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São Paulo – SP

2022
Tabela 1 – Resistência à compressão..................................................................................9
Lista de Tabelas Tabela 2 – Densidade de massa aparente no estado endurecido........................................9
Tabela 3 – Resistência à tração na flexão............................................................................9
Tabela 4 – Coeficiente de capilaridade................................................................................9
Tabela 5 – Densidade de massa no estado fresco..............................................................10
Tabela 6 – Retenção de água............................................................................................10
Tabela 7 – Resistência potencial de aderência à tração.....................................................10
Tabela 8 – Síntese da classificação e especificações para revestimentos monocamada.....11
Tabela 9 – (continuação) Síntese da classificação e especificações para revestimentos
monocamada...................................................................................................12
Tabela 10 – Síntese das especificações para revestimentos estabelecidos pela norma
alemã DIN 18550..............................................................................................14
Tabela 11 – Revestimento com tintas imobiliárias............................................................20
Tabela 12 – Revestimento com texturas...........................................................................21
Tabela 13 – Composição dos revestimentos......................................................................54
Tabela 14 – Algumas descrições típicas de produtos ou termos de classificação para
tintas de construção.........................................................................................57
Tabela 15 – ABNT NBR 11702 – “Tabela 11 – Textura” .....................................................58
Tabela 16– Sumário dos Pigmentos inorgânicos coloridos...............................................64
Tabela 17 – Medições de Refletância (ρTOT) ....................................................................67
Tabela 18 – Absortância e emissividade das corres de acordo com NBR 15220.................67
Tabela 19 – Requisitos de desempenho, métodos de ensaios e critérios especificados
na UEAtc (1978) para revestimentos de ligantes sintéticos (BECERE, 2007)......84
Tabela 20 – Resumo de critérios de desempenho para Revestimentos Texturizados.........85
Figura 1 – tratamento de fissura transpassante................................................................32
Lista de Figuras Figura 2 – Procedimento de aplicação..............................................................................33
Figura 3 – Construtoras que executam vedação das janelas..............................................40
Figura 4 – Como as construtoras executam peitoris..........................................................41
Figura 5 – Detalhe genérico executivo de rufos................................................................42
Figura 6 – Composição básica das texturas.......................................................................55
Figura 7 – Dolomitas – Com diferentes granulometrias...................................................56
Figura 8 – Desempenadeira Plástica para aplicação de revestimentos desempenados.....59
Figura 9 – Pistola para projeção de textura.......................................................................60
Figura 10 – Rolo de fio de Nylon.......................................................................................61
Figura 11 – Outros tipos de acabamento..........................................................................61
Figura 12 – Pigmento Amarelo Inorgânico.......................................................................64
Figura 13 – Reflexão de tintas brancas, cinza e pretas......................................................65
Figura 14 – Distribuição de Radiação Global.....................................................................66
Figura 15 – Interreflexão (RORIZ, 2007 – ADAPTADO)......................................................69
Figura 16 – Relação encontrada por Seker e Tavil (1996) entre absortância e
rugosidade.......................................................................................................70
Figura 17 – Perspectiva ilustrativa de vista horizontal da superfície das texturas
desempenada, rolada e projetada (com acabamento amassado).....................71
Figura 18 – Perspectiva ilustrativa do sombreamento diferencial em revestimentos
com acabamento diferente...............................................................................71
Figura 19 – Limites de resistência.....................................................................................74
Figura 20 – Distância ao longo do cone e tamanho do mandril correspondente versus
alongamentos percentuais para amostras de aço laminado a frio de 0,8 mm
de espessura.....................................................................................................77
Figura 21 - Aparelho de teste de mandril cilíndrico...........................................................78
Figura 22 – Esquema de ensaio de aptidão para dissimular uma fissura..........................78
Figura 23 – Aparelho utilizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Becere
(2007)..............................................................................................................79
Figura 24 – Ensaio de aderência conforme NBR 16912.....................................................79
Figura 25 – “Resiste” com halo de inibição........................................................................81
Figura 26 – “Resiste” sem halo de inibição........................................................................81
Figura 27– “Não Resiste”...................................................................................................81
Figura 28 – representação do teste de intemperismo artificial.........................................83
Figura 29 – Condições dos revestimentos de acordo com NBR 13749...............................92
Figura 30 – Fenômeno da capilaridade............................................................................93
Figura 31 – detalhe de projeto de impermeabilizante......................................................96
Figura 32 – Trajetória do sol em relação às fachadas......................................................100
Figura 33 – Ciclo de vida de fungos e filamentos............................................................102
Figura 34 – Condições para crescimento de fungos........................................................104
Figura 35 – NBR 5674 – Manutenção de edificações — Requisitos para o sistema de
gestão de manutenção...................................................................................122
Figura 36 – NBR 5674 – Manutenção de edificações — Requisitos para o sistema de
gestão de manutenção...................................................................................123
Foto 1 – Retração hidráulica da argamassa de revestimento...............................................6
Lista de Fotos Foto 2 – Argamassa friável................................................................................................18
Foto 3 – Desplacamento de revestimento por pulverulência resultante de excesso de
desempenamento............................................................................................19
Foto 4 – Classificação de rugosidade de superfície............................................................20
Foto 5 – Preparador de superfície base água recém-aplicado............................................22
Foto 6 – Preparador de superfície base água aplicado curado...........................................22
Foto 7 – Edifício Medicina – Antes: Reboco Pintado..........................................................22
Foto 8 – Edifício Medicina – Depois: Reboco Regularizado Texturizado.............................22
Foto 9 – Tratamento de fissuras de retração......................................................................26
Foto 10 – Resultado do tratamento – sem marcas............................................................27
Foto 11 – Resultado do tratamento – marcas generalizadas............................................28
Foto 12 – Resultado do tratamento – marcas pontuais....................................................28
Foto 13 – Alteração de acabamento por relevo de tratamento..........................................29
Foto 14 – Fachada de prédio com juntas a cada pavimento, porém insuficiente...............31
Foto 15 – Fissura longitudinal externa..............................................................................31
Foto 16 – Fissura longitudinal interna...............................................................................31
Foto 17 – Edifício multifamiliar no sistema de paredes de concreto..................................34
Foto 18 – Deficiência na cobertura da armação.................................................................35
Foto 19 – Superfície com baixa qualidade para revestimento...........................................35
Foto 20 – Bolhas na regularização de parede de concreto (com mau acabamento) –
material acrílico com menos cargas (material econômico – área interna)........36
Foto 21 – Regularização de parede de concreto (com bom acabamento) – material
acrílico premium – área externa.......................................................................36
Foto 22 – Escorrimento de sujidade na extremidade do peitoril........................................39
Foto 23 – Escorrimento de sujidade na extremidade e ao longo do peitoril......................39
Foto 24 – Peitoris com direcionamento de água na superfície...........................................39
Foto 25 – Pergolado de concreto sem proteção de topo (escorrimento de sujidades)........41
Foto 26 – Pergolado de concreto sem proteção de topo (Fissuração, desplacamentos e
fungos).............................................................................................................41
Foto 27 – Deficiência no rejuntamento de peitoril de mármore........................................42
Foto 28 – Deficiência no rejuntamento de peitoril de mármore........................................42
Foto 29 – Ausência de calafetação de furos e fixações.......................................................43
Foto 30 – Sujidades sobre superfícies das molduras..........................................................43
Foto 31 – aplicação de selador..........................................................................................48
Foto 32 – Desplacamento de revestimento por incompatibilidade de selador e textura...49
Foto 33 – Degradação do revestimento texturizado resultante da má qualidade
de resina...........................................................................................................55
Foto 34 – Textura desempenada ......................................................................................59
Foto 35 – Textura projetada com acabamento travertino (amassado)...............................60
Foto 36 – Textura Rolada...................................................................................................60
Foto 37 – Fachada exposta ao sol com duas cores no revestimento texturizado com mesmo
acabamento e sistema de vedação...................................................................68
Foto 38 – Cor mais escura com temperatura na superfície de 43,2ºC................................68
Foto 39 – Cor mais clara com temperatura na superfície de 34,0ºC...................................68
Foto 40 – Amostra com a mesma exposição com quatro cores no revestimento
texturizado com mesmo acabamento e sistema de vedação............................68
Foto 41 – Cor mais clara com temperatura na superfície de 24,3ºC...................................68
Foto 42 – Cor mais escura com temperatura na superfície de 31,1ºC................................68
Foto 43 – cor mais escura à esquerda (acabamento de cima para baixo) – cor mais
clara a direita (acabamento de baixo para cima)..............................................72
Foto 44 – cor mais escura à direita (acabamento mais espalhado) – cor mais clara a
esquerda (acabamento mais aglutinado).........................................................72
Foto 45 – Dissimulação de fissura do revestimento texturizado (acabamento rolado)......75
Foto 46 – fissuração própria (retração de RST)..................................................................76
Foto 47 – fissuração própria (por excesso de diluição).......................................................76
Foto 48 – Empolamento de revestimentos........................................................................91
Foto 49 – Desplacamento por umidade ascensional.........................................................94
Foto 50 – Amostra de argamassa submetido a 2 horas de imersão...................................95
Foto 51 – Uma amostra de argamassa submetido a 24 horas de imersão.........................95
Foto 52 – Amostra de argamassa impermeabilizado submetido a 24 horas de imersão....96
Foto 53 – Umidade ascensional em rampas......................................................................97
Foto 54 – Exemplos de falha na vedação do encontro dos elementos verticais e
horizontais.......................................................................................................97
Foto 55 – Exemplos de falha na vedação do encontro dos elementos verticais e
horizontais.......................................................................................................97
Foto 56 – Exemplos de falha na vedação do encontro dos elementos verticais e
horizontais.......................................................................................................98
Foto 57 – Avaliação de fissuração por saturação...............................................................98
Foto 58 – Remoção de revestimento para verificar integridade da base............................98
Foto 59 – Eflorescências....................................................................................................99
Foto 60 – Condensação interna em parede com orientação sul.......................................101
Foto 61 – Condensação interna em parede com orientação sul.......................................101
Foto 62 – Telhado com vetor de possível contaminação..................................................103
Foto 63 – Formação de fungos em muro sem proteção mecânica e próximo à região
propícia de contaminação..............................................................................105
Foto 64 – Retração de revestimento pelo excesso de produto.........................................106
Foto 65 – Pequenos furos na superfície das texturas por excesso de diluição..................107
Foto 66 – Pequenos furos na superfície das texturas por excesso de diluição..................108
Foto 67 – Repelência de água na superfície....................................................................109
Foto 68 – Queima de textura...........................................................................................110
Foto 69 – Desbotamento por uso inadequado de produto..............................................111
Foto 70 – Desbotamento uniforme em revestimento com pigmento inorgânico............112
Foto 71 – Desbotamento por incidência de fissuras no revestimento..............................113
1. INTRODUÇÃO................................................................................. 1
Sumário
2. O SUBSTRATO................................................................................ 5
2.1 Critérios de desempenho normativos nacionais..................................................8
2.2 Critérios de desempenho normativos francês....................................................11
2.3 Critérios de desempenho normativos alemão...................................................14
2.4 Critérios de desempenho normativos italiano, espanhol e português...............14

3. PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO...................................................... 17
3.1 Regularização e preparadores de superfície......................................................17
3.2 Tratamentos de fissuras.....................................................................................23
3.3 Juntas de controle.............................................................................................29
3.4 Parede de concreto............................................................................................33
3.5 Elementos e sistemas construtivos....................................................................37
3.5.1 Pingadeiras e rufos..................................................................................38
3.5.2 Rejuntes e calafetações...........................................................................42
3.5.3 Molduras.................................................................................................43

4. SELADORES................................................................................. 47

5. REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO (RST)........................... 53


5.1 Composição.......................................................................................................54
5.2 Revestimentos Desempenados.........................................................................59
5.3 Revestimentos Projetados.................................................................................59
5.4 Revestimentos Rolados.....................................................................................60
5.5 Importância na construção civil.........................................................................61
5.6 Pigmento e cor..................................................................................................62
5.6.1 Absortância e refletância.........................................................................65
5.6.2 Interreflexão difusa.................................................................................69
5.7 Principais requisitos e critérios de desempenho................................................73
5.8 Resistência ao intemperismo artificial (C-UV)...................................................81
5.9 Resumo de especificações.................................................................................83
6. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS.................................................... 89
6.1 Empolamento e destacamento.........................................................................90
6.1.1 Umidade ascendente...............................................................................93
6.2 Fissuras em revestimentos................................................................................98
6.3 Eflorescência.....................................................................................................99
6.4 Condensação superficial .................................................................................100
6.5 Tratamento de fungos.....................................................................................101
6.6 Excesso de diluição..........................................................................................105
6.7 Saturação de superfície e hidrorepelência.......................................................107
6.8 Marcas de acabamento “queima de textura”...................................................109
6.9 Desbotamentos...............................................................................................110

7. BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO E USO.................................... 117

8. MANUTENIBILIDADE DOS REVESTIMENTOS................................ 121

REFERÊNCIAS.................................................................................. 125

Anexo 1 – AVALIAÇÃO DE PATOLOGIAS EM CONJUNTO


HABITACIONAL COM PAREDES DE CONCRETO............................. 129

Anexo 2 – FUNGOS EM DORMITÓRIOS COM FACHADAS COM


ORIENTAÇÃO SUL....................................................................... 163
CAPÍTULO
1

Introdução
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO
Ao observar as fachadas dos edifícios com os revestimentos externos em ar-
gamassa, pode-se, geralmente, constatar diversos quadros patológicos, princi-
palmente o de fissuração. Sobre tais deformações são aplicados revestimentos
de acabamento de modo que além de proporcionar padrões estéticos, permi-
tem que determinadas retrações sejam dissimuladas.
Os sistemas de fachadas, por influenciar características como conforto
(habitabilidade), segurança e estética, constituem um dos mais relevantes sis-
temas de uma edificação, a constituição de uma interface entre os ambientes
interno e externo de uma edificação, promove resistência a intempéries, hu-
midade, chuva, vento e outros fluxos segundo sua exposição. Dentre as prin-
cipais funções, pode-se destacar a estética, a impermeabilização e a térmica
podem ser consideradas como as funções mais relevantes de uma fachada ao
longo de sua vida útil. Sendo necessário para esse fim a utilização de critérios
sistematicamente projetados de forma que tais funções possam ser eficiente-
mente desempenhadas.
Requisitos como a resistência à penetração de água (chuva dirigida ou
outras incidências), é fundamental que os materiais/elementos do sistema de
fachada sejam, por si, resistentes à própria água. Somada a propriedades como
o coeficiente de absorção de água por capilaridade, a permeabilidade à água
sob pressão e a permeabilidade ao vapor de água constituem-se como fatores-
-chave no desempenho global dos elementos. Porém, considerando o sistema
ideal, com todas as funções supracitadas em nível satisfatório é necessário que
os materiais constituintes da mesma não fissurem, pois podem propiciar meio
de transporte de umidade para o interior por capilaridade.
Para atendimento desta condição, eventos em série também devem ter
comportamentos que atendam a condições como: estabilidade mecânica entre
elementos, que implica considerar propriedades de elementos como módulo
de elasticidade, coeficiente de dilatação térmica, aderência e variação dimen-
sional (com destaque para a retração), seja qual for o revestimento de acaba-
mento escolhido. (OLIVEIRA; SILVA; SEQUEIRA; GONÇALVES, 2018)

1
Tendo em vista que, para os revestimentos de argamassa cimentícia, não
há proposição de fissuração limite, os revestimentos sintéticos texturizados
(RST) e outros materiais de revestimento acabam carregando a esperança de
que suas características sejam suficientes para o desempenho satisfatório fren-
te a ações externas como as intempéries e alterações climáticas.
De acordo com Veiga e Souza (2004) os métodos e técnicas de ensaio que
têm vindo a ser utilizados para caracterizar e avaliar os novos produtos que
têm surgido na construção civil ainda não estão plenamente uniformizados,
o que dificulta o agrupamento de informação e a definição de campos de de-
sempenho para estes materiais.
Neste livro abordaremos os conceitos quanto aos revestimentos sintéticos
texturizados, seu desempenho, normas, práticas, patologias e recuperação das
superfícies das fachadas.
CAPÍTULO
2

O substrato
Capítulo 2

O SUBSTRATO
Antes de abordarmos os conceitos quanto aos revestimentos de acabamento
acrílico, demos primeiramente abordar características de seu substrato, que
geralmente são as argamassas. A abordagem sistêmica dos revestimentos nos
permitirá ter melhores parâmetros analítico quanto ao comportamento dos
revestimentos de acabamento. Levando em consideração que a fissuração é
o fenômeno patológico com maior resultado degradante aos revestimentos,
esse capítulo lhe direcionará à abordagem dos critérios dos substratos frente a
incidência de fissurações.
Quanto as argamassas de revestimento, espera-se que satisfaçam as exi-
gências para entrada e saída de umidade (higrotérmicas), de estabilidade di-
mensional (mecânica), de estabilidade quanto a variações térmicas, de contri-
buição para a estanquidade frente a ação de chuvas dirigidas, de manutenibi-
lidade, de durabilidade e que confiram aspecto estético aceitável, entre outros
requisitos.
Os elementos de argamassa e de concreto de cimento estão sujeitos a va-
riação de volume, desde a preparação até ao estado limite de equilíbrio com o
ambiente considerando a temperatura constante e ausência de cargas exterio-
res aplicadas. Estas variações, resultantes da interação de vários fatores exó-
genos, traduzem-se, geralmente, em contrações ou retrações durante a maior
parte desse período.
O conhecimento do fenômeno de retração e da sua evolução é extrema-
mente importante para controlar as suas causas e tentar minimizar os seus
efeitos, que vão desde a microfissuração e fissuração de elementos de argamas-
sa e de concreto – com as consequências habituais de perda de capacidade de
impermeabilização e redução de durabilidade, entre outras. A retração, devido
à sua complexidade e à multiplicidade de fatores que a influenciam, é ainda
um fenômeno incompletamente conhecido, não quantificável com rigor – ex-
ceto, eventualmente, em alguns casos muito bem definidos em que foi possível
estabelecer fórmulas empíricas – e com efeitos pouco previsíveis.

5
6 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

Foto 1 – Retração hidráulica da argamassa de revestimento

De acordo com Veiga (1998) os rebocos, embora ofereçam boas resistên-


cias à compressão sendo potencialmente, materiais duráveis, têm um compor-
tamento frágil quando sujeitos a esforços de tração. Em condições normais de
utilização dos rebocos, dificilmente não ocorrerá tensões de tração, entre as
quais se destaca a retração hidráulica (com perda de umidade) das argamas-
sas, parcialmente restringida pela aderência ao substrato. Por não depende-
rem só de das forças de retração hidráulica que ocorrem sobre as argamassas
de revestimento, mas, de muitos fatores, o controle das fissurações é muito
difícil, principalmente nos fenômenos que ocorrem nas primeiras idades das
argamassas, em que as suas características estão ainda em evolução rápida ao
longo do tempo e não são passíveis de serem determinadas pelos métodos
usuais, concebidos para argamassas endurecidas.
O SUBSTRATO 7

Assim, os revestimentos executados a partir de argamassas são tenden-


cialmente susceptíveis a fissurações, e, favorece as infiltrações de água além de
terem um forte impacto negativo na estética dos edifícios.
Segundo Veiga (1998) em grande parte, a resistência de um reboco à fis-
suração é função, por um lado, da capacidade da argamassa para resistir às
tensões de tração nela induzidas pelo efeito da restrição da retração – confe-
rida, principalmente, pela aderência a um substrato relativamente rígido – e,
por outro lado, da intensidade dessas tensões.
Assim, a tendência para a fissuração por retração será tanto maior quanto
mais elevada for a retração e quanto maior for a relação módulo de elasticida-
de/resistência à tração. Contudo, nas argamassas tradicionais estas caracterís-
ticas são interdependentes e o modo como se relacionam entre si é bastante
complexo, o que dificulta a avaliação. Além disso, outros fatores influenciam a
susceptibilidade a fissurações. Uma boa aderência ao substrato, ao possibilitar
uma distribuição de tensões mais eficiente, e um poder de retenção de água
elevado, ao reduzir os riscos de dessecação prematura da argamassa, contri-
buem também para melhorar o comportamento à fissuração.
Visto que o aparecimento de fissuras são prejudiciais e comprometem a
aderência, a estanqueidade, o acabamento superficial e a durabilidade do re-
vestimento, Maciel, Barros e Sabbatini (1998) demonstram a importância da
capacidade de absorver deformações pelo substrato, no qual depende:
» do módulo de deformação da argamassa – quanto menor for o mó-
dulo de deformação (menor teor de cimento), maior a capacidade de
absorver deformações;
» da espessura das camadas – espessuras maiores contribuem para me-
lhorar essa propriedade; entretanto, deve-se tomar cuidado para não
se ter espessuras excessivas que poderão comprometer a aderência;
» das juntas de trabalho do revestimento – as juntas delimitam panos
com dimensões menores, compatíveis com as deformações, contri-
buindo para a obtenção de um revestimento sem fissuras prejudiciais;
» da técnica de execução – a compressão após a aplicação da argamassa
e, também, a compressão durante o acabamento superficial, inicia-
do no momento correto, vão contribuir para o não aparecimento de
fissuras.
8 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

A fissuração é uma das anomalias mais frequentes dos revestimentos em


fachadas. Com efeito, a fissuração reduz significativamente a resposta funcio-
nal do sistema de revestimento, afetando desde a sua capacidade de imper-
meabilização até o aspecto estético da fachada, além de reduzir drasticamente
a sua durabilidade (VEIGA; ABREU, 2005).

2.1 Critérios de desempenho normativos nacionais


A ABNT NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de pare-
des e tetos – Requisitos, não estabelece critérios de modo que julgue o melhor
e o pior resultado, portanto, compete aos engenheiros projetistas e consultores
a especificação de cada classe obedecendo à critérios específicos, levando em
consideração a localização da edificação e o desempenho desejado. A norma
foi baseada no modelo da classificação francesa MERUC1 (Masse volumique
apparente de l’enduit durci – M; module d’élasticité – E; résistance à la traction –
R; rétention d’eau – U; capillarité – C)2 e propõe sete requisitos de classificação,
(resistência à compressão, densidade de massa aparente no estado endureci-
do, resistência à tração na flexão, coeficiente de capilaridade, densidade de
massa no estado fresco, retenção de água e resistência potencial de aderência
à tração) sendo dois a mais em relação a proposição francesa. Cada um dos
requisitos é enquadrado em seis classes, à exceção da resistência potencial de
aderência à tração, que é enquadrado em apenas três classes.
Nenhum critério sobre estado limite de fissuração de retração foi encon-
trado na publicação.
As Tabelas de acordo com a ABNT NBR 13281 a seguir mostram os re-
quisitos e intervalos de classificação propostos na norma.

1
  A classificação MERUC foi construída com base em cerca de duas décadas de atividade do
CSTB (Centre Scientifique et Technique du Bâtiment) na homologação e apreciação de
revestimentos do tipo monocamada
2
  NAKAKURA, E. H.; CINCOTTO, M. A. Análise dos requisitos de classificação de arga-
massas de assentamento e revestimento. São Paulo: EPUSP, 2004. Boletim Técnico BTT/
PCC/359.
O SUBSTRATO 9

Tabela 1 – Resistência à compressão

Classe Resistência à compressão MPa Método de ensaio


P1 ≤ 2,0
P2 1,5 a 3,0
P3 2,5 a 4,5
ABNT NBR 13279
P4 4,0 a 6,5
P5 5,5 a 9,0
P6 > 8,0

Tabela 2 – Densidade de massa aparente no estado endurecido

Densidade de massa aparente no estado


Classe Método de ensaio
endurecido kg/m³
M1 ≤ 1 200
M2 1 000 a 1 400
M3 1 200 a 1 600
ABNT NBR 13280
M4 1 400 a 1 800
M5 1 600 a 2 000
M6 > 1 800

Tabela 3 – Resistência à tração na flexão

Classe Resistência à tração na flexão MPa Método de ensaio


R1 ≤ 1,5
R2 1,0 a 2,0
R3 1,5 a 2,7
ABNT NBR 13279
R4 2,0 a 3,5
R5 2,7 a 4,5
R6 > 3,5

Tabela 4 – Coeficiente de capilaridade

Classe Coeficiente de capilaridade g/dm². min1/2 Método de ensaio


C1 ≤ 1,5
C2 1,0 a 2,5
C3 2,0 a 4,0
ABNT NBR 15259
C4 3,0 a 7,0
C5 5,0 a 12,0
C6 > 10,0
10 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

Tabela 5 – Densidade de massa no estado fresco

Classe Densidade de massa no estado fresco kg/m³ Método de ensaio


D1 ≤ 1 400
D2 1 200 a 1 600
D3 1 400 a 1 800
ABNT NBR 13278
D4 1 600 a 2 000
D5 1 800 a 2 200
D6 > 2 000

Tabela 6 – Retenção de água

Classe Retenção de água % Método de ensaio


U1 ≤ 78
U2 72 a 85
U3 80 a 90
ABNT NBR 13277
U4 86 a 94
U5 91 a 97
U6 95 a 100

Tabela 7 – Resistência potencial de aderência à tração

Classe Resistência potencial de aderência à tração MPa Método de ensaio


1 < 0,20
2 ≥ 0,20 ABNT NBR 15258
3 ≥ 0,30

Observa-se que pouco se pode extrair em parâmetros práticos para os


revestimentos de argamassas, utilizando o mesmo exemplo normativo, a arga-
massa P4, R3, U3, nada diz sobre a finalidade do uso, limitações etc. Portanto,
todos os critérios especificados devem contar com expertise ou embasamento
teórico em estudos e bibliografias.
O SUBSTRATO 11

2.2 Critérios de desempenho normativos francês

Tabela 8 – Síntese da classificação e especificações para revestimentos monocamada

Tipo de Especificação Especificações


Característica Símbolo Classificação MERUC
ensaio mínima adicionais
M1: mva < 1200 kg/m³
Massa volumétrica

M2: mva entre 1000 e 1400 kg/m³


aparente (mva)

Para aplicações
M3: mva entre 1200 e 1600 kg/m³
M - em tempo frio: M3
M4: mva entre 1400 e 1800 kg/m³
a M6
M5: mva entre 1600 e 2000 kg/m³
M6: mva > 1800 Kg/m³
Em paredes muito
E1: me < 5000 MPa
Módulo de elasticidade

exposta a choques:
E2: me entre 3500 e 7000 MPa
dinâmico (me)

E ≥ E3
E3: me entre 5000 e 10000 MPa
E E≤4 Para aplicar
E4: me entre 7500 e 14000 MPa
revestimentos
E5: me entre 12000 e 20000 MPa
cerâmicos colados:
E6: me > 16000 MPa
E ≥ E4
Ensaios sobre o produto MERUC

Em paredes muito
R1: rt < 1,5 MPa
Resistencia atração por

exposta a choques:
R2: rt entre 1,0 e 2,0 MPa
R ≥ R3
flexão (rt)

R3: rt entre 1,5 e 2,7 MPa


R - Para aplicar
R4: rt entre 2,0 e 3,5 MPa
revestimentos
R5: rt entre 2,7 e 4,5 MPa
cerâmicos colados
R6: rt > 3,5 Mpa
R ≥ R4
U1: ra < 78%
Retenção de água (ra)

U2: ra entre 72% e 85% Para aplicar em


U3: ra entre 80% e 90% tempo muito
U U≥3
U4: ra entre 86% e 94% quente e seco: U5
U5: ra entre 91% e 97% ou U6
U6: ra entre 95% e 100%
C1: cc > 1,5 Kg/dm³.min1/2
Capilaridade (cc)

C2: cc entre 1,0 e 2,5 ‘’ Para aplicar em


Coeficiente de

C3: cc entre 2 e 4 ‘’ parede muito


C C≤3
C4: cc entre 3 e 7 ‘’ exposta à chuva: C1
C5: cc entre 5 e 12 ’’ ou C2
C6: cc > 10 ‘’
12 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

Tabela 9 – (continuação) Síntese da classificação e especificações para revestimentos monocamada

Classificação Especificações
Tipo de ensaio Característica Símbolo Especificação mínima
MERUC adicionais
Determinar as
Sensibilidade
quantidades máx. e
às variações do
- - mín. em que é ainda -
teor de água de
utilizável tendo em
amassamento
conta a consistência
Diferença entre as
Sensibilidade massas volumétricas
Ensaio sobre
ao modo de - - medidas com as duas -
produto em pasta
amassamento velocidades extremas
previstas < 400 Kg/m³
Diferença entre as
massas volumétricas
Estabilidade do ar
- - medidas logo após o -
incorporado
amassamento e 30 min
mais tarde < 100 Kg/m³
Outros ensaios
Permeabilidade ao
sobre o produto - - - -
vapor de água
endurecido
Permeabilidade à
- - < 1 ml/cm² em 48h -
água
Aderência ao Ruptura coesiva em pelo
- - -
substrato menos 80% da área
Revestimento com
espessura normal: não
Ensaios sobre provocar fissurações
“maquetas” antes Compatibilidade sensível no substrato;
e após ciclos de com o substrato - - Revestimento com -
envelhecimento pouco resistentes sobreposição:
Limitação da Fissuração
no substrato (fraca
abertura)
Resistencia aos
choques de corpo - - - -
duro (10J)

Fonte: Adaptado (VEIGA, 1998)


O SUBSTRATO 13

Diferente da Norma brasileira, as proposições francesas são específicas


adotando critérios específicos para algumas condições de entorno, como por
exemplo climas mais secos e revestimento muito exposto a chuvas.
Ainda com critérios bem definidos, não é possível determinar com preci-
são à limitação á fissurações das argamassas, mas de acordo com a AFNOR P
84-401 é possível classificá-la em:
» Microfissuras;
» Fissuras médias e;
» Fraturas ou grandes fissuras.

Para as microfissuras a classificação será dada às aberturas iguais ou in-


ferior à 0,2 mm, geralmente as que ocorrem em retrações hidráulicas da água
de emassamento, podendo estar associadas ao alto teor de componentes finos
no traço de argamassa.
As fissuras médias, entre 0,21 mm e 2 mm, podem estar associadas a
retração hidráulica da argamassa, dilatação do substrato, comportamento ter-
mo-higrométrico etc.
As maiores, acima de 2 mm estão geralmente associadas a questões es-
truturais, excesso de espessura de revestimento e traços demasiadamente ricos
em cimento (argamassas fortes).
14 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

2.3 Critérios de desempenho normativos alemão

Tabela 10 – Síntese das especificações para revestimentos estabelecidos pela norma alemã DIN 18550

Característica Especificação mínima Especificações adicionais


Suficiente em relação ao suporte
Aderência ao suporte -
e às camadas intermediárias
Argamassas de alta resistência: ≥ 2,5 Mpa
Argamassa interior: Rc ≥ 1,0 Mpa
Argamassa de cal moderadamente hidráulica: Rc ≥
Resistência à Adequado ao suporte e a
1,0 Mpa
compressão localização
Argamassa de gesso: Rc ≤ 2,0 Mpa
Argamassa de cal hidráulica: Rc ≤ 2,5 Mpa
Argamassa de cimento: Rc ≤ 10 Mpa
Argamassas para revestimento interior com
Resistencia ao Adequado ao suporte e a
resistência melhorada ao desgaste: composições
desgaste localização
indicadas na norma.
Adequado ao suporte e a
Condições de superfície -
localização
Coeficiente de
- w. Sd ≤ 0,2 Kg/m².h1/2
Capilaridade (w)
w ≤ 0,5 Kg/m².h1/2
Permeabilidade ao Sd ≤ 2,0 m
Sd ≤ 2,0 m
vapor de água (Sd)
Argamassas com as composições
Resistência às ações
indicadas na norma ou prova de -
climáticas
boa resistência

2.4 Critérios de desempenho normativos italiano, espanhol e português


A Itália, Espanha e Portugal contam com especificações para reboco no que
tange sua composição e formas de ensaios, onde não se adota critérios mais
específicos como na França, por exemplo. (VEIGA, 1998).
CAPÍTULO
3

Preparação
do substrato
Capítulo 3

PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO
De acordo com a norma EN 1062-1: 2009, podemos definir os principais fa-
tores relacionados aos substratos que influenciam diretamente na escolha, de-
sempenho e durabilidade dos revestimentos:
a. Porosidade;
b. Rugosidade da superfície;
c. Estabilidade do substrato (em relação à fissuração, por exemplo);
d. Estabilidade da superfície (escamação, por exemplo);
e. Agregados componente das misturas;
f. Alcalinidade do material cimentício;
g. Limpeza da superfície;
h. Presença de microrganismos (fungos, leveduras e algas) deve ser
eliminada;
i. Existência de revestimentos (em casos de manutenção, retrofit, re-
pintura etc.);
j. A presença de depósitos na superfície (eflorescências, por exemplo).

É importante que para a aplicação dos revestimentos as superfícies sigam


o que indica a ABNT NBR 13245 – Tintas para construção civil — Execução
de pinturas em edificações não industriais — Preparação de superfície.

3.1 Regularização e preparadores de superfície


Caso a superfície não esteja de acordo com os padrões de qualidade, apresen-
tando pulverulência (formação de pó superficial) devem ser utilizados Prepa-
radores de Superfície, antes mesmo da aplicação de seladores acrílicos, verifi-
cando, para cada caso a necessidade de produtos base água ou base solvente,
bem como sua escala de diluição e tempo de cura.
Preparadores de superfície são diferentes de seladores. Apesar de apli-
cados os preparadores, que tem por finalidade exclusiva o restauro de coesão

17
18 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

superficial, tratando pulverulências, por exemplo, a função dos seladores é a


de promover melhor aderência, padronizar a cor do substrato e equilibrar o
pH.
É importante definir e separar a pulverulência de friabilidade (que se des-
faz com facilidade), nesta, além da característica desagregação superficial, o
substrato como um todo apresenta baixa coesão, ou seja, o “esfarelamento”
não ocorre só na camada superficial, mas em toda a extensão da espessura do
revestimento argamassado.

Foto 2 – Argamassa friável

Neste caso recomenda-se avaliar a remoção completa do revestimento de


argamassa.
De modo geral, após a cura dos revestimentos de argamassa, é importan-
te a verificação de estabilidade e aderência através de verificações pelo método
de percussão e ensaios de aderência a tração, visto que não é função dos pro-
dutos de preparação e dos revestimentos garantir aderência dos revestimentos
de argamassa ao substrato.
PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO 19

Eventualmente em superfícies feltradas (acabamento de argamassa com


desempenadeira de madeira ou acabamento com espuma, de modo que fique
lisa), ocorrem problemas com a aderência do revestimento texturizado, visto
que o processo de desempenamento das argamassas até o ponto em que fique
lisa, exige bastante abrasão, de modo que o executor utiliza bastante água para
umedecer a superfície, resultando na fragilidade da camada superficial, além
de diminuir a aderência mecânica dos revestimentos texturizados ao substrato.

Foto 3 – Desplacamento de revestimento por pulverulência resultante de excesso de desempenamento

Nesses casos, em superfícies feltradas, recomenda-se efetuar teste para


a aderência do revestimento de acabamento, podendo ser utilizado o prepa-
rador de superfície para aumentar a coesão superficial sem comprometer a
aderência do revestimento de acabamento.
A superfície mais áspera é a melhor forma de garantir a aderência de
forma que evite tal problema, porém deve-se ater a uma condição em que a
aspereza não comprometa a estética do acabamento, então fica a pergunto:
qual é o grau de rugosidade ideal para os revestimentos?
20 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

O ICRI (International Concrete Repair Institute) desenvolveu o método


CSP (Concrete Surface Preparation) para tratamento de superfície de concre-
1

tos e revestimentos com numeração de 1 a 10, sendo 1 a superfície mais lisa e


a 10 mais rugosa.

Foto 4 – Classificação de rugosidade de superfície

Adaptando as classes supracitadas, podemos classificar a rugosidade das


superfícies de revestimentos argamassados conforme classificação CSP, que
também recomenda a camada mínima de revestimentos conforme a superfície.
Para condição de obra nova, com objetivo estético de parede regulariza-
da, podemos exemplificar a seguinte situação:

Tabela 11 – Revestimento com tintas imobiliárias.

CSP 1 CSP 2 CSP 3 CSP 4 CSP 5 CSP 6 CSP 7 a CSP 10


Preparador de Superfície 2
● ●
Selador ● ● ● ● ◌ ◌
Massa de regularização ◌ ● ●
Acabamento ● ● ● ● ● ●

● Pode utilizar
◌ Utilização com ressalva

1
  Guideline No. 310.2R–2013 – Selecting and Specifying Concrete Surface Preparation for
Sealers, Coatings, Polymer Overlays, and Concrete Repair.
2
  A condição para aplicação de preparadores de superfícies deve ser analisada de acordo com
a necessidade superficial do substrato.
PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO 21

a. Para tintas imobiliárias as classes CSP 1 e CSP 2 inspiram cuidados


referentes ao processo de acabamento de argamassa que pode re-
sultar em baixa resistência superficial;
b. As classes CSP 1, CSP 2 e CSP 3 são ideais para acabamentos lisos
em revestimentos de baixa espessura no quesito de regularização;
c. A classe CSP 3 pode ser considerada ideal para tintas imobiliárias;
d. A classe CSP 4 pode, a depender do padrão estético, necessitar de
regularizações pontuais;
e. As classes CSP 5 e CSP 6, para padrão nivelados precisarão de re-
gularizações. O custo de regularização da superfície é um fator que
pode inviabilizar a utilização de tal revestimento.

Caso as massas de regularizações sejam cimentícias, deve-se manter o


processo utilizando selador acrílico, caso sejam massas acrílicas, o uso de sela-
dor pode ser dispensado (seguir recomendação do fornecedor).

Tabela 12 – Revestimento com texturas.

CSP 1 a CSP 3 CSP 4 CSP 5 CSP 6 CSP 7 CSP 8 CSP 9 CSP 10


Preparador de

Superfície3
Selador ◌ ● ● ● ●
Massa de
◌ ● ● ◌
regularização
Acabamento ◌ ● ● ● ● ● ◌

● Pode utilizar
◌ Utilização com ressalva

a. As classes CSP 1, CSP 2 e CSP 3 são muito lisas para revestimentos


de altas espessuras, apesar da possibilidade de aplicação, verifican-
do condição de superfície, o processo de acabamento diminui a
produtividade desnecessariamente;
b. As classes CSP 4 e CSP 5 podem ser consideradas ideais para reves-
timento texturizado;

3
  Avaliar condição de superfície, se necessário aplicar preparador de superfícies.
22 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

c. A classe CSP 4 pode, a depender do padrão estético, necessitar de


regularizações pontuais;
d. A classe a CSP 6, a depender do tipo e espessura do acabamento
texturizados poderão precisar de regularizações pontuais;
e. As classes CSP 7 e CSP 8, dependerão de regularização;
f. A classe CSP 9 poderá necessitar de duas demãos em camadas de
regularização, podendo ser inviabilizada por questão de custo.

Foto 5 – Preparador de superfície base água Foto 6 – Preparador de superfície base água
recém-aplicado aplicado curado

Foto 7 – Edifício Medicina – Antes: Reboco Foto 8 – Edifício Medicina – Depois: Reboco
Pintado Regularizado Texturizado
PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO 23

3.2 Tratamentos de fissuras


É comum efetuar o tratamento de fissuras em substratos de argamassas, po-
rém, se realizadas de forma indiscriminada ou não acompanhada, pode tor-
nar-se um erro que comprometerá a estética do empreendimento pela inci-
dência de manchas em primeira análise.
A ABNT NBR 9575: Impermeabilização – Seleção e projeto, é uma das
normas que mais explicita o conceito de fissuração, apesar de que o faz porque
fissuras, consequentemente, provocarão infiltrações, sendo que sua definição
não é exclusiva em sistemas de impermeabilização, podendo ser utilizado para
os sistemas de vedação. A norma define fissura como:

Abertura ocasionada por deformações ou deslocamentos do substrato, que pode ser


classificada em estática ou dinâmica – cíclica, finita ou infinita – e cuja amplitude é
variável (a seleção do tipo de impermeabilização deve prever a amplitude de abertura
e classificação da fissura)

Geralmente o tratamento de fissura compreende em:

I. Abrir fissuras com riscador “abre trinca”:

Identificar fissuras, abri-las em perfil de 10mm de


largura por 10mm de profundidade.
24 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

II. Limpar a superfície:

Limpeza da superfície com auxílio de pincel, de


modo a remover todo o excesso de pó.

III. Promover coesão superficial interna da fissura

Aplicação de Preparador de Superfícies –


Preferência por preparadores a base de água.
PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO 25

IV. Aplicar produto de tratamento

Aplicação de modo que preencha toda a fissura.

Importante a realização de teste com revestimento


de acabamento. O produto validado poderá ser
o que não apresente manchas por diferença de
absorção.

O tratamento supracitado deverá resultar em superfície rente em relação


ao substrato. Caso ocorram saliências, estas deverão ser lixadas.
Deverá ser aguardado o tempo de cura conforme recomendações de
fabricante.

Acabamento do tratamento

Os tratamentos de fissuras contam com diversos produtos disponíveis no


mercado, podem ser com finalidade de preenchimento para fissuras estáticas,
ou elastoméricos, para fissuras com variações dimensionais.
O processo de tratamento deve, portanto, iniciar com a identificação de
forma e natureza das fissuras, o que uma fissura de abertura 0,5 milímetros,
no momento da medição, no diz? Em análise prática, absolutamente nada!
26 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

Ele se movimenta? Qual a menor e maior espessura? Qual a direção? Qual a


profundidade? Sobre qual elemento ocorreu a fissura? Podemos assim, após
responder a todas as questões, definir qual o melhor material de tratamento
para as fissuras.
Do ponto de vista dos revestimentos de acabamento, o processo de recu-
peração de fissuras não acaba na sua vedação, pois ainda há de se verificar se
o sistema utilizado é compatível com o revestimento de acabamento, isto se dá
ao fato de que, os produtos de tratamento, sendo em sua maioria impermeabi-
lizante, tornam a absorção dos materiais diferente, também, a superfície mais
lisa e mais espessa, pode influenciar sobre o acabamento.

Foto 9 – Tratamento de fissuras de retração

Conforme observamos na foto 9, as fissuras tratadas foram mais que as


previstas no mapeamento (marcações em branco), a princípio, o tratamento
PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO 27

utilizado com material cimentício (marcas escuras) por não ser impermeabi-
lizante, mas apenas com a finalidade de preenchimento das aberturas, apesar
de os revestimentos texturizados dissimularem fissuras.

Foto 10 – Resultado do tratamento – sem marcas

Também, não é incomum encontrar superfícies propícias às marcas de


tratamento, entendendo o resultado da interação entre os produtos constituin-
tes dos revestimentos, pode-se citar 3 fatores principais:
» Coeficiente de absorção da argamassa;
» Tratamento impermeabilizante;
» Revestimentos a base de água (são a maioria das tintas e texturas).

Sendo o coeficiente de absorção geralmente desconhecido, é indispen-


sável a verificação da compatibilidade dos três produtos com a execução de
amostras.
28 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

Foto 11 – Resultado do tratamento – marcas Foto 12 – Resultado do tratamento – marcas


generalizadas pontuais

Outro fator que influencia na visualização das marcas de tratamentos de


fissuras é a cor dos revestimentos, sendo que, quanto mais escuros, com ab-
sortância maior, a luz fica mais retida na superfície, sendo possível visualizar
mais manchas e defeitos, o oposto também é verdadeiro, quanto mais claro o
revestimento, maior sua refletância, a luz fica menos retida na superfície, con-
sequentemente observa-se menos manchas e defeitos nas superfícies.
Ainda, caso a espessura do tratamento seja maior que a recomendada,
pode ocorrer o surgimento de marcas pelo relevo, sendo mais acentuadas nos
revestimentos desempenados, conforme foto a seguir:
PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO 29

Foto 13 – Alteração de acabamento por relevo de tratamento

3.3 Juntas de controle


Mais conhecidos como frisos, as juntas de controle têm um papel funda-
mental nos sistemas de vedações verticais. Além de serem as responsáveis
pelo direcionamento das fissurações, para os acabamentos funcionam como
delimitadores.
Essa função é de vital importância, principalmente no que se diz respeito
a questões estéticas de aplicação, conhecidas como “emendas”, que ocorrem
principalmente em panos grandes (regiões de junta a junta), justamente pela
ausência de delimitação, ainda que por “junta arquitetônica” ou alteração de
cor.
A ABNT NBR 7200: Execução de revestimento de paredes e tetos de ar-
gamassas inorgânicas – Procedimento, traz informações importantes sobre
o uso desse elemento, apesar de ainda não ser difícil encontrar obras sem a
30 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO

utilização desse elemento, ou com espaçamentos grandes, a cada dois ou três


pavimentos:
Quando a base for composta por diferentes materiais (concreto em lajes,
vigas e pilares com alvenaria de vedação ou concreto em lajes e alvenaria
de vedação) e for submetida a esforços que gerem deformações (expansões
e retrações por variações térmicas por exemplo), deve-se utilizar tela me-
tálica, plástica ou de material semelhante, criando zona capaz de suportar as
deformações. Alternativamente, pode ser especificada uma junta que separe o
revestimento aplicado sobre os dois materiais, permitindo que cada um movi-
mente independentemente. (NBR 7200 – Comentada)
A norma claramente prevê a movimentação da superfície, e tal esfor-
ço gerará a ruptura em determinada região, quando escolhemos uma região
“mais frágil” com menor espessura de argamassa, no caso nas juntas de con-
trole, podemos direcionar a fissuração para uma região onde podemos tratar
a fissura ou a região antes mesmo da fissuração.
Quando a região das juntas de controle não está posta no lugar corre-
to, ou a quantidade de frisos for insuficiente, podemos verificar fissurações
longitudinais.

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