APONTAMENTOS DE ESTATÍSTICA DESCRITIVA

Aula n.º 2 – Distribuição de Frequências

2.1 – Introdução;

2.2 – Tabelas de Distribuição de Frequências;

2.2.1 – Frequência Absoluta;

2.2.2 – Frequência Relativa;
2.2.3 – Frequência Absoluta Acumulada;
2.2.4 – Frequência Relativa Acumulada;
2.2.5 – Tabela de Distribuição de Frequências para Variáveis Qualitativas, Quanti-
tativas Discretas e Quantitativas Contínuas;
Exercícios.
Referências Bibliográficas

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2.1 – Introdução
Como referimos na unidade 1, a Estatística Descritiva pretende recolher, resumir e des-
crever os dados obtidos no estudo de variáveis, relativas a uma população de modo a
permitir caracterizar a população e conhecer o seu comportamento.
A informação fornecida pelos dados é compilada e sintetizada em tabelas e gráficos
através do cálculo de indicadores numéricos. O desafio da Estatística Descritiva consiste
não na própria construção de tabelas ou dos gráficos mas na escolha mais adequada des-
tas ferramentas de modo a caracterizar correctamente as variáveis em estudo.

2.2 – Tabelas de Distribuição de Frequências

Embora nem sempre seja necessário mostrar todos os elementos que se está estudando
(e há situações em que não é fectível fazê-lo, como em pesquisas que envolvem grandes
conjuntos de dados), é quase sempre difícil analisar dados brutos e concluir algo sobre
eles. Em tais casos, as informações relevantes podem ser destacadas mediante o resumo
dos valores recolhidos em classes, categorias ou intervalos convenientemente estabele-
cidos. Ao agrupamento resultante desse processo dá-se o nome de distribuição de fre-
quências, e à tabela que apresenta tal distribuição, tabela de frequências.
Passemos agora a definir os conceitos que figuram nesta tabela.
2.2.1 – Frequência Absoluta
A frequência absoluta de qualquer dado é o número de vezes em que o dado ocorre na-
quele conjunto e é representada por Fi .
2.2.2 – Frequência Relativa
A frequência relativa de um dado é o quociente entre a frequência absoluta e o número
total de observações do conjunto de dados e é representado por f i . A multiplicação da
frequência relativa por 100 nos dá a percentagem.
2.2.3 – Frequência Absoluta Acumulada ( cumFi )
A frequência absoluta acumulada de um determinado dado é a soma das frequências
absolutas, respectivamente desse dado e de todos os dados acima dele.
2.2.4 – Frequência Relativa Acumulada ( cumf i )
A frequência relativa acumulada de um determinado dado é a soma das frequências re-
lativas, respectivamente desse dado e de todos os dados acima dele.

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Exemplo 1: Variável qualitativa

Suponha-se que se pretende estudar a marca de computadores portáteis preferida pelos
estudantes do ISPOCAB. Tendo-se questionado 50 estudantes obtiveram-se os seguin-
tes dados:
COMPAQ HP COMPAQ COMPAQ COMPAQ ACER ACER ACER FUJITSU TOSHIBA
TOCHIBA COMPAQ COMPAQ TOSHIBA TOSHIBA ACER ACER COMPAQ FUJITSU COMPAQ
FUJITSU IBM FUJITSU IBM COMPAQ TOSHIBA FUJITSU FUJITSU IBM TOSHIBA
ACER TOSHIBA IBM IBM IBM IBM FUJITSU COMPAQ TOSHIBA ACER
FUJITSU COMPAQ ACER IBM IBM TOSHIBA COMPAQ TOSHIBA COMPAQ TOSHIBA

Com base neste conjunto de dados, construa a tabela de distribuição de frequências.

Resolução:
Tabela de distribuição de frequências
Classes Contagem Fi fi % CumFi Cumfi
Fujitsu 8 0.16 16 8 0.16
IBM 9 0.18 18 17 0.34
Toshiba 11 0.22 22 28 0.56
Compaq 13 0.26 26 41 0.82
Acer 8 0.16 16 49 0.98
HP 1 0.02 2 50 1
Total 50 1 100

Exemplo 2: Variáveis quantitativas discretas

Os seguintes dados referem-se ao número de irmãos dos 20 alunos de uma turma numa
determinada Escola:
1 2 0 4 3 0 1 0 1 3
1 1 3 2 1 2 1 1 0 2
Com base nestes dados, faça a tabela de distribuição de frequências.
Resolução:
Tabela de distribuição de freqências
Classes Contagem Freq. Absoluta Freq. Relativa % Cum Fi Cumfi
0 irmão 4 0.2 20 4 0.2
1 irmão 8 0.4 40 12 0.6
2 irmãos 4 0.2 20 16 0.8
3 irmãos 3 0.15 15 19 0.95
4 irmãos 1 0.05 5 20 1
Total 20 1 100

2.2.5 – Tabela de distribuição de frequências para variáveis quantitativas contí-

nuas

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Quando a variável é quantitativa contínua, a distribuição de frequências é feita através

de classes, representada por intervalos numéricos. Para isso, deve-se seguir certas etapas
principais:
1º Definição das classes

a) Determinar a amplitude da amostra (amplitude da amostra = valor máximo – va-

lor mínimo).
b) Determinar o número de classes, representada pela letra 𝑘, e, definido pelo me-
nor inteiro resultante pela seguinte fórmulas: 2𝑘 ≥ 𝑛 ⟺ 𝑘 ≥ log 2 𝑛 ⟺ 𝑘≥
ln 𝑛
, onde n representa a dimensão da amostra, desde que esse inteiro não seja
ln 2

inferior a 5, nem superior a 20.

Em geral as tabelas têm de 5 a 20 classes. Poucas classes não revelam detalha-
damente os dados e classes demais são tão confusas como a lista de dados bru-
tos.
c) Determinar a amplitude da classe, representada pela letra h , e, definida pela
amplitude da amostra
fórmula: ℎ = número de classes desejadas e tomando para h um valor arredondado

para cima.
d) Construir as classes c1 , c 2 , , c k . Vamos considerar como classes os intervalos:

mínimo; mínimo  h, mínimo  h; mínimo  2h,  ,

mínimo  k  1h; mínimo  kh
2º Contagem dos elementos das classes
Determina-se o número de elementos da amostra que pertencem a cada classe. Esses
valores serão as frequências absolutas das classes.

Exemplo 3: Considere uma amostra constituída pelas notas obtidas por 22 alunos numa
prova de Matemática de uma determinada turma:
12,1 8,9 16,2 8,2 9,8 15,1 14,5 13,4 14,7 7,5 12,4
15,2 13,5 14,6 15,5 7,8 12,5 13,2 11,0 10,5 8,8 16,1
Deste conjunto de dados faça a tabela de distribuição de frequências.
Resolução:
𝐴𝑚𝑝𝑙𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 = 16,2 − 7,5 = 8,7
𝑙𝑛22
𝑘≥ =5
𝑙𝑛2

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8,7
ℎ= = 1,74, arredondado por excesso temos:
5

ℎ = 1,8
Tabela de distribuição de frequências
Classes Contagem Freq. Absoluta Freq. Relativa % CumFi Cumfi
[7.5; 9.3[ 5 0.23 23 5 0.23
[9.3; 11.1[ 3 0.14 14 8 0.36
[11.1; 12.9[ 3 0.14 14 11 0.50
[12.9; 14.7[ 5 0.23 23 16 0.73
[14.7; 16.5[ 6 0.27 27 22 1
Total 22 1 100

Exercícios
1 – Suponha-se que se pretende estudar a marca de refrigerantes preferidas pelos alunos
do ensino primário de um determinado colégio da cidade do Lobito. Tendo-se questio-
nado 50 alunos, obtiveram-se os seguintes dados:
COCA-COLA SPRITE PEPSI-COLA FANTA-ANANÁS COCA-COLA COCA-COLA PEPSI-COLA
COCA-COLA COCA-COLA COCA-COLA FANTA-ANANÁS PEPSI-COLA COCA-COLA COCA-COLA
COCA-COLA FANTA-ANANÁS PEPSI-COLA FANTA-ANANÁS PEPSI-COLA COCA-COLA PEPSI-COLA
COCA-COLA COCA-COLA PEPSI-COLA FANTA-LARANJA PEPSI-COLA PEPSI-COLA SPRITE
SPRITE FANTA-LARANJA FANTA-ANANÁS FANTA-LARANJA PEPSI-COLA COCA-COLA PEPSI-COLA
FANTA-ANANÁS SPRITE PEPSI-COLA COCA-COLA FANTA-ANANÁS COCA-COLA FANTA-LARANJA
FANTA-ANANÁS COCA-COLA FANTA-ANANÁS FANTA-LARANJA PEPSI-COLA COCA-COLA SPRITE
COCA-COLA

Com base nestes dados, construa a tabela de distribuição de frequências.

2 – Os seguintes dados referem-se ao número de filhos dos 57 professores de uma de-
terminada Escola:
3 1 1 1 1 1 3 6 1 2 1 1 2 3 1 1 3 1 1
2 2 1 2 1 1 1 3 3 1 4 3 3 3 2 1 1 1 1
1 3 2 4 3 1 3 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1
Com base nestes dados, construa a tabela de distribuição de frequências.
3 – Considere uma amostra constituída pelas notas obtidas por 32 estudantes numa pro-
va de Estatística Descritiva.

3 7 14 11 10 3 10 13
10 8 9 15 6 8 13 8
14 6 13 7 8 10 8 11
4 6 8 11 6 11 11 14
Com base nestes dados, construa a distribuição de frequências.

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Referências Bibliográficas
ANDERSON, David R.; SWEENEY, Dennis J.; WILLIAMS, Thomas A. Estatística
Aplicada à Administração e Economia. 2ª Edição; tradução de Luiz Sérgio de Castro
Paiva, São Paulo, Pioneira Thomson Learning, 2003.
DEVORE, Jay L. Probabilidade e Estatística para Engenharia e Ciências. 6ª Edição;
tradução de Joaquim Pinheiro Nunes da Silva, São Paulo, Pioneira Thomson Learning,
2006.
MILONE, Giuseppe. Estatística Geral e Aplicada. São Paulo, Pioneira Thomson Lear-
ning, 2004.
MURTEIRA, Bento. Introdução à Estatística. 6ª Edição; Lisboa, Editora Mc Graw –
Hill de Portugal, 2007.
REIS, Elizabeth. Estatística Descritiva. 6ª Edição; Lisboa, Edições Sílabo Lda, 2005.
SILVESTRE, António Luís. Análise de Dados e Estatística Descritiva. Lisboa, Escolar
Editora, 2007.
WEBSTER, Allen L. Estatística Aplicada à Administração e Economia. Tradução de
Maria Cecília Sonoe Olívia, Helena Maria Ávila de Castro, São Paulo, McGraw – Hill;
2006.

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