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EUCALIPTO
SANTOS APMV1, SALES MSVB1, RÊGO LNM1, PITANGUEIRA AJD1, COSTA CG1,
PEREIRA LGG1e PIRES CAM1
1
Universidade Federal da Bahia, Departamento de Engenharia Química
E-mail para contato: anapaulamvianas@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
A pirólise rápida representa uma promissora tecnologia de conversão de biomassa em
combustíveis renováveis, como o bio-óleo. Nesse contexto, é definida como um processo de
decomposição térmica que ocorre em altas taxas de aquecimento (300-700ºC), durante um curto
período de tempo de residência (0,5-2s), produzindo bio-óleo de forma majoritária, carvão e
gases não condensáveis (ROY e DIAS, 2017).
Desse modo, a caracterização reológica do fluido é realizada com base nos modelos
matemáticos que relacionam dados de tensão cisalhante com a taxa de deformação. Nesse
presente trabalho, foi realizada a caracterização reológica do bio-óleo produzido a partir do pó
de serragem da madeira de eucalipto, seguida da definição do modelo reológico mais adequado
para o bio-óleo obtido.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
As amostras de bio-óleo utilizadas foram produzidas a partir da pirólise rápida do
eucalipto em um reator de leito fluidizado borbulhante. Os ensaios de pirólise ocorreram nas
seguintes condições: temperatura de reação a 500°C, vazão N2 de 11 m³/h e vazão de biomassa
(injeção do eucalipto) de 1083 g/h.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os fluidos que respondem à aplicação de tensões de cisalhamento de forma linear são
classificados como fluidos Newtonianos. Fluidos que não apresentam essa linearidade são
denominados não-newtonianos e podem ser descritos por variados modelos reológicos, tais
como os modelos de Bingham-Plastic e o de Ostwald-de Waele.
𝜏 = 𝜏𝑏 + 𝜇𝑏 𝛾̇ (1)
Os resultados dos parâmetros estatísticos para o ajuste de cada um dos três modelos
citados acima, assim como os valores experimentais e calculados, podem ser observados na
Tabela 1 e Figura 1, respectivamente.
O modelo de Bingham é usado para descrever fluidos que se comportam com uma tensão
limite seguida de um comportamento newtoniano. Em outras palavras, o modelo Bingham se
diferencia do modelo Newtoniano apenas pela presença do termo de tensão limite. Como já foi
dito, a tensão inicial de cisalhamento do eucalipto corresponde a 0,1161 N/m²; contudo, ainda
que sejam próximos de zero, os valores de tensão limite não devem ser negligenciados. Dessa
maneira, conclui-se novamente, que o fluido apresenta comportamento não newtoniano. Além
do mais, com base nos resultados dos parâmetros estatísticos obtidos, pode-se afirmar que o
modelo de Bingham foi o que melhor se ajustou aos dados experimentais. Esse modelo obteve
os menores valores de SSE e RMSE assim como o valor mais próximo a 1 de R², se
comportando, portanto, como Plástico de Bingham a uma temperatura de 70ºC.
4. CONCLUSÃO
Os modelos reológicos de Bingham e de Power Law utilizados para o ajuste dos dados
experimentais de tensão de cisalhamento e taxa de cisalhamento se mostraram adequados para
caracterizar reologicamente o bio-óleo de eucalipto, com destaque para o modelo de Bingham.
Tal fato pode ser analisado não somente pela análise dos parâmetros estatísticos obtidos, mas
também por meio da interpretação do reograma. Por meio desse, percebeu-se a existência de
uma tensão de cisalhamento inicial, justificando a falta de precisão do modelo newtoniano,
assim como a não possibilidade de classificação do bio-óleo de eucalipto como pseudoplástico.
Dessa maneira, é possível constatar que o bio-óleo em questão apresenta comportamento de um
fluido Plástico de Bingham, à temperatura de 70 ºC.
5. REFERÊNCIAS
BINGHAM EC. Fluidity and Plasticity. 1ª. ed. New York: McGraw-Hill Book Company,
Inc, 1922
BOURGOYNE AT. et al. Applied Drilling Engineering. Richardson: SPE Textbook Series,
v. 2, 1986.
FOX RW, MCDONALD AT. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 5a. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2001.
GARCÌA-PÉREZ M. et al. Multiphase Structure of Bio-oils. Energy & Fuels, n. 20, p. 364-
375, 2006.
ROY P, DIAS G. Prospects for Pyrolysis Technologies in the Bioenergy Sector: A Review.
Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 77, p. 59-69, 2017.
ZANUNCIO AJV, COLODETTE JL, GOMES FJB, CARNEIRO ACO, VITAL BR.
Composição química da madeira de eucalipto com diferentes níveis de desbaste. Eucalyptus
urophylla. p. 755–760. 2013