência pessoal para
procede à avaliação das condições de
escolha de assistente pessoal.
elegibilidade, de admissão e respetivos critérios,
A partir de abril de 2021, em face da necessidade
para decisão do processo de admissão.
de otimizar a seleção de assistentes pessoais pela
Encontrando-se cumpridas todas as condições, a
pessoa destinatária de assistência pessoal, o
pessoa candidata é admitida e é elaborado, com o
processo de receção de candidaturas passou a
apoio do CAVI, o Plano Individualizado de
estar aberto em permanência. Após receção da
Assistência Pessoal.
candidatura, o CAVI envia um formulário ao
candidato para preenchimento de dados e
construção de perfil. Após receção do formulário
preenchido, o/a candidato/a integra a Bolsa de
Recrutamento e, mediante as necessidades e de
acordo com os perfis, pelo menos três
candidatos/as são colocados à consideração da
pessoa destinatária para escolha e indicação de
um/a para formação inicial.
É sempre obrigatório o cumprimento das condições
previstas pelos nº 2 e nº 6, do Art.º 14º do DL nº
129/2017, de 9 de outubro.
38
Funcionamento e
Estruturas de Apoio
RESULTADOS
RECEÇÃO DE INSCRIÇÕES
As inscrições são aceites durante
todo o ano e as correspondentes
admissões efetuadas nos limites
do definido pelo projeto-piloto.
LISTA DE CRITÉRIOS DE
INSCRIÇÕES ADMISSÃO
Os candidatos com No processo de
condições de admissão, admissão são tidos em
mas que não seja conta, por pontuação e
possível admitir, por ponderação obtida, os
inexistência de vaga, seguintes critérios:
ficam automaticamente necessidade de apoio;
inscritos na Lista de situação socioeconómica;
Inscrições, pelo período risco de isolamento/
de duração do MAVI. exclusão pessoal/social.
Atualmente, aguardam
admissão 24
candidatos/as.
39
Funcionamento e
Estruturas de Apoio |
Resultados em Números
O CAVI da ADM Estrela apoiou um total de 21 pessoas, desde
maio de 2019, tendo sido contratadas 33 assistentes pessoais.
Avaliação
As metas estabelecidas no domínio da atividade de "Funcionamento e Estruturas de
Apoio" foram alcançadas com sucesso e superadas nos diferentes itens, com recurso
a dois técnicos na Equipa do CAVI:
Constituiu-se uma Bolsa de 73 Assistentes Pessoais (meta = 40);
Foram executados e finalizados 125 Planos Individualizados de Assistência
Pessoal (meta = 10 PIAP);
21 Pessoas beneficiaram de assistência pessoal, num máximo de 19 pessoas em
simultâneo (meta = 10/19);
Contrataram-se 33 assistentes pessoais, num máximo de 21 em simultâneo (meta
= 10/19).
40
Funcionamento e
Estruturas de Apoio |
Resultados e Propostas
A avaliação dos resultados obtidos da execução da atividade é significativamente
positiva. Com efeito, as mais-valias do Modelo de Apoio à Vida Independente
superam largamente os seus constrangimentos, os quais devem, não obstante, ser
devidamente analisados e considerados. Nesta secção, apresentamos um resumo
das principais conclusões e respetivas propostas de melhoria, em relação a um
Modelo que é funcional, flexível e responde a uma necessidade previamente não
respondida. Deixamos para o capítulo das conclusões uma reflexão mais
sustentada sobre os tópicos ora apresentados.
PROPOSTAS E REFLEXÕES
Modelo com intermediação do CAVI parece ser a melhor solução, no entanto, cremos
que não deve ser limitada a opção da pessoa com deficiência, devendo ser
considerada a possibilidade de um modelo híbrido ou de contratação direta.
Regulamentação da profissão de assistente pessoal é indispensável para o bom
funcionamento do futuro Modelo, podendo responder a várias fragilidades que se
encontram identificadas.
Monitorização da assistência pessoal deve ser melhorada, com recurso, por exemplo,
a novas tecnologias.
As diferentes limitações merecem revisão: de idade; de acumulação de apoios; de
tipologia de diversidade funcional (incluir situações de dependência funcional); de
horas de apoio, etc.
O Modelo de Financiamento suscita inúmeras questões relativas à sustentabilidade:
qual o papel do Estado? deve existir comparticipação pela pessoa destinatária? com
que critérios? com que implicações? em que tipo de atividades ou circunstâncias?
Frequência das visitas de acompanhamento (INR, IP) deve ser aumentada,
atendendo à fase de implementação em que nos encontramos.
Remuneração de AP’s e Equipa Técnica deverá ser objeto de revisão.
Qual o contributo do MAVI para a melhoria das acessibilidades? e da mobilidade?
Frota MAVI é uma possibilidade?
Bolsa de assistentes pessoais encontra-se constrangida, entre outros, por rácios de
formação inicial.
Literatura sobre Vida Independente em Portugal é ainda muito limitada.
42
AÇÕES DE FORMAÇÃO | RESULTADOS
As ações de formação previstas inicialmente foram largamente superadas, em função das
contingências macrossistémicas colocadas à execução do Projeto, como são exemplo o
contexto pandémico de COVID-19 e as flutuações de mão-de-obra no mercado de trabalho,
mas também por fatores intrínsecos à natureza do MAVI, isto é, de modo a facilitar a seleção
do/a assistente pessoal pela pessoa destinatária de assistência pessoal.
No que respeita às ações de formação inicial, foram desenvolvidas treze ações para assistentes
pessoais, das quais resultou uma bolsa de 73 assistentes pessoais. As ações tiveram lugar com
recurso a formadores inscritos na bolsa de formadores do INR, IP e nos termos definidos pelo
Decreto-Lei nº 129/2017, de 9 de outubro e alterado pelo Decreto-Lei nº 27/2019, de 14 de
fevereiro, bem como pela Deliberação nº 9/2017 do Conselho Diretivo do INR, IP. e contaram
com testemunhos de pessoas destinatárias de assistência pessoal.
43
AÇÕES DE FORMAÇÃO Semana da Vida Independente
RESULTADOS EM NÚMEROS
FORMAÇÃO INICIAL
FORMAÇÃO CONTÍNUA
Ações
Datas
13 ações realizadas
Maio de 2019
Dezembro de 2019 Formandas Volume de Formação
Abril de 2021 18 Assistentes Pessoais 900horas
Junho de 2021
Julho de 2021 AVALIAÇÃO
Setembro de 2021
As metas estabelecidas no domínio da
Dezembro de 2021
atividade de "Ações de Formação" foram
Volume de Formação Fevereiro de 2022 cumpridas com sucesso:
3800horas Março de 2022 Desenvolveram-se 13 ações de formação
Maio de 2022 inicial (meta = 2/9);
Julho de 2022 Ajustaram-se os conteúdos formativos de
Dezembro de 2022 acordo com a realidade do CAVI;
Março de 2023 Em setembro de 2020, realizou-se o
levantamento de necessidades formativas;
Contrataram-se 5 formadores/as inscritos
na base de formadores do INR, IP;
Formandos/as Ministraram-se 50horas de formação
73 Assistentes Pessoais adicional para 18 assistentes pessoais.
44
AÇÕES DE FORMAÇÃO
RESULTADOS E PROPOSTAS
A avaliação dos resultados obtidos da execução
da atividade é significativamente positiva. No
entanto, este é um aspeto particularmente
sensível, que carece de revisão.
PROPOSTAS E REFLEXÕES
A formação é um aspeto crítico para o desenvolvimento pessoal e profissional das
assistentes pessoais. A formação inicial é especialmente importante para socializar as
assistentes pessoais com os valores da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, com o MAVI e com a filosofia da Vida Independente.
O feedback recebido dos/as formandos/as e formadores/as é francamente positivo.
A formação deve também ser dirigida para pessoas destinatárias e pessoas em
coabitação ou outras pessoas significativas, sob a forma de ação de capacitação.
A modalidade de formação e-learning é uma mais-valia, permitindo um melhor
ajustamento entre a pessoa escolhida e o perfil definido pela pessoa destinatária, no
entanto, importa agilizar estes procedimentos para resposta a emergências.
Uniformização da formação, por exemplo, através da sua centralização num único
organismo pode ser uma mais-valia, facilitando, inclusive, a análise de um modelo
comparticipado para a bolsa de assistentes pessoais.
O número de horas de formação inicial parece ajustado à necessidade, pese embora os
conteúdos ajustáveis a cada CAVI devessem ter uma maior preponderância, de modo a
facilitar formação em contexto real de trabalho.
Participação das pessoas destinatárias de assistência pessoal no processo de
formação é um fator importante para aumentar a qualidade da formação.
Rácio/limite de formandos é um constrangimento que merece ser revisto.
45
ENCONTROS,
SEMINÁRIOS,
AÇÕES DE DIVULGAÇÃO
V ENCONTRO INTERPARES | 30 DE MAIO DE 2023 RESULTADOS
AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO
O CAVI deu início às ações de sensibilização em maio
de 2019, tendo-se seguido uma nova ação desta
tipologia em março de 2023 e, por último, em maio de As Ações de Sensibilização reuniram mais de
2023. 300 participantes, de entre pessoas com
As ações de sensibilização constituíram-se como diversidade funcional e famílias, entidades
marcos importantes na difusão dos princípios locais nas áreas da reabilitação, saúde,
orientadores do MAVI, permitindo divulgar o projeto e serviços sociais, emprego, educação e
alcançar grupos estratégicos fundamentais para a autarquias, nas cidades da Guarda e Covilhã.
promoção da autodeterminação, participação e
inclusão das pessoas com deficiência
ENCONTROS DE BENCHMARKING
Os encontros de benchmarking começaram a ser Os encontros de benchmarking foram
realizados em fevereiro de 2019, com diferentes importantes facilitadores no diagnóstico de
entidades locais das áreas sociais, da saúde, necessidades locais, mas também na partilha
reabilitação e municípios. Estes encontros, nove no de conhecimentos, na definição de
total, foram especialmente importantes numa fase estratégias e mobilização dos recursos
inicial do projeto, possibilitando maximizar a sua existentes para melhoria das condições e
divulgação. promoção da vida independente.
47
ENCONTROS,
SEMINÁRIOS,
AÇÕES DE DIVULGAÇÃO
RESULTADOS
SEMINÁRIOS
Os dois seminários foram programados para os meses
de maio e junho de 2023, com o objetivo de destacar os
trabalhos protagonizados pelas pessoas com
deficiência, com testemunhos de especialistas e de ENCONTROS INTERPARES
académicos, bem como de pessoas destinatárias de Os encontros interpares, para pessoas com
assistência pessoal, e com a finalidade de despertar deficiência, tiveram início em julho de 2020 e término
consciências para as questões da inclusão, muito em junho de 2023.
especificamente, das acessibilidades e da
representatividade, divulgando simultaneamente os Foram realizados cinco encontros, com um total de
resultados do projeto. 114 participantes, os quais partilharam experiências
e boas práticas, com vista à resolução de problemas
OUTRAS ATIVIDADES na condução da assistência pessoal e na execução
do Projeto.
Ao longo da execução do projeto, o CAVI foi convidado
a participar de diferentes iniciativas, com o objetivo de
Os encontros, dinamizados por pessoas externas à
divulgar o Modelo de Apoio à Vida Independente.
equipa técnica do CAVI, constituíram-se como
Destacam-se, a par dos contributos para a newsletter
oportunidades de aprendizagem e de partilha,
do MAVI, promovida pelo INR, IP, as seguintes
contando com a presença de pessoas destinatárias
participações:
de assistência pessoal do CAVI da ADM Estrela, mas
03 de dezembro de 2019 | Apresentação do MAVI, em
também de outros CAVI (Zona Centro e Alto Alentejo)
iniciativa promovida pelo CLAS da Covilhã
e, inclusive, de técnicos/as e outros especialistas em
03 de dezembro de 2020 | Participação no I Encontro
temáticas de interesse comum, designadamente,
de CAVI da Região Centro, promovido pelo CAVI
com a colaboração da Equipa Técnica do
Cavalo Azul
Ambulatório da Associação de Paralisia Cerebral de
12 de maio de 2021 | Participação no Ciclo de Webinars
Viseu, a qual prestou informações importantes sobre
"Boas Práticas do Modelo de Apoio À Vida
a aquisição de ajudas técnicas e produtos de apoio.
Independente", promovido pelo INR, IP
13 de julho de 2022 | Participação na “Conferência
Em função do contexto pandémico, a maioria dos
Pública de Divulgação da Avaliação Intercalar do
encontros foi realizada por meios telemáticos o que,
Modelo de Apoio à Vida Independente em Portugal",
não obstante as desvantagens inerentes a estes
promovida pelo INR, IP
métodos, permitiu levar estes encontros até um
17 de fevereiro de 2023 | Participação no webinar
maior número de pessoas com deficiência.
"Promover a mobilidade e autonomia", dinamizado
pelo Agrupamento de Escolas do Gavião
7 de junho de 2023 | Participação no II Encontro do
CAVI do CERE
48
ENCONTROS,
SEMINÁRIOS,
AÇÕES DE DIVULGAÇÃO
RESULTADOS EM NÚMEROS
ENCONTROS DE BENCHMARKING
Realizaram-se 9 encontros de
benchmarking (meta=6), que
totalizaram:
76 participantes
49 Instituições representadas
AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO
Realizaram-se 3 Ações de
Sensibilização (meta=3), que totalizaram:
293 participantes
80 instituições representadas
ENCONTROS INTERPARES
SEMINÁRIOS
Realizaram-se 2 seminários
(meta=2), que totalizaram:
105 participantes
22 instituições representadas
49
ENCONTROS, SEMINÁRIOS, AÇÕES DE DIVULGAÇÃO
PROPOSTAS E REFLEXÕES
A atividade "Encontros, Seminários, Workshops, Ações de
Divulgação" assumiu relevante preponderância no sucesso da
execução do projeto e permitiu recolher importantes contributos
e propostas para o futuro. Contabilizaram-se 588 participantes e
161 Instituições nas diferentes tipologias de atividades.
50
Primeira Ação de
Benchmarking
Guarda | 6 de
fevereiro de 2019
Conceção do Produto
Final
SEMANA DA VIDA INDEPENDENTE | APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS RESULTADOS
A "Conceção do Produto Final" é uma parte integrante Para a execução do Produto Final, que
do projeto, que teve como objetivo sistematizar e consiste no suporte documental aqui
compilar os dados, necessidades, observações, apresentado, adotou-se uma abordagem
conclusões, iniciativas, estratégias e propostas abrangente e sistemática que implicou a
recolhidas ao longo das diferentes tipologias da organização e revisão cuidadosa de todas as
Operação, incluindo o Funcionamento e Estruturas de informações recolhidas – através de
Apoio, Ações de Formação e Seminários, Ações de instrumentos diversos (ex.: inquéritos, registos,
Sensibilização, Encontros de Benchmarking e de observação direta e indireta) – durante o
Interpares. projeto, de modo a garantir que todos os
dados relevantes pudessem ser
considerados.
Este suporte documental foi estruturado para facilitar a
compreensão do projeto e das necessidades
A análise dos dados permitiu-nos identificar
identificadas, na expectativa de servir como base para
as ameaças e oportunidades, os pontos fortes
futuras iniciativas, fornecendo evidências tangíveis e
e a melhorar do projeto, resultando em
um impulso inspirador para mobilizar e envolver os
conclusões significativas que aqui tentamos
diversos stakeholders envolvidos na defesa e promoção
reproduzir. Com efeito, as conclusões,
dos valores consagrados pela Convenção sobre os
observações e propostas constantes deste
Direitos das Pessoas com Deficiência.
documento procuram criar soluções realistas
e viáveis, que possam ser implementadas de
forma eficaz no contexto de promoção da
vida independente em Portugal.
53
CONCEÇÃO DO
PRODUTO FINAL
RESULTADOS EM NÚMEROS
3 Tipologias de
Atividades Compiladas
e Sistematizadas
Reunidos testemunhos
Reunidos contributos de 17 pessoas Recolhida informação
de vários parceiros e destinatárias de de 16 assistentes
CAVI da Zona Centro assistência pessoal pessoais
1 Produto Final
Editado e Reproduzido
AVALIAÇÃO
As metas estabelecidas no domínio da atividade de "Conceção do Produto Final"
foram atingidas com sucesso, na medida em que o presente documento integra
os diferentes elementos acima expostos.
Importa, no entanto, referir que, de modo a garantir que os números apresentados
não se resumam a um cumprimento abstrato de objetivos, procedeu-se,
adicionalmente, à avaliação do impacto social do projeto, a qual integra
igualmente o presente suporte documental.
54
Testemunhos
57
Jesuíno Joaquim
91 anos
Ângela Cordeiro
49 anos
Antes tinha que contar sempre com o apoio da minha mãe.
Agora consigo deslocar-me sozinha, ter momentos de lazer e
maior apoio nas tarefas domésticas. (…) Agora sinto-me mais
concretizada nos meus objetivos, sinto-me mais apoiada e com
maior segurança. (…) Antes tinha uma vida solitária, isolava-me
muito em casa…faz-me sentir não tão apática e mais disposta
a fazer as coisas…sair de casa.
José de Almeida
87 anos
A assistente Célia ajuda-me a ter a máxima autonomia possível,
auxiliando na locomoção (levantar da cama, sentar na cadeira
de rodas e deslocar), higiene pessoal, preparação das refeições e
limpeza da casa. Ao nível da saúde, acompanha-me a todas as
consultas, análises clínicas e outros exames. A sua presença permite
que os meus familiares mantenham as suas atividades profissionais e
estejam mais tranquilos já que ela apoia-me em todas estas
necessidades básicas. Tendo incapacidade motora e idade
avançada, gostaria muito de poder continuar com esta preciosa
ajuda, pois só assim, poderei ter algum conforto e bem-estar.
58
Eduardo Antunes
79 anos
Em boa hora foi encontrado este tipo de apoio, do qual beneficio
desde janeiro de 2022. (…) O trabalho com a minha AP é da maior
importância. Tenho um plano de funcionamento que é respeitado com
rigor. Sendo eu uma pessoa dependente dos outros, preciso da assistente
pessoal sempre a meu lado. (…) Do desempenho da Raquel, só posso dizer
que é o melhor. (…) Quando olho para trás no tempo, penso como estaria
degradada a minha condição física se não tivesse este tipo de apoio!
Ainda que de casa tivesse o melhor acompanhamento, veria sempre a
minha condição física diminuída. Numa avaliação geral deste Projeto de
Apoio à Vida Independente, posso dizer que ganhei movimentos que perdi
com todo o processo de internamento, desenvolvi autonomia ao nível do
raciocínio, memória e agilidade mental e ainda que não consolidada,
elevei a minha autoestima. Contudo, sei que tenho muito para evoluir, já
que foi muito o que perdi. (…)Quero, acima de tudo, acreditar, que este
projeto não acabe e que possa alargar a sua ação a mais beneficiados
que dele precisem. Agradeço aos grandes promotores toda a resiliência a
ele dispensada.
Ruy Freiria
63 anos
59
Lurdes Prior
50 anos
Rita Dias
42 anos
60
Maria Salete Vaz
61 anos
Mário Fonseca
63 anos
61
Liseta Marques
61 anos
João Taborda
30 anos
62
António Castro Fernandes
68 anos
Victor Clemente
57 anos
63
João Pena Fonseca
52 anos
64
Pessoas Destinatárias de Assistência Pessoal
Eduardo Antunes
79 anos
Lurdes Prior
50 anos
67
Maria Luísa Rebelo
25 anos
O processo de seleção da assistente pessoal não foi de todo
fácil. Quando conheci a Ana Paula e a Ernesta senti simpatia e
confiança. Percebi que eram as pessoas certas para me
ajudarem na nova etapa da minha vida.
Mário Fonseca
63 anos
Rita Dias
42 anos
Victor Clemente
57 anos
68
Pessoas Destinatárias de Assistência Pessoal
Ruy Freiria
63 anos
O principal desafio foi aceitar que uma pessoa estranha visse
a minha vida particular. Tive que me esforçar para criar alguns
laços com as assistentes.
Rita Dias
42 anos
Mário Fonseca
63 anos
70
Maria Salete Vaz
61 anos
O que mais tive dificuldade foi aceitar que necessitava da
ajuda. (…) [Deviam existir] Mais atividades para falar das nossas
vivências, daquilo que mudou nas nossas vidas e o que
adquirimos com o apoio da assistência.
Liseta Marques
61 anos
Lurdes Prior
50 anos
71
José Miguel Marques
25 anos
Eduardo Antunes
79 anos
Cristiana Nave
25 anos
72
António Castro Fernandes
68 anos
Ângela Cordeiro
49 anos
O maior medo era não me conseguir adaptar por já estar há
muito tempo sozinha. Percebi logo na entrevista que [a AP] era
alegre e não tinha preconceitos.
73
Pessoas Destinatárias de Assistência Pessoal
Liseta Marques
61 anos
Mário Fonseca
63 anos
Rita Dias
42 anos
75
Ângela Cordeiro
49 anos
Sinto-me apoiada pelo CAVI e a minha vida mudou muito.
Eduardo Antunes
79 anos
Cristiana Nave
25 anos
76
Assistentes
Pessoais
Raquel Costa
36 anos
Sandra Barreiros
46 anos
79
Rita Santos
49 anos
A seleção sendo feita pelos assistidos é boa, porque é o assistido que
está a escolher o seu "parceiro" nesta caminhada e eu tento fazer o
melhor "serviço" nesta escolha, para não o deixar ficar mal.
Tatiana Feiteira
26 anos
Dinora Antunes
40 anos
80
Ana Patrícia Matos
36 anos
Ter a capacidade de intervir e facilitar as atividades diárias de
alguém é assim tornar a sua vida um pouco mais fácil é algo que me
acrescenta e me torna um ser humano mais atento, sensível e
empático. Tenho plena noção que nós, assistentes, fazemos a
diferença para as pessoas que apoiamos.
Ana Madeira
50 anos
Cleidimira Cruz
27 anos
81
Ana Paula Gomes
55 anos
Penso que existirem associações que desenvolvam este tipo de
projetos e que deem estas formações é uma mais-valia e
extremamente necessário para se conseguir ajudar um maior número
de pessoas com algum tipo de limitações a terem uma maior e melhor
qualidade de vida.
Sandra Peixoto
46 anos
Célia Frias
35 anos
82
Ernesta Parreira
58 anos
Aquando do primeiro contacto com a Luísa Rebelo, pessoa
destinatária, senti que esta forma de recrutamento e de seleção era
diferenciador. A Luísa fez a sua apresentação. Colocou dúvidas,
partilhou medos e fragilidades. A interação deu-se de uma forma
bastante natural. Decorridos alguns dias fui contactada pelo
coordenador do CAVI para me comunicar que a Luísa me tinha
escolhido. O facto de me sentir escolhida criou em mim um enorme
sentido de missão.
Andreia Santos
38 anos
83
Rosa Filipe
37 anos
84
Assistentes Pessoais
Célia Frias
35 anos
Dinora Antunes
40 anos
A formação foi produtiva, de forma que me deu novas
ferramentas para lidar com aspetos relacionados com a
higiene, a maneira de transferir o utente da cama para a
cadeira de rodas e vice-versa, e outras tarefas necessárias.
87
Ana Madeira
50 anos
Rita Santos
49 anos
Ernesta Parreira
58 anos
A formação inicial, preparada e ministrada de forma exemplar,
proporcionou-me um conhecimento mais concreto do projeto
MAVI. Deu resposta a alguns medos e receios. Outros
teimavam em permanecer, mas em simultâneo despertava a
vontade de iniciar funções.
88
Tatiana Feiteira
26 anos
Raquel Costa
36 anos
89
Sandra Barreiros
46 anos
Carina Rodrigues
34 anos
90
Andreia Santos
38 anos
91
Assistentes Pessoais
Cleidimira Cruz
27 anos
Sandra Peixoto
46 anos
De início foi mentalmente muito exigente, obrigando-me a uma
ginástica para conseguir que ela visse as situações na
perspetiva do outro, neste caso os pais, nem sempre com
sucesso tive que dar o meu melhor todos os dias. Devo
confessar que cheguei a equacionar desistir, mas como não
faz parte da minha natureza reinventei-me.
Carina Rodrigues
34 anos
94
Ana Madeira
50 anos
Apoio monetário para quem faz várias deslocações diárias e kms para
fora da cidade ou pagar um subsidio de transporte, melhorar o
subsidio de alimentação, ver a situação de quem trabalha aos fins de
semana e feriados e horas noturnas.
95
Tatiana Feiteira
26 anos
Raquel Costa
36 anos
Inicialmente há sempre dúvidas e receios ao trabalhar com
pessoas “desconhecidas”, na sua própria casa. Nem tudo é
fácil, pois temos de nos adaptar às diferentes personalidades e
feitios, e por essa razão é importante sabermos ter uma
postura diferenciada perante cada pessoa.
Incentivos para convívios entre os membros do projeto para
auxiliar na socialização, confraternização e inclusão, como,
bilhetes para espetáculos/concertos. Apoio para incentivar as
pessoas apoiadas para convívios em cafés, passeios,
atividades ao ar livre, etc…
Devia haver uma parceria com a Câmara Municipal da
Guarda, para que os membros do Projeto, - assistentes e
pessoas assistidas- tenham acesso livre às piscinas Municipais.
96
Ernesta Parreira
58 anos
Sandra Barreiros
46 anos
Andreia Santos
38 anos
97
Assistentes Pessoais
Rita Santos
49 anos
99
Ana Madeira
50 anos
Sandra Barreiros
46 anos
O auxílio do CAVI foi também essencial, nomeadamente nas
avaliações (nas quais se dá o feedback de como decorrem as
situações com o utente), e também é a entidade empregadora
a qual tratou de forma exemplar todos os assuntos
relacionados com o exercício desta nova profissão.
Tatiana Feiteira
26 anos
Carina Rodrigues
34 anos
Sobre a relação com o CAVI não há nada a apontar pois
sempre senti abertura por parte da equipa técnica para
resolver todos os problemas/situações que foram surgindo ao
longo destes 4 anos de ligação.
100
Ana Patrícia Matos
36 anos
Dinora Antunes
40 anos
Ernesta Parreira
58 anos
Sandra Peixoto
46 anos
101
Andreia Santos
38 anos
Rosa Filipe
37 anos
102
Familiares de
Pessoas
Destinatárias de
Assistência
Pessoal
João Vaz
Filho de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
105
Maria Guiomar
Esposa de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
Mariana Dias
Mãe de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
Paulo Marques
Pai de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
106
Familiares de Pessoas Destinatárias de Assistência
Pessoal
Mariana Dias
Mãe de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
Maria Guiomar
Esposa de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
108
Familiares de Pessoas Destinatárias de Assistência
Pessoal
Cecília Santos
Esposa de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
110
Familiares de Pessoas Destinatárias de Assistência
Pessoal
Maria Guiomar
Esposa de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
112
Cecília Santos
Esposa de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
Mariana Dias
Mãe de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
Paulo Marques
Pai de Pessoa Destinatária de Assistência Pessoal
113
Centros de
Apoio à Vida
Independente
115
CAVI da APPACDM da Figueira da Foz
Equipa Técnica
116
CAVI da APS de Fornos de Algodres
Equipa Técnica
117
CAVI do Centro de Ensino e Recuperação do Entroncamento
Equipa Técnica
118
CAVICENTRO | ACAPO
Equipa Técnica
119
Avaliação de
Impacto
Nesta secção são apresentados os resultados da avaliação de impacto,
realizada de forma independente. A avaliação está apresentada sob a
forma de sumário executivo, tentando compreender o significado de
terem sido alcançadas as metas a que o CAVI da ADM Estrela se
propôs. O estudo completo da avaliação de impacto está disponível
para consulta no site da ADM Estrela.
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
SEMANA DA VIDA INDEPENDENTE | 31 DE MAIO DE 2023 NOTA INTRODUTÓRIA
As pessoas com deficiência têm enfrentado, ao longo da história, diversas formas de discriminação e
exclusão, independentemente do lugar onde se encontram. Infelizmente, este grupo encontra-se entre os
mais vulneráveis e marginalizados em todas as sociedades, mesmo nas mais desenvolvidas. Dados e
estudos sociais têm evidenciado a difícil situação das pessoas com deficiência em relação à pobreza,
emprego, participação social, acesso aos seus direitos de cidadania e qualidade de vida. No entanto, um
novo paradigma de vida independente tem vindo a emergir como uma forma de mudar esta situação e
permitir que as pessoas com deficiência possam ter uma maior autonomia e participação na sociedade.
O projeto Modelo de Apoio à Vida Independe (MAVI), que visa a promoção da inclusão social das
pessoas com deficiência através da implementação de um modelo de assistência pessoal baseado na
vida independente, insere-se neste novo paradigma que enfatiza a importância da autonomia, da
autodeterminação e da participação plena e efetiva na sociedade por parte das pessoas com
deficiência, possibilitando-lhes o direito de decidir sobre as suas próprias vidas e ter acesso a serviços e
apoios que lhes permitam viver de forma independente. Estes objetivos estão alinhados com os princípios
fundamentais do projeto, que incluem a universalidade, autodeterminação, individualização,
funcionalidade dos apoios, inclusão, cidadania, participação e igualdade de oportunidades (Artigo 4º do
Decreto-Lei n.º 129/2017, de 9 de outubro).
Partindo de uma abordagem centrada na pessoa e nas suas necessidades individualizadas, aspirações de
cidadania, sonhos e ambições, este projeto tornou-se fundamental para suprir a necessidade de
respostas diferenciadas numa ampla variedade de situações, disponibilizando assistência pessoal através
dos Centros de Apoio à Vida Independente (CAVI), que por sua vez, são uma componente fundamental
na implementação do projeto MAVI em Portugal. São responsáveis pela gestão e organização da
assistência pessoal, desde a seleção e formação dos assistentes pessoais, até ao planeamento das ações
e avaliação dos serviços prestados, incluindo a elaboração de planos individualizados de assistência
pessoal.
122
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) NOTA INTRODUTÓRIA
123
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO
Analisa-se o projeto piloto MAVI, a partir da lógica explicativa utilizada pela Teoria da Mudança (TdM),
esquematizando a cadeia causal que lhe está subjacente, de forma a explicar “como” e “porquê” se
espera que as realizações em curso produzirão os efeitos previstos (Dionizio e Rodrigues, 2022). Ao
utilizar esta teoria, a avaliação de impacto procura mapear e analisar a cadeia causal proposta pela
teoria, examinando a conexão entre as atividades realizadas, as mudanças intermédias alcançadas e
os resultados finais esperados.
Desta forma, cada objetivo de avaliação deve estar alinhado com os resultados esperados da Teoria da
Mudança subjacente ao MAVI e deve ser mensurável e viável de ser avaliado. Ao definir e mensurar
esses objetivos, é possível identificar as áreas em que o projeto é bem-sucedido e aquelas que
carecem de melhorias para garantir a continuidade e sustentabilidade do projeto. Neste caso em
específico, estabeleceu-se a inclusão social das pessoas com deficiência como desafio central para o
CAVI da ADM Estrela, partindo da hipótese de impacto de que, se desenvolvermos (1) atividades de
assistência pessoal que contribuam para reduzir ou minimizar a dependência das pessoas com
diversidade funcional face a terceiros, bem como para incrementar as oportunidades de acesso a
serviços, formação e emprego; (2) ações de sensibilização, seminários, encontros interpares e de
benchmarking que contribuam para uma mudança de paradigma na abordagem da diversidade
funcional; (3) atividades interpares que contribuam para consolidar o sentimento de pertença social e
identificar necessidades na comunidade; então, teremos (a) mais oportunidades de acesso a serviços,
emprego e formação, (b) mudança de mentalidades na visão sobre a pessoa com deficiência, (c)
pessoas com deficiência mais autodeterminadas. Desta forma, conseguir-se-á promover a inclusão
social das pessoas com deficiência na comunidade.
124
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO
Na Matriz de Avaliação definimos como objetivo geral avaliar o impacto do Projeto MAVI do CAVI
da ADM Estrela, junto de Destinatários/as, Assistentes Pessoais e Familiares, por meio de atividades
de assistência pessoal, ações de sensibilização, seminários e encontros interpares e de
benchmarking.
Desse objetivo geral resultaram os seguintes objetivos específicos que permitirão avaliar a perceção
junto de cada um dos stakeholders intervenientes do projeto:
1. Analisar o impacto das atividades de assistência pessoal na redução da dependência das
pessoas com diversidade funcional face a terceiros e no aumento de oportunidades de acesso
a serviços, formação e emprego.
2. Analisar o impacto das ações de sensibilização e seminários, dos encontros interpares e de
benchmarking promovidos pelo CAVI, na conscientização e promoção de uma abordagem
inclusiva da diversidade funcional na sociedade.
3. Analisar o contributo dos encontros interpares promovidos pelo CAVI na consolidação do
sentimento de pertença social e identificação necessidades específicas da comunidade das
pessoas com deficiência.
Com este estudo, que concretizamos neste sumário executivo, pretende-se realizar uma análise que
possibilite a sistematização de um conjunto de recomendações para a adequação e otimização da
resposta às necessidades das pessoas com deficiência.
125
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
126
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Essa medida foi tomada para garantir uma recolha de informações mais precisas e fidedignas por parte
dos próprios destinatários do projeto que tivessem algum tipo de condicionamento.
Assim, este estudo combina a análise documental retrospetiva com a aplicação de instrumentos de
avaliação para preencher lacunas de informação e fornecer uma compreensão abrangente do impacto
do Projeto MAVI executado pelo CAVI da ADM Estrela.
Do universo de 51 pessoas, obtiveram-se 44 respostas, distribuídas da seguinte forma: 16 destinatários
da assistência pessoal, 17 assistentes pessoais e 11 familiares. No caso dos assistentes pessoais, o número
de respostas ficou muito próximo da população, como se constata na tabela infra. No entanto, em
relação aos familiares dos destinatários da assistência pessoal, foram recebidas apenas 11 respostas,
correspondendo a 78,5% do universo total de 14 familiares indicados.
127
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
PRINCIPAIS RESULTADOS
Com base na análise da caracterização sociodemográfica dos destinatários, verificou-se uma leve
predominância do sexo masculino, representando 56,3% dos destinatários, em comparação aos 43,8%
do sexo feminino. A faixa etária mais representativa situa-se entre os 20 e 30 anos, correspondendo a
25% dos destinatários, sendo que o destinatário mais novo detém 25 anos e o mais velho 91 anos.
Quanto à composição do agregado familiar, destaca-se que 37,5% dos destinatários vivem com os pais
e/ou familiares, 12,5% residem com o cônjuge e/ou companheiro/a, enquanto 31,3% vivem sozinhos. A
maioria dos destinatários beneficia de assistência há mais de dois anos, usufruindo de cerca de vinte e
uma a trinta horas semanais. No que diz respeito às limitações ou alterações dos destinatários, a função
motora foi a mais prevalente, afetando a maioria dos participantes, seguida por dificuldades na
mobilidade e manipulação, alterações visuais e cognitivas. Essas informações são fundamentais para
orientar a prestação de assistência individualizada, garantindo a inclusão e o bem-estar dos
destinatários do projeto MAVI.
O bom desempenho do CAVI é confirmado, entre outros domínios, pela satisfação evidenciada pelos
destinatários no que ao apoio prestado na seleção/contratação do/a assistente pessoal diz respeito,
considerando o suporte adequado (87,5%). Esta perceção que é corroborada pelos dados de satisfação
global nos anos de 2020, 2021 e 2022, destacando as seguintes dimensões: disponibilidade para
atender e esclarecer questões, em tempo útil, facilitação da resolução de problemas e apoio quando
necessário, com médias consistentemente elevados a variar entre os 4,5 e os 4,9 (máx. 5). Quando
questionados sobre se as horas de assistência pessoal que detêm correspondem às suas necessidades,
metade dos destinatários confirma estarem ajustadas às suas necessidades. No entanto, 50% gostariam
de ver alterado no futuro o número de horas de assistência, assim como os familiares consideram que os
destinatários carecem de mais tempo de apoio (91%). No que diz respeito à finalidade da assistência,
observa-se que é no âmbito das deslocações que maior número de pessoas é apoiada, seguido da
higiene, alimentação, manutenção da saúde e cuidados pessoais e assistência doméstica.
128
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) PRINCIPAIS RESULTADOS
129
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) PRINCIPAIS RESULTADOS
Começando pelos destinatários, estes relataram uma maior autonomia e controle em várias áreas
do seu dia-a-dia, abrangendo desde atividades relacionadas com a “higiene, alimentação, saúde,
cuidados pessoais”, até ao apoio em atividade de “lazer” e “tomada de decisões”. Além disso, o
apoio individualizado fornecido pelas assistentes pessoais permitiu que os destinatários realizassem
essas atividades de forma autónoma, proporcionando-lhes maior controlo sobre as suas rotinas,
escolhas e decisões relacionadas à sua vida diária.
Também as vantagens identificadas para e pelos familiares, são reveladoras de que a assistência
pessoal tem claramente implicações muito positivas na dinâmica familiar, ao proporcionar uma
redução da sua carga física e emocional, alívio na sobrecarga de tarefas, tempo de qualidade com
o seu familiar bem como a normalização de rotinas. Os destinatários consideram a assistência
pessoal indispensável e concordam - como corroborado pela tendência de melhoria na satisfação
dos destinatários ao longo dos três anos avaliados - que o MAVI trouxe mudanças significativas
para a sua vida.
As assistentes pessoais demonstram um pleno
reconhecimento do impacto efetivo da assistência pessoal,
reconhecendo que o trabalho desempenhado por elas tem
um forte impacto na vida das pessoas que apoiam,
especialmente no que diz respeito à promoção da
independência. A grande maioria de assistentes (70,6%)
expressam o sentimento de que a sua assistência contribui
significativamente para uma maior independência dos
indivíduos em diversas situações. Esse sentimento é
consistente com os resultados obtidos no estudo,
reforçando o valor e a importância da profissão de
assistente pessoal. É notável que todas as assistentes
pessoais reconhecem a profissionalização da profissão,
demonstrando um alto nível de consciência e apreço pela
função no apoio às pessoas com deficiência.
Além disso, a grande maioria dos assistentes pessoais (88,
2%) relata uma maior realização profissional ao trabalhar
nessa área. Nesta perspetiva, também esse sentimento de
reconhecimento se refletiu na elevada satisfação com a
qualidade do relacionamento interpessoal entre as
diferentes partes.
130
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) PRINCIPAIS RESULTADOS
131
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) PRINCIPAIS RESULTADOS
Ao longo dos cinco encontros, realizados de 2019 a 2022, envolvendo diferentes agentes e
membros da comunidade, observou-se um crescente interesse e envolvimento por parte dos
participantes. A participação ativa de destinatários, assistentes pessoais e outros profissionais
evidencia o reconhecimento da importância desses encontros como espaços de partilha de
experiências e discussão sobre assuntos relacionados com a vida independente e assistência
pessoal. Além disso, também possibilitaram a identificação de necessidades comuns dentro da
comunidade. Através das reflexões, foram considerados temas relevantes, como o acesso a serviços
de saúde, inclusão no mercado de trabalho, adaptação de espaços públicos, entre outros,
permitindo que os participantes se conscientizassem das necessidades existentes e unissem
esforços para procurar soluções conjuntas. Relativamente à satisfação positiva manifestada pelos
participantes, os dados indicam que, ao longo dos encontros, esta foi consistentemente elevada. A
maioria dos participantes referiu estar muito satisfeito/a com a organização, pertinência do
encontro e dos assuntos abordados. Esse crescimento na satisfação concorre para sustentar a ideia
de que os encontros foram efetivos na promoção do sentimento de pertença e na identificação das
necessidades na comunidade.
132
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) PRINCIPAIS RESULTADOS
133
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Com base na análise dos resultados obtidos no âmbito desta
avaliação de impacto, os quais se tem vindo a apresentar ao longo do
presente sumário, pode-se concluir que foram obtidas evidências de
contributos sólidos para a promoção da inclusão e melhoria das
condições de vida das pessoas com deficiência, que não só permitem
aferir o cumprimento de todos os pressupostos enunciados na matriz
de impacto subjacente ao projeto, como também sugerem que a
operacionalização de algumas as atividades foi além do esperado.
A avaliação revelou que as atividades em análise do Projeto tiveram
um impacto positivo na vida dos destinatários, introduzindo-lhes
mudanças significativas na sua vida e proporcionando-lhes uma clara
melhoria da autodeterminação e inclusão social da grande maioria
dos destinatários. Com o apoio adequado da assistência pessoal,
viram reduzida ou minimizada significativamente a sua dependência
familiar nas mais diversas atividades diárias, bem como viram
aumentada a frequência do seu acesso a serviços que se constituíam
como inacessíveis. Embora reconheçamos as limitações da amostra, os
resultados do estudo, revelam que o MAVI contribuiu de forma muito
positiva para responder e minimizar o principal problema social
identificado, a exclusão social das pessoas com deficiência, que se
revela na maior exposição a condições de precariedade económica,
de desemprego, de isolamento social, bem como no reduzido acesso a
serviços públicos e privados.
As mudanças ao nível da qualidade de vida familiar são reveladoras
de que a assistência pessoal tem claramente implicações muito
positivas para os familiares, ao proporcionar o seu descanso e o
tempo necessário à realização de atividades impossíveis de praticar
enquanto cuidador. As mais-valias identificadas para e pelas famílias
são claramente notórias em termos de normalização de rotinas, no
alívio de sobrecarga de tarefas e na viabilização de tempo de
qualidade com os seus familiares com deficiência.
Os dados apresentados foram demonstrando de forma inequívoca o
impacto positivo das ações realizadas no âmbito do projeto, ao
comprovar a sua capacidade de sensibilizar, capacitar, organizar e
envolver ativamente a comunidade em torno da temática da inclusão.
No entanto, no âmbito do projeto MAVI, que assenta numa abordagem
centrada na pessoa, é crucial considerar aspetos que contribuem para
a melhoria contínua e o sucesso futuro do projeto.
134
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
135
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
(CONT.) CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
136
Conclusões
FUTURO DO MODELO
Partindo dos resultados alcançados,
apresentam-se nesta secção diferentes
propostas e contributos para a consolidação de
um modelo mais robusto de vida independente.
140
Conclusões
1.FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS DE APOIO
As conclusões e recomendações contidas nesta secção dizem diretamente respeito a
toda a atividade e suporte ao funcionamento e avaliação dos Centros de Apoio à
Vida Independente.
Ao longo dos 54 meses de execução do atual Projeto-piloto, foi possível observar, entre os diferentes
CAVI, diferentes formas de operar, adaptando-se, naturalmente, cada um dos CAVI, não só à
idiossincrasia da sua respetiva realidade territorial, mas também à heterogeneidade do grupo de
pessoas apoiadas.
Se, por um lado, é de enaltecer e valorizar a capacidade de adaptação dos CAVI às diferentes
circunstâncias e realidades, há, por outro lado, que atender às vantagens da criação de um Modelo de
Avaliação da Qualidade dos Centros de Apoio à Vida Independente. Com efeito, será o equilíbrio entre
a padronização e a flexibilidade que irá permitir um sistema mais eficiente, transparente e sensível à
diversidade, garantindo e sustentando o direito à vida independente e à inclusão de todas as pessoas
com deficiência.
141
Conclusões
1.FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS DE APOIO
(Cont.) 1.1. Modelo de Avaliação da Qualidade dos Centros de Apoio à Vida
Independente
Resumidamente, propõe-se:
Garantia de qualidade dos serviços
a) O estabelecimento de diretrizes e orientações comuns permite a definição de critérios mínimos de
qualidade que alinhem os serviços prestados pelo CAVI com os princípios da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e, subsidiariamente, com o MAVI.
b) Os critérios e linhas orientadoras devem incidir sobre aspetos técnicos críticos, incluindo a formação
de recursos humanos, gestão do atendimento, gestão de recursos, critérios de acesso e acessibilidade,
entre outros.
c) A padronização de procedimentos pode facilitar a comunicação e contribuir para a celeridade dos
processos de apoio de assistência pessoal.
Em suma, pese embora o estabelecimento de diretrizes e padrões comuns possa contribuir para a
qualidade do serviço prestado pelo CAVI, assegurando padrões de excelência, estamos em crer que
não existirá sistema mais eficiente, transparente, sensível e humano do que aquele que melhor traduzir a
autodeterminação da pessoa com deficiência.
142
Conclusões
1.FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS DE APOIO
1.2. Assistentes Pessoais – da contratação e remuneração
O Modelo de Apoio à Vida Independente materializou, entre outros, o direito das pessoas com
deficiência a dispor de um/a assistente pessoal (AP), de acordo com as suas necessidades
individualizadas. Este desiderato aporta à assistente pessoal significativas responsabilidades,
designadamente, a de compreender intimamente as necessidades e os desafios enfrentados pela
pessoa que apoia, cumprindo, simultaneamente, com uma conduta eticamente irrepreensível, sensível e
empática. A experiência de assistência pessoal requer uma capacidade de adaptação, de comunicação
e de promoção da autodeterminação do outro – entre outras competências e requisitos devidamente
definidas por Deliberação do Conselho Diretivo do INR,IP – que colocam a função de assistente pessoal
num patamar de nobreza ao qual apenas as pessoas verdadeiramente vocacionadas podem almejar.
Importa, pois, preservar, proteger e nutrir esta função inalienável de um Modelo que é, sobretudo, sobre
assistência pessoal e que – parece-nos – fruto de contingências várias, foi sofrendo um processo erosivo
ao longo dos 54 meses de execução do Projeto-piloto.
Atendendo à indiscutível importância de proteger a função de assistente pessoal, os aspetos da sua
contratação e remuneração revelam-se elementos centrais, para fazer face à crescente dificuldade de
contratar assistentes pessoais, agravada pelos desafios da interioridade e da dispersão geográfica que
este CAVI enfrenta.
143
Conclusões
1.FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS DE
APOIO
(Cont.) 1.2. Assistentes Pessoais – da contratação e
remuneração
Com efeito, há que considerar que a função de assistente pessoal exige, em muitas circunstâncias,
elevada flexibilidade e disponibilidade horárias, nem sempre compatíveis com a vida familiar e pessoal
das AP. A somar ao exposto, trata-se de uma função não raras vezes exercida em tempo parcial (média
de 30horas de trabalho por semana no total das AP; apenas 33% das AP têm horário completo, de
40horas/semana) exigindo, por vezes, a deslocação das AP em viatura própria para zonas remotas,
para o exercício de trabalho de curta duração.
145
Conclusões
1.FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS DE APOIO
(Cont.) 1.2. Assistentes Pessoais – da contratação e remuneração
Em suma, propõe-se:
Encontro Interpares
146
Conclusões
1.FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS DE APOIO
1.3. Disponibilidade/Bolsa de Assistentes Pessoais
147
Conclusões
1.FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS DE APOIO
(Cont.) 1.3. Disponibilidade/Bolsa de Assistentes Pessoais
148
Conclusões
1.FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS DE APOIO
(Cont.) 1.3. Disponibilidade/Bolsa de Assistentes Pessoais
Promoção de parcerias com organizações da sociedade civil, entidades locais, instituições de ensino e
organizações representativas das pessoas com deficiência para implementar programas de integração
profissional e de formação de assistentes pessoais.
Promover a troca de boas práticas entre os diferentes CAVI, visando otimizar a disponibilidade de AP.
Rever, periódica e sistematicamente, os modelos de contratação e de formação de assistentes pessoais,
levando em consideração as necessidades dos destinatários e as mudanças no contexto social e
legislativo.
Incentivar a participação ativa dos destinatários de assistência pessoal na definição de estratégias e
políticas relacionadas com a gestão da bolsa de assistentes pessoais.
Manter e reforçar o investimento em campanhas de sensibilização e de divulgação da vida independente
para, entre outros, promover a importância e o valor do trabalho de assistente pessoal, visando atrair mais
profissionais para o setor.
Desenvolver parcerias com universidades e instituições de ensino para integração dos temas da vida
independente e assistência pessoal nos currículos de formações associadas à saúde, serviço social e afins.
Estabelecer e priorizar canais de diálogo e de consulta com os destinatários de assistência pessoal,
associações de pessoas com deficiência e organizações representativas, para avaliar continuamente as
necessidades e ajustar as estratégias de disponibilidade de assistentes pessoais.
149
Conclusões
2.AÇÕES DE CAPACITAÇÃO E DE SENSIBILIZAÇÃO
As ações de capacitação e de sensibilização assumem especial
importância à luz da mudança de paradigma a que assistimos. Nesta
medida, dentro desta temática, será importante que o modelo
vindouro tenha em consideração os dados recolhidos desta
experiência-piloto, melhorando os domínios da formação inicial de
assistentes pessoais, mas também respondendo às necessidades ora
identificadas relativas à capacitação e sensibilização de diferentes
stakeholders.
150
Conclusões
2.AÇÕES DE CAPACITAÇÃO E DE SENSIBILIZAÇÃO
(Cont.) 2.1. Formação Inicial Obrigatória
Ainda assim, isto é, mesmo considerando que a formação e-learning permite um melhor ajustamento
entre a pessoa escolhida como AP e o perfil definido pela pessoa destinatária, garantindo maior
flexibilidade, tal não corrige em absoluto a necessidade de serem agilizados os procedimentos para
resposta a emergências, garantindo que a formação não seja um obstáculo, quando a assistência
pessoal é necessária no imediato.
Neste contexto, é importante referir que apesar de o número de horas de formação inicial (50horas) nos
parecer ajustado, na maioria das vezes, às necessidades, é importante que os conteúdos sejam
ajustáveis a cada contexto específico do CAVI e da pessoa destinatária de assistência pessoal,
proporcionando experiências práticas relevantes para as assistentes pessoais, em contexto real de
trabalho. É também neste sentido que importa, uma vez mais, colocar a pessoa com deficiência no
centro da ação: a sua participação no processo de formação aumenta a qualidade da formação,
permitindo uma abordagem mais personalizada e centrada nas necessidades individuais.
Assim, no futuro, será importante considerar que, apesar da uniformização da formação inicial,
potencialmente centralizada num único organismo, poder ser uma mais-valia – abertura da
possibilidade de modelos comparticipados para a bolsa de assistentes pessoais, maior eficiência na
gestão e garantia de qualidade da formação – com efeitos diretos sobre a disponibilidade de
assistentes pessoais, tal não deve, em nenhuma circunstância, desvalorizar a participação das pessoas
com deficiência na formação do seu próprio assistente pessoal.
No que concerne aos rácios e limites de formandos estabelecidos pelo Decreto-Lei nº 129/2017, de 9 de
outubro, acreditamos que é um constrangimento que merece ser suprimido, porquanto restringe e
compromete o acesso à formação (e ao trabalho) dos candidatos, não garantindo, nem contribuindo,
de modo algum, para a melhoria do processo.
151
Conclusões
2.AÇÕES DE CAPACITAÇÃO E DE
SENSIBILIZAÇÃO
(Cont.) 2.1. Formação Inicial Obrigatória
152
Conclusões
2.AÇÕES DE CAPACITAÇÃO E DE SENSIBILIZAÇÃO
2.2. Sensibilização sobre o papel do/a Assistente Pessoal
Com efeito, embora a regulamentação da profissão de assistente pessoal possa contribuir para
dirimir uma parte substancial das dúvidas e questões relativas ao papel do/a assistente pessoal,
haverá ainda espaço para o investimento em sensibilização sobre o papel dos/as assistentes
pessoais, nos diferentes contextos que operam e em estreita observância das idiossincrasias das
pessoas que aqueles apoiam.
Deste modo, a par dos aspetos já anteriormente referidos sobre o papel do/a assistente pessoal,
consideramos importante:
Desenvolver campanhas de sensibilização abrangentes, para o público em geral e para pessoas
com deficiência/utilizadores de assistência pessoal, que contribuam para a aceitação e
consensualização do papel do/a assistente pessoal, atraindo mais pessoas para a profissão e
definindo os limites da assistência pessoal.
Promover o debate sobre os limites da assistência pessoal, distinguindo e lançando as bases para
o desenvolvimento de outras questões como, por exemplo, o direito à sexualidade e assistência
sexual.
Promover ações de capacitação para assistentes pessoais, pessoas com deficiência, familiares de
pessoas com deficiência e público em geral, em formatos inclusivos e acessíveis, incluindo as
temáticas da representatividade e acessibilidades (físicas e cognitivas).
153
Conclusões
2.AÇÕES DE CAPACITAÇÃO E DE SENSIBILIZAÇÃO
2.3. Capacitação de Stakeholders
154
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
3.1. Monitorização e Avaliação
155
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
3.2. Desenvolvimento de Redes de Apoio
156
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
(Cont.) 3.2. Desenvolvimento de Redes de Apoio
No que concerne à tipologia de encontros interpares, estes mostraram ser uma estratégia efetiva no
contexto do MAVI, proporcionando oportunidades para conhecer e participar no planeamento de
atividades dos CAVI, realinhando objetivos. Os encontros também serviram para partilhar histórias,
experiências e dificuldades na gestão da assistência pessoal, fortalecer redes de apoio e debater
necessidades específicas relacionadas com a mobilidade e acessibilidades. As reflexões obtidas
destacaram a identificação de fragilidades, como os limites de horas, a acumulação de apoios, a
formação e a carreira de assistentes pessoais, ao mesmo tempo que se reconheceram as
potencialidades e mais-valias do projeto.
157
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
(Cont.) 3.2. Desenvolvimento de Redes de Apoio
Em razão dos resultados ora expostos, fica evidente a importância de desenvolver e consolidar redes de
apoio sólidas e eficientes para a promoção da vida independente. O próximo modelo –
independentemente da sua forma – deve propor ações, boas práticas e estratégias que fortaleçam este
tipo de redes de apoio, envolvendo os diferentes atores sociais num movimento participativo e
participado pelas pessoas com deficiência.
Gabinete de Atendimento
158
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
3.3. Cobertura e Expansão
159
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
(Cont.) 3.3. Cobertura e Expansão
160
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
(Cont.) 3.3. Cobertura e Expansão
161
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
(Cont.) 3.3. Cobertura e Expansão
162
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
3.4. Acumulações e Limite Etário
163
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
(Cont.) 3.4. Acumulações e Limite Etário
Neste contexto de limitações e balizamentos do atual Modelo, importa ainda referir a questão da idade
mínima para benefício de assistência pessoal e da circunscrição da mesma ao contexto extraescolar.
Relativamente à idade mínima estabelecida no atual Modelo (16 anos) e reconhecendo que, não só a
literatura sobre vida independente é ainda muito limitada, como também a assistência pessoal em
idades precoces suscita questões de ordem ética muito relevantes, parece-nos que o estabelecimento
daquele limite é redutor e retira a criança com deficiência do centro da tomada de decisão.
Concorrentemente, é importante que seja claramente reconhecido que as necessidades de apoio à
autonomia através da assistência pessoal podem surgir em qualquer idade, mais ou menos precoce, não
podendo ser substituídas por apoios informais. Do mesmo modo, há que considerar, no que respeita ao
impedimento do usufruto de assistência pessoal no contexto escolar, que apesar do Estado, por
intermédio do Sistema Educativo Português, prever variados apoios para o estudante com deficiência no
contexto da Escola, esses apoios não se substituem à assistência pessoal. Sendo a escolaridade um
preceito obrigatório, pode até resultar como perverso ou contraproducente limitar a assistência pessoal
naquele contexto, a qual pode, inclusivamente, contribuir para a boa consecução dos objetivos da
Escola Inclusiva, no mínimo, flexibilizando essa possibilidade a contextos e situações específicas.
Seminário
"Capacitismo e
Representatividade"
31 de maio de 2023
164
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
(Cont.) 3.4. Acumulações e Limite Etário
165
Conclusões
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
3.5. Outras Considerações Relevantes
Como referido anteriormente e várias vezes comprovado de várias formas, é inegável que o Decreto-Lei
nº 129/2017, de 9 de outubro, representou um avanço significativo na promoção da independência e da
inclusão das pessoas com deficiência em Portugal. É, todavia, importante, neste contexto de mudança
paradigmática, que se analise criticamente esta experiência-piloto, identificando mais-valias e desafios
merecedores de atenção.
Nesta secção apresentamos alguns tópicos não abordados anteriormente e não necessariamente
relacionados de forma direta com a disponibilização de assistência pessoal, que nos parecem
importantes para o futuro de uma sociedade que se (re)quer inclusiva.
Remuneração das equipas técnicas dos CAVI
É necessário rever a remuneração das equipas técnicas dos Centros de Apoio à Vida Independente. A
falta de incentivos financeiros adequados pode afetar a qualidade e a disponibilidade dos serviços
prestados, comprometendo a eficácia do(s) futuro(s) Modelo(s). Garantir uma remuneração justa e
adequada para as equipas técnicas dos CAVI é reconhecer a importância do seu trabalho e da sua
experiência, retribuindo a dedicação e competência.
Considerar o alargamento do apoio para situações de dependência
É importante que se fortaleça o debate sobre a disponibilização de assistência pessoal para situações
de dependência e, não necessariamente, de deficiência. Se, por um lado, aquele potencial alargamento
aporta riscos para o efetivo entendimento da filosofia de vida independente (devendo, nessa medida,
ocorrer fora deste tipo de Modelos), por outro lado, o mesmo suscita importantes reflexões sobre a
inclusão e utilização de linguagem inclusiva. Será mais inclusivo conceptualizar as diferenças funcionais
como diversidade funcional? Quais as implicações?
166
3.APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO
(Cont.) 3.5. Outras Considerações Relevantes
167
NOTAS FINAIS
Ao longo dos cinquenta e quatro meses de execução do projeto-piloto Modelo de Apoio à Vida
Independente, consignado pelo Decreto-Lei nº 129/2017, de 9 de outubro, e conforme esperamos ter
conseguido transparecer ao longo deste trabalho, testemunhamos mudanças e transformações sociais
de grande impacto. Através de um Modelo inovador e abrangente, pudemos acompanhar de perto a
jornada rumo à independência e inclusão de variadas pessoas com deficiência, em estreita harmonia
com outras equipas técnicas talentosas e que nos inspiraram, assim como com as pessoas destinatárias
de assistência pessoal e assistentes pessoais, com as quais tanto aprendemos e erramos.
O MAVI trouxe consigo uma nova perspetiva sobre a pessoa com deficiência, desafiando paradigmas
preexistentes e promovendo – destemidamente – a igualdade de oportunidades. Por meio de uma
abordagem centrada na pessoa, reconhecemos e valorizamos as capacidades individuais, respeitando a
diversidade e o direito de cada indivíduo a exercer o seu próprio projeto de vida, a comandar o seu
próprio destino.
Uma das principais mudanças sociais operadas pelo MAVI foi, indubitavelmente, a ampliação das
possibilidades de escolha e participação ativa das pessoas com deficiência. O direito à assistência
pessoal permitiu que elas pudessem decidir sobre os cuidados e apoios necessários, construindo
relações de confiança e parceria com seus assistentes pessoais. Essa nova dinâmica fortaleceu o
empowerment, a autodeterminação e autonomia, rompendo com a dependência e a tutela – mais ou
menos assistencial, mais ou menos paternalista – que tantas vezes acompanham as pessoas com
deficiência.
Mas o MAVI carregou consigo mais. O MAVI, com todos os seus defeitos e virtudes, trouxe avanços
significativos para a inclusão social e comunitária. Através da promoção de ações de sensibilização,
benchmarking e outras, testemunhamos uma maior abertura e compreensão por parte dos diversos
setores da sociedade. As barreiras físicas, cognitivas, comunicacionais e atitudinais mantêm-se, mas
temos hoje mais ferramentas – e uma inesgotável força – para as enfrentar.
É importante ressaltar que o Modelo de Apoio à Vida Independente teve também um impacto
económico positivo. Ao oferecer mais oportunidades de participação às pessoas com deficiência, ao
criar postos de trabalho para assistentes pessoais, o MAVI contribuiu para a redução da taxa de
desemprego. Durante a nossa atividade pudemos assistir ao reconhecimento do potencial produtivo de
algumas das pessoas que apoiamos e a sua integração no mercado de trabalho, com a devida
adaptação do ambiente de trabalho, são ganhos inalienáveis da sociedade como um todo.
Neste momento de encerramento desta experiência-piloto, expressamos o nosso profundo
agradecimento pela honra e oportunidade que nos foi outorgada para sermos transformação social.
Enfrentamos desafios e superamos obstáculos, construímos caminhos. Esperamos que o nosso modesto
contributo, sistematizado neste produto final, possa auxiliar a ampliação e consolidação de um novo
Modelo, promotor da dignidade e do pleno exercício dos direitos de todas as pessoas.
169
Agradecimentos
Chegado o fim desta jornada, gostaríamos de expressar a nossa imensa gratidão a todos os intervenientes
que tornaram possível a execução deste Modelo de Apoio à Vida Independente.
Em primeiro lugar, agradecemos à Direção da ADM Estrela pela confiança, apoio e autonomia. Aos colegas
da ADM Estrela, pela paciência e disponibilidade para colaborar a todo o momento. Aprendemos juntos e
juntos seguiremos.
Estamos profundamente gratos a todas as Instituições parceiras que se encontraram connosco nesta jornada.
A partilha, participação e cooperação enriquecem-nos e permitiram-nos chegar mais longe. De entre as
instituições parceiras, gostaríamos de destacar todos os colegas de outros CAVI, que muito nos ajudaram com
as suas ideias, experiências e desabafos. É um orgulho poder caminhar convosco.
Às pessoas destinatárias de assistência pessoal, familiares e assistentes pessoais, expressamos o nosso
sentido agradecimento pela confiança, compromisso e apoio. Esperamos poder continuar a dar-vos resposta,
empenhados em sermos, cada dia, mais, cada dia, melhores.
Um agradecimento muito especial ao POISE (Programa Operacional Inclusão Social e Emprego), ao Instituto
Nacional para a Reabilitação, IP e à Sra. Secretária de Estado da Inclusão, Dra. Ana Sofia Antunes, pelo
apoio financeiro e institucional. Este projeto não poderia existir sem o V/ compromisso. A V/ contribuição
para uma sociedade melhor, mais inclusiva, é inestimável e não existem palavras que traduzam a extensão do
nosso agradecimento.
Por último, agradecemos a todos aqueles que participaram nas diferentes atividades do CAVI, que nos
deixaram entrar em sua casa, àqueles que acederam a partilhar o seu conhecimento, as suas experiências e
perspetivas., que nos deram um pouco (e tanto!) de si.
Este projeto é verdadeiramente um exemplo do que pode ser alcançado quando múltiplos atores trabalham
com compromisso por um propósito comum. Estamos gratos pela oportunidade de colaborar com pessoas e
organizações tão talentosas, dedicadas e inspiradoras.
Muito Obrigado!
Ângelo Miguel Barata | Sónia Duarte Barata
Centro de Apoio à Vida
Independente da ADM Estrela
Guarda | Belmonte | Covilhã | Fundão
cavi@admestrela.pt
Tv. da Rua da Fontinha, nº 14
6300-569 Guarda
www.admestrela.pt