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Atividade 1

A partir da leitura do trecho da reportagem da Superinteressante, do livro Nove noites e


do seu conhecimento de mundo, discuta em um texto argumentativo a frase de Lévi-
Strauss: “Quanto mais as culturas se comunicam, mais elas tendem a se uniformizar,
menos elas têm a comunicar”, justificando seu posicionamento favorável ou discordante.
Os textos (em especial o romance de Bernardo Carvalho) devem funcionar como apoio
para sua argumentação. (máximo de 20 linhas)

Os novos índios
No coração da selva do Xingu, o conflito de gerações altera costumes, põe em xeque a
estrutura tribal e enche de incertezas o futuro da cultura indígena.
[...]
O Xingu já foi palco de combates sangrentos contra invasores que tentavam (e ainda tentam)
ampliar sobre a mata cerrada da reserva a devastação realizada por madeireiras, mineradoras
e fazendas de soja e gado no seu entorno. Aqui também, vez ou outra, agentes da Fundação
Nacional do Índio (Funai) enfrentam apuros quando indígenas decidem reagir com
truculência ao que supõem ser um desrespeito aos seus direitos. Nos últimos tempos, porém,
a maior preocupação de caciques e pajés não é mais a ambição do homem branco ou o descaso
do governo, mas uma questão doméstica: a nova geração de índios, alfabetizada e
razoavelmente informada, que sonha com uma vida diferente da de seus ancestrais. [...]
O caráter explosivo dessa questão foi testemunhado pela Super no segundo dia da missão
médica por ocasião de um encontro de líderes. A reunião, convocada por Douglas Rodrigues,
médico sanitarista que coordena os serviços de saúde prestados pela Unifesp há quase 40 anos
e mora na reserva, tinha por objetivo discutir assuntos como a melhoria dos serviços e a
escassez de verbas, mas a agenda acabou descartada no calor das emoções e das diferenças
entre caciques, pajés e jovens índios. No auge do bate-boca, o cacique Ayupu, dos camaiurás,
acusou os garotos que hoje exercem funções nos serviços de saúde e educação do parque, se
vestem com roupas de grife e curtem rock e reggae. [...]
Nem era preciso que adultos e jovens mergulhassem em discussão para que se pudesse
perceber as divergências. Bastava olhar para aqueles homens, reunidos na beira do rio.
Caciques e pajés compareceram seminus e descalços. Pelo menos um deles, o velho pajé
Tacumã, marcaria posição apresentando-se em traje de gala indígena: nu, com o corpo
vermelho de urucum e a cintura ornamentada com o kuarrap, um cinto de palhas coloridas.
Contrastando com o naturalismo da cena, garotões como Pablo Ayumã, Marcelo Canawayuri
e Maurício Matariná (eles fazem questão de seus prenomes brancos) exibiam-se em vistosos
tênis, calças jeans e camisetas de marca. No brilho de seus olhos, vislumbrava-se um mundo
estranho e incompreensível para seus pais. [...]
https://super.abril.com.br/cultura/os-novos-indios/

Duas vezes entrevistei Lévi-Strauss em Paris, muito antes de me passar pela cabeça que um
dia viria a me interessar pela vida e pela morte de um antropólogo americano que ele
conhecera em sua breve passagem por Cuiabá, em 1938. Muito antes de eu ouvir falar em
Buell Quain. Numa das entrevistas, a propósito de uma polêmica sobre o racismo e a
xenofobia na França, em que tinha sido mal interpretado, Lévi-Strauss reafirmou a sua
posição: “Quanto mais as culturas se comunicam, mais elas tendem a se uniformizar, menos
elas têm a comunicar. O problema para a humanidade é que haja comunicação suficiente entre
as culturas, mas não excessiva. Quando eu estava no Brasil, há mais de cinquenta anos, fiquei
profundamente emocionado, é claro, com o destino daquelas pequenas culturas ameaçadas
de extinção. Cinquenta anos depois, faço uma constatação que me surpreende: também a
minha cultura está ameaçada”. Dizia que toda cultura tenta defender a sua identidade e
originalidade por resistência e oposição ao outro, e que havia chegada a hora de defender a
originalidade ameaçada da sua própria cultura. Falava da ameaça do islã, mas podia estar
falando igualmente dos americanos e do imperialismo cultural anglo-saxão.
CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Cia das Letras,2002, p.52.

BAREMA
Apresentação do tema 4
Tese 4
Argumentação 8
Utilização dos textos de apoio 8
Gramaticalidade 10
Coesão 8
Coerência 8

Atividade 2

Leia o excerto de Terra Sonâmbula, de Mia Couto.

“– Sabe, miúdo, o que vamos fazer? Você me vai ler mais desses escritos.
– Mas ler agora, com esse escuro?
– Acendes o fogo lá fora.
– Mas, com a chuva, a lenha toda se molhou.
– Então vamos acender o fogo dentro do machimbombo. Juntamos coisa de arder lá
mesmo.
– Podemos, tio? Não há problema?
– Problema é deixar este escuro entrar na cabeça da gente. Não podemos dançar nem rir.
Então vamos para dentro desses cadernos. Lá podemos cantar, divertir.”

Nesse excerto, o diálogo das duas personagens principais do romance aborda a questão
da leitura e sua função para a situação existencial dos protagonistas. Explique o que
seriam os “escritos” e “cadernos” mencionados e por que neles os protagonistas poderiam
“cantar e divertir”. (máximo de 10 linhas)

BAREMA
Introdução 10
Argumentação 10
Utilização do enredo para justificativas 10
Gramaticalidade 10
Coesão/coerência 10

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