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A Segunda Guerra em Sergipe e os Piper Cub´s.

Quando naquela manhã longínqua de 16 Agosto de 1942 o jovem piloto Walter Baptista
partiu para tentar encontrar o paquete Aníbal Benévolo e adentrou por quilômetros adentro do
Oceano Atlântico, atendendo solicitação do Capitão do Portos Gentil Homem de Menezes, em seu
frágil Pipper Cub, não sabia que estava realizando uma operação no contexto da Segunda Guerra
Mundial, vez que a desconfiança de Gentil era de avarias no navio.
O fato é que aqueles jovens pilotos voavam em um versátil avião, que surgira alguns anos
antes, através da Piper Aircraft/EUA, como avião de treino. Falemos sobre ele.
O Piper Cub era um monomotor com capacidade para 1 ou 2 tripulantes, que tornou-se um
dos aviões leves mais populares do mundo. Há quem diga que o Piper Cub está para a aviação, tal
qual o Ford Modelo T está para o automobilismo.
Tratava-se de um avião de asa alta, equipado com motor de quatro cilindros opostos (boxer),
refrigerado a ar. Curiosidade: o motor do fusca é também 4 cilindros boxer.
Sua estrutura era em aço, contando com revestimento em tecido, de modo a assegurar
resistência e leveza necessárias.
Esta rusticidade permitiu-lhe emprego em variadas missões civis e militares, sendo que
ainda existem unidades em serviço ou operação até hoje, do “Lock Haven Yellow” - apelido
carinhoso que o resume, inclusive em relação à sua popular cor amarela.
Fabricado entre os anos de 1937 e 1947, foi uma aeronave do contexto do esforço de guerra,
tendo sido popularizada nos aeroclubes do nosso país, no período. Participou de eventos diversos,
como um programa de arrecadação de divisas em prol do Reino Unido, apelidado de “Filtfire”, em
alusão aos famosos caças ingleses Supermarine Spitfire. Participou de peças publicitárias
transportando a Primeira Dama dos EUA, Eleanor Roosevelt, além de figuras como Eisenhower,
Patton e Marshall.
Servindo nos aeroclubes ingleses, o Piper Cub integrou as chamadas Civil Air Patrol,
patrulhas civis, semelhante ao modo como operou em nosso país. Em paralelo, foram utilizados em
operações militares diretas, mediante diversas modificações que lhes permitiram emprego desde
missões de ataque ao solo, como em missões de resgate.
Enfim, naquela manhã trágica de 1942, Walter Baptista e Lourival Bonfim afastaram-se algo
próximo a 60 km da costa, adentrando o oceano nessas versáteis, mas frágeis aeronaves, sem sequer
contarem com um rádio comunicador, o que para nós, em tempos de “GPS” e outros sistemas, soa
como quase uma tentativa de suicídio! Lograram êxito, sobreviveram e auxiliaram o resgate.
Após os torpedeamentos logo o Brasil declararia Guerra ao Eixo e iniciaríamos a chamada
Batalha do Atlântico Sul, que envolveria nossas forças federais e estaduais, com apoio externo dos
Aliados, mas também contando com o patrulhamento feitos pelos Piper Cub´s do nosso Aeroclube,
vez que tal batalha tinha como foco a defesa contra os submarinos alemães e italianos que
infestaram nosso litoral.
Resistimos e derrotamos o Nazismo!

Eduardo Marcelo Silva Rocha – Ten Cel PM

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